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A Afetividade na educação

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CAPÍTULO III VALORES E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA AFETIVIDADE

3.7 A Afetividade na educação

O quadro 9 demonstra o resultado processado no programa Evoc (2000), em relação ao termo indutor afetividade na educação, por intermédio da questão: Responda com as primeiras palavras ou expressões que veem à sua mente, quando você ouve a expressão “afetividade na educação”? Neste estudo, foram emitidos pelos sujeitos um total de 135 palavras, sendo 64 diferentes, como apresentado a seguir:

Quadro 9: Evocação do termo indutor “Afetividade na educação”, em professores do ensino médio. OME<=2,5 1º quadrante Carinho 13 1,84 Respeito 16 1,93 OME <=2,5 2º quadrante 3º quadrante Amor 8 1,37 Compromisso 3 2,33 Cuidado 4 1,75 Emoção 3 1,66 Existir 3 2,00 Mais 3 2,00 Necessário 4 2,00 4º quadrante Aproximação 3 2,66 Atenção 4 2,50 Dedicação 5 2,80 Valorização 3 3,00

Fonte: Pesquisa de campo, 2018. F = Frequência

OME = = Ordem Média de Citação

Observa-se que no primeiro quadrante a representação social da afetividade está ligada ao componente afetivo “carinho” e “respeito”, pois a palavra carinho foi citada 13 vezes, com uma média de ordem de citação de 1,84; a palavra respeito foi citada 16 vezes, com uma média de ordem de citação de 1,93. Portanto, percebe-se que os elementos “carinho” e “respeito” dizem muito sobre a forma como o professor deve tratar seus alunos, pois ambos também incluem uma ação e uma prática.

No segundo quadrante, não aparecem elementos suficientes para a composição do mesmo. No terceiro quadrante, na periferia próxima, emergiram as palavras: “Amor”, “compromisso”, “cuidado”, “emoção”, “existir”, “mais” e “necessário”. Logo, a palavra amor foi citada 8 vezes, com uma média de ordem de citação de 1,37; compromisso foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,33 ; cuidado foi citada 4 vezes, com uma média de ordem de citação de respeito foi citada 1,75; emoção foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 1,66; existir foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,00, mais foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,000; necessário foi citada 4 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,00.

F> = 10

No quarto quadrante, na periferia distante, emergiram as palavras: “aproximação”, “atenção”, “dedicação”, “valorização”. A palavra aproximação foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,66; atenção foi citada 4 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,50; dedicação foi citada 5 vezes, com uma média de ordem de citação de 2,80 e valorização foi citada 3 vezes, com uma média de ordem de citação de 3,00.

Outro fator que se percebe nos quadrantes, é que não aparece nenhum sentimento negativo, a representação social da afetividade é totalmente ligada a sentimentos prazerosos, a sentimentos positivos. Quase todas as palavras dizem respeito ao relacionamento do professor com o aluno, como o compromisso, o cuidado, a aproximação, a atenção, a dedicação a valorização. Portanto, os dados mostram que a afetividade na educação está muito relacionada à essas emoções agradáveis, das quais o professor não só deve possuí-las, mas também demonstrá-las na prática, transformá-las em ação.

Assim, pressupomos que o modo como os educadores exercem suas funções no ensino médio, estão profundamente relacionados com as elaborações de suas representações sobre a afetividade. Logo, percebe-se que a afetividade faz parte do dia a dia do professor.

Os vínculos existentes entre professores e alunos formam a estrutura do significado atribuído àquilo que se quer aprender. Um objeto só recebe significação quando passa por seu uso coletivo, pois é a partir do processo de interação com o ambiente social e por intermédio da mediação feita com o outro, que ocorre a apropriação dos objetos educacionais. Na concepção de Tassoni (2000, p. 75):

(...) são experiências vivenciadas com outras pessoas que irão marcar e conferir aos objetos um sentido afetivo, determinando, dessa forma a qualidade do objeto internalizado. Neste sentido, pode-se supor que, no processo de internalização estão envolvidos não só os aspectos cognitivos, mas também os afetivos.

Mediante os elementos apresentados no núcleo central e na periferia, podemos observar a interferência do aspecto afetivo no processo de aprendizagem. Desse modo, será por intermédio do outro que as pessoas irão obter novas maneiras de pensar e agir e, consequentemente, apodera-se do conhecimento ou produz-se novos.

Esses mesmos dados foram analisados também por meio do Software Trideux-Monts (Version 5.2), por meio do qual se identificou que a articulação dos fatores explica 7.40 % da alternância global das respostas.

Foram emitidas, pelos participantes, 135 palavras referentes ao estímulo indutor, dessas, 63 foram palavras dissemelhantes; destas, 6 contribuíram para a formação do plano fatorial. As palavras em destaque, compreendem uma carga fatorial média igual a 166,66%, considerando

como premissa a somatória das cargas (1000), dividido pelo número total de palavras no plano (6).

Quadro 10: Contribuições por fator das palavras evocadas mediante o indutor: afetividade na educação.

Estímulo indutor Evocação CPF (Fator 1) CPF (Fator 2)

CPF (Fator 3) Afetividade na educação Amor 1 531 282 Atenção 8 116 34 Carinho 16 320 191 Dedicação 230 0 6 Necessário 486 6 104 Respeito 258 26 382

Fonte: Relatório da Planilha excell 2018, com dados processados no Trideux-Monts (Version 5.2)

As expressões que contribuíram para a estruturação dos fatores, comprovam as objetivações dos participantes frente aos estímulos indutores, que demonstra, outra vez, a centralidade do núcleo central e do sistema periférico das representações dos valores morais apresentadas na análise do programa Evoc (2000). No gráfico abaixo, evidencia-se a leitura das variações semânticas na estruturação do campo fatorial, tal como ressalta as aproximações e oposições nas modalidades da composição dos dois fatores (F1 e F2), analisados por meio da Análise Fatorial de Correspondência.

Figura 3: Plano fatorial das Representações Sociais da Afetividade na educação.

Legenda do Plano Fatorial:

Fator 1 (F1), encontra-se no eixo horizontal à direita e à esquerda. Fator 2 (F2), encontra-se no eixo vertical superior e inferior.

Variáveis de opinião ou estímulo indutor. O número no final de cada palavra significa: 1 = Afetividade na educação.

Variáveis fixas: Encontram-se em caixa alta. Sexo (SEX1= Masculino e SEX2= Feminino),

Idade (IDA1 = 18-20 Anos, IDA2 = 21-30 Anos, IDA3 = 31-40 Anos, IDA4 = 41-46 Anos e IDA5 = 47-65anos) Estado Civil (ESC1 = Solteiro (a), ESC2 = Casado, ESC3 = Separado/Divorciado, ESC4 = União estável)

Religião (REL1 = Ateu, REL2 = Católico, REL3 = Crista, REL4 = Espírita, REL 5 = Evangélica, REL6 = Não possui religião, REL7 = Não respondeu e REL8 = Protestante)

Neste campo semântico, o que impactou a constituição dos fatores foi a faixa etária. É perceptível que as outras variáveis fixas, como sexo, estado civil e religião não impactaram na caracterização dos fatores da figura acima. Diante disto, se observarmos o plano esquerdo, encontraremos os fatores constituídos pelos participantes com idadede 21 a 30 anos, por meio da palavra “necessário”; os participantes com idade de 31 a 40 anos e de 41 a 46ano, estão próximos da palavra “dedicação”. Já os fatores do plano direito estão associados a faixa etária de 18 a 20 anos, que se encontra próxima à palavra “respeito”; os participantes de 47 a 65 anos, estão próximos das palavras “atenção” e “carinho”.

Diante dos fatores apresentados, percebe-se uma variação dentro da representação, na qual os participantes com idade entre 18 e 20 anos estão mais focalizados no elemento “respeito” e os de 47 a 65 anos já estarão mais distantes do respeito e mais focalizamos nas palavras “dedicação” e “necessário”.

Para os participantes com idade entre de 41 a 46 anos, essa afetividade envolve mais uma questão de “dedicação”, de “necessidade”, de “amor”, provavelmente relaciona-se à uma perspectiva mais assistencialista do que para os participantes com idade entre 18 e 20 anos. Para os participantes com idade entre 47 a 65 anos, parece-nos que esse provável assistencialismo fica mais forte e que envolve uma questão de “carinho” e de “educação”. Logo, nota-se uma gradação de acordo com a idade, que marca uma diferença em relação à compreensão da afetividade na educação. No quadro abaixo demonstra-se a idade dos participantes de acordo com as palavras evocadas.

Quadro 11: Embasamento da representação da afetividade por idade Faixa etária dos participantes Fatores

18 a 20 anos Respeito

21 a 30 anos Necessário

31 a 40 anos Dedicação

41 a 46 anos Dedicação

47 a 65 anos Carinho e atenção

Fonte: Quadro elaborado pela autora

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