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ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES MEDIADORES

5.6 A análise de dados

A análise foi realizada tendo por base os pressupostos teóricos e metodológicos da abordagem qualitativa. Segundo Gibbs (2009, p. 17),

[...] a análise qualitativa envolve duas atividades: em primeiro lugar desenvolver uma consciência dos tipos de dados que podem ser examinados e como eles podem ser descritos e explicados; em segundo desenvolver uma série de atividades práticas adequadas aos tipos de dados.

Szymanski (2002, p. 64) afirma que, “[...] tanto o delineamento dos procedimentos de uma pesquisa, quanto a análise de dados, dependem da opção teórico metodológica do

pesquisador”.

O retorno aos marcos teóricos da pesquisa foi feito para embasar os estudos dos dados e atribuir sentido para a interpretação dos mesmos.

A pesquisa que valoriza o aspecto subjetivo exige uma metodologia de análise de dados que seja capaz de encontrar singularidades na globalidade de respostas e que identifique fatores relacionados aos fenômenos da população estudada.

A metodologia utilizada foi a análise narrativa que, segundo Bolívar (2002, p. 4), é uma abordagem onde “[...] o jogo de subjetividades, em um processo dialógico, se converte em um modo privilegiado de construir conhecimento”. Para este autor, o modo narrativo de produzir conhecimento funciona por valorizar o mundo dos entrevistados e os sentidos que lhe atribuem. Para ele,

A preocupação não é identificar cada caso em uma categoria geral; o conhecimento acontece por analogia, de onde um indivíduo pode ou não ser similar a outros. O que importa são os mundos vividos pelos entrevistados, os sentidos singulares que expressam e as lógicas particulares de argumentação que se desdobram. (BOLÍVAR, 2002, p. 11-12, nossa tradução).

A metodologia de análise permitiu uma interpretação com qualidade, capaz de perceber diferentes fases, aspectos e gradações dos dados, ampliando e aprofundando o entendimento da realidade apontada nas narrativas dos sujeitos.

A partir das respostas às questões do questionário e da entrevista, foi feita a leitura da realidade da amostra populacional, orientada pela ancoragem teórica e busca de resposta ao problema da pesquisa. Para a realização da análise dos dados e informações coletadas na pesquisa de campo, foram tomados como eixos os objetivos específicos elencados na pesquisa.

5.6.1 A análise dos questionários

Com os questionários respondidos, iniciou-se a primeira leitura dos dados, e com a progressiva exploração destes foi feita a organização das respostas, em consonância com os objetivos da pesquisa.

Os dados dos questionários foram digitados no software “Sphinx Survey 5.0” e, após

inclusão das respostas de todos os 62 (sessenta e dois) questionários, foram gerados tabelas, gráficos e planilhas, realizados cruzamentos e comparações, a partir dos quais identificamos o perfil dos professores, com gênero, idade, formação profissional, situação funcional, tempo de carreira no magistério, tempo na função PMEC, acúmulo de cargos docentes, e, também, trabalhados dados sobre as atribuições priorizadas em sua rotina de trabalho.

5.6.2 As análises das entrevistas

Para a análise narrativa, após transcrição das entrevistas, distinguimos os entrevistados como E1, E2, E3 e E4, sendo a letra “E” de entrevista e a ordem numérica sequencial da ordem de realização da mesma.

Os textos das entrevistas foram submetidos à análise narrativa, conforme Bolívar (2002). Com base em um roteiro de questões, previamente construídas, foram gravadas

entrevistas e, a partir dessas gravações, foram transcritas, com “precisão e fidelidade”

(GIBBS, 2009), as narrativas que se constituíram como fontes históricas sobre a vida e formação de alguns mediadores. Após a transcrição, foi realizada uma conferência com a

narrativa original, conferindo a devida compreensão e interpretação dos relatos. Essas narrativas transcritas são apresentadas em trechos no relatório da pesquisa e proporcionaram a compreensão da vida e da formação dos mediadores. A partir destas narrativas, foi redigida uma nova narrativa como análise da pesquisa.

Realizamos várias leituras das narrativas e passamos a elencar os sentidos das

narrativas, como Galvão (2005, p. 32) destaca: “[...] os professores não só trazem para a

escola uma história pessoal que dá sentido às suas ações, mas também vivem aí uma história

que os ajuda a dar sentido ao mundo”. Estes sentidos de mundo contribuem para a

interpretação da narrativa. Os sentidos e significados foram tomados por indução e de forma intuitiva, já que, ao realizar a interpretação, podemos ser afetados por nossas vivências. Assim, não se faz possível uma leitura neutra das entrevistas.

O significado de um objeto pode ser absorvido, compreendido e generalizado a partir de suas características definidoras e pelo seu corpus de significação. Já o sentido implica a atribuição de um significado pessoal e objetivado que se concretiza na prática social e que se manifesta a partir das representações sociais, cognitivas, subjetivas, valorativas e emocionais, necessariamente contextualizadas. (FRANCO, 2007, p. 13).

A narrativa, decorrente da identificação das tendências, marcas e especificidades e do levantamento das similaridades ou discrepâncias nas respostas dos participantes das entrevistas, foi desenvolvida após exploração extensa e interpretação das narrativas dos docentes.

Pensando em atender uma linha do tempo e uma lógica para organizar os dados, construímos 4 (quatro) categorias: Da Infância à Juventude: marcas da formação familiar e escolar (primeira categoria); Autoimagem Docente: o processo de formação profissional e a vivência na docência (segunda categoria); Ser PMEC: inscrição e ingresso na função (terceira categoria); Impactos na vida pessoal e profissional da formação e atuação na função PMEC (quarta categoria).

Os resultados encontrados na pesquisa mostraram que a mesma foi adequada para o alcance dos objetivos previstos inicialmente, ou seja, para conhecer e compreender a contribuição da história de vida e da formação para o Professor Mediador Escolar e Comunitário. Mesmo assim percebemos que se faz necessária a realização de novos estudos sobre o tema.