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Parte I 1 Perceção dos níveis de Conectividade da Web

(2013) LOS MOOCS, SU EVOLUCIÓN Y SU ALTERNATIVA: EL APRENDIZAJE PERSONALIZADO VI Jornadas de Redes de Investigación en Innovación Docente de la UNED Sesión Plenaria “El presente y futuro de

3. Ambientes Virtuais de Aprendizagem e elearning

3.1. A Aprendizagem em Ambiente Virtual

Tal como se refere a passagem da web 1.0 à web 2.0, também se fala de aprendizagem em ambiente virtual 1.0 e em aprendizagem ou elearning 2.0. Porém, as diferenças são variadas, pois que a web 1.0 foi o local virtual no qual o utilizador pôde colocar uns documentos e de lá retirar outros. Na sua fase inicial, a virtualização da realidade (essencialmente da realidade dos documentos escritos) foi o primeiro passo (a encriptação dos mesmos). Com esta virtualização, a aprendizagem pôde diversificar-se em locais e também em conteúdos, mas a inexistência de participação, socialização e comunicação entre utilizadores não permitiu um avanço maior da aprendizagem; por isso, a aprendizagem em ambiente 1.0 foi individual e não participativa,

(...) uma reminiscência da década de 1980 do modelo de Aprendizagem Assistida por Computador, onde os alunos sentados em frente a um computador, recebiam sequências lineares de conteúdo, respondendo-lhes através de múltipla escolha, sendo-lhes devolvida a questão quando eles falhavam não conseguindo alcançar o padrão exigido de compreensão.49

(Wheeler, 13 de Novembro de 2012, §2)

Baseada numa perspetiva behaviorista e cognitivista, a aprendizagem 1.0 assenta numa repetição de comportamentos que passam, tendencialmente, pela capacidade que

49(...) is reminiscent of the 1980s Computer Assisted Learning model, where learners sat at a computer, received

linear sequences of content, responded to it by answering multiple choice questions, and were presented with remedial loops or 'relearning' when they failed to reach the required standard of understanding.

o indivíduo tem de gerar conhecimento e sentido através do desenvolvimento de habilidades cognitivas.

Este paradigma epistemológico é ultrapassado na era da web social a qual, ao solicitar uma dimensão social, coletiva, participativa e colaborativa, coloca o ser humano perante novos desafios educacionais, onde raramente os indivíduos surgem isolados.

Com o crescimento da web, verificou-se também o crescimento não só de informação (disponibilização de informação por parte dos diferentes utilizadores - especialistas e não especialistas -), mas do conhecimento partilhado pelas mais variadas ferramentas e nas mais diferentes redes e ferramentas de caráter social.

A hierarquia é preterida em prol da heterarquia (onde a multiplicidade, mistura, e a divergente, mas coexistente tipologia de relações se estabelece) na aprendizagem e a andragogia começa, lentamente a dar lugar à heutagogia. A web social é o local onde

(...) os alunos dependem cada vez mais da interação social e apropriam-se de ferramentas para mediar o diálogo. Os espaços colaborativos e compartilhados, tais como fóruns de discussão e wikis são locais característicos de encontro onde o conteúdo pode ser criado e compartilhado, e a comunidade também organiza e modera este conteúdo utilizando serviços especializados, tais como ferramentas de curadoria, de agregação e etiquetagem.50(Wheeler, 13 de Novembro de 2012, §3)

Entre a web 1.0 e a web social, a grande diferença é a da interatividade, isto é, a forma como os alunos criam (a partir do ambiente de aprendizagem que formam individualmente e das conexões que estabelecem - PLE - ), partilham e organizam a sua aprendizagem. Isto surge numa lógica diferente: enquanto a web 1.0 é estática, a web 2.0 e, portanto, a aprendizagem, é muito mais rica em termos sociais, religando as pessoas que aprendem, partindo dos mesmos interesses através de ferramentas disponíveis, de forma gratuita (ou a baixo custo) na web.

No plano da aprendizagem, o alcance da web 2.0 é, efetivamente, muito maior do que a anterior, mas uma questão impõe-se: se em termos de desenvolvimento e aprendizagem se pode falar de uma alteração qualitativa na passagem da web 1.0 para a web 2.0, em termos de aprendizagem haverá alterações da web 2.0 para a uma nova forma de estar em e na rede? Sabendo-se que estas passagens não são fixas, Steve

50(...) learners increasingly rely on social interaction, and appropriate tools to mediate dialogue. Collaborative,

shared online learning spaces such as wikis and discussion forums are characteristic meeting places where content can be created and shared, and the community also organises and moderates this content using specialised services such as aggregation, curation and tagging tools.

Wheeler, no seu blog Learning with 'e's51, elaborou a seguinte tabela comparativa das tipologias de aprendizagem (da aprendizagem 1.0 à aprendizagem 3.0):

Imagem 8: Da Aprendizagem 1.0 à Aprendizagem 3.0

Referiu que a aprendizagem 3.0 surgirá de uma organização rizomática dos conteúdos e que “A organização rizomática de conteúdo emergirá da organização caótica, multidimensional e multinodal de conteúdos, dando origem a um número infinito de possibilidades e escolhas para os alunos”52 (Wheeler, 16 de Novembro de 2012, §3).

Conceito filosoficamente desenvolvido por Gilles Deleuze e Félix Guattari, com base no conceito botânico (rizoma é o caule de uma planta que, normalmente, é encontrada no subsolo, sendo muitas vezes o envio de raízes e brotos feitas a partir dos seus nós, como referido na Wikipedia (Rhizome, 2012), rizoma ou rizomático é “ (...) múltiplo, com entradas não hierárquicas e pontos de saída na representação de dados e

51In http://steve-wheeler.blogspot.co.uk

52“The rhizonomic organisation of content will emerge from chaotic, multi-dimensional and multi-nodal organisation

interpretação”53 (Rhizome (philosophie), 2012, §2), ou seja, pode dizer-se que em termos pedagógicos, estará entre o heterárquico e o multidirecional. Porém, é possível argumentar que o elearning 2.0 já é rizomático e heterárquico, e isso acontece pelo facto de esta passagem do elearning 2.0 ao 3.0, trazer consigo vestígios do já existente, mas que acrescenta algo de novo.

A educação 2.0 já é conectivista e rizomática, mas a introdução de mecanismos de inteligência artificial trazem novas virtualidades na educação. A aprendizagem 2.0, pela sua heterarquia, faz com que cada indivíduo seja um nódulo que contribui para a aprendizagem (sua e dos que se encontram na rede) e, por isso, cada um já é um nexo, uma ligação cognitiva que cria novas direções, novos nódulos. A questão, antiga, mas imbuída de novidade na forma do seu tratamento, é: como pode a tecnologia influenciar estas ligações? De que modo pode a tecnologia (semântica) intervir nas conexões estabelecidas e que consequências pode isso ter, quer em termos de paradigma educacional quer em termos de formação de conhecimento? A resposta a estas questões está certamente na noção de Ambiente Virtual de Aprendizagem, mais especificamente de PLE, como ambiente personalizado (não só pessoal) de aprendizagem.

À ideia de Wheeller, acrescenta-se a compreensão relativamente às possibilidades que a tecnologia da web 3.0 trará, nomeadamente todas as virtualidades ligadas à ideia da interligação de todos os dados em nuvem - Big Linked Data Cloud - e da IoT.

Quando a internet for plena (nomeadamente em termos da mobilidade - e do acesso a essa mobilidade -) e quando todos os dados (e dados são coisas, pessoas, e não apenas links ou documentos) se poderem interconectar, a aprendizagem passará a ter acesso a uma qualidade não igualável à da web 2.0, visto que a Web 3.0 “(...) é essencialmente o conteúdo de alta qualidade resultante dos diferentes serviços que podem funcionar em simultâneo da Web 2.0 usando as tecnologias Web 2.0 como plataforma facilitadora”54(Remoreras, 2010, §8).

As possibilidades da web 3.0 são, essencialmente, as dos filtros mecânicos e não apenas humanos (ao passo que o momento presente é o dos filtros mecânicos mediados pelo ser humano) que, implementados, permitem aceder a uma dezena de biliões de gigabytes de dados, ao qual qualquer utilizador pode aceder de forma livre e gratuita (Linked Open Data). O acesso ao conhecimento e a filtragem da informação deixará de

53“(...) multiple, non-hierarchical entry and exit points in data representation and interpretation”

54“(...) is essential y the high-quality content resulting from the Web 2.0 mash ups using Web 2.0 technologies as an

se centrar no ser humano, dando-lhe espaço para aprender e desfrutar dos dados (dos melhores dados, mesmo daqueles que ele não procurava, mas que estão lá e serão importantes para a sua aprendizagem) que os filtros exclusivamente mecânicos lhe possam conceder, cabendo sempre ao ser humano a decisão do caminho por onde ir (isto é, dos dados a utilizar). Este é o grande passo que a web dará e que trará para os utilizadores (aprendizes - e todos são e serão aprendizes informais -) poupança de tempo e de recursos e, ainda, um maior aproveitamento (que proporcionará o reaproveitamento) da qualidade na dispersão da web.

Na web 2.0, as conexões eram ricas pela desorganização e pelas vantagens que isso podia trazer; porém, a dispersão tem de ter orientação porque, na formação de uma ‘inteligência coletiva’, os pontos de referência são cruciais; porém, não serão apenas os ‘gurus’ que organizarão os resultados, tornando-os em silos de informação altamente especializados (Remoreras, 2010), mas serão os próprios motores de busca, entre outros mecanismos arquitetonicamente preparados para o efeito (mecanismos de inteligência artificial providos de semântica), que farão esse trabalho e de forma mais eficaz porque sem erros e, com a possibilidade desses silos deixarem de existir. A interação social – semântica é uma realidade em desenvolvimento que, no alvor de um novo paradigma, potenciará diferentes irrupções que, no plano da aprendizagem, será uma vantagem em prol da humanização.

Aquilo que a semântica potencia acrescenta valor à educação e aos ambientes virtuais de aprendizagem, produzindo uma nova forma de conhecer: com o desaparecimento dos sistemas de aprendizagem fechados e com a generalização dos abertos - SLE - ambientes mais personalizados e polifacetados, com o auxílio de mecanismos de inteligência artificial, tendem a tornar-se uma realidade.