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Parte I 1 Perceção dos níveis de Conectividade da Web

1.3. A Especificidade da Web Semântica

1.3.1. A Versatilidade da Tecnologia Semântica

Segundo a edição Ibero-Americana do relatório Horizon 2010 (García et al., 2010), o desenvolvimento tecnológico no domínio da web semântica começa, agora, a possibilitar, através da permissão da disponibilização de conteúdos de contexto de utilização das palavras-chaves, duas grandes tarefas: em primeiro lugar, possibilita uma maior precisão na pesquisa da informação, no sentido de tornar os seus resultados significativamente mais relevantes e melhores e, em segundo lugar, permite a recuperação de conhecimento disperso e gerado fora das fontes tradicionais do saber, podendo esta informação ser reutilizada de forma díspare, relativamente à qual fora produzida. Sendo um ‘motor de outras tecnologias’, a web semântica materializa-se em tecnologias diversas, impulsionando

(…) o esforço realizado durante anos em aspetos como a criação de conteúdos abertos de aprendizagem, a gestão do conhecimento pessoal e coletivo, a construção de ambientes pessoais de aprendizagem (PLE, nas suas siglas em língua inglesa), o uso de tecnologias móveis que proporcionam dados sobre localização geográfica, a participação em massa de pessoas e instituições em plataformas de redes sociais e, sem

dúvida, o grande salto que pressupõe a realidade aumentada e a chamada “Internet das Coisas”, baseada, entre outros, na etiquetagem com tecnologia RFID (as siglas em inglês que referem Identificadores de Frequência de Rádio) (García et al., 2010, p. 31)

Surgindo com um vasto potencial de aplicação, o referido relatório sugere que a web semântica possibilita: 1) recolha de informação / conhecimento disperso e ou oculto, mas de qualidade (menosprezando-se a quantidade); 2) criação de novos conhecimentos, a partir dos já existentes, mas dispersos na web (possibilitando, assim, a formação de novos REAs através de dispositivos inteligentes); 3) gestão eficaz dos ambientes virtuais de aprendizagem para educadores / autores / investigadores (através do auxílio de ontologias, metadados, motores de busca semânticos contextuais, entre outras ferramentas da web semântica) e também para os alunos (pela possibilidade de existência de conteúdos personalizados, currículos adaptados aos conhecimentos, explorações efetuadas e pessoas com quem interage relativamente a cada um dos estudantes, respeitando-se, agora, não só os ritmos de aprendizagem individuais e as estruturas cognitivas, mas todo o ambiente (interior e exterior) em que o aluno aprende (concorrendo para uma ecologia semântica da aprendizagem)).

Projetos desenvolvidos pelo MIT, com o objetivo de possibilitar a apresentação da informação de diferentes formas (especialmente de forma visual) e de alimentar essa informação com metadados para que possa ser partilhada, sindicada ou incorporada em outros conteúdos de modo a que estes possam ser reutilizados facilmente - SIMILE21 - foram, entre 2003 e 2011, um foco de investigação. Serviços online como Calais22, que ajudam os utilizadores a adicionar conjuntos de metadados semânticos aos dados inseridos e assim enriquecê-los, tornando mais fácil a sua exportação, reutilização, incorporação em outros dados ou simplesmente a sua localização com motores de busca semânticos (García et al., 2010) e também motores de busca ‘inteligentes’, como o Wolfram23, Evi24, Hakia25, Powerset26 ou Kngine27, surgem neste contexto e, apesar do seu limitado desenvolvimento e dos dados a que têm acesso, começam a ser capazes de responder às perguntas que são elaboradas na linguagem natural dos seres humanos.

21In http://simile.mit.edu/ 22In http://www.opencalais.com 23In http://www.wolframalpha.com 24In http://www.evi.com/ 25In http://www.hakia.com 26In http://www.powerset.com 27In http://kngine.com/

Nos domínios em que o seu desenvolvimento é notório (como no caso da investigação científica), a web semântica (potenciada por tecnologias emergentes) permite encontrar informação relevante sobre um determinado assunto, sem que resultados aparentemente similares, mas irrelevantes, sejam tidos em linha de conta, representando, assim, uma poupança de tempo e de recursos, bem como um aumento ao nível da eficácia da pesquisa.

Das consequências positivas que surgem da aplicabilidade destas novas tecnologias, destaca-se o aumento da qualidade da informação pesquisada a qual surge, em modo de dados, como conhecimento constituído, esbatendo-se cada vez mais situações de caráter geográfico (de longinquidade, por um lado, e de ultrapassagem de anterior afastamento ou exclusão de determinadas partes do globo, por outro) e económico (pela gestão eficaz de recursos - humanos, tecnológicos e informacionais ou cognitivos, provenientes do reaproveitamento do já existente na web, nomeadamente em relação aos recursos tecnológicos e informacionais ou cognitivos e suas variadas combinações).

Decorrente da qualidade da informação proveniente da pesquisa vinda de um sistema de rede inteligente, questões como legitimidade, reputação e autoridade dos autores tornam-se menos complexas, tanto pela capacidade de pesquisa inteligente (que é capaz de seriar a melhor informação na dispersão da web) como pela possibilidade de criação de REAs, através do reaproveitamento de conteúdos dispersos na rede; com o auxílio da tecnologia inteligente será facilitado o trabalho de pesquisa para a elaboração de REAs o que permitirá, primeiramente, uma maior qualidade e envolvimento de novos autores e posteriormente “(...) até a nova criação de conteúdos pode vir a ser assistida por ferramentas da web semântica” (García et al. 2010, p. 32).

A web semântica é, assim, a possibilidade em aberto da adaptação a uma educação em função, não só das necessidades cognitivas dos alunos, mas de uma personalização nunca antes vista - pelo facto de essa educação levar a uma possível aprendizagem em função, também, daquilo que o aluno é (das suas características específicas), do que sabe e com quem se relaciona (decorrente do seu AVA ou, mais especificamente, PLE) que, complementados com e-portefólios (tratados com tecnologia semântica) aos quais se juntarão as bibliotecas virtuais abertas vivas (a tendência no futuro será o da abertura do conhecimento, dando continuidade a uma

tendência da web 2.0) serão, futuramente, o comportamento de uma educação inteligente, viva e contínua.

Compreende-se que a web semântica é a possibilidade da implementação de uma inteligência artificial, que se encontra por detrás da sua arquitetura linguística, nas mais variadas situações, permitindo aquilo que a web 2.0 não permitia (e que era talvez o seu maior trunfo, por um lado, mas o seu pior defeito por outro): o encontro de um caminho personalizado no meio da dispersão da informação, por meio da própria tecnologia. Este é o desafio. Cabe neste estudo tentar responder a duas questões: como é isso possível? Que repercussões tem na identidade do utilizador – ser humano (aluno, formando, discente …) -?