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Parte I 1 Perceção dos níveis de Conectividade da Web

2. Usabilidades Semânticas

2.2 Usabilidades Educacionais

2.2.3. MOOC Apoiados por Tecnologia Semântica

Uma das tendências atuais na mudança institucional são os Open Online Courses; Massive Open Online Courses (MOOC), Open Online Courses (OOC), Small Open Online Courses (SOOC) são apenas algumas das novas designações para uma nova tipologia de aprendizagem que surgem como modas que poderão perdurar ou ser fugidias, dependendo do impacto que tenham na vida dos indivíduos e da influência que possam ter em termos de desenvolvimento educacional e, consequentemente, social e económico.

Autores como George Siemens, Stephen Downes (2008) e David Wiley (2007) foram centrais para o aparecimento dos primeiros MOOC (cMOOC - centrados nos contextos de aprendizagem), com base na teoria Conectivista desenvolvida por Siemens, em 2004.

Termo cunhado em 2008, o MOOC começa a ter efetivos impactos quando Coursera, Udacity e edX surgem com parcerias com Instituições de Ensino Superior como Stanford University, MIT, Harvard, University of Califórnia e Berkeley, juntando-se na propagação do conhecimento de especialistas mundialmente reconhecidos, como peças centrais de determinados domínios científicos (xMOOC - centrado nos conteúdos de aprendizagem).

Gerando o efeito de onda, é entre 2010 e 2012 que os MOOC começam, efetivamente, a surtir efeitos e a serem pensados e repensados como uma nova forma de afirmação do Ensino Superior, capazes de fazer face a atuais problemas inerentes à educação versus aprendizagem, tais como abertura do conhecimento - um ‘Bem Comum’ - e generalização da formação - o efeito de escala que os MOOC serão capazes de atingir - ou redimensionamento de custos e uma aprendizagem em rede, potenciada pelo estar na rede.

Virão os MOOC substituir os cursos lecionados por instituições de Ensino Superior? Terão condições para se manterem como oferta gratuita e acessível a todos? Qual a sua validade e qual a sua utilidade? Estas e outras questões começam a emergir como foco de reflexão, trazendo consigo outras questões mais ligadas ao ambiente em que surgiram.

Efetivamente, a educação está a sofrer diversas alterações. O redimensionamento dos custos, acompanhado da necessidade da manutenção da qualidade é, atualmente, uma prioridade. Sabe-se, ainda, que os ambientes informais, ou

menos formais, de aprendizagem começam a ter um enfoque especial na vida de muitas pessoas. Deixámos de aprender unidirecionalmente e passámos a aprender de forma rizomática, tentacular; deixámos de aprender de forma especializada e passámos a aprender de forma multiversificada. Que impactos tem esta atual aprendizagem nas Escolas e Academias? Perderão as instituições a centralidade e o monopólio do conhecimento? Ou acentuarão esse monopólio, essencialmente no domínio da certificação?

Se a web 2.0 contribuiu para a infoinclusão, sem custos adicionais de formação, de uma grande parte da população, será que os MOOC serão uma forma de generalizar a educação superior com grande redução de custos para o indivíduo – aluno - e para a sociedade?

A web 3.0 e os ambientes semânticos de aprendizagem, permitindo a construção de novos ambientes de aprendizagem, mais individualizados e personalizados os quais, segundo o Relatório Horizon 2010 “(...) podem ser alimentados por conteúdos personalizados, currículos adaptados a cada estudante baseados no que já conhece, no que já explorou, e quem conhece e com quem trabalha.” (García et al., p. 37) deixa em aberto a possibilidade da exploração de novas formas de aprendizagem. Quais?

Uma aprendizagem analítica (Learning Analytics) surge em ambiente semântico, partindo de uma aprendizagem partilhada e colaborativa, construída através da web (social). Learning analytics nada mais é do que uma interpretação dos comportamentos que os indivíduos vão deixando na web.

Assim, os MOOC (neste caso os cMOOC) serão uma das novas formas de aprendizagem que, conjuntamente com o paradigma conectivista, levam ao cruzamento com uma aprendizagem exploratória, disruptiva e desconstrutiva. Com o auxílio da web semântica, a possibilidade da construção de ambientes de aprendizagem cada vez mais personalizados, singulares e contextualizados (sem perder a diversidade da dimensão social) é real. Será possível, com o auxílio de mecanismos de inteligência artificial, ser introduzidos, por exemplo, perfis de questões e dúvidas, compatíveis com os diferentes indivíduos, através de uma automatização dos processos que garanta um alcance e uma acessibilidade global ao ensino, mas agora de forma personalizada. Esta possibilidade será viabilizada a partir dos dados que cada um vai colocando na web, a partir das múltiplas utilizações que faz digitalmente e que, ligados (Linked Data), potenciarão, cada vez mais, a personalização.

A qualidade desta modalidade de ensino pode, ainda, ser questionada e é precisamente aqui que entram as figuras de renome mundial, como especialistas que dão o cunho científico ao MOOC. Um MOOC (xMOOC) centrado nos conteúdos de aprendizagem, para além de garantir o alcance e a acessibilidade global ao ensino através de um AVA personalizado (PLE) garante, ainda, a qualidade dos conteúdos, sendo isto conseguido através da automatização de processos que passa pela integração de uma tecnologia (mecanismos de inteligência artificial) semântica.

cMOOC e xMOOC, em ambiente semântico, concorrem para a mesma finalidade: garantir a acessibilidade ao ensino a uma escala mais alargada (preferivelmente mundial), de forma gratuita ou a baixo custo pela replicação de MOOC imbuídos de procedimentos automatizados capazes de permitir um ambiente de aprendizagem personalizado (o contexto das aprendizagens será feito à medida de quem aprende) e garantindo, ainda, a qualidade dos conteúdos através da liderança doutrinal destes cursos online que, partindo da antiga nomenclatura à qual se junte a ideia da personalização, poderá originar novas modalidades: os POOC (Personalized Open Online Course48) ou AMOOC (Analytic Massive Open Online Course).

Aos recursos existentes, junta-se a tecnologia que, com uma visão (humana) direcionada para a prosperidade de todos e para o desenvolvimento educacional comum, garantem o acesso ao conhecimento (de forma personalizada) a uma escala muito maior, possibilitando, assim a quebra do custo.

Contextos e conteúdos encontram-se em ambiente semântico, permitindo a sua sustentabilidade; esta possibilidade resultará do facto de os MOOC revelarem adaptabilidade ao meio em que são gerados, concorrendo para várias formas de pedagogia. A possibilidade de formação de vários cruzamentos (personalizados através de Linked Data) é uma possibilidade que, potenciada pela tecnologia semântica, poderá originar inovadoras formas massivas de educação e / ou de aprendizagem. Por exemplo a partir dos conteúdos de vários cursos, poder-se-á formar um curso completamente novo que responderá às minhas necessidades, às minhas intenções, emoções, etc (possibilitado por Linked Data). Este curso formará um ambiente personalizado de aprendizagem e será completamente diferente do de outra pessoa. A tecnologia

48Sobre este tema a recente apresentação de Miguel Zapata-Ros é bastante elucidativa. Ver ZAPATA-ROS, Miguel

(2013). LOS MOOCS, SU EVOLUCIÓN Y SU ALTERNATIVA: EL APRENDIZAJE PERSONALIZADO. VI