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□ Crato P Sor C Vide Portalegre

6. A aprendizagem nas em presas

A Escola de A prendizes da CP nào manteve qualquer ligação ao sistem a educativo português na época, nom eadam ente ao ensino técnico. Pelo contrário, pode presum ir-se algum distanciam ento do poder, ou pelo menos dos seus representantes oficiosos - o m inistério da Educação, a Com issão de Reforma e a própria D irecção Geral do Ensino Técnico - em relação à formação realizada pelas em presas307. Por outro lado, constata-se o desinteresse da CP, por exem plo, em relação à possibilidade de oficialização, equiparação e certificação dos cursos realizados na Escola de Aprendizes.

O poder parece ignorar a formação realizada pelas em presas, originando um vazio legislativo donde resultou, nom eadam ente, a ausência de um contrato de aprendizagem e a inexistência de qualquer forma de fiscalização e de certificação. Por seu lado, as em presas, e a CP em particular, não parecem interessadas em estabelecer qualquer ponte que lhes perm itisse, por exem plo, ter acesso a subvenções ou quaisquer outros benefícios que poderiam resultar da prospecção de formas de articulação entre a form ação por si realizada e o ensino técnico oficial.

Estranha-se esta falta de relacionam ento, por um lado, pelo facto de ele ter sido institucionalm ente preconizado no texto da lei de 47 e, por outro, pelo reconhecim ento da form ação realizada, quer quando os aprendizes eram ao m esm o tem po alunos das escolas técnicas, em regim e pós laborai, e aí obtinham bons resultados escolares graças à form ação recebida enquanto aprendizes,308 quer, sobretudo, pelo recrutam ento frequente de quadros form ados na Escola de A prendizes por parte de outras em presas.

Finalm ente, se em parte são com preensíveis as razões que levaram a CP a nunca pretender oficializar e certificar os cursos da Escola de A prendizes, com o estratégia

307 A p esa r de, no preâm bulo da proposta de lei n° 99, se registarem “anim adores exem p lo s de iniciativas benem éritas por parte dos diversos organism os com o a A ssociação Industrial P ortuense, a C om panhia P ortuguesa dos C am inhos de Ferro, as C om panhias R eunidas G ás e E lectricidade, a S ociedade N acional dos Fósforos, a União dos G rém ios dos Industriais G ráficos.” (E scolas T écnicas, n° 6-7, vol. II, S eparata,

1949, p. 16)

308 N a am ostra, das 76 respostas, 53 (70% ) declararam frequentar em sim ultâneo a escola técn ica oficial e destes, 48 (90% ) consideraram q u e a aprendizagem realizada na Escola de A prendizes era m uito útil para m elh o rar os resultados na Escola Industrial.

D e ap ren d iz a cida d ã o

ortodoxa para am arrar os aprendizes à em presa e evitar a sangria sistem aticam ente realizada por outras em presas grandes e pequenas, já não se percebe o ostracism o a que parece ter sido sem pre votada esta m odalidade de ensino técnico pelas instâncias da tutela. A própria inform ação da época, nom eadam ente o sempre citado boletim Escolas

Técnicas, não dedica uma página à formação realizada pelas em presas e, por tabela, a

investigação histórica que lhe vai no encalço parece também com portar-se com o se tal formação nunca tivesse existido. A principal consequência de tal om issão é o desconhecim ento quase geral do que realmente se fez.

Qual era a quota do ensino técnico em presarial na realidade educativa do país, quem eram as em presas que realizavam formação segundo um m odelo escolar, aliando instrução teórica e prática, qual era o currículo escolar em que assentava a aprendizagem , que balanço se pode hoje fazer dessa m odalidade de form ação, são questões que continuam em aberto.

O boletim Escolas Técnicas publicou em 1954 309 um relatório elaborado pelo “Bureau” Internacional do Trabalho relativo à aprendizagem em seis países, à época, provavelm ente paradigm áticos : Reino Unido, H olanda, França, Suíça, Estados Unidos e Canadá. Trata-se de uma pequena m onografia sobre cada país em que a inform ação se encontra repartida por quatro rubricas principais: História, O rganização e adm inistração da aprendizagem , N orm as de aprendizagem e Recrutam ento e form ação de aprendizes. Justificou-se tal publicação "por se considerar proveitoso o seu estudo, não só pela afinidade dos m étodos do nosso ensino com os daqueles países, com o ainda por conter aquele docum ento esclarecida doutrina sobre os problem as do ensino técnico- profissional"310

A pesar do inegável interesse do docum ento, não se vislum bra a afinidade com o nosso ensino técnico oficial - o outro era ignorado - nem se percebe por isso que ensinam entos se pudessem equacionar da "esclarecida doutrina". U m a vez que o

309 E scolas Técnicas, n° 16, 1954 3*0 E scolas Técnicas, n° 16, 1954, p.285

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articulado do texto se centra na formação realizada pelas em presas naqueles países, o m ínim o que seria de esperar era que, nesses m eados de cinquenta, já arrum ada a casa do ensino técnico oficial, se estabelecessem as condições em que os aprendizes deviam ser adm itidos nas em presas e se legislasse no sentido da regulam entação dessa aprendizagem . O que de todo em todo parece ter-se ignorado.

N a docum entação da Escola de A prendizes não se encontra docum entação que perm ita inferir form as de relacionam ento entre esta m odalidade de form ação e o ensino oficial. N as entrevistas com dirigentes da escola, em que a questão do relacionam ento ou da articulação foi colocada objectivam ente, também se reconheceu que tal relacionam ento não existiu. Tam bém não encontrei na CP contratos de aprendizagem e, quer aprendizes, qu er m onitores e directores da escola, quer ainda técnicos adm inistrativos na área da gestão e do pessoal, todos m anifestavam estranheza quando questionados acerca de tal docum ento. Os sistem as de aprendizagem abrangidos pela m onografia contêm todos um tal instrumento com o regulador essencial das relações entre o aprendiz e a entidade em pregadora/form adora. A escola de A prendizes das M inas de Potássio da A lsácia assentava igualm ente em tal instrum ento o essencial da relação formal e ju ríd ica que configurava a aprendizagem .3n Em Portugal, tal papel parece nunca ter sido necessário.

O contrato de aprendizagem , apesar da sua óbvia indispensabilidade, é apenas um exem plo das om issões constatadas. Q uestões com o a articulação entre os vários subsistem as de ensino e o ensino das em presas, a fiscalidade preferencial ou subvenções às em presas que fizessem form ação, os contratos colectivos clausulados em relação aos aprendizes e à sua form ação, a proporção dos aprendizes em relação aos operários especializados, os requisitos da empresa que habilitem à formação, o recrutam ento, a selecção, a duração da aprendizagem , a certificação, a quantificação e aferição pelas necessidades da em presa e da econom ia em geral, a fiscalização, constituem outras tantas questões essenciais da problem ática da aprendizagem , tratadas nom inalm ente nas m onografias publicadas mas de cuja doutrina parece não term os aprendido nada.

D e aprendiz a cidadão

Em 1965 foi publicado pelo Fundo de D esenvolvim ento de M ào-de-obra o resultado de um inquérito realizado perante um universo de mil e setecentas em presas portuguesas.312 O objectivo declarado de tal inquérito era "contribuir para um m elhor conhecim ento de tão im portante domínio da form ação profissional".313 Pretendia-se, essencialm ente, "ter um a ideia das condições em que decorre a aprendizagem nas em presas".314 O inquérito foi lançado a uma am ostra de em presas com m ais de dez trabalhadores ao seu serviço e abrangeu as actividades da pesca, indústrias extractivas, indústrias transform adoras, construção e obras públicas, electricidade, gás, água e serviços de saneam ento, transportes e comunicações.

Reconhecendo que "ascendem a muitos m ilhares os jo vens que anualm ente ingressam no m undo do trabalho sem qualquer preparação específica, ficando, portanto, totalm ente a cargo das em presas a sua formação profissional"315 e "que continua a ser m anifestam ente insuficiente o nível de instrução da população portuguesa e de que persiste o défice do sistem a escolar",316 com a am ostra os autores pretendiam d ar a conhecer os processos seguidos pelas em presas na selecção e recrutam ento dos aprendizes, os locais de aprendizagem e quem a m inistrava, a sua duração, as profissões e os ram os de actividade em que existia aprendizagem , o núm ero de aprendizes e a sua repartição por idades e por graus de instrução, enfim , uma prim eira tentativa também para determ inar o número desejado de aprendizes.317

Entre as conclusões m ais relevantes, destaca-se a afirm ação de "ser a aprendizagem nas em presas a principal form a de preparação profissional dos trabalhadores portugueses"318, surgindo nas indústrias transform adoras a percentagem m ais elevada (80% ) de em presas com aprendizes ao seu serviço e nos transportes e

312 Ludovico M .C ândido et al, A A prendizagem nas E m presas, M inistério das C orporações e P revidência Social, F.D .M .O ., Lisboa, 1965

313 Ludovico M .C ândido et al, A A prendizagem ..., pág. 10 314Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p.23 3*5 Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 19 316Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 22 317Ludovico M. C ân d id o et a \,A A p rendizagem ..., p.23. 318Ludovico M. C ân d id o et al, A A p rendizagem ..., p.34.

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com unicações a percentagem m ais baixa (40%). Por regra, concluiu-se, "quanto m aior é a empresa, m aior é a necessidade de formação de aprendizes"319, dado que se trata de em presas com quadros m ais am plos de mão de obra especializada e por isso mais volum osos se tom am os efectivos a substituir para garantir a continuidade daquela mão de obra.

Concluiu-se tam bém que o fenómeno da aprendizagem era condicionado pela localização geográfica das em presas, pelo tipo de povoam ento, pela natureza da actividade económ ica desenvolvida, pela legislação que condicionava ou im pedia o trabalho de m enores ou que im punha o exam e m édico obrigatório ou ainda que limitava a utilização de trabalho aprendiz em correlação à totalidade do pessoal operário, pela situação económ ica das em presas e pelo cum prim ento dos deveres im postos pelas leis m ilitares.320

A selecção e orientação profissional estava exclusivam ente a cargo das empresas. A m aioria das em presas inquiridas utilizava a "conversa com o candidato" como processo m ais usual de selecção (77,7% ). O exam e m édico era utilizado por 56,8% e os testes psicotécnicos apenas por cerca de 7% das em presas.321

Em geral, concluem os autores, os métodos m enos onerosos, e por isso tam bém os menos eficazes, eram os m ais utilizados pelas em presas. M ais uma vez, eram as em presas de m aiores dim ensões as que utilizavam os m étodos mais eficazes de selecção de aprendizes.

A aprendizagem era, na maioria das em presas inquiridas (98,2% ), realizada nos próprios locais de trabalho e produção, daqui resultando, "em vez de form ação profissional, puro adestram ento em que o trabalhador se apresenta com o sim ples objecto de uma aprendizagem que não tem em conta os seus desejos m ais íntim os".322 Apenas nas indústrias transform adoras se encontraram em presas com locais exclusivam ente destinados à aprendizagem , mas representavam apenas 0,6% das

3!9Ludovico M. C ândido et al, A A p ren d iza g em ..., p. 35. 320Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p.39 321Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 41 322Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 47

D e ap ren d iz a cidadão

em presas com aprendizes. Com binando a aprendizagem em local exclusivo e a aprendizagem no local de trabalho, surgiam em presas nos ram os das indústrias transform adoras e dos transportes e com unicações, mas apenas representavam 1,1% das em presas com aprendizes.323 M ais uma vez, concluem os autores, as em presas m aiores eram as que adoptavam , quanto aos locais em que decorre a aprendizagem , as soluções mais equilibradas.324

Em relação ao pessoal que m inistrava instrução, 95% das em presas inquiridas, com aprendizes ao serviço, utilizavam operários no normal exercício das suas funções como m onitores dos aprendizes. Apenas 2% das em presas utilizavam instrutores especiais e as que tinham operários só com funções de instrução não ultrapassavam os 3% do total das em presas com aprendizes.325 Uma vez mais se conclui que as em presas de m aiores dim ensões eram as que apresentavam form as mais adequadas de instrução.

Em relação à duração da aprendizagem , a m aioria das em presas inquiridas praticava o regim e das oito horas de trabalho diário, sendo a duração m édia da aprendizagem de cerca de três anos. Contudo, apenas 1,7% das em presas, no ramo das indústrias transform adoras, possuíam cursos especiais de aprendizagem , subindo esta percentagem , no ram o dos transportes e com unicações, aos 7,7% .326 No total, não representavam m ais de 2% das em presas inquiridas e que tinham aprendizes ao serviço. Os cursos m ais referidos na formação realizada p or estas em presas eram os de serralheiros, soldadores e electricistas.327

323Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 47

324 g dg presum ir que as em presas que reservavam para a aprendizagem locais exclu siv o s ou as que com binavam locais exclu siv o s com o posto de trabalho eram as em p resas que m antinham em funcionam ento E scolas de aprendizes. C om o se viu, as prim eiras representavam 0,6% d o total das que tinham aprendizes e as segundas 1,1%. Poder-se-á concluir, portanto, que era reduzido o núm ero de em presas que form avam aprendizes em escola privativa. Segundo o s autores, eram a indústria d o tabaco, a indústria quím ica, a con stru ção de m aterial de transporte e algum as indústrias alim entares as que realizavam a aprendizagem em local exclusivo. C om binando os dois processos, ex istiam em presas nos ram os das com unicações, indústrias quím icas, construção de m áquinas e aparelh o s eléctrico s, indústria do papel, construção de m aterial de transporte, indústria de m adeira e de co rtjça e fabricação de produtos m etálicos. A pesar de os ter p rocurado, não me foi possível localizar o s inquéritos por form a a poder identificar nom inalm ente cada um a d estas em presas que assim ficam apenas referen ciad as por categorias. 325Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 49

326Ludovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 58 327Ludovico M. C ândido et al, A A p rendizagem ..., p. 61

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Em relação à regulam entação da aprendizagem , os autores referem o art° 24 do Dec-lei n° 36173 de 6 de M arço de 1937, que estatuía que nas convenções colectivas de trabalho devia existir um a subsecção destinada à aprendizagem . Q uando existiam convenções colectivas vertentes, tais disposições referiam -se à idade de adm issão, ao período de aprendizagem , à lim itação da adm issão de aprendizes, às rem unerações e às habilitações escolares m ínim as e, por vezes, à obrigatoriedade de exam e médico. Concluem os autores que não existia regulam entação sistem ática e genérica da aprendizagem , nem o estatuto do aprendiz.328

Sem contrariar necessariam ente as conclusões do relatório, deve acrescentar-se que, algum tem po depois do decreto de 1937, foi publicado na revista da A .I.P., em Janeiro de 1946, o texto de um despacho do Subsecretário de Estado das C orporações e Previdência Social, datado de 16 de N ovem bro de 1945, que na base VII, secção H, se refere à aprendizagem . A idade de adm issão era estabelecida nos catorze anos, os candidatos deviam saber ler e escrever, o exam e m édico era obrigatório, a expensas da entidade patronal, as profissões perm itidas eram as dos grupos A , B e C, a que se juntavam os desenhadores e controladores, o núm ero máximo era de 60% sobre o núm ero total de operários e os salários dos aprendizes constavam de um a tabela que definia um salário base em função da idade, a que se somavam os critérios de aptidão e tem po de aprendizagem .

N o enunciado dos vários títulos referia-se ainda que os diplom ados com os cursos elem entares das escolas técnicas teriam apenas um ano de aprendizagem , que os aprendizes que frequentassem cursos com plem entares de aprendizagem nas escolas industriais sairiam duas horas m ais cedo, estipulava-se o horário de trabalho de quarenta e oito horas sem anais e a rem uneração diária. Na base X, estipulava-se que o patrão, "bom chefe de fam ília", devia subm eter os aprendizes a uma inspecção m édica anual, devendo os resultados ser registados num a caderneta do patrão para cada aprendiz.329

328L udovico M. C ândido et al, A A prendizagem ..., p. 62

D e a p re n d iz a cidadão

Em relação às habilitações, 82,7% dos aprendizes nas em presas inquiridas possuía a instrução prim ária com o única habilitação escolar. Contudo, foram encontrados aprendizes (4,1% ) que nem sequer possuíam a escolaridade básica. Tendo frequentado ou a frequentar cursos técnicos foram encontrados apenas 11,9% dos aprendizes. A este respeito, consideram os autores, que "a aprendizagem nas em presas pode considerar-se com o um m odo subsidiário de formação profissional, mas, no caso português, com o se dem onstrou, adquire o aspecto de principal preparação, deixando, sob o ponto de vista quantitativo, m uito aquém a preparação m inistrada pelas escolas técnicas. Entregando-se, assim , nas mãos do em presário a preparação da m aior parte da população activa, é urgente e indispensável que a formação profissional através da aprendizagem seja feita de acordo com um plano nacional, superando-se os defeitos do sistem a actual".330

Com o afirm am os autores do trabalho que tenho vindo a citar, a aprendizagem nas em presas constituía, à época, a forma de preparação mais im portante da m ão de obra em Portugal. D esta sim ples constatação decorrem duas observações que se me afiguram pertinentes: em prim eiro lugar, a im prescindibilidade de regulam entar esta aprendizagem , necessidade que, oficialm ente, nunca veio a ser ponderada. Em segundo lugar, parece-m e que lhe deveria estar reservado um espaço na investigação histórica, no âm bito da história da educação, o que até agora também ainda está po r fazer.

A instrução prim ária com o única habilitação escolar dos aprendizes era a situação predom inante em quase todos os ramos de actividade e a penetração do ensino técnico no sector produtivo m antinha-se dem asiado reduzida para fazer face às exigências cada dia mais prem entes do progresso técnico.331 T rata-se de um diagnóstico significativo, não apenas dos patam ares de escolarização dos jo v en s em Portugal, mas tam bém da (in)capacidade de resposta da rede do ensino técnico às necessidades de form ação de m ão de obra e à procura por parte dos eventuais consum idores desta área de ensino.

330L udovico M. C ândido et a l ,/ l A prendizagem ..., p. 71 33lL udovico M. C ândido et a l,A A prendizagem ..., p. 72

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Em relação à distribuição dos aprendizes por sectores de actividade, o inquérito dem onstrou que nos sectores têxtil e m etalom ecânico se encontravam m ais de dois terços da m ão-de-obra aprendiz e por isso, salientam os autores, m ais se afirm ava como necessário tom ar m edidas que visassem a regulam entação e o aperfeiçoam ento da aprendizagem nestes sectores.332

Finalm ente, a relação entre o núm ero de aprendizes existente (21656) e o núm ero de aprendizes reputado com o desejável (24435) não se afigurava significativa (mais 12,8%).333 Contudo, afirm am os autores, "o problem a principal no que respeita à aprendizagem não é de ordem quantitativa mas sim qualitativa, pois as deficiências residem fundam entalm ente no incipiente grau de instrução dos aprendizes e na m aneira precária - e m uitas vezes contraproducente - com o decorre a aprendizagem na m aioria das em presas p o rtu g u esas".334

A publicação do relatório do inquérito, cujas conclusões m ais relevantes foram aqui sintetizadas, perm ite-nos diagnosticar a form ação realizada pelas em presas na prim eira m etade dos anos sessenta e estabelecer um quadro de referência para, à luz dos parâm etros invocados, situar a aprendizagem realizada pela em presa dos cam inhos de ferro. Aliás, m esm o sem ter presentes as respostas aos inquéritos, é de presum ir, através dos quadros e das conclusões, que a CP foi inevitavelm ente um a das em presas inquiridas. Juntando, num a grelha de análise conjunta, o relatório do “Bureau International du T ravail”, o resultado do inquérito de 1965 e a aprendizagem na Escola de A prendizes da CP no Entroncam ento podem os estabelecer um quadro com parativo.

A análise do quadro perm ite destacar algum as evidências que configuram a aprendizagem em Portugal em relação aos outros países considerados.

332Ludovico M. C ândido et z \,A A prendizagem ..., p. 77