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A Arquitetura da Informa¸ c˜ ao

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 143-147)

9 Arquitetura da Informa¸c˜ ao: a Escola de Brasilia

9.4 A Arquitetura da Informa¸ c˜ ao

Wurman (2000) foi o primeiro autor a fazer uso do termo Arquitetura da Informa¸c˜ao (AI). A vis˜ao de Wurman ´e derivada de sua forma¸c˜ao como arquiteto e seu principal prop´osito ´e estender os conceitos-chaves de organiza¸c˜ao de espa¸cos desenvolvidos na ar- quitetura para a organiza¸c˜ao dos espa¸cos de informa¸c˜ao.

1) O indiv´ıduo que organiza os padr˜oes inerentes de dados, tornando claro aquilo que ´e complexo. 2) uma pessoa que cria a estrutura ou mapa de informa¸c˜oes que permite que os outros encontrem seus caminhos pes- soais para o conhecimento. 3) ocupa¸c˜ao profissional emergente do s´eculo XXI que responder `as necessidades de uma era focada na clareza, com- preens˜ao humana, e na ciˆencia da organiza¸c˜ao da informa¸c˜ao. (WUR- MAN, 2000).

O termo AI foi disseminado por Morville e Rosenfeld (2006), que o aplicaram ao contexto da web. Para eles, a Arquitetura da Informa¸c˜ao ´e imposs´ıvel de definir em uma ´

unica frase, pois indica um conjunto de conceitos:

1. O desenho estruturado de ambientes de informa¸c˜ao compartilhados;

2. A combina¸c˜ao de organiza¸c˜ao, rotula¸c˜ao, pesquisa e esquemas de navega¸c˜ao internos em s´ıtios da web e intranets;

3. A arte e a ciˆencia de modelar produtos e experiˆencias de informa¸c˜ao para dar suporte `a sua identifica¸c˜ao e uso;

4. Uma disciplina e comunidade de pr´aticas emergentes concentradas em implementar princ´ıpios de desenho e arquitetura no contexto digital.

Por influˆencia de Morville e Rosenfeld (2006) a AI est´a associada, nos dias atuais, ao desenho de s´ıtios da web. Entretanto, pesquisadores da Escola de Bras´ılia defendem um escopo mais amplo para a disciplina. Lima-Marques (2007), recuperando a proposta de Wurman, afirma que a AI se dedica ao “desenho de qualquer espa¸co de informa¸c˜ao”. Nessa perspectiva Macedo (2005) prop˜oe a seguinte defini¸c˜ao para a AI:

Arquitetura da informa¸c˜ao ´e uma metodologia de desenho que se aplica a qualquer ambiente informacional, sendo este compreendido como um espa¸co localizado em um contexto; constitu´ıdo por conte´u- dos em fluxo; que serve a uma comunidade de usu´arios. A finalidade da arquitetura da informa¸c˜ao ´e, portanto, viabilizar o fluxo efetivo de in- forma¸c˜oes por meio do desenho de ambientes informacionais. (MACEDO, 2005)

A necessidade da disciplina da AI ´e justificada por Bates (1999). Para a autora, a prolifera¸c˜ao da informa¸c˜ao na vida moderna exige a sua segmenta¸c˜ao em espa¸cos e o arquiteto da informa¸c˜ao “´e o profissional que det´em as habilidades para identificar, organizar e desenhar estes espa¸cos”. Ele n˜ao necessita dominar todos os conte´udos de uma ´area de conhecimento para organizar a informa¸c˜ao sobre essa ´area. A organiza¸c˜ao

da informa¸c˜ao tornando os conte´udos acess´ıveis ´e o trabalho exclusivo do arquiteto da informa¸c˜ao.

Macedo (2005) identifica a AI como “uma disciplina de estudos estabelecida com um corpo de conhecimentos distingu´ıvel e uma comunidade cient´ıfica estabelecida”. Com rela¸c˜ao ao corpo de conhecimentos ela identifica que:

A disciplina interessa-se, de um modo geral, pela natureza dos espa¸cos informacionais como delimita¸c˜oes do mundo e pela rela¸c˜ao entre os usu´arios e os fluxos de informa¸c˜oes. E, mais especificamente, pelos m´etodos e t´ecnicas de desenho para a solu¸c˜ao dos problemas pr´aticos dos ambientes informacionais.

Macedo (2005) insere a AI no ˆambito da Ciˆencia da Informa¸c˜ao, esclarecendo essa rela¸c˜ao:

Quanto ao escopo de atua¸c˜ao da ´area, este concentra-se no dom´ınio de informa¸c˜oes registradas, que ´e o objeto de estudo da Ciˆencia da Infor- ma¸c˜ao, mas trata de um aspecto espec´ıfico de tal dom´ınio, sendo este o desenho de ambientes de compartilhamento de informa¸c˜oes visando `a viabiliza¸c˜ao dos fluxos informacionais. Nesse sentido, a Arquitetura da Informa¸c˜ao atua tanto na modelagem de sistemas de informa¸c˜ao quanto na modelagem de estruturas de conte´udos informacionais propriamente ditos.

Willis (1999) identifica o processo de desenho como um processo hermenˆeutico. O desenho transforma e ´e transformador. Desenhar uma nova realidade, implica redesenhar a si pr´oprio, influenciado pelo desenho. para a autora, esse processo pode ser chamado de “Desenho Ontol´ogico” (DO). A abordagem da DO difere da no¸c˜ao tradicional de desenho

como uma a¸c˜ao de solu¸c˜ao de problemas, sem consequˆencias maiores para o ator:

N´os desenhamos, isto ´e, deliberamos, planejamos e projetamos de tal maneira que prefiguramos as nossas a¸c˜oes e realiza¸c˜oes - sucessivamente, somos desenhados por nosso desenho e por aquilo que projetamos. Willis (1999).

(LIMA-MARQUES, 2007) traz a perspectiva do desenho ontol´ogico aos espa¸cos de in- forma¸c˜ao, ao afirmar que:

O Desenho Ontol´ogico ´e uma perspectiva fenomenol´ogica e/ou her- menˆeutica: desenhos como a¸c˜oes que alteram o modo de convivˆencia do ser humano no mundo. Forma pela qual as interven¸c˜oes humanas produzem efeitos que afetam a pr´opria humanidade, de forma sistˆemica. O “desenho” de espa¸cos informacionais ´e direcionado pelas necessidades de informa¸c˜ao dos usu´arios e pelas diretrizes do contexto. Em con- trapartida, os efeitos do desenho afetam aqueles que utilizam o espa¸co informacional e o contexto em que se inserem. (LIMA-MARQUES, 2007).

No contexto do desenho ontol´ogico, (LIMA-MARQUES, 2007) prop˜oe uma defini¸c˜ao apropriada para a AI:

Escutar, Construir, Habitar e Pensar a informa¸c˜ao como atividade de fundamento e de liga¸c˜ao de espa¸cos, desenhados para desenhar. (LIMA- MARQUES, 2007).

O autor prop˜oe ainda um modelo conceitual para o Desenho Ontol´ogico (figura 63) no qual est˜ao presentes as no¸c˜oes de espa¸co de informa¸c˜ao, estados, atos de transforma¸c˜ao e o tempo, considerando que design da estrutura ´e sempre espa¸co-temporal.

Figura 63: Espa¸cos Informacionais e a Arquitetura da Informa¸c˜ao Fonte: (LIMA-MARQUES, 2010)

Na perspectiva de Desenho Ontol´ogico, Costa (2009) prop˜oe o m´etodo MAIA (M´etodo para Arquitetura da Informa¸c˜ao Aplicada) para fundamentar o desenho de arquiteturas de informa¸c˜ao. O m´etodo identifica quatro momentos no desenho de uma AI, conforme a figura 64. Dividindo o modelo verticalmente, os momentos da direita representam os atos em que o sujeito apreende o objeto (escutar e pensar); j´a os momentos da esquerda representam os atos em que o objeto influenciam o sujeito (construir e habitar). O c´ırculo expressa o car´ater c´ıclico do m´etodo, mas ele n˜ao ´e fechado, pois os limites entre os momentos n˜ao podem ser discretamente determinados. Em seu m´etodo, o autor especifica os procedimentos existentes em cada fase do ciclo.

A Arquitetura da Informa¸c˜ao, na perspectiva da Escola de Bras´ılia, ´e, portanto, uma disciplina com conceitos, t´ecnicas e m´etodos pr´oprios, dedicada ao desenho de qualquer

Figura 64: MAIA - M´etodo para Arquitetura da Informa¸c˜ao Aplicada Fonte: (COSTA, 2009)

espa¸co informacional, que visa permitir ao sujeito encontrar seus caminhos pessoais para o conhecimento.

9.5

Conclus˜ao 10: A AIO, como disciplina, est´a inserida

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 143-147)