• Nenhum resultado encontrado

A Ciˆ encia da Informa¸ c˜ ao

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 141-143)

9 Arquitetura da Informa¸c˜ ao: a Escola de Brasilia

9.3 A Ciˆ encia da Informa¸ c˜ ao

Segundo Sarasevic (1996), a Ciˆencia da Informa¸c˜ao (CI) foi uma resposta a uma demanda da sociedade por estudos do fenˆomeno da informa¸c˜ao. Teve sua origem no bojo da revolu¸c˜ao cient´ıfica e t´ecnica que se seguiu `a segunda guerra mundial como muitos outros campos interdisciplinares, como a Ciˆencia da Computa¸c˜ao, a Inteligˆencia Artificial (IA) e a Pesquisa Operacional.

Para Wersig e Neveling (1975), o objetivo inicial da CI estava relacionado `a Bibliote- conomia, Museologia, Arquivologia e Educa¸c˜ao. Seu foco era a informa¸c˜ao cient´ıfica que, em amplo desenvolvimento, necessitava ser organizada e recuperada. Bush (1945), logo

ap´os a segunda guerra identificou a “massiva tarefa de tornar mais acess´ıvel um ca´otico universo de conhecimento”. Segundo o autor, a solu¸c˜ao para combater o problema era a aplica¸c˜ao da emergente tecnologia da informa¸c˜ao, usando m´aquinas que incorporassem “associa¸c˜ao de ideias” e “processos mentais artificiais”.

Segundo Wersig e Neveling (1975), com a crescente evolu¸c˜ao dos meios de comunica¸c˜ao e da Tecnologia da Informa¸c˜ao, a informa¸c˜ao tornou-se dispon´ıvel em n´ıveis in´editos. Com isso diversas ciˆencias passaram a estudar o fenˆomeno em seu escopo particular. Nesse estudo distribu´ıdo, os autores identificam o nascimento de uma “Teoria Geral da Informa¸c˜ao”, de natureza transdisciplinar, distribu´ıda em diversas ´areas de conhecimento:

H´a um subsistema comum entre estas disciplinas [...]. Este subsistema ´e o conjunto completo de esfor¸cos feitos para estudar a informa¸c˜ao em todas as suas facetas [...]. Este campo de atividade cient´ıfica, para o qual contribui uma s´erie de disciplinas poderia, ent˜ao, ser entendida como uma “Teoria Geral da Informa¸c˜ao”. (WERSIG; NEVELING, 1975). O crescente interesse pela informa¸c˜ao, na pr´atica e na pesquisa, fez com que, em 1968, o American Documentation Institute mudasse o seu nome para American Society for Information Science. A partir de ent˜ao, muitos pesquisadores, como Borko (1968), se dedicaram a explicar `a comunidade cient´ıfica que nova ciˆencia era essa:

Ciˆencia da Informa¸c˜ao ´e a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informa¸c˜ao, as for¸cas que regem o fluxo de infor- ma¸c˜oes, e os meios de processamento de informa¸c˜ao para melhor aces- sibilidade e usabilidade. Ela est´a preocupada com o corpo de conhe- cimentos relacionados `a origem, coleta, organiza¸c˜ao, armazenamento, recupera¸c˜ao, interpreta¸c˜ao, transmiss˜ao, transforma¸c˜ao e utiliza¸c˜ao da informa¸c˜ao. Isto inclui a investiga¸c˜ao de representa¸c˜oes de informa¸c˜ao em ambos os sistemas naturais e artificiais, o uso de c´odigos para a trans- miss˜ao da mensagem eficiente, e o estudo de dispositivos de processa- mento de informa¸c˜oes e t´ecnicas, tais como computadores e seus sistemas de programa¸c˜ao. ´E uma ciˆencia interdisciplinar derivada e relacionada com ´areas como matem´atica, l´ogica, lingu´ıstica, psicologia, inform´atica, pesquisa de opera¸c˜oes, as artes gr´aficas, comunica¸c˜ao, biblioteconomia, administra¸c˜ao e outras ´areas afins. Ela tem tanto um componente de ciˆencia pura, que investiga o assunto sem considerar a sua aplica¸c˜ao, e um componente de ciˆencia aplicada, que desenvolve servi¸cos e produtos. (BORKO, 1968)

Essa mesma atua¸c˜ao ampla ´e defendida por Robredo (2003) para quem a CI ´e “o estudo, com crit´erios, princ´ıpios e m´etodos da informa¸c˜ao” (ROBREDO, 2003, pag. 105) e tem como objeto “a informa¸c˜ao em todos os seus aspectos e de todos os pontos de vista”. Saracevic (1999), identifica que a informa¸c˜ao, na CI, pode ser estudada com trˆes n´ıveis de abrangˆencia: o f´ısico, que trata dos sinais e de sua representa¸c˜ao; o cognitivo,

que trata dos processos cognitivos (no sentido de que a informa¸c˜ao ´e uma mudan¸ca de estado mental, provocada pela intera¸c˜ao da mente com um texto); e o de contexto, no qual a informa¸c˜ao est´a relacionada `a situa¸c˜ao, envolvendo motiva¸c˜ao e inten¸c˜ao. Capurro e Hjørland (2003) identificam, da mesma forma, trˆes abordagens ou paradigmas para a Ciˆencia da Informa¸c˜ao: f´ısico, cognitivo e social. Segundo os autores o paradigma social estuda tanto as quest˜oes da informa¸c˜ao na rela¸c˜ao entre os membros de uma sociedade, o que inclui as quest˜oes de comunica¸c˜ao e poder, como os impactos da informa¸c˜ao para a sociedade como um todo.

Bates (1999) identifica que, devido ao fato de a informa¸c˜ao ser um fenˆomeno de estudo em diversas ciˆencias, h´a certa dificuldade de estabelecer as fronteiras da CI. Para a autora, a distin¸c˜ao est´a nos objetivos da CI, que determinam as formas de estudar a informa¸c˜ao: estudar os aspectos f´ısicos, cognitivos e sociais da informa¸c˜ao. A CI n˜ao necessita dominar toda a informa¸c˜ao dispon´ıvel em um fenˆomeno. Esse ´e objetivo de cada ciˆencia especia- lizada no fenˆomeno. A CI n˜ao necessita dominar, por exemplo, as informa¸c˜oes de cada especialidade da medicina para entender os temas da medicina e classificar, armazenar e recuperar seus conte´udos. A CI especializa-se, portanto, na informa¸c˜ao de conte´udos da medicina, e n˜ao em medicina. Para a autora, essa ´e a fronteira da CI com a medi- cina e com todas as outras disciplinas. Um m´edico ´e especialista em medicina, n˜ao em informa¸c˜ao sobre medicina. Um profissional da informa¸c˜ao ´e especialista em informa¸c˜ao e n˜ao em medicina e est´a mais preparado para organizar conte´udos de medicina do que um m´edico. Para justificar essa abordagem, Bates cita diversas experiˆencias fracassadas em usar especialistas de dom´ınios para organizar a informa¸c˜ao nesses dom´ınios. Orga- nizar e recuperar informa¸c˜ao exige m´ultiplas habilidades, relacionadas especificamente a identificar, organizar e comunicar informa¸c˜ao sobre conte´udos. Essa ´e a fronteira da CI. Enquanto cada disciplina domina os conte´udos, a CI domina as formas de organizar e comunicar esses conte´udos.

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 141-143)