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Conceito de modelo

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 101-104)

7 Conte´ udos da AE: a modelagem organizacional

7.1.1 Conceito de modelo

Segundo Guizzardi (2005), um modelo ´e uma abstra¸c˜ao da realidade de acordo com uma certa conceitua¸c˜ao. Duas no¸c˜oes est˜ao contidas nesta defini¸c˜ao: a de abstra¸c˜ao e a de conceitua¸c˜ao. A conceitua¸c˜ao, segundo Afolabi e Goria (2006), ´e composta de conceitos de termos e seus relacionamentos, compartilhados por uma comunidade. J´a a abstra- ¸c˜ao, segundo Kramer (2007), tem como objetivo salientar determinadas caracter´ısticas de um objeto ou tema complexo, importantes para um determinado estudo. O processo de abstra¸c˜ao, propositalmente, omite as caracter´ısticas pouco relevantes a este estudo. Conclui-se, destas defini¸c˜oes, que modelos tratam das coisas do mundo, com conceitos compartilhados por uma comunidade, mas que refletem parcialmente as caracter´ısticas dos objetos, atendendo aos interesses particulares de quem modela.

7.1.2

Objetivos

Dijkman, Dumas e Ouyang (2008) afirmam que um modelo ´e um artefato concreto que tem como objetivo servir como suporte para a comunica¸c˜ao, aprendizagem e an´alise sobre

aspectos relevantes do dom´ınio em estudo. Pode ser utilizado, tamb´em, para leitura por computadores, auxiliando na automa¸c˜ao de atividades, complementa Guizzardi (2005). Pode, ainda, estar ligado `a no¸c˜ao de reprodu¸c˜ao e especifica¸c˜ao de elementos, como ob- servam Gonzalez-Perez e Henderson-Sellers (2007).

7.1.3

Classifica¸c˜ao

Os modelos podem ser classificados de diversas maneiras, considerando, entre outros aspectos, o objetivo a ser atingido, a forma de apresenta¸c˜ao, o tipo de conte´udo, o n´ıvel de detalhe desejado e a linguagem utilizada. A tabela 5 descreve as principais caracter´ısticas dos modelos, citando as referˆencias aos autores que as estudam.

Tipo de Classi- fica¸c˜ao

Classes Descri¸c˜ao Referˆencias

Objetivo Descritivos Descrevem o que existe. Conheci- mento

(RITTGEN, 2007) Prescritivos Descrevem um estado desejado. Pro-

jeto

Apresenta¸c˜ao Textuais Narrativas, tabelas (BERNUS, 2003)

Gr´aficos Imagens (LANKHORST, 2005)

F´ormulas F´ormulas matem´aticas (VERGIDIS; TIWARI; MA- JEED, 2008)

Conte´udo Est´aticos Defini¸c˜oes, conceitos e rela¸c˜oes (BUTLER et al., 2000)

Dinˆamicos Fluxos, mudan¸cas de estado N´ıvel de Detalhe Conceituais Descrevem conceitos e rela¸c˜oes

T´ecnicos Descrevem detalhes dos elementos

Linguagem N˜ao formais Sem estrutura definida (BERNUS, 2003) Semi-formais Com estrutura definida (LANKHORST, 2005)

Formais Com estrutura definida e semˆantica (VERGIDIS; TIWARI; MA- JEED, 2008)

Tabela 5: Classifica¸c˜ao dos Modelos

7.1.4

Linguagens

De acordo com Guizzardi (2005), para poder servir como comunica¸c˜ao, um modelo deve ser elaborado em uma linguagem compartilhada por todos os envolvidos. Como visto na tabela 5 da se¸c˜ao anterior, as linguagens de modelagem variam no grau de formali- dade. Segundo Mylopoulos (2003), para cada grada¸c˜ao de formalismo existem linguagens espec´ıficas, como detalhado na tabela 6.

Roam (2008) afirma que uma ideia n˜ao precisa de formalismo para ser expressa e a comunica¸c˜ao entre uma comunidade pode se iniciar at´e num “guardanapo de papel”, em

N´ıvel de Formalismo Descri¸c˜ao Exemplos de modelos Linguagens n˜ao formais Os modelos s˜ao constru´ıdos em lin-

guagem natural. Possuem sintaxe e semˆantica n˜ao estruturada).

Gr´aficos, narrativas em linguagem natural. Mapas mentais, diagramas de causa e efeito e outros diagramas. Linguagens semi-formais Possuem um sintaxe formal, estru-

turada, mas a semˆantica n˜ao estru- turada.

Modelos UML, modelo ER (entidade-Relacionamento), mode- lagem de processos com BPMN e outros modelos conceituais.

Linguagens formais Possuem sintaxe e semˆantica bem definidas, constru´ıdas com funda- mentos matem´aticos como ´algebra e l´ogica. Permitem an´alise e veri- fica¸c˜ao por computadores.

Ontologias, l´ogica de primeira or- dem, modelos matem´aticos.

Tabela 6: Formalismo nos modelos Fonte: (MYLOPOULOS, 2004)

linguagem natural. Entretanto, a ausˆencia de padr˜oes dificulta a transmiss˜ao de ideias e um m´ınimo de estrutura tem sido procurado na constru¸c˜ao de diagramas e desenhos, espec´ıficos para cada comunidade. Um caso cl´assico de diagramas com baixo n´ıvel de for- maliza¸c˜ao, criados dentro das organiza¸c˜oes, s˜ao os fluxogramas hier´arquicos. Tais fluxo- gramas permitem comunicar a estrutura organizacional a todos os interessados, conforme salienta Chiavenato (2007). A qualidade total, descrita por autores como Harrington e Harrington (1997), ´e uma outra comunidade de conhecimento que desenvolveu diagramas espec´ıficos, n˜ao formais, para ajudar a detalhar problemas e fluxos organizacionais. Os diagramas de causa e efeito e mapas mentais, explorados por Siau e Tan (2005), s˜ao ex- emplos de modelos n˜ao formais. Estes modelos, ou diagramas, n˜ao s˜ao formais porque carecem de regras para a sua elabora¸c˜ao.

Existem diversos esfor¸cos organizados por comunidades que procuram estabelecer um m´ınimo de formalismo na comunica¸c˜ao em seus modelos, tornado-os semi-formais. Um exemplo deste esfor¸co ´e a linguagem UML1, descrita por Larman (2004), criada por or- ganismos da comunidade da tecnologia da informa¸c˜ao. Ainda na ´area organizacional, um esfor¸co de padroniza¸c˜ao da comunidade ´e a linguagem BPMN2, criada pelo organismo de padroniza¸c˜ao OMG3 para prover uma certa estrutura formal `a modelagem de proces- sos (SMITH, 2003). Estes dois tipos de modelos s˜ao detalhados neste trabalho na se¸c˜ao dedicada `a modelagem organizacional.

A comunidade cient´ıfica colabora com o desenvolvimento das linguagens formais. De

1

UML: Unified Modeling language

2

BPMN: Bussines Process management Notation

3

acordo com Guarino (1998), s˜ao exemplos de linguagens formais a l´ogica de primeira ordem e as ontologias. Os modelos formais diferem das demais por possu´ırem um conjunto de regras para definir a sintaxe e semˆantica nos modelos, permitindo, por exemplo, a leitura por computadores para valida¸c˜ao, simula¸c˜ao e processamento. S˜ao linguagens menos populares no ambiente organizacional pela sua complexidade de desenho e leitura por pessoas que n˜ao tenham treinamento espec´ıfico, conforme alerta Guizzardi (2005).

No documento Agil da Informa¸c˜ao Organizacional (páginas 101-104)