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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.4 A ATIVIDADE DE COZINHEIRAS

De acordo com o Art. 208 da CF/88, o dever do Estado com a educação deve ser efetivado mediante a garantia de atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Havendo as informações dispostas no Art. 208 da CF/88, foi aprovada pelo Governo

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Federal a Lei da Merenda Escolar, Lei 11.947, de 16 de junho de 2009, que prevê em seu Art. 3 a alimentação escolar como direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado e que será promovida e incentivada com vistas no atendimento das diretrizes estabelecidas nesta lei. Portanto, evidencia-se a obrigatoriedade da merenda nas escolas públicas e, consequentemente, de cozinheiras para prepararem a alimentação dos alunos.

Há dois tipos de ingresso no mercado de trabalho para o cargo de cozinheiro em escolas: concurso e terceirização. Inicialmente, vale ressaltar que outra designação é atribuída ao cargo de cozinheiro é o nome merendeiro, não havendo distinção. De acordo com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), a partir de 1994, o governo passou a enviar verbas para que os alimentos fossem preparados com ingredientes frescos ao invés de enviar os alimentos praticamente prontos. Com isto, as merendeiras precisaram começar a cozinhar toda a refeição, dando origem ao cargo de cozinheiro, porém são utilizados os termos cozinheiro e merendeiro para se referir ao mesmo profissional. No município de Niterói, por exemplo, a Coordenação de Seleção Acadêmica da Universidade Federal Fluminense (COSEAC-UFF) foi a organizadora do concurso para merendeiro da Fundação Municipal de Educação (FME) no ano de 2016 e o requisito para a participação no processo seletivo era ter o Ensino Fundamental concluído. Na primeira etapa, o candidato realizava uma prova com 10 questões de Língua Portuguesa, 10 questões de Matemática e 20 questões de Conhecimentos Específicos. O conteúdo da prova de Conhecimentos Específicos abordava a importância da alimentação, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), dentre outros assuntos, como na figura 3.

Figura 03 – Conteúdo programático de conhecimentos específicos da prova objetiva para o cargo de Merendeiro

De acordo com a figura 3, os candidatos precisavam ter noções básicas do PNAE, de boas práticas para a preparação e distribuição dos alimentos e outros conhecimentos, o que demandava dos candidatos um curso de capacitação, para que os mesmos estivessem bem preparados para o exame de qualificação.

Após a aprovação na primeira etapa, o candidato era submetido à realização de uma prova prática.

A Tabela 6 ilustra as instruções preliminares às quais os candidatos ao cargo de merendeiro são submetidos para a prova prática.

Tabela 06 - Orientações e instruções preliminares para a prova prática

Fonte: COSEAC – UFF, 2016.

Por fim, os candidatos aprovados na segunda etapa deveriam aguardar a classificação final do concurso e a convocação para realizar os trâmites de admissão.

Considerando que o salário dos terceirizados é mais baixo do que o salário dos não terceirizados, como mostra o gráfico 5, torna-se mais barato para a administração pública contratar merendeiras como profissionais terceirizados.

Conforme a figura 4, foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) o Projeto de Lei nº 2055/2013, permitindo o regime de contratação de terceirização para o cargo de merendeiras. Portanto, a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) começou a ter o serviço prestado dos merendeiros de forma terceirizada, com o objetivo de reduzir os gastos públicos.

Figura 04 - Projeto de Lei nº 2055/2013

Fonte: ALERJ, 2013.

No PNAE, as merendeiras desempenham não somente o papel de colaboradora para a melhoria da aprendizagem dos alunos, porém também como agente condutora de técnicas adequadas para o preparo de merenda e de informações sobre bons hábitos alimentares.

De acordo com o manual da merendeira criado pela Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul (SEEDUC-MS), as principais responsabilidades das merendeiras são :

Tabela 07 – Principais atribuições das merendeiras Controlar a entrada e saída dos alimentos com registro diário na ficha de controle;

Observar os aspectos dos alimentos antes e depois de sua preparação, quanto ao cheiro, cor e sabor;

Abrir apenas as embalagens para o consumo do dia;

Guardar bem fechadas as embalagens que não forem utilizadas totalmente; Verificar o cardápio do dia;

Providenciar com antecedência a merenda, segundo as técnicas de preparo para que esteja pronta no

horário estabelecido e na temperatura adequada;

Lavar os utensílios de distribuição antes e depois de usá-los;

Quando necessário, colocar os gêneros alimentícios de molho na véspera de seu uso; Controlar o consumo de gás, material de limpeza, entre outros;

Cuidar da conservação do fogão, bem como controle das panelas, pratos, canecas, tigela e todos os

outros utensílios de cozinha;

Manter a mais rigorosa higiene nas dependências de armazenamento, cantina, preparo e distribuição

da merenda;

Usar a criatividade, procurando tornar a merenda saborosa e nutritiva;

Manter um bom relacionamento com o (a) diretor (a), professores, alunos e demais funcionários;

Tratar com delicadeza as crianças;

Apresentar-se sempre limpa, com touca e avental, com as unhas limpas e aparadas; Toda vez que fizer uma atividade diferente ou fora da cozinha, lave as mãos antes de retornar e manipular

os alimentos;

Nunca mexer nos alimentos com feridas ou cortes;

Tampe as panelas e nunca deixe os alimentos expostos a moscas e mosquitos; A cozinha deve estar limpa antes e após a preparação dos alimentos;

Fazer exames de saúde regularmente;

Manter-se sempre informada, participando de capacitações em sua área profissional ; Participar no planejamento das compras.

Fonte: SEEDUC-MS, 2012.

A tabela 7 ilustra que a tarefa das merendeiras não se refere somente ao preparo das refeições diárias, mas também em receber os alimentos dos fornecedores e anotar os produtos recebidos em uma ficha, analisar o estoque dos produtos para planejar a solicitação de uma nova compra, considerando o cardápio da semana, usar a criatividade para elaborar as refeições, manter a cozinha e seus componentes limpos e também manter um bom relacionamento com a direção, com os professores e com os alunos.

Segundo ATHAYDE et al (2003, p. 54), a não aceitação e a falta de respeito que as merendeiras sofrem por parte dos profissionais da escola que passaram por espaços formais de qualificação desconsideram o trabalho real vivenciado por elas. As merendeiras identificam um desacordo da alimentação oferecida com a realidade cultural das crianças e, apesar das

adversidades, elas se esforçam para tornar a refeição saborosa e visualmente atraente para incentivar as crianças a consumirem os alimentos oferecidos pela escola. Além disso, as merendeiras informam aos alunos a importância dos alimentos para a saúde, e, dessa forma, estimulam o comportamento social dos estudantes e asseguram o atendimento de suas necessidades nutricionais. As merendeiras são também ouvintes e conselheiras, conhecem os alunos-problema, os estudiosos, os que não estão bem de notas e identificam problemas existentes na vida familiar.

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