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Metodologicamente, este trabalho adotou o estudo de caso e os procedimentos realizados foram os de observação, registro de fatos, coleta de dados, entrevistas, depoimentos, questionários e aplicação de técnicas para mensurar as características do ambiente de trabalho das merendeiras.

A presente pesquisa pode ser classificada como aplicada, explicativa, qualitativa e é um estudo de caso.

Segundo McBride (2013),

o fato de a pesquisa aplicada investigar problemas reais faz com que os pesquisadores estejam preocupados com a validade externa de seus estudos, e isto significa que os pesquisadores tentam observar os comportamentos que podem ser aplicados a situações reais.

Isto é importante porque esses pesquisadores têm o intuito de aplicar seus resultados em problemas que envolvem indivíduos que sejam ou não participantes de seu estudo. Portanto, esta pesquisa é aplicada, pois possui como objetivo projetar e implementar melhorias no posto de trabalho das cozinheiras.

Trata-se também de uma pesquisa explicativa, uma vez que busca identificar os fatores que contribuem para a ocorrência das más condições de trabalho das merendeiras.

Quanto à natureza das variáveis da pesquisa, esta pode ser classificada como qualitativa, porque serão realizados questionários e entrevistas, numa perspectiva qualitativa, para entender as principais demandas dos trabalhadores.

Os procedimentos técnicos permitem caracterizar o trabalho como um estudo de caso, visto que consiste no estudo profundo e exaustivo de um objeto, de modo a permitir seu amplo e detalhado conhecimento.

Eu trabalho em duas escolas da rede estadual e decidi fazer a pesquisa de campo no colégio com maior porte, objetivando resultados mais impactantes. Por exemplo, o colégio selecionado para a realização da pesquisa possui 1494 alunos e o outro possui 636 alunos.

Antes de iniciar esta pesquisa no colégio selecionado, solicitou-se uma autorização do diretor-geral da escola e este permitiu a realização do trabalho, elogiando a iniciativa em buscar entender as principais dificuldades das cozinheiras e projetar melhorias em suas condições de trabalho, visto que o governo estadual não investe em saúde e segurança no trabalho delas.

Após a permissão do diretor-geral, conversas com as cozinheiras da escola foram realizadas para saber se elas aceitariam e gostariam de participar da pesquisa em seu ambiente de trabalho e, rapidamente, recebeu-se um retorno positivo, e elas começaram a comentar problemas enfrentados no dia-a-dia, como dores na coluna por ficarem durante muito tempo em pé e também o calor excessivo na cozinha. Segundo as cozinheiras, o ambiente de trabalho delas é bem quente e não possui uma ventilação adequada.

Nos dias 5, 19 e 26 de outubro, observou-se a jornada de trabalho das cozinheiras e fotos, entrevistas, questionários, consultas a manuais de trabalho, anotações, entre outras técnicas foram realizadas para auxiliar na identificação da situação crítica. Nesses dias e ao decorrer do tempo, referências bibliográficas foram pesquisadas para embasar o estudo, levantaram-se hipóteses, aplicaram-se instrumentos de avaliação das condições de trabalho, como questionários, entrevistas, luxímetro (instrumento para medir a intensidade da iluminação de um ambiente), monitor de IBUTG (índice de bulbo úmido e termômetro de globo) e, por fim, foram validados os problemas identificados. Além disso, as cozinheiras da escola sempre foram atenciosas e dispostas a ajudar, para que os resultados obtidos exprimissem com maior precisão as características do ambiente de trabalho delas. E mesmo que numa linguagem simples, as palavras ditas pareceram claras e sinceras o suficiente para identificar alguns problemas enfrentados no dia-a-dia e para facilitar a análise ergonômica da atividade.

De acordo com o Manual de Aplicação da NR-17, as etapas da AET são: Tabela 08 – Etapas da AET

1 Explicitação, análise e reformulação da demanda; 2 Análise global da empresa;

3 A análise da população de trabalhadores; 4 Definição das situações de trabalho a analisar;

5 A descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades

desenvolvidas para executá-las;

6 Estabelecimento de um pré-diagnóstico;

7 Observação sistemática da atividade, bem como dos meios disponíveis para realizar a tarefa;

8 Diagnóstico;

9 Validação do diagnóstico;

10 Projeto das modificações;

11 O cronograma de implementação das modificações;

12 Acompanhamento das transformações.

Na primeira etapa, busca-se situar o problema a ser analisado.

Na segunda etapa, é necessário saber o grau de evolução técnica da empresa, sua posição no mercado, sua situação econômico-financeira, sua expectativa de crescimento, etc. Essas informações são necessárias justamente para que as soluções propostas possam ser adequadas a esse quadro.

Na terceira etapa, busca-se saber a política de pessoal, a faixa etária dos trabalhadores, a evolução da pirâmide de idades, rotatividade, antiguidade na função atual e na empresa, tipos de contrato, experiência, categorias profissionais, níveis hierárquicos, características antropométricas, pré-requisitos para contratação, nível de escolaridade e capacitação, estado de saúde, morbidade, mortalidade, absenteísmo, etc.

Na quarta etapa, definem-se as situações de trabalho a serem estudadas e essa escolha parte necessariamente da demanda dos primeiros contatos com os operadores e das hipóteses iniciais que já começam a ser formuladas.

Na quinta etapa, devem ser descritas as tarefas prescritas, as tarefas reais e as atividades desenvolvidas para executá-las. Entende-se por tarefa prescrita o objetivo fixado pela empresa. “Produzir 420 peças por dia, com tais e tais requisitos de qualidade, dispondo para tanto de tais e tais ferramentas e materiais”. A tarefa real é o objetivo que o trabalhador se dá, caso ele tenha possibilidade de alterar o objetivo fixado pela empresa. “Bem, eu gostaria de fabricar as 420 peças, mas devido ao mau estado de minhas ferramentas ou à gripe de que estou acometido, hoje só vou fabricar 350”. A atividade é tudo aquilo que o trabalhador faz para executar a tarefa: gestos, palavras, raciocínios etc.

Na sexta etapa, é estabelecido um pré-diagnóstico, explicitando as várias partes envolvidas, após o que será validado ou abandonado como hipótese explicativa para o problema. Por exemplo, os distúrbios osteomusculares podem estar relacionados à exigência de elevação permanente do membro superior para realizar a tarefa de cortar a jugular do frango em um abatedouro. Se essa hipótese for plausível, o analista elaborará meios para comprová-la ou refutá-la.

Na sétima etapa, é feita uma observação sistemática da atividade, bem como dos meios disponíveis para realizar a tarefa. É preciso descrever os métodos e técnicas utilizados (entrevistas orais ou escritas, gravadas ou não, filmagens e sua duração) e deverá constar de um relatório, para que os leitores possam apreciar o grau de confiabilidade dos resultados. O importante é que qualquer afirmação seja acompanhada de uma justificativa de como se chegou a ela.

Na oitava etapa, dá-se um diagnóstico ou diagnósticos, partindo das situações analisadas em detalhe. É possível formular um diagnóstico local, que permitirá o melhor conhecimento da situação de trabalho.

Na nona etapa, é necessário validar o diagnóstico, apresentando-o a todos os atores envolvidos que poderão confirmá-lo, rejeitá-lo ou sugerir maiores detalhes que escaparam à percepção do analista. A validação é a única garantia da lisura dos procedimentos e da pertinência dos resultados, pois só aqueles atores detêm a experiência e o conhecimento da realidade e são os maiores interessados nas modificações que advirão do diagnóstico.

Na décima etapa, o analista deve propor melhorias das condições de trabalho tanto no aspecto da produção como, principalmente, no da saúde. Nas recomendações são indicadas as transformações e melhorias efetivas das condições de trabalho propostas, incluindo aí, necessariamente, os aspectos relativos ao desenvolvimento pessoal dos trabalhadores, como a formação e o treinamento para as novas atividades ou os novos postos de trabalho que estarão sendo implantados, se for o caso.

Na décima primeira etapa, cria-se um cronograma de implementação das modificações/alterações e os auditores-fiscais têm de ser informados dos tempos necessários a essas modificações, para que possam situá-los nos prazos concedidos pela legislação ou renegociá-los com o apoio das organizações sindicais. Os prazos devem ser compatíveis com as transformações propostas, incluindo a implementação de testes, criação de protótipos e processos de modelagem, dentre outras coisas.

Na décima segunda etapa, as modificações/alterações devem ser acompanhas, onde o analista deve deixar claro qual o seu papel durante a implementação. Se foi negociada anteriormente a sua participação ou se nova negociação deverá ser feita. Posteriormente, é preciso avaliar o impacto das modificações sobre os trabalhadores, pois qualquer modificação acarreta alterações das tarefas e atividades que deverão ser, novamente, objeto de outra análise.

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