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A auditoria externa

No documento Revisão das Despesas Públicas (páginas 97-99)

CAPÍTULO 5 GESTÃO DA TESOURARIA

6.2. A auditoria externa

270. Em geral, os órgãos de auditoria externa, nomeadamente o Tribunal de Contas e a Assembleia Nacional, funcionam independentemente dos outros órgãos de auditoria.

6.2.1. O Tribunal de Contas

271. Criado pela Lei nº 84/IV/93 de 12 de Julho de 1993, O Tribunal de Contas tem autonomia administrativa e é independente dos poderes políticos. Embora não tenha autonomia financeira, controla a sua gestão financeira e tem as suas próprias contas bancárias. O orçamento do Tribunal de Contas é negociado anualmente com o Ministério das Finanças, com base nas propostas do Tribunal.

272. O Tribunal de Contas é um órgão jurisdicional dotado de uma vasta área de competências e amplas capacidades. A Lei nº 84/IV/93 confere ao tribunal de Contas grandes poderes de investigação:

• De todas as entidades que gerem fundos públicos;

• Da totalidade das transacções financeiras ou contratuais que engajam o Estado ou se referem à gestão das finanças públicas. Por esta razão, é responsável pela fiscalização prévia dos contratos públicos que engajam o Estado.

273. O trabalho de análise e inspecção do Tribunal de Contas do Estado tem conhecido atrasos importantes. A lei exige auditoria do Tribunal de Contas às Contas Gerais do Estado submetidas pelo Ministro das Finanças. Na sequência desta auditoria, o Tribunal de Contas emite parecer simultaneamente para o Primeiro Ministro e o Presidente da Assembleia Nacional. Esses pontos de informação são então publicados no Boletim Oficial da República.

274. Contudo, as últimas Contas Gerais do Estado submetidas ao tribunal de Contas pelo MFPDR datam de 1997. Desde essa data, nenhum relatório de execução orçamental foi entregue ao Tribunal. Este importante atraso diminui consideravelmente o impacto dos comentários feitos por esse órgão, sabendo-se que esses elementos deviam possibilitar a melhoria, de um ano para o outro, da gestão das finanças públicas.

275. O Tribunal de Contas tem meios insuficientes para cumprir o seu mandato. Uma das razões dessas dificuldades reside no alto custo dos meios de transporte que ligam as várias ilhas do arquipélago. Esta situação limita a capacidade de deslocações do pessoal do Tribunal assim como de levar a cabo investigações no terreno. Esta situação é tanto mais prejudicial quanto Cabo Verde está desenvolvendo uma política de

descentralização e de desconcentração dos seus serviços. O problema é o mesmo relativamente às inspecções às embaixadas, que são administrativamente autónomas. 276. O Tribunal de Contas não está suficientemente envolvido no processo de reformas em curso. No futuro, o seu presidente mencionou os benefícios de uma conexão do servidor directo de “intranet” ao servidor da DGO. Durante as auditorias, um acesso protegido e específico a certos sistemas computorizados relativos às operações contabilísticas do Estado facilitaria e garantiria a transmissão de dados quantitativos. 277. Antes de 1997, o Tribunal de Contas escreveu algumas observações essenciais no seu relatório anual sobre a execução orçamental:

• As Contas do Estado submetidas ao Tribunal de Contas não são completas. Não incluem documentos relativos às operações financiadas externamente;

• O défice visado não é respeitado;

• Os limites fixados pela Assembleia Nacional respeitantes ao montante das garantias concedidas pelo Estado são geralmente ultrapassados;

• O orçamento inicial é regularmente alterado, sem autorização da Assembleia Nacional;

• As operações do fecho do ano orçamental não são efectuadas de forma adequada, e o saldo orçamental é vagamente definido;

• Algumas contas são apresentadas de forma incompleta, algumas vezes sem documentos de suporte.

6.2.2. A Comissão de Finanças da Assembleia Nacional

278. A Assembleia está demasiado isolada para fazer a sua fiscalização. A sensação geral que emergiu da visita da missão ao Presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional é que os representantes do povo estão insuficientemente informados e não têm a formação suficiente para seguir a execução do Orçamento do Estado.

279. O Governo não envia os relatórios de execução orçamental destinados a permitir à Comissão a fiscalização do orçamento no decurso do ano orçamental. Não obstante, isto é obrigatório pelo texto da lei. A Comissão não tem acesso a quaisquer dados e devia ser registado que, contrariamente às outras entidades de inspecção, não está ligada à rede Intranet, o que acentua o seu isolamento. Como especificado acima, na medida em que as Contas Gerais do Estado não foram produzidas desde 1997, a Assembleia Nacional só tem limitada capacidade de efectuar a sua auditoria política ex- post da execução orçamental. Devia também ser apontado que a Assembleia Nacional está também isolada no que tange às reformas em curso relativamente à gestão das finanças públicas e sobre as quais não recebe nenhuma informação.

6.3. Recomendações

280. Instalar os serviços da IGF, tal como determinam as normas do Decreto-Lei nº 130/92 que aprova os estatutos. Esta recomendação implica o recrutamento de

inspectores em número suficiente e a sua colocação permanente, assim como a constituição de equipas formadas para gerir e vitalizar cada serviço.

281. Equipar a IGF com meios de forma a garantir todas as suas missões em melhores condições. Esta recomendação implica o equipamento da IGF com capacidade técnica suficiente e meios para acompanhar as reformas propostas pela RAFE.

282. Envolver os órgãos de auditoria (Tribunal de Contas/IGF) no processo de reforma. Um grupo de trabalho podia aprofundar a investigação de questões relativas a:

• A harmonização dos procedimentos de auditoria entre os vários órgãos de auditoria;

• A modernização das técnicas de auditoria através do desenvolvimento de instrumentos computorizados;

• Desenho de um quadro regulatório adequado à transmissão de informação entre os serviços de execução e os vários órgãos de auditoria (utilização da rede Intranet);

• Propostas de manuais de procedimentos para os inspectores relativos aos vários tipos de auditoria.

CAPÍTULO 7

REFORMAS DOS SISTEMAS DE GESTÃO FINANCEIRA

No documento Revisão das Despesas Públicas (páginas 97-99)