• Nenhum resultado encontrado

PARTE I: DO PROBLEMA AO REFERENCIAL TEÓRICO

CAPÍTULO 7 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

7.6.4. A avaliação

Ao longo de todo o texto do projecto são múltiplas as referências à forma como um projecto educativo deve ser construído e à filosofia que deve operacionalizar. O texto traduz uma preocupação constante de que o projecto não seja só um documento que cumpre uma formalidade legal mas sim um instrumento de acção. Para tal, o projecto dá a indicação de que a avaliação é um elemento estruturante de intervenção que deve ser prevista desde o início.

Uma avaliação, para merecer esse nome, tem de ter um certo grau de objectividade, ser aceite como válida. Tem de possuir características que a credibilizem nos processos que utiliza. Em certo sentido, a avaliação aproxima-se da investigação, porque usa por vezes métodos e técnicas comuns; mas a sua finalidade é diferente.

Embora ambas procurem a verdade, a investigação visa o saber pelo saber (investigação pura), ainda que depois utilize muitas vezes esse saber em novas situações (investigação aplicada). Já a avaliação visa colher dados com o fim específico de fornecer informações sobre o objecto que está a ser (ou foi) avaliado. Assim sendo, num projecto, tanto o processo como o produto podem ser avaliados; e as informações (dados da avaliação) podem, e devem, ter dois fins: primeiro, tentar ajudar quem concebeu e quem está a desenvolver o projecto; depois, apreciar os seus resultados.

A avaliação do Projecto foi realizada ao longo de dois anos, incidindo-a sobre os seguintes pontos:

9 Os Objectivos e tipo de Avaliação necessários em cada etapa

9 A selecção dos Indicadores de Avaliação e das Formas de Registo (ou pesquisa) que a tornaram possível

9 A identificação dos intervenientes e dos métodos de avaliação

9 A programação dos momentos e avaliação

As dimensões contempladas foram a das actividades, dos objectivos e dos efeitos, a do funcionamento/organização do Projecto e a financeira.

Houve dois tipos de avaliação. A Ordinária e a Extraordinária. Na primeira houve dois momentos de avaliação:

1º Momento: Logo após a definição do projecto - 2002

A metodologia de avaliação utilizada foi a utilização de entrevistas por questionário, atendendo apenas aos elementos significativos da comunidade escolar – Professores. Permitiu obter dados sobre a qualidade e exequibilidade do Projecto Educativo. No final do 1º ano, o objectivo foi a recolha de informação sobre o andamento e faseamento das actividades, bem como dos aspectos relativos à sua coordenação e execução. Foi também feito um questionário dirigido aos alunos e aos encarregados de educação, através das respectivas associações, com vista à detecção de aspectos positivos e negativos das estratégias de implementação do projecto e uma possível concepção e/ou reformulação das mesmas.

2º Momento: Terminus do prazo previsto para a concretização do projecto – Julho de 2004.

Foi feito o preenchimento da mesma proposta de grelha de avaliação, com especial atenção para a coluna respeitante às observações/sugestões/dificuldades encontradas, em que se solicitou aos responsáveis de cada área de trabalho do projecto a elaboração de um balanço final. Para além disso, considerou-se também a consulta dos registos individuais dos alunos, as classificações escolares, os comportamentos modificados e a satisfação final dos intervenientes. Este procedimento permite um conjunto de constatações e/ou resultados de avaliação, preferencialmente de ordem quantitativa que servem de suporte para a tomada de novas decisões.

Duas tipologias de avaliação foram propostas: a de controlo e a da análise. A Avaliação de controlo incide na detecção dos níveis de coincidência e/ou desfasamento entre a situação idealizada e a situação em curso de realização. Esta avaliação controlo far-se-á a partir dos objectivos definidos para o Projecto Educativo.

A avaliação análise remete para resultados não previstos que possam ou não ter vantagem para a lógica e para o desenvolvimento do Projecto. Esta avaliação baseia-se mais na observação directa, ou nos resultados das actividades concretas realizadas.

Foi prevista a avaliação extraordinária sempre que tal for determinado por decisão da Assembleia de Escola, sob proposta da maioria dos seus membros, ou por solicitação do Conselho Pedagógico ou do Presidente do Conselho Executivo.

Partindo do principio que as pessoas são entes concretos e vivem emersos em problemas também concretos. A questão das relações interpessoais é uma questão clara que atinge a actualidade da educação multicultural, é um tema estrategicamente importante pois é um marco do progresso, do crescimento, da educação e do entendimento. Por isso, por muitos inconvenientes e dificuldades que apareçam no quotidiano, temos de pensar que o futuro está agregado à multiculturalidade, devido ao desenvolvimento dos intercâmbios, decorrentes das migrações. É então necessário que se promova a melhoria do clima de convivência e de relacionamento interpessoal, fomentando relações com instituições da comunidade exteriores à escola, com camaradagem e o respeito mútuo.

7.7 - As percepções sobre o Projecto “Saber estar…”

A análise, apresentada anteriormente, do documento do Projecto “Saber estar…”, apoiada muitas vezes pelos depoimentos recolhidos nas entrevistas semi-estruturadas e/ou mesmo em conversas informais entre a investigadora e elementos da escola, apontou para uma perspectiva de projecto que transcende o simples agrupamento de planos de ensino e actividades diversificadas. A ideia subjacente à existência de um PEE na escola é torná-lo mais um instrumento de trabalho que indica rumo, direcção e que deve ser construído com a participação de todos os profissionais da instituição. Coube, no entanto, verificar se essa perspectiva se consolida no nível da consciência dos professores da escola. Os dados a seguir são os resultados das entrevistas estruturadas realizadas com os vinte e nove professores da escola sobre a importância e conhecimento do PEE na Escola, dos processos de elaboração, da sua concretização e avaliação. Pretende-se, portanto, mostrar, a partir de uma avaliação quantitativa das respostas, o tipo e o grau desse conhecimento.

Os professores foram entrevistados (ver guião em Anexo) no final do 1º período (de 13 a 20 de Dezembro), antes da 1ª reunião de avaliação do ano, e os elementos da gestão no início do 2º período (entre 8 e 16 de Janeiro). As entrevistas (gravadas) tiveram durações muito variadas, desde os 16 minutos até 58 minutos. À excepção da entrevista efectuada ao membro do Conselho Executivo que foi efectuada no próprio gabinete, sem outras pessoas próximo e sem interrupções; todas as outras entrevistas decorreram na sala de professores, e na biblioteca, igualmente sem interrupções.

A análise da documentação foi efectuada um pouco ao longo do ano, acompanhando os materiais que se iam produzindo.

É importante salientar que as informações informais decorrentes do contacto relativamente regular estabelecido ao longo do ano, as conversas que se acompanham, etc., foram igualmente registadas, com mais ou menos pormenor, numa espécie de diário de investigação que se manteve desde o início da investigação das quais resultaram notas de campo que permitiram acrescentar alguns pequenos pormenores às informações obtidas de forma mais estruturada.

Documentos relacionados