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PARTE I: DO PROBLEMA AO REFERENCIAL TEÓRICO

CAPÍTULO 7 – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

7.7.24. A classificação de aspectos

Pediu-se aos professores que classificassem alguns dos aspectos do PEE ou com ele relacionados, tais como Regulamento interno, Plano anual de actividades, Organização dos Serviços especializados e de apoio educativo. Cada um desses aspectos foi avaliado de forma bastante divergente, variando sempre entre insuficiente e muito bom (Quadro 48, em anexo)

Para o Regulamento Interno:

9 34,5% dos docentes classificou como “Insuficiente”;

9 31% “Bom”;

9 10,3% “Suficiente”;

9 6,9% “Excelente”.

Para o Plano Anual de Actividades 34,5% classificou de “Muito Bom”, apenas 20,7% de “Insuficiente”. (Quadro 49, em anexo)

Para a organização dos Serviços especializados e de apoio educativo 48,3% classificou de “Suficiente” e 37,9% de “Insuficiente” (Quadro 50, em anexo).

7.8 - Conclusão

Tendo por base o conceito de projecto e os passos necessários para a execução do PEE, podemos analisar segundo os seguintes parâmetros:

9 A negociação – estimula-se e motiva-se a imaginação de todos os interessados, permitindo-lhes inteirarem-se da situação na qual são actores;

9 Os objectivos – formulam-se e negociam-se de forma a serem realizáveis.

Um projecto não deverá ser uma simples declaração de boas intenções, a sua função é concretizar e realizar essas intenções. Por esta razão, é necessário ter em conta o tempo, os meios possíveis de concretização e os obstáculos a ultrapassar.

Tivemos também por base as fases de um Projecto:

9 Diagnóstico da situação, uma negociação de objectivos e prioridades e uma descrição de meios;

9 Planificação das actividades;

9 Realização propriamente dita do projecto;

Divulgação dos seus resultados mais significativos. O esforço de divulgação é útil não só para outras pessoas como para os próprios intervenientes no projecto, ajudando-os a reflectir no trabalho que realizaram.

Conceber e executar um projecto não é tarefa fácil, pois implica esforço pessoal, bem como estar preparado para gerir a complexidade das situações que vão surgindo. O projecto está associado, a uma "pedagogia da incerteza", como diz Boutinet. Mas, também constitui um desafio para os professores que queiram assumir um papel activo na resolução dos problemas que surjam na escola.

DIAGNÓSTICO/ PLANIFICAÇÃO

Assim, da análise dos dados recolhidos podemos considerar que na tomada de consciência para dotar a escola de um PEE interferiram os seguintes factores:

9 O conceito de Projecto educativo e a sua importância para o funcionamento da escola.

9 Identificação de objectivos que promovam uma boa harmonia/coerência do trabalho a desenvolver.

9 A importância do PEE na construção da autonomia da escola.

Averigua-se que o sistema de decisão em que interferiram estes factores resulta de um

procedimento de consciencialização tanto do C.E. como do C.P. coincidentes com o resultado das entrevistas aos elementos do CE e a alguns docentes.

Na questão “conhece os instrumentos de concretização do PEE?” verifica-se que um grande número de professores é conhecedor desses instrumentos no entanto há quem pareça

desconhecer, o que revela estarem fora do contexto. Trata-se de instrumentos para a

concretização do PEE, que deverá ser da escola, por isso conhecido por todos. A participação da comunidade educativa na concretização do projecto é fundamental.

Quanto à hipótese “Conhece o objectivo da criação do PEE?” a maioria respondeu de forma a que podemos interpretar como revelador do empenho desta escola na construção do PEE. Não se constrói apenas pela obrigatoriedade normativa, mas sim por tantos outros valores.

REALIZAÇÃO

Para o processo de elaboração do documento em causa, houve necessidade de liderança, criando um grupo de trabalho que teve a seu cargo o processo de diagnóstico e caracterização do meio e da escola. Posteriormente definiram prioridades e organizaram propostas.

Na negociação verificou-se que toda a comunidade educativa foi envolvida, pelo facto do C.E. ter elaborado um pré documento que foi analisado e discutido em C.P. Só depois foi elaborado o documento final que foi à Assembleia de Escola onde foi aprovado.

Houve envolvimento da comunidade educativa através de reuniões para informar e recolher opiniões.

Na questão colocada sobre a participação no PEE é significativa a resposta dada pelos inquiridos, pois mostra que nesta escola a participação do corpo docente é um elemento importante para o funcionamento da escola.

AVALIAÇÃO

No PEE pressupõe-se que a escola partilhe dos mesmos objectivos para isso foi necessário haver um conhecimento dos princípios, valores e objectivos educativos assim como dos problemas, necessidades e aspirações presentes na comunidade educativa.

Depois de analisados os dados verificámos que a escola partiu do conhecimento directo de cada indivíduo pertencente à comunidade educativa e à documentação existente na escola; procedeu-se à caracterização económica e sócio-cultural e elaborou-se propostas de trabalho.

Identificou-se as actividades a desenvolver segundo determinados princípios e de acordo com as prioridades definidas.

RECURSOS

Quanto aos recursos apurámos através das entrevistas, que o CE se encarrega da mobilização dos recursos quer materiais quer financeiros para a implementação do PEE, uma vez que os subsídios a que a escola se candidata, são insuficientes.

LÓGICAS EXISTENTES

Como já foi referido, a escola é reconhecida como uma organização específica, onde se intervém e decide. Surge o Projecto Educativo que pode alterar a vida organizativa da escola. Tivemos então que analisar os processos e procedimentos utilizados na construção do Projecto Educativo e compreender a lógica de funcionamento no dia a dia da escola. Surge agora a questão de sabermos se esta escola tem realmente um Projecto e qual a lógica nele existente.

Na verdade a escola tem um projecto e com uma lógica predominante, expressa em tudo o que foi analisado. Foi realizado um processo dito de avaliação/diagnóstico com base em princípios que originaram o título e diversas actividades e estratégias bem como a identificação dos actores para a sua realização.

Houve a preocupação por parte da escola em contribuir para o desenvolvimento global e harmonioso da criança, definindo como princípios orientadores da acção da escola:

9 O conceito do saber, as relações sociais e o papel do professor.

Acresce ainda que os objectivos expressos do PEE, estão de acordo com os princípios que orientam o projecto.

7.9 - Os reflexos do PEE na autonomia da escola

Ao definir e prosseguir objectivos que traduzem os interesses, aspirações e características dos elementos que a constituem – alunos, professores, pais e encarregados de educação – e também do meio de que é parte, a escola assume as suas potencialidades e limites, constrói a sua identidade, a sua autonomia (Canário, 1992).

O processo de desenvolvimento, corresponde à dinâmica de concepção e elaboração do P.E.E., o que leva a poder afirmar-se que a identidade e a autonomia da escola estão interligadas com o próprio Projecto Educativo de Escola.

Na dependência de inter-relações, criam-se condições favoráveis à integração da escola no processo de desenvolvimento da sociedade. É na diversidade de inter-relações entre meio envolvente das escolas e o PEE que a gestão permite transformar o que outrora era visto como obstáculos, em riqueza, como por exemplo: a família, autarquia, associações locais, entre outros.

Desta forma, o Projecto com a definição de objectivos e a gestão de dependências expressa a construção da autonomia. O Projecto Educativo é um instrumento, consagrado na lei, que está no centro das estratégias de construção da autonomia da Escola. É igualmente uma exigência colocada às escolas por parte da administração central, na medida em que se torna urgente definir o sentido global do trabalho a desenvolver por cada escola, de modo a responder aos contextos em que a mesma se insere cumprindo, ao mesmo tempo, os objectivos da Lei de Bases do Sistema Educativo.

Ora, as «funções» da escola, que são tradicionalmente educar, instruir e socializar, têm sofrido, nos últimos anos, consideráveis ampliações, como funções de guarda, enquadramento, inserção profissional e prevenção da marginalização social. Mas, à medida que a escola é levada a alargar o seu campo de actuação, encontra no terreno outras instituições cuja actividade incide nas mesmas populações, com propósitos e meios diversos dos seus: serviços de outros Ministérios, nomeadamente da Saúde e da Segurança Social, programas interministeriais, instituições de solidariedade social, associações e movimentos religiosos.

Importa, então, responsabilizar todos os elementos de uma comunidade na tarefa educativa para reconhecer formalmente um papel que, de modo informal, muitas vezes, eles desempenham, mesmo que disso não tenham consciência. A escola, passando a partilhar poderes e responsabilidades, deixa de enfrentar sozinha um conjunto de problemas que a transcende, redefinindo papéis sociais:

Nesta mudança da escola, a comunidade é chamada a construir um projecto educativo. As mudanças ocorridas aos vários níveis da sociedade, na qual a escola está inserida, têm tido por motor a inovação alicerçada tanto no desenvolvimento de projectos individuais, como organizacionais daí que para a sua concretização surja a necessidade de elaboração de projectos educativos nas escolas (PEE).

Apesar da existência de decretos legislativos, não se muda por esta via, a forma de trabalhar dos professores, bem como as suas lógicas de acção. Ou seja, a existência de “norma” não é significado de mudança, pois, a sociedade não se muda por decreto, como refere Croizier (1963). Mudança é algo mais vasto e que implica novos modos de organização escolar, novas formas de fazer.

Nesse trabalho, pode-se perceber que a mudança passa principalmente pelos actores. Os diversos actores educativos têm de definir novas estratégias no sentido de melhorar o funcionamento das escolas. Tudo depende da consciencialização dos professores e do que querem construir. Sendo o projecto educativo de escola resultante de um processo singular que ocorre a nível de escola, ele formaliza as opções de carácter pedagógico tomadas principalmente pelos professores que estruturam a acção escolar.

O imperativo social da existência de projectos, valoriza a auto-organização e autonomia dos indivíduos e das organizações (Lima, 1992). As escolas possuem estruturas formais com normas e regulamentos próprios, mas cabe aos professores com as sua ideias, valores e interesses contribuir para uma melhor compreensão da vida da escola – organização, que se reflecte na qualidade e desempenho da escola.

Nesta linha de actuação a escola é reconhecida como uma organização específica, com espaço privilegiado onde se intervém e decide, e assim, identifica-se o Projecto Educativo como um dos pontos que pode alterar a vida organizativa da escola. Tem que se ter a noção que para compreender a escola e as lógicas dos actores nele envolvidos é necessário analisar os processos e procedimentos utilizados na construção do Projecto Educativo para se poder compreender a lógica de funcionamento no dia a dia da escola. É nesse sentido que a construção do Projecto Educativo de Escola se pode reflectir na sua autonomia.

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