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6 PARTICIPANTES, INSTRUMENTOS DE COLETA

2. FORMA DE INGRESSO:

6.1.2 A avaliação de definições

Tendo em vista que o produto final deste trabalho são vocabulários cujo público alvo são os alunos dos períodos iniciais de cursos de Teologia, achamos por bem consultar alunos desses cursos, antes de iniciarmos a elaboração das definições dos termos. Tendo em vista ainda que, há diferentes tipos de definição, selecionamos (após o estudo desenvolvido apresentado na seção 2.3 Definições) cinco tipos e procedemos à consulta dos estudantes. Assim, o objetivo dessa consulta é separar, dentre os diferentes tipos de definições, aquela que melhor atenda às necessidades dos usuários do vocabulário, produto final deste trabalho.

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A Figura 62 apresenta o número de alunos participantes da pesquisa.

Figura 62– Número de alunos participantes da pesquisa por período

Fonte: Elaboração própria.

Em relação aos dados apresentados na Figura 62, verificamos que na Fases, a maioria dos alunos que participaram da pesquisa era iniciante na faculdade. Dezesseis alunos (22,8%) se encontravam no primeiro período do curso, no momento em que responderam à pesquisa. O segundo maior contingente de participantes dessa faculdade se encontrava em uma etapa mais avançada do curso, o 5º período (nove alunos, ou 12,8%). O restante dos alunos se encontrava no terceiro (quatro alunos, ou 5,7%) ou quarto (dois alunos, ou 2,8%) períodos. Nenhum aluno do sexto período participou da pesquisa.

Já entre os alunos da FCU, houve maior homogeneidade. Quinze alunos (21,4%) se encontravam no primeiro período, e mais 15 alunos (21,4%), no sexto período, quando a pesquisa ocorreu. Os remanescentes (nove, ou 12,8%) se encontravam no oitavo período. Alunos do segundo ao quinto período não responderam ao questionário.

Os resultados indicam que não participaram da pesquisa alunos dos segundo e sexto períodos (Fases); dos segundo, terceiro, quarto, quinto, sétimo e oitavo períodos (FCU); embora o número ideal de alunos devesse se concentrar nos dois primeiros períodos, já que representam os aprendizes com menos experiência. Ainda assim, notamos uma considerável concentração de respostas situada entre alunos do primeiro semestre (31).

A consulta foi feita por meio de atividade do tipo múltipla escolha, ou seja, quando se pede ao estudante que escolha uma resposta correta em um conjunto de alternativas. Selecionamos, aleatoriamente, cinco termos e pesquisamos contextos ou elaboramos definições assim organizadas na folha de pesquisa:

Alternativa 1, definição por implicação, uso do termo em um contexto explicativo. Alternativa 2, definição por denotação, relaciona exemplos.

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Alternativa 4, definição por sinonímia, mesmo significado.

Alternativa 5, definição enciclopédica, descrição exaustiva da coisa nomeada (nesse tipo de definição, transcrevemos apenas um pequeno excerto textual).

Ressaltamos que não poderíamos elencar, nas alternativas, todo o rol de tipos de definições porque a pesquisa ficaria extensa gerando, consequentemente, desinteresse por parte dos estudantes para o desenvolvimento da atividade. Importante ressaltar também que essa pesquisa foi conduzida por professores das duas faculdades que disponibilizaram no máximo 15 minutos para os alunos desenvolverem a atividade. Os professores nos garantiram que não apresentaram nenhum tipo de explicação, apenas solicitaram a leitura e resolução da atividade.

A pesquisa foi elaborada em papel72 distribuído para 70 alunos dos dois cursos de Teologia (Fases e FCU). O aluno participante deveria, após a leitura de cada definição, assinalar a que considerasse melhor.

Na Tabela 15 a seguir, apresentamos o resumo geral dos dados coletados em relação ao tipo de definição, termo definido escolhidos pelos alunos de cada faculdade.

Tabela 15 – Tipo de definição/termo

Definição Termos

Implicação Denotação Compreensão Sinonímica Enciclopédica Fases FCU Fases FCU Fases FCU Fases FCU Fases FCU Apocalipse 0 10% 5,71 1,43 8,57 1,43 1,43 0 28,57 55,71 Concupiscência 0 10 5,71 1,43 8,57 1,43 1,13 0 28,54 42,86 Deus 0 7,14 0 0 38,57 15,71 2,86 4,29 2,86 28,57 Expiação 4,29 24,29 1,43 0 28,57 12,86 2,86 8,57 7,14 10 Pecado 20 5,71 0 28,57 12,86 2,86 5,71 4,29 5,71 17,29

Fonte: Elaboração própria.

Observando a Tabela 15, tanto os alunos que responderam à pesquisa da Fases quanto aqueles da FCU apontaram, em sua maioria (Fases, 20, ou 28,5%; FCU, 30, ou 42,8%) que a definição que melhor se aplica ao termo Apocalipse é a enciclopédica, vinculada à origem latina do termo (“revelação”). Po cos al nos apontaram como mais adeq ada a definição sinonímica, empregada no uso cotidiano do termo, desvinculada da tradição religiosa, que vincula o apocalipse a cataclismos ou flagelos (Fases, um, ou 1,4%; FCU, nenhum). O

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número de alunos que vincularam a definição ao nome do livro bíblico (denotação) também foi pequeno (Fases, quatro, ou 5,7%; FCU, um, ou 1,4%).

É interessante notar que, enquanto na Fases um número considerável de alunos (seis, ou 8,5%) vinculou a palavra à definição do obscuro, escatológico ou aterrorizante (definição tipo compreensão), só um aluno fez a mesma relação na FCU (1,4%). Por outro lado, sete alunos da FCU (10%) apontaram que a melhor definição seria a do tipo implicação (“O Apocalipse, q e, por se ênero literário, é constr ído de ima ens e sím olos [...]”), enq anto nenhum aluno da Fases fez a mesma associação.

No tocante ao termo Concupiscência, tanto entre os alunos da Fases (11, ou 15,7%) quanto entre os da FCU (13, o , %) prevalece a definição por compreensão (“Desejo intenso de ens o ozos materiais”). Em se ida, foram apontadas como melhores as definições do tipo enciclopédica e por implicação, mais relacionadas com o contexto bíblico, porém com grande variação entre as faculdades. Enquanto os alunos da Fases ofereceram respostas mais homogêneas (sete elegendo a definição do tipo implicação, 10%, seis elegendo a definição sinonímica, 8,5%, quatro elegendo a definição por denotação, 5,7%, e três elegendo a definição do tipo enciclopédica, 4,2%), os alunos da FCU se concentraram mais nas definições do tipo enciclopédica (11, ou 15,7%) e por denotação (10, ou 14,2%). A definição sinonímica (quatro – Cobiça) foi eleita como a melhor por seis alunos da Fases (8,5%) e apenas um da FCU (1,4%).

Na definição do termo Deus, foi possível observar mais heterogenia entre os resultados. Entre os alunos da Fases, prevaleceu largamente a definição do tipo compreensão (“Ser so erano a sol to do niverso...” – 27 indicações, ou 38,5%). Entre os alunos da FCU, essa definição teve também destaque (11 indicações, ou 15,7%), porém prevaleceu a definição enciclopédica (que a vincula ao trecho de Hebreus 1:1), com 20 indicações (ou 28,5%). A definição sinonímica (“Divindade”) teve po co destaq e (d as indicações, o , %, entre os alunos da Fases, e três indicações, ou 4,2%, entre os alunos da FCU). A definição por denotação (“Baal, Da on, Milcom, Amon, constit em nomes de de ses citados no Anti o estamento”) não rece e nenhuma indicação entre os alunos das duas faculdades. A definição por implicação (“De s [...] nos fala através da nat reza, mas não podemos conhecê- lo simplesmente [...]) foi considerada relevante por cinco alunos da FCU (7,1%), mas nenhum aluno da Fases compartilhou o mesmo pensamento.

No que tange ao termo Expiação, os alunos da Fases elegeram com larga preferência a definição por compreensão (“Ato de reconciliação com De s, co rindo o pecado com o san e [...]”) (20 indicações, ou 28,5%). A definição também soou como relevante para boa

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parte dos alunos da FCU (nove, ou 12,8%), mas entre estes últimos prevaleceu a definição por implicação (“É nisto q e está o amor: não fomos nós q e amamos a De s, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho [...]) (17 indicações, ou 24,2%). Esta última definição foi preferida por apenas três al nos da ases ( , %). A definição do tipo enciclopédica (“M itas oferendas ou sacrifícios dos judeus procuravam a expiação ou propiciação dos pecados [...]”) seguiu na ordem de preferência, sendo indicada por cinco alunos da Fases (7,1%) e sete al nos da CU ( %). Mais ma vez, a definição sinonímica (“Reconciliação”) foi preterida pela maioria, sendo indicada por apenas dois alunos da Fases (2,8%) e seis alunos da FCU (8,5%). A definição por denotação (“O holoca sto, a Oferta de Manjares, a Oferta Pacífica [...]”) foi a escolhida por apenas m al no da ases ( , %) e nenh m al no da CU.

Quanto ao termo Pecado, entre os alunos da Fases prevaleceu a definição por implicação (“Q ando che amos a compreender q e somos pecaminosos por nat reza [...]”) (14 indicações, ou 20%). Essa opção foi a preferida por apenas quatro alunos da FCU (5,7%). Dentre os al nos da CU, por s a vez, a definição preferida foi a por denotação (“Pecado ori inal, pecado capital, pecado venial, pecado mortal são tipos de pecados”), com 20 indicações ou 28,5%. Essa definição não recebeu nenhum voto entre os alunos da Fases. Dez al nos da CU ( , %) preferiram a definição enciclopédica (“ ermo f ndamental hamartia; sinônimos: anomia (sem lei), adikia (inj stiça) [...]”), mas apenas q atro al nos da ases ( , %) manifestaram a mesma preferência. A definição por compreensão (“Violação de m preceito reli ioso”) foi a se nda preferida pelos al nos da ases (nove indicações, ou 12,8%), porém a menos indicada pelos alunos da FCU (duas indicações, ou 2,8%). A definição sinonímica (“ alta, ofensa”) conto com po cas indicações entre os al nos de ambas as faculdades (Fases: quatro indicações, ou 5,7%; FCU: três indicações, ou 4,2%).

Nos resultados anteriormente apresentados, é possível observar que houve uma maior coincidência entre os alunos da FCU recaindo sobre apenas dois dos termos a eles apresentados (Apocalipse e Concupiscência). Mesmo assim, não houve sincronia com relação ao tipo de definição. Quanto ao termo Apocalipse, prevaleceu a definição enciclopédica; no termo Concupiscência, prevaleceu a definição por compreensão.

Na Tabela 16, apresentamos os percentuais relacionando o tipo de definição e a escolha feita, de modo geral, pelos alunos.

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Tabela 16 – Preferência dos alunos em relação aos tipos de definição

Tipo de definição Fases FCU Total Implicação 6,86% 10,57% 17,43% Denotação 2,57% 8,86% 11,43% Compreensão 20,86% 10,29% 31,14% Sinonímica 4,29% 3,71% 8% Enciclopédica 9,71% 22,29% 32% Total 44,29% 55,71% 100%

Fonte: Elaboração própria.

Reproduzimos a seguir, a Tabela 17 com os resultados em ordem crescente.

Tabela 17 – Resultado final (decrescente)

Tipo de definição Fases FCU Total Sinonímica 4,29% 3,71% 8% Denotação 2,57% 8,86% 11,43% Implicação 6,86% 10,57% 17,43% Compreensão 20,86% 10,29% 31,14% Enciclopédica 9,71% 22,29% 32% Total 44,29% 55,71% 100%

Fonte: Elaboração própria.

No que se refere ao tipo de definição escolhido, é relevante destacar que há maior grau de coincidência entre os alunos da Fases do que entre os alunos da FCU. Consideramos assim porque, em três dos cinco termos a eles apresentados, os alunos da Fases escolheram como melhor a definição por compreensão. Foram 73 indicações para definições desse tipo, de um total de 155 indicações (20,8%). As respostas dos alunos da FCU prevaleceram para as definições do tipo enciclopédica. Em dois dos termos pesquisados (Apocalipse e Deus), esse foi o tipo de definição preferido pelos alunos da FCU. No total, foram 78 indicações para as definições do tipo enciclopédica (22,2%).

As definições por compreensão foram as terceiras mais preferidas pelos alunos da FCU (36, ou 10,2%), no entanto com uma indicação muito próxima ao segundo lugar (definição por implicação: 37 indicações, ou 10,5%) e ao quarto (definição por denotação: 31 indicações, ou 8,8%). As definições menos preferidas pelos alunos da FCU foram as do tipo sinonímica (13 indicações, ou 3,7%).

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Entre os alunos da Fases, a definição do tipo enciclopédica também foi considerada bastante relevante, alcançando o segundo lugar na preferência (34 indicações, ou 9,7%). Ela foi seguida pelas definições por implicação (24 indicações, ou 6,8%), sinonímica (15 indicações, ou 4,2%) e por denotação (nove indicações, ou 2,5%).

As definições por compreensão foram escolhidas pelos alunos da Fases para os termos Deus, Concupiscência e Expiação e pelos alunos da FCU para o termo Concupiscência. As definições do tipo enciclopédica foram escolhidas pelos alunos da Fases e da FCU para o termo Apocalipse e pelos alunos da FCU para o termo Deus. Assim, os resultados demonstram que, em geral, há preferência dos alunos pelas definições do tipo compreensão e enciclopédica. Essas definições estão mais alinhadas com o que os alunos esperam encontrar ao consultar uma obra do tipo dicionário.

No que se refere aos tipos de definição menos votados, foi possível apontá-los em números absolutos (sinonímica, com 28 indicações, ou 8%, e por denotação, com 40 indicações, ou 11,4%). Contudo, não é possível concluir no sentido de sua irrelevância para a constituição de um vocabulário. É que, dependendo do termo, esses tipos de definição assumiam relevância estatística na preferência dos alunos consultados. Assim, por exemplo, a definição do tipo sinonímica foi eleita como a melhor por seis alunos da FCU (8,5%). Já a definição por denotação, embora tenha sido desprezada por todos os alunos quanto ao termo Deus, foi considerada relevante pela maioria dos alunos da FCU (20, ou 28,5%) quando o termo definido foi Pecado. Não é possível concluir no sentido da irrelevância desses achados.

As conclusões apontam no sentido de que, embora haja prevalência das definições do tipo enciclopédica e compreensão, essa prevalência pode ser quebrada dependendo do termo a ser definido. Além disso, a pesquisa demonstrou que, dentre estudantes universitários, não é possível apontar como irrelevante um ou outro tipo de definição em geral. Essa seleção só poderia ser feita casuisticamente, a partir da escolha de determinados verbetes a serem definidos. São necessários mais estudos a fim de averiguar se os dados aqui encontrados se repetem quando o público a ser atendido se compõe de outras pessoas além de estudantes universitários do curso de Teologia.

Mesmo assim, a relevância dessa pesquisa para o nosso trabalho está no fato de que os resultados demonstram, em geral, que há preferência dos alunos pelas definições do tipo compreensão e enciclopédica. Essas definições parecem estar mais alinhadas com o que os alunos esperam encontrar ao consultar uma obra do tipo dicionário. Isso confirma a necessidade de se utilizar o modelo por compreensão na elaboração das definições. Confirma ainda que é importante para os consulentes, o acesso a informações do tipo enciclopédicas.

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Nesse sentido, todas essas informações são consideradas quando da elaboração das fichas terminográficas na plataforma do VoTec. Além disso, no campo Nota, (campo previsto na plataforma) outras informações consideradas importantes para a melhor compreensão da definição, podem ser inseridas. Procedendo assim, consideramos que o produto final desta pesquisa (vocabulário de termos da Teologia) possa atender, de modo geral, a aspectos importantes das necessidades dos consulentes.