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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Terminologia, Terminografia: princípios teóricos-metodológicos

2.3.1 Mapa conceitual e categorização dos termos

Para detalhar o processo de elaboração do mapa conceitual, retomamos e fazemos uma breve explanação sobre a teoria que envolve o conceito e sua forma de estruturação. Para Cabré (1993, p. 207), “um conceito é parte de um conjunto estruturado de noções dentro do qual adquire o seu valor. Por conseguinte, um conceito só existe em relação com um determinado campo conceitual”.13 Em outras palavras, o conceito não tem um funcionamento singular, pelo contrário, pertence a um sistema conceitual dentro do qual adquire o seu valor, ou seja, um conceito adquire funcionalidade somente quando associado a outros conceitos por meio das relações conceituais que estes estabelecem.

Consoante a essa descrição, Almeida (2010, p. ) reitera q e “os conceitos desempenham importante papel em qualquer projeto terminoló ico” pois sempre fazem parte de um campo especializado, por isso nunca estão isolados, relacionando-se com outros

13“Un concepto forma parte de un conjunto estructurado de nociones, dentro del cual adquiere su valor. Em consecuencia, un concepto solo existe em relación con un determinado campo conceptual.

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conceitos, “formando ma rede o estr t ra conceit al o ontolo ia”. Se ndo a a tora estas ontologias, são

[...] uma representação da realidade no âmbito do domínio que se toma como objeto de estudo. Essa representação procura recolher e organizar todas as ramificações que são próprias do referido domínio, de modo a refletir, em forma de esquema, a realidade da área em questão (ALMEIDA, 2010, p. 83).

Para o trabalho de organização dessa estrutura, Almeida (2010, p. 82) ressalta que “[...] é necessário identificar os conceitos no texto, a r pá-los em distintos campos semânticos e estabelecer as relações entre eles”. A autora aponta alguns objetivos da ontologia numa pesquisa terminológica:

1) Permitir a modelagem do conhecimento num formato que possa ser reutilizado em outras pesquisas e/ou aplicações computacionais; 2) possibilitar uma abordagem mais sistemática de um domínio; 3) circunscrever a pesquisa, já que todas as ramificações do domínio são previamente consideradas; 4) delimitar o conjunto terminológico; 5) determinar a pertinência dos termos, pois separando cada grupo de termos pertencente a um determinado campo semântico, poder-se-á apontar quais termos são relevantes para o trabalho e quais não são; 6) prever os grupos de termos pertencentes ao domínio, como também os que fazem parte de matérias conexas; 7) definir as unidades terminológicas de maneira sistemática; 8) controlar a rede de remissivas (ALMEIDA, 2010, p. 83). Para Almeida (2010), a delimitação de um campo especializado é feita de acordo com os objetivos do trabalho terminológico, o público-alvo que se quer atingir e os critérios tilizados para “recortar” o conhecimento de determinada maneira. Desse modo, a partir do recorte, tem-se uma ontologia específica. Cabré (1993, p. 299) ressalta que

Um sistema conceitual está integrado por um conjunto estruturado de conceitos organizados em classes conceituais. As grandes classes conceituais e as subclasses, assim como os conceitos da mesma classe, mantêm entre si uma série de relações com base nas características que compartilham [...]14.

De acordo com a pesquisadora a delimitação do campo é necessária porque, à medida que se vai modelando o conhecimento especializado, vai-se explicitando uma determinada visão cultural e científica da realidade. Nesse sentido, para a elaboração da ontologia, deve-se conhecer muito bem o domínio de especialidade em que se está trabalhando, ou ter assessoria de especialistas da área. Cabré (1993, p. 299) afirma que “o terminólo o, a xiliado pelo

14 “Un sistema conceptual está integrado por un conjunto estructurado de conceptos organizados en clases conceptuales. Las grandes clases conceptuales y las subclases, como también los conceptos de la misma clase, mantienen entre si una serie de relaciones basadas em las características que comparten, o en su utilización em la realidade.

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especialista, deve elaborar a estrutura conceitual do campo que será objeto de trabalho e representá-la graficamente”.15

Neste trabalho, consultamos os especialistas16 após a elaboração da lista de candidatos a termos já organizados em uma primeira estrutura. Procedemos assim porque acreditamos que viabilizaria o processo, tornando mais clara e objetiva a nossa proposta, além de facilitar ao profissional o trabalho de validação. Ressaltamos que, apesar desse procedimento estar sendo explicitado nessa fase da pesquisa, a elaboração do mapa foi iniciada ainda na etapa de extração linguística dos termos, descrita na seção 5.1.2 (Mapas semânticos relacionais), em conformidade com Almeida (2006, p. 89), que destaca:

O mapa conceitual deve ser organizado preliminarmente ou concomitantemente à extração dos termos, já que à medida que os termos vão sendo obtidos é que se pode ter uma visão real de quais serão os campos nocionais que deverão integrar o mapa conceitual.

Em suma, Cabré (1999) ressalta que a organização da linguagem utilizada para produzir determinado conhecimento por meio de mapas conceituais é um recurso eficiente para garantir as bases para a organização de campos temático-funcionais. A autora ainda salienta que os conceitos de uma mesma área especializada, mantêm, entre si, diferentes tipos de relações e todas essas relações juntas formam o mapa conceitual de determinado campo. Portanto, nas próximas etapas, principalmente no que se refere à criação dos verbetes nos vocabulários, essa organização dos termos no mapa conceitual vai auxiliar na construção dos conceitos e definições.

À guisa de conclusão, mapas conceituais são estruturas esquemáticas que representam conjuntos de ideias e conceitos dispostos em uma espécie de rede de proposições, de modo a apresentar mais claramente a exposição do conhecimento e organizá-lo segundo a compreensão de quem o elabora. Portanto, são representações gráficas, que indicam relações entre palavras e conceitos, desde aqueles mais abrangentes até os menos inclusivos. Por isso, com o intuito de melhor compreender os termos oriundos de textos de linguagem especializada e consequentemente ter condições de elaborar definições bem estruturadas para suprir as necessidades dos consulentes, organizamos os termos em um mapa conceitual, baseados em sua estrutura semântica.

15 “[...] el terminólogo, ayudado por el especialista si procede, debe elaborar la estructura conceptual del campo que será objeto de trabajo, y representarla graficamente.

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Nesse sentido, o mapa conceitual é instrumento imprescindível e eficaz na verificação das relações conceituais e de significação entre os termos, além de permitir uma visualização imediata e, de certa forma, concreta dessas relações. Por isso, sua organização torna-se essencial mesmo para pesquisadores que objetivem confeccionar um vocabulário alfabético.

Cumpre ressaltar também que as relações conceituais podem ser representadas de maneiras potencialmente infinitas, já que podemos relacionar conceitos a partir de diferentes características: origem, função, objetivo, entre outras. O mapa que organizamos retrata apenas uma das várias combinatórias possíveis.

Neste trabalho, o mapa conceitual17 contendo os candidatos a termos foi elaborado por meio do corpus compilado anteriormente e a estrutura foi desenvolvida com o auxílio de programa utilizado para esse fim, o Lucidchart18, que para facilitar o trabalho de diagramação, oferece diversas funcionalidades semelhantes às de um organograma.

A seguir, tratamos acerca do conceito e características da Linguística de Corpus.