1 INTRODUÇÃO
2.2 Desempenho
2.2.2 A Avaliação de Desempenho
A avaliação de desempenho busca medir o resultado de determinadas tarefas executadas pelos
previamente e com a estratégia empresarial definida, gerando inclusive subsídios para a
definição de novos treinamentos, da própria remuneração e possíveis premiações. Contudo,
muitas organizações ainda esbarram no problema da mensuração do desempenho de seus
funcionários, tanto pela falta de clareza nos indicadores utilizados como por uma
comunicação frágil com todos os envolvidos sobre os padrões adotados.
Uma das grandes dificuldades do modelo de avaliação tradicional é que o envolvido somente
toma conhecimento dos resultados quando acontece sua promoção ou não, sendo que nesse
sentido todo o processo fica estritamente vinculado à remuneração. Entretanto, é essencial que
os resultados sejam divulgados para os participantes, objetivando a melhora justamente nos
pontos em que se obtiveram resultados abaixo do planejado.
No entendimento de Gasparetto (2003), um dos requisitos básicos para um bom sistema de
avaliação de desempenho é o alinhamento entre a estratégia da organização e os indicadores
utilizados, sendo que é imprescindível que estes estejam fortemente integrados uns aos outros.
Rocha (2002) faz uma importante ressalva, propondo o estabelecimento de padrões quando da
definição da forma de avaliação da estratégia empresarial, criando assim condições para a
realização de um comparativo entre o que foi obtido como resultado e o que havia sido
planejado para o processo em análise.
McGee e Prusak (1994, apud ROCHA, 1994, p. 19) atentam para o fato de que no contexto
atual de competição empresarial, uma das possibilidades de diferenciação entre empresas é a
competência para executar as estratégias planejadas e estabelecidas, fazendo com que estas se
tornem parte do cotidiano da organização, sendo a avaliação de desempenho uma importante
Para Scheible (2004, p. 32), a gerência tem papel fundamental no sucesso do processo de
avaliação de desempenho, “... pois é a sua utilização, como ferramenta de acompanhamento e
ação gerencial do desempenho, que pode iluminar o caminho na busca por resultados mais
positivos para a organização.”
É essencial que o método escolhido para prestar a avaliação esteja em conformidade com os
objetivos definidos para ela. Em seu trabalho, Araújo (2006) afirma corretamente que o
método selecionado deve levar em consideração essencialmente as características e a
realidade da empresa, pois não existe um método único capaz de satisfazer toda e qualquer
organização.
O QUAD. 2 apresenta as principais técnicas utilizadas nos processos de avaliação de
desempenho, enumerando algumas vantagens e desvantagens relacionadas a cada técnica:
QUADRO 2
Principais técnicas utilizadas na avaliação de desempenho
Técnica Vantagens Desvantagens
Revisões (De cima para baixo, de baixo para cima, 360o)
Aumenta a informação e o conhecimento dos participantes.
Revisões 360 o requerem maior coordenação.
Avaliação de capacidades Responde a anseios de trabalhadores que desejam ampliar suas capacidades.
Requer tempo e o custo de implementação é alto.
Balanced Scorecard (BSC) Metodologia promove
alinhamento entre objetivos setoriais e da organização como um todo.
Requer planejamento estratégico formal, o que nem toda organização possui.
Avaliação por Objetivos (APO) Medição simplificada, sendo o desempenho avaliado com base no atingimento de metas.
Pouco envolvimento na fixação de objetivos quando aplicada em níveis mais baixos da organização,
Mesmo sendo imprescindível ao bom funcionamento das organizações modernas, a avaliação
de desempenho apresenta também alguns pontos negativos, o que pode gerar certas
dificuldades aos responsáveis pela sua condução.
Sachs (1995, apud LANG, 2001, p. 55) acredita que a atitude paternalista por parte de
alguns gerentes para com seus avaliados, no que se refere a mudar todo o plano de
desenvolvimento de um funcionário, sem antes consultá-lo sobre suas pretensões e
objetivos, pode acarretar na situação em que esse funcionário simplesmente não execute
as orientações recebidas, ou então, execute-as sem nenhum discernimento entre o certo ou
errado no momento.
Para esse autor, a comparação exaustiva entre o desempenho dos funcionários é maléfica para
os participantes, não constituindo uma técnica muito produtiva que vise melhorar o
desempenho. As particularidades de cada pessoa devem ser consideradas no processo
avaliativo, bem como suas características pessoais e profissionais. Nesse aspecto, não é
recomendável reforçar os pontos negativos da avaliação, mas sim discutir os problemas
existentes e quais as principais dificuldades encontradas pelo avaliado quando da execução de
suas tarefas.
A avaliação ainda corre o risco, segundo Sachs, de se concentrar somente em questões
salariais e de remuneração, preocupação compartilhada por Araújo (2006), que afirma que os
resultados obtidos não podem simplesmente tornar-se base para discussões salariais, mas sim
Outra grande dificuldade enfrentada atualmente é a de se manter uma periodicidade nas
avaliações, sendo um dos motivos para tal a demora existente no retorno do feedback2 aos
avaliados, gerando neles frustrações e raiva, especialmente no momento em que o bom
desempenho não é reconhecido a tempo. (JUNG, 2006)
A tarefa de definição de quais indicadores serão avaliados, como essa avaliação se dará, quem
será avaliado, quando será realizada e quem irá executá-la, é certamente mais um obstáculo à
implementação do processo de avaliação de desempenho (REIS NETO, 2006). Rocha (2002)
alerta para o uso de medidas distorcidas ao se estabelecer os indicadores para medição do
desempenho, pois se as entradas do processo forem distorcidas, certamente os resultados
finais disponíveis também irão conter perigosos defeitos, que podem levar inclusive a
tomadas de decisão precipitadas e em desacordo com os objetivos da organização.
Nesse aspecto, Plothow (2006, p.78) enfatiza a importância da escolha e definição de
quais critérios serão efetivamente utilizados para mensurar o desempenho, pois são eles
quem “... indicam o foco para onde devem ser dirigidos os esforços para que o desempenho
seja alcançado”. Motowidlo (2003) trata os resultados obtidos como sendo a rota pela qual é
possível identificar se o comportamento de um determinado indivíduo ajuda ou retarda a
organização no alcance de seus objetivos.
Com o objetivo de tentar auxiliar o gestor no momento da escolha de indicadores para avaliar
o desempenho, Simons (2000, apud ROCHA, 2002, p. 21) definiu quatro critérios básicos que
devem ser observados antes da efetiva definição:
2 Feedback – processo de ajuda mútua para mudanças de comportamento, por meio da comunicação verbalizada ou não entre duas pessoas ou entre pessoa e grupo, no sentido de passar informações, sem julgamento de valor, referentes à como sua atuação afeta ou é percebida pelo outro e vice e versa.
1. Factibilidade técnica de monitorar e medir: indica se os gerentes realmente conseguem
monitorar o processo de forma direta, ou então se são capazes de medir a sua saída;
2. Entendimento da causa e efeito: trata da compreensão de toda a cadeia de atividades que
está vinculada a uma saída do processo, além da importância do entendimento inicial dos
pequenos fatores para depois tornar possível a análise dos fatores mais complexos e com
diversas variáveis envolvidas;
3. Custo: deve ser levantado e observado se o custo de geração das informações não
extrapola os benefícios que dela podem ser obtidos;
4. Nível desejado de inovação: possibilidade de avaliação do “desejo de inovação”, ou seja,
o indicador pode ser definido tanto para um ambiente favorável a inovação por parte das
pessoas como em um ambiente de limitação de inovação.
Rocha (2002, p. 22) afirma ainda que a manutenção destes critérios como premissas torna
possível, para cada necessidade estratégica da organização, a formulação de “um ou mais
indicadores para acompanhar o desempenho da opção estratégica estabelecida”, de maneira
que seu acompanhamento pode ser feito por meio dos diversos modelos de avaliação de
desempenho disponíveis atualmente.