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Intenções comportamentais de Comprometimento Organizacional: um estudo de suas relações com o Desempenho

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(1)

Eduardo Cardoso Melo

Intenções comportamentais de Comprometimento Organizacional: um

estudo de suas relações com o Desempenho

(2)

Intenções comportamentais de Comprometimento Organizacional: um estudo de suas relações com o Desempenho

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade FUMEC, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Administração

Orientadora: Prof. Dra. Zélia M. Kilimnik Co-Orientador: Prof. Dr. Mário T. Reis

(3)

Universidade FUMEC Faculdade de Ciências Econômicas

Intenções comportamentais de Comprometimento Organizacional: um estudo de suas relações com o Desempenho

Dissertação de Mestrado apresentada por Eduardo Cardoso Melo, em 05 de setembro de 2007, ao Mestrado da Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade FUMEC, com a Banca Examinadora sendo constituída pelos Professores:

Prof. Dra. Zélia Miranda Kilimnik (Orientadora) Universidade FUMEC

Prof. Dr. Mário Teixeira Reis (Co-orientador) Universidade FUMEC

Prof. Dr. Antônio Virgílio Bittencourt Bastos Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. Anderson de Souza Sant’Anna Fundação Dom Cabral

Belo Horizonte, 05 de setembro de 2007.

Prof. Dr. Daniel Jardim Pardini

(4)

À

Fernanda

,

por seu eterno amor,

sua imensa amizade,

sua enorme compreensão

e sua inigualável perfeição.

Aos meus Pais,

(5)

Agradeço inicialmente a Deus, por ter me dado saúde e muita força para cumprir mais esta etapa de minha vida.

Aos meus pais Dilermando e Elvira, por me proporcionarem todas as condições para realizar este trabalho, além de transmitirem imenso carinho e apoio incondicional nos momentos mais difíceis. Aos meus especiais irmãos Marlon e Rodrigo, minhas cunhadas Alessandra e Renata, tios e tias, primos e primas, pela amizade sempre presente nas mais diversas ocasiões.

Ao meu avô Rurick e minhas duas avós Marias, pelas orações de ajuda.

À amada Fernanda, por entender minhas ausências durante o período do curso, por me auxiliar sempre com palavras incentivadoras, por estar sempre comigo nos bons e maus momentos e, principalmente, por me fazer tão feliz.

Aos sempre presentes José Maria, Terezinha, Sérgio, Indianara, Guga e Thor, pelos excelentes momentos compartilhados.

Aos grandes amigos Alexandre, Eduardo Ribeiro, Fábio, Heitor, Hudson, Luís Henrique e Savinho, sempre juntos nas horas de diversão.

Aos amigos do Mestrado, que me engrandeceram com seus conhecimentos, em especial Antônio, Breno, Geraldo, Oscar e Thiago.

À ConsultBrasil, em especial ao Álvaro, Édson e Victor, por terem me proporcionado todas as condições para dar continuidade ao curso.

(6)

Este estudo contemplou, inicialmente, um levantamento teórico acerca do comprometimento organizacional e suas principais abordagens, embasado principalmente nas fundamentações definidas por Bastos (1993). Apresentou, ainda, significantes conceitos acerca do tema desempenho e da importância de sua avaliação nas organizações modernas. O principal objetivo foi analisar o comprometimento organizacional dos funcionários de uma empresa líder em seu segmento, em especial suas relações com o desempenho individual dos pesquisados. Para a análise e coleta dos dados referentes ao comprometimento, foi utilizada a Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO), que contempla as abordagens afetiva e instrumental do comprometimento. Esta escala foi desenvolvida pelo Professor Antônio Virgílio Bittencourt Bastos (UFBA) e validada por Menezes (2006). Para a avaliação do desempenho dos funcionários, foram utilizados três indicadores: nota do coordenador direto, auto-avaliação e valor de comissão recebido durante um determinado período (definido na pesquisa). A partir dos resultados, foi possível identificar na empresa um alto percentual de funcionários comprometidos organizacionalmente, especialmente sob a abordagem instrumental. Correlações positivas foram encontradas entre o comprometimento organizacional e dois dos indicadores de desempenho utilizados; além disso, ao se analisar as médias dos indicadores e relacioná-las com o comprometimento, aqueles funcionários comprometidos com a organização apresentaram melhores médias nos três indicadores coletados em comparação com aqueles funcionários não comprometidos. Esta análise ganha mais relevância pelo fato de o estudo ter sido feito utilizando-se todo o universo definido para a pesquisa, ao invés de uma amostra aleatória de participantes. Por fim, uma entrevista com o sócio das unidades pesquisadas foi realizada objetivando discutir e avaliar os principais pontos de interesse e resultados do estudo, bem como incluir no trabalho algumas declarações capazes de auxiliar no processo de entendimento do resultado final. Estudos posteriores devem ser realizados para aumentar o entendimento a respeito dos antecedentes do comprometimento no ambiente organizacional, bem como das variáveis intermediárias que permeiam a relação comprometimento-desempenho.

(7)

This study has overlooked, initially, a theoretical survey about the organization commitment and its major correlations, based mainly on the principles defined by BASTOS (1993). It also presented important concepts regarding the theme performance and the importance of its evaluation in modern organizations. The main objective was to analyze the organizational commitment of the employees from a leading company in its segment; specially their correlations with the individual performance of the interviewed employees. To analyze and collect the data regarding the organizational commitment the Behavioral Intentions Scale of Organizational Commitment (BISOC) was used because it contemplates both affective and instrumental approaches of the commitment. This scale was developed by the Professor Antônio Virgílio Bittencourt Bastos (UFBA) and validated by Menezes (2006). To evaluate the performance of the employees, three pointers had been used: a score given by the manager responsible by the employee, self evaluation and amount of commission given during a specific period (this period is specified in this study). From the results it was possible to determine that a large number of employees are bonded and committed with the company organizationally speaking, specially analyzing through the instrumental boarding. Positive correlations had been found between the organizational commitment and two of the used performance pointers; besides,when analyzing the pointers averages and relating them with the commitment, those organization committed employees had presented better averages in those three pointers collected in comparison with not committed employees. This analysis gains more relevance basing on the fact that all the universe of analysis defined by the research had been studied, instead of a random sample of participants. At the end an interview with the partner responsible for each separated branch office studied has been carried to debate and evaluate the main interesting points and the results of the study itself, also including in the research some declarations that possibly will help understanding the results of the final result. Posterior studies must be carried to increase the understanding of commitment antecedents in the organizational environment, as well as of the intermediate variables that crosses the relation between commitment and performance.

(8)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Abordagens conceituais na investigação do comprometimento organizacional . . . 27

FIGURA 2 Modelo proposto de antecedentes, conseqüentes e correlatos. . . 38

(9)

GRÁFICO 1 Distribuição de participantes por unidade . . . 71

GRÁFICO 2 Distribuição de participantes por sexo. . . 71

GRÁFICO 3 Distribuição de participantes por faixa etária. . . 72

GRÁFICO 4 Distribuição de participantes por estado civil . . . 73

GRÁFICO 5 Distribuição de participantes por escolaridade. . . 73

GRÁFICO 6 Distribuição de participantes por nível de renda . . . 74

GRÁFICO 7 Distribuição de participantes por setor de atuação. . . 74

GRÁFICO 8 Distribuição de participantes por turno de trabalho. . . 75

GRÁFICO 9 Distribuição de participantes por tempo de serviço. . . 76

GRÁFICO 10 Distribuição de participantes por realização de curso de aperfeiçoamento. . . 76

GRÁFICO 11 Classificação dos funcionários de acordo com seu comprometimento para com a organização... . . 78

GRÁFICO 12 Comparação entre o comprometimento e a escolaridade. . . 80

GRÁFICO 13 Comparação entre o comprometimento e o nível de renda . . . 81

GRÁFICO 14 Comparação entre o comprometimento e o setor de atuação. . . 82

GRÁFICO 15 Comparação entre o comprometimento e a participação em cursos de aperfeiçoamento . . . 82

GRÁFICO 16 Comparação entre o comprometimento e o tempo de serviço na organização. . . 83

GRÁFICO 17 Caracterização dos comprometidos em relação à dimensão Afetiva. . . . 86

GRÁFICO 18 Caracterização dos comprometidos em relação à dimensão Instrumental . . . 88

GRÁFICO 19 Comprometimento Organizacional X Comprometimento Afetivo . . . 89

(10)

QUADRO 1 Escala de dezoito itens de Meyer e Allen. . . 36

QUADRO 2 Principais técnicas utilizadas na avaliação de desempenho . . . 49

QUADRO 3 Categorização do comprometimento. . . 78

QUADRO 4 Categorização das dimensões Afetiva e Instrumental. . . 85

(11)

TABELA 1 Comprometimento Organizacional por unidade. . . 79

TABELA 2 Comprometimento Organizacional por faixa etária . . . 84

TABELA 3 Comprometimento afetivo por unidade. . . 91

TABELA 4 Comprometimento instrumental por unidade . . . 91

TABELA 5 Classificação de Análise de Cluster . . . 92

TABELA 6 Média geral dos Indicadores de Desempenho. . . 93

TABELA 7 Média dos Indicadores de Desempenho por unidade . . . 93

TABELA 8 Média das comissões recebidas por unidade. . . 95

TABELA 9 Correlação entre o comprometimento e desempenho. . . 97

TABELA 10 Comparativo entre a média dos valores recebidos como comissão (em reais) e o comprometimento organizacional. . . 99

TABELA 11 Comparativo entre a média das notas dos Coordenadores e o comprometimento organizacional. . . 100

TABELA 12 Comparativo entre a média das notas de auto-avaliação e o comprometimento organizacional. . . 101

TABELA 13 Comparativo entre a média dos indicadores de desempenho utilizados sob a dimensão afetiva do comprometimento. . . 102

(12)

BSC Balanced Scorecard é um modelo desenvolvido por Robert S. Kaplan e David P. Norton, cujo objetivo é resolver os problemas que existem em se ter uma única perspectiva na condução das tomadas de decisão em uma organização.

EICCO Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento que objetiva preencher uma lacuna nos estudos sobre comprometimento com a organização, especialmente no que se refere aos instrumentos de avaliação baseados na perspectiva comportamental.

Modelo Likert

Escala proposta por Rensis Likert, em 1932, onde os respondentes são solicitados não só a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também a informarem qual o seu grau de concordância/discordância.

OCQ Organizational Commitment Questionaire é um questionário de autoria de Mowday et al. (1979), composto por 9 indicadores, que objetiva medir o comprometimento organizacional e profissional.

RAE Revista de Administração de Empresas da Escola de Administração de empresas da Fundação Getúlio Vargas

UFBA Universidade Federal da Bahia

(13)

1 INTRODUÇÃO. . . 15

1.1 Justificativa . . . 19

1.2 Objetivos do Estudo . . . 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . 22

2.1 Comprometimento Organizacional. . . 22

2.1.1 O construto “Comprometimento”. . . 22

2.1.2 Principais vertentes do Comprometimento Organizacional . . . 27

2.1.2.1 Abordagem Afetiva. . . 28

2.1.2.2 Abordagem Calculativa (ou Instrumental) . . . 29

2.1.2.3 Abordagem Normativa . . . 29

2.1.2.4 Abordagem Sociológica . . . 31

2.1.2.5 Abordagem Comportamental . . . 32

2.1.3 O “Enfoque de Três Dimensões” de Meyer e Allen. . . 34

2.1.4 Antecedentes, Correlatos e Conseqüentes do Comprometimento . . . 37

2.2 Desempenho . . . 43

2.2.1 O papel do desempenho na gestão organizacional . . . 44

2.2.2 A Avaliação de Desempenho . . . 47

2.2.3 O Desempenho da força de vendas. . . 52

3 METODOLOGIA DE PESQUISA . . . 55

3.1 Natureza da pesquisa. . . 55

3.2 Universo de pesquisa. . . 57

3.3 Instrumentos de coleta de dados . . . 58

3.3.1 A Escala de Intenções Comportamentais de Comprometimento Organizacional (EICCO). . . 59

3.3.2 Indicadores de desempenho utilizados . . . 63

(14)

5.1 Caracterização dos pesquisados . . . 70

5.2 Descrição e análise dos resultados . . . 77

5.2.1 Descrição das variáveis de comprometimento . . . 77

5.2.2 Caracterização dos pesquisados em relação às dimensões afetiva e instrumental. . . 85

5.2.3 Resultados dos indicadores de desempenho levantados. . . 93

5.2.4 Análise das relações entre o comprometimento e o desempenho. . . 96

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES. . . 104

REFERÊNCIAS . . . 108

APÊNDICE A - Carta de Apresentação - Modelo. . . 115

APÊNDICE B - Questionário completo com a EICCO - Modelo. . . 117

APÊNDICE C - Questionário de auto-avaliação - Modelo. . . 121

(15)

1 INTRODUÇÃO

No dinâmico mercado atual, no qual as pessoas muitas vezes são tratadas como meros

“recursos”, o vínculo dos trabalhadores com as organizações em diversas ocasiões tende a se

tornar fraco e até mesmo nulo, restringindo as atitudes individuais à execução das tarefas, de

forma a somente manter a atual condição de trabalho.

Smith, Organ & Near (1983, p. 657) demarcam a importância de três fatores imprescindíveis

ao funcionamento pleno das organizações:

(a) as pessoas devem ser induzidas a entrarem e a permanecerem no sistema; (b) elas devem desempenhar seus papéis específicos de maneira confiável e (c) devem ser inovadoras e atuarem espontaneamente, além das prescrições do seu papel.

Nesse sentido, Meyer e Allen (1997) advertem sobre a necessidade da avaliação do impacto dos

sistemas de gestão de pessoas no comprometimento das pessoas, de maneira que se determine

como ele é formado para que seja viável o desenho de um novo sistema de recursos humanos.

Além disso, a mudança de emprego passou a ser, de certa maneira, uma constante para boa

parte da massa de trabalhadores mundial, notadamente para os mais especializados. Tornou-se

comum a situação de um novo funcionário receber treinamentos abrangentes sobre a área de

negócio em que irá atuar e, passado pouco tempo da sua efetivação, trocar a empresa por

outra que ofereça melhores benefícios.

As diversas inovações tecnológicas disponibilizadas em maior escala a partir da década de 90,

especialmente aquelas relacionadas à tecnologia da informação, contribuíram

(16)

competências bem desenvolvidas, tornando difícil a tarefa de se encontrar pessoas

qualificadas disponíveis no mercado e, por outro lado, de retê-las na empresa.

Chang Júnior e Albuquerque (2002) afirmam que as organizações, através de estratégias de

Recursos Humanos, têm investido no fator humano, com a finalidade de obter vantagens

competitivas sustentáveis a longo prazo. Torna-se importante a utilização de técnicas de

valorização das pessoas no ambiente de trabalho, sejam elas através de treinamentos,

promoções, aumento e melhora dos benefícios e remuneração, dentre outras, a fim de que

essas ações sejam percebidas positivamente pelos trabalhadores.

Atualmente, é possível verificar um crescimento na importância das pessoas em algumas

organizações, tanto nos setores operacionais quanto nos estratégicos, fazendo com que as

condições de trabalho oferecidas melhorem sensivelmente e seja criado um ambiente

favorável ao aumento do nível e qualidade do comprometimento dos funcionários para com a

sua organização.

Em consonância com esta idéia, Schirrmeister (2006) destaca as ações das organizações que

buscam alterar sua estrutura verticalizada e com vários níveis de decisão para uma estrutura

mais horizontal, que envolva um maior número de funcionários na tomada de decisões

estratégicas e na disseminação das informações, provendo assim maior autonomia para as

pessoas na empresa.

Para Pfeffer e Veiga (1999), as empresas que adotam estratégias de valorização dos

empregados obtêm melhores resultados no que se refere à produtividade e flexibilidade, além

(17)

As organizações vêm absorvendo, de forma satisfatória e prática, a importância da

identificação e manutenção do comprometimento de seus trabalhadores, tanto para com a

própria organização, quanto para o seu trabalho. Algumas evidências mostram que o

desenvolvimento de estratégias de recursos humanos que busquem especificamente o alto

comprometimento das pessoas, pode gerar elevados retornos financeiros para aquelas

organizações que procuram alto desempenho. (MOWDAY, 1998)

No entendimento de Medeiros (2003), as diversas práticas de recursos humanos das

organizações podem influenciar de forma positiva o comprometimento dos indivíduos,

enquanto o comprometimento afetivo também pode gerar um impacto benfeitor no

desempenho da organização.

Aliado ao problema existente da alta rotatividade de pessoal, as empresas se deparam muitas

vezes com um problema ainda mais sério: o baixo desempenho de seus profissionais. Se, em

boa parte das situações, a melhora no desempenho reflete-se positivamente nos resultados

obtidos (especialmente nos financeiros), é sugestivo que a empresa busque, de forma

primária, identificar quais motivos/fatores que levam seus profissionais a ter um desempenho

insatisfatório, para posteriormente propor mudanças que objetivem a solução dessa questão.

Uma dificuldade existente nas empresas é com relação aos métodos de avaliação utilizados,

pois muitos deles ainda são fortemente embasados na subjetividade do (s) avaliador (es), o

que certamente diminui a confiabilidade do resultado final. Nesse contexto, identifica-se a

importância do emprego de métodos e ferramentas, tal como o Balanced Scorecard (BSC),

capazes de determinar e tratar os indicadores a serem avaliados de maneira mensurável,

(18)

desempenho em conjunto com a prestação de contas aos interessados e/ou participantes do

processo. (JUNG e JACQUES, 2006)

Nos estudos que abordam o tema comprometimento e suas relações com o desempenho, uma

premissa existente é a de que altos níveis de comprometimento por si só geram altos níveis de

desempenho (MEDEIROS, 2003). Atualmente, mesmo com a possível influência de outros

fatores sobre o desempenho, como a remuneração e a satisfação, o comprometimento é

encarado como um significativo fator capaz de proporcionar melhorias reais na performance

de indivíduos. Na pesquisa de Scheible (2004), a autora constatou correlação positiva e

significativa apenas entre o desempenho auto-relatado e o comprometimento de base afetiva.

No entanto, neste mesmo estudo, não foram encontradas relações significativas entre padrões

de comprometimento e desempenho, nem mesmo entre estes padrões e as variáveis

demográficas utilizadas. Meyer et al. (1989) afirmam em seu estudo, que existe uma

correlação positiva entre o comprometimento afetivo e a performance, porém identificam uma

correlação negativa entre o comprometimento instrumental e a performance. Sendo assim,

torna-se necessária a realização de pesquisas que busquem identificar se realmente o

comprometimento, sob suas várias dimensões, influencia o desempenho e de que forma essa

associação ocorre.

Diante do exposto, identifica-se o problema central do trabalho: qual o grau de associação

existente entre o comprometimento organizacional e o desempenho individual?

Com esse estudo, buscou-se ampliar o entendimento sobre as possíveis relações existentes

entre o comprometimento e o desempenho, além de identificar qual dimensão do

(19)

realizado em estudo com os funcionários de uma Livraria que opera no mercado mineiro

desde 1970. Contando hoje com aproximadamente 600 funcionários e 25 filiais em todo o

Brasil, a empresa atua no ramo de venda de livros, CD’s e DVD’s, material de escritório e

papelaria, presentes, entre outros.

Partiu-se do pressuposto, porém, de que uma eventual defasagem entre o nível de

comprometimento dos funcionários e o seu desempenho pode ser decorrente da interferência

de variáveis organizacionais ou gerenciais, de maneira que os funcionários não

necessariamente conseguem converter suas atitudes em ações. Essa possível defasagem,

entretanto, não significa uma falta de relação entre esses dois importantes construtos, sendo

necessário tentar desvendar os fatores intervenientes ainda que de modo qualitativo; daí a

opção pela realização de uma entrevista com o gerente da empresa pesquisada depois de

obtidos os resultados da pesquisa quantitativa.

1.1 Justificativa

O presente estudo se justifica pela busca nas organizações de formas de melhorar o

desempenho de seus profissionais, e com isso tentar obter melhores resultados diante da forte

concorrência moderna. Em princípio, o entendimento da relação entre o comprometimento e o

desempenho pode contribuir de maneira interessante na melhoria da performance individual

dos trabalhadores.

Com a atual valorização das pessoas no âmbito empresarial, faz-se indispensável o

(20)

quais atuam, de modo que seja possível também identificar necessidades e desejos dos

mesmos e alinhá-los às políticas e estratégias do negócio em si.

Meyer e Allen (1997) justificam a relevância do tema argumentando que, especialmente após

a diminuição do tamanho e maior flexibilização das empresas, os funcionários que lá

permaneceram passaram a ter maiores responsabilidades e um papel mais central na

hierarquia organizacional, inclusive participando ativamente da tomada de decisões

estratégicas. Nesse ponto, verifica-se novamente a importância da criação e adoção de

políticas administrativas que visem um maior nível de comprometimento dos funcionários

para com a organização.

Naves e Dela Coleta (2003) ratificam em seu estudo, que trata do comprometimento

organizacional em empresas hoteleiras, o valor do conhecimento sobre o comprometimento

existente entre o “provedor do serviço”, ou seja, o próprio funcionário e sua organização, pois

essa relação gera um impacto direto na qualidade da prestação de serviços aos clientes

externos.

Medeiros et al. (2005), em outra pesquisa realizada com funcionários de empresas do setor

hoteleiro, enfatizam a necessidade de se estudar as características organizacionais que geram

comprometimento nos indivíduos para que, a partir deste ponto, a empresa possa prover um

ambiente mais favorável ao comprometimento de seus funcionários e com isso tentar obter

melhor desempenho em geral.

Um outro motivo seria o de encontrar meios para diminuir a rotatividade de pessoal.

(21)

organizacional existente no ambiente da organização, alguns programas de melhorias para os

funcionários poderiam auxiliar no sentido da retenção dos bons colaboradores nas empresas.

1.2 Objetivos do Estudo

O objetivo geral do estudo é identificar o grau de associação entre o comprometimento

organizacional (sob a abordagem comportamental) e o desempenho dos funcionários da

empresa em estudo.

Para cumprir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram definidos:

a) Classificar os funcionários pesquisados de acordo com seu comprometimento para com a

organização, considerando a abordagem comportamental do comprometimento;

b) Identificar a participação relativa das dimensões Afetiva e Instrumental no

comprometimento dos funcionários;

c) Avaliar as relações entre o comprometimento e as variáveis pessoais dos respondentes,

tais como escolaridade, nível de renda, setor de atuação, participação em cursos de

aperfeiçoamento, tempo de serviço na organização e idade;

d) Avaliar as relações entre o comprometimento e o desempenho individual dos funcionários

do setor de vendas da organização.

Este estudo está disposto do seguinte modo: o segundo capítulo apresenta o referencial

teórico, trabalhando essencialmente com os construtos de comprometimento organizacional e

desempenho; o terceiro capítulo aborda a metodologia utilizada; a organização estudada é

apresentada no quarto capítulo; o quinto capítulo exibe os resultados obtidos e suas análises; o

(22)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A estrutura do referencial teórico do estudo foi definida em basicamente duas seções,

denominadas de “Comprometimento Organizacional” e “Desempenho”, cada qual com seus

respectivos itens que tratam de assuntos específicos.

2.1 Comprometimento Organizacional

Nesta seção, o primeiro item visa contextualizar o construto “Comprometimento”,

especialmente no tocante à dificuldade de sua definição como conceito. O segundo item

trata das principais vertentes do comprometimento organizacional, abrangendo a afetiva,

calculativa, normativa, comportamental e sociológica. O terceiro item objetiva mostrar as

principais idéias e definições introduzidas pelo “Enfoque de Três Dimensões”, de Meyer e

Allen. Por fim, o quarto item utiliza-se dos estudos realizados por Mathieu e Zajac (1990)

e Meyer et al. (2002) para explicitar os principais antecedentes, correlatos e conseqüentes

do comprometimento.

2.1.1 O construto “Comprometimento”

Comprometimento Organizacional é um construto fortemente ligado à área de estudos do

Comportamento Organizacional. Para Robbins (2005), a principal contribuição deste campo é

a verificação do impacto que os indivíduos, os grupos e a estrutura organizacional são capazes

(23)

principalmente aplicar este conhecimento em benefício do aperfeiçoamento da eficácia de

uma determinada organização.

O tema “Comprometimento” começou a ganhar popularidade principalmente a partir do

estudo publicado pela equipe de Mowday, Porter e Steers, em 1979, com a validação de um

questionário capaz de medir o nível de comprometimento, o Organizational Commitment

Questionaire (OCQ). Desde então, muitos autores vêm tentando definir o construto

“comprometimento”, delimitar a abrangência do tema e enumerar quais características básicas

um indivíduo deve possuir para ser considerado “comprometido”. Em grande parte, isso se

deve especialmente pelas diferenças de significados que a palavra pode assumir em diferentes

contextos e, especialmente, nas línguas utilizadas.

Mowday et al. (1982) evidenciam a complexidade de definição do construto, destacando dez

diferentes enfoques para o tema a partir de um levantamento realizado em várias pesquisas

sobre comprometimento:

a) estado em que a pessoa torna-se ligada (por suas ações) às crenças que amparam as tarefas

e seu próprio envolvimento com a organização;

b) os comportamentos de compromisso são socialmente acolhidos e ultrapassam as

expectativas formais;

c) os compromissos aparecem quando um indivíduo, ao fazer uma determinada escolha, une

interesses a uma linha consistente de atividades;

d) ligação partidária e afetiva às metas definidas e aos valores de uma organização;

e) fenômeno estrutural que acontece como produto de transações indivíduo-organização e

mudanças em metas;

(24)

g) processo pelo qual as metas da organização e as da própria pessoa passam a ser associadas

ou congruentes;

h) noção de atores pertencerem a um determinado grupo, demonstrando a atual disposição da

pessoa que tem um potencial especial, inclusive fornecendo predições referentes a

determinados aspectos do desempenho e da motivação para a realização de seu trabalho;

i) desejo de atores oferecerem sua energia e lealdade a sistemas sociais;

j) natureza do relacionamento de um indivíduo com o sistema em geral.

Aceitando que o comprometimento acontece nos vários aspectos da vida de uma pessoa, tais

como a família, as organizações sociais e religiosas, Morrow (1983) destaca que

especificamente com relação ao aspecto profissional os estudos sobre comprometimento

podem trabalhar com diversos focos, tais como:

a) Comprometimento com a organização;

b) Comprometimento com o trabalho;

c) Comprometimento com a carreira ou a profissão;

d) Comprometimento com o sindicato.

Schirrmeister (2006) ressalta que considerável parte dos estudos que tratam do tema

comprometimento foi desenvolvida utilizando-se a vertente organizacional, fato este que

contribuiu para a errada interpretação deste conceito como sendo sinônimo de

comprometimento individual.

No Brasil, os estudos sobre Comprometimento Organizacional começaram a se

desenvolver de fato a partir da década de 90, com a publicação de Bastos (1993) na

(25)

conceituais auxiliadoras do estudo do comprometimento e trazia as principais fontes

teóricas consultadas.

Borges-Andrade (1993, p. 50) afirma que o comprometimento organizacional alude ao “... grau

em que os empregados se identificam com suas organizações empregadoras e estão dispostos a

defendê-las e nelas permanecer.”

Mowday et al. (1979) elucidam a diferenciação entre o comprometimento e a satisfação

com o trabalho, afirmando que enquanto o primeiro conceito reflete uma resposta afetiva à

organização, o segundo enfatiza basicamente o espaço em que o indivíduo realiza seu

trabalho.

Aryee & Heng (1990, apud CHANG JÚNIOR e ALBUQUERQUE, 2002, p. 7) ressaltam que

o comprometimento é uma medida mais estável, se comparada, por exemplo, com a

satisfação, e que pode ser preditora de outras, tais como a rotatividade, o absenteísmo e,

principalmente, a qualidade de desempenho.

Mowday et al. (1982, p. 27) caracterizam o comprometimento organizacional por meio de três

fundamentos: a) uma forte crença e a aceitação dos objetivos e valores da organização; b)

estar disposto em exercer um esforço considerável em benefício da organização; c) um forte

desejo de se manter membro da organização”.

Em um trabalho referencial para qualquer estudo acerca do tema comprometimento, Bastos

(1995) afirma que, apesar de o termo em questão possuir um núcleo que possibilita

(26)

principal dimensão utilizada nas produções científicas para denotar o construto

comprometimento e seus conceitos correlatos. O autor afirma ainda que:

Fica patente, portanto, que o conceito de comprometimento possui um caráter disposicional. Comprometer-se refere a uma propensão a agir, de se comportar de determinada forma. (BASTOS, 1995, p. 5)

Para Soares (2001), o ato de estar comprometido demonstra que o indivíduo é realmente

movido pela vontade de ver a tarefa finalizada e os objetivos traçados previamente

alcançados, da melhor e mais efetiva maneira possível. O autor ressalta ainda a importância

do sentimento de responsabilidade para os envolvidos, bem como a visualização do sucesso

na consecução de suas ações.

De acordo com O’Reilly e Chatman (1986, apud SCHEIBLE, 2004, p. 16), os estudos sobre

comprometimento vêm sendo feitos para identificar conseqüentes e antecedentes, além do

processo de tornar-se comprometido e até mesmo o estado de comprometimento em si. Os

autores reforçam ainda que um dos fatores para a utilização de uma visão multidimensional

do comprometimento é a própria falta de definição acerca do construto.

Entretanto, é importante salientar que o comprometimento não deve ser interpretado através

de conceitos como subordinação e aceitação, pois não são conceitos intercambiáveis e devem

ser entendidos e trabalhados de forma conjunta, não como tendo o mesmo significado.

(27)

2.1.2 Principais vertentes do Comprometimento Organizacional

Na ótica de Bastos (1993), grande parte das pesquisas sobre o comprometimento

organizacional pode ser balizada por meio de cinco abordagens: afetiva, calculativa (chamada

também de instrumental), normativa, sociológica e comportamental. A FIG. 1 demonstra as

origens teóricas de cada abordagem, bem como seus mais importantes marcos e as principais

formas de operacionalização do construto.

(28)

2.1.2.1 Abordagem Afetiva

A abordagem Afetiva é também chamada de atitudinal, e ocorre quando o empregado sente

uma forte identificação com a organização da qual faz parte e com os objetivos e metas dela,

desejando manter-se como membro e se esforçando em prol da mesma.

Mowday et al. (1982) firmaram os conceitos da perspectiva atitudinal do comprometimento,

onde os indivíduos refletem sobre sua relação com a organização. Para eles, o

comprometimento traduz-se em muito mais que uma postura passiva de lealdade para com a

organização: a partir da identificação dos valores e objetivos existentes na empresa e em

conjunto com experiências vividas em seu ambiente, o comprometimento organizacional é

desenvolvido e a pessoa assume um comportamento pró-ativo e colaborador, sempre

oferecendo algo próprio em busca do benefício da organização, além de demonstrar elevado

desejo de se manter e até mesmo prolongar seu vínculo atual.

Outros autores (MORROW, 1993; DUNHAM et al., 1994) defendem, contudo, que esse

conceito de comprometimento proposto é praticamente igual ao comprometimento afetivo

elaborado por Meyer e Allen (1991).

Nesse sentido, é aceitável que a identificação da pessoa com os valores e com os objetivos da

organização possa vir a ser um considerável facilitador na consecução desses objetivos,

especialmente em decorrência da relação ativa existente entre esta pessoa e a organização,

além de seu desejo de continuar como membro dela. Em consonância com esta idéia, o estudo

(29)

realizada, que altos níveis de comprometimento de base afetiva geram implicações relevantes

no alcance dos objetivos organizacionais.

2.1.2.2 Abordagem Calculativa (ou Instrumental)

Na abordagem Calculativa (ou Instrumental), o comprometimento é encarado como função

das perdas e ganhos percebidos pelo empregado, enquanto participante da organização. Ou

seja, o empregado irá permanecer na empresa enquanto estiver colhendo benefícios desta

opção; caso contrário, quando seus investimentos passarem a ser maiores que os ganhos

obtidos, a tendência é o abandono da organização. Esta abordagem também é denominada por

alguns autores como “continuação” e “side-bets”.

Bastos (1994, p. 44) ratifica essa idéia, afirmando que nessa abordagem o comprometimento

com a organização é percebido como “... a tendência de se manter nela engajado – numa linha

consistente de atividade – devido aos custos associados à sua saída”. Para Becker (1960, apud

MEDEIROS et al., 2005, p. 2) a noção de linhas consistentes de atividades diretamente

provoca uma escolha por parte do indivíduo, dentre todas as alternativas possíveis, de uma

que melhor atenda a seus objetivos.

2.1.2.3 Abordagem Normativa

Já na abordagem Normativa, derivada do Modelo de Intenções Comportamentais proposto por

Fishbein em 1967, o comprometimento é entendido como a internalização das pressões

(30)

alinhado com os objetivos e interesses da organização. Neste sentido, é importante ressaltar

que essas normas e controles exercidos pelas empresas não necessariamente são explícitos e

divulgados claramente. Em considerável número de situações, as pressões normativas advêm

da própria cultura da empresa em questão, especialmente no momento em que essa inicia o

processo de imposição do seu comportamento no ambiente e, conseqüentemente, a seus

empregados.

No entendimento de Soares (2001, p. 32), essa abordagem “... centra-se na estrutura das

atitudes e do seu poder preditivo em relação ao comportamento”, ou seja, o comportamento

dos indivíduos passa a sofrer forte influência das forças advindas de um “poder” maior

(neste caso, da própria organização). Weiner e Vardi (1990) destacam ainda que quanto

mais alto o nível de comprometimento do indivíduo, maior é a predisposição para guiar seus

atos de acordo com padrões internalizados, inclusive em detrimento de considerações

racionais sobre as possíveis conseqüências dessas ações. Sendo assim, é plausível que se

considere que os indivíduos comprometidos sob esta abordagem tendem a apresentar

determinados comportamentos simplesmente porque eles acreditam que é correto fazê-los, e

não porque eles imaginam que os apresentando, virão a obter da organização vantagens e

benefícios pessoais.

Ainda de acordo com o modelo teórico destes dois autores, são destacáveis dois outros

importantes elementos que o compõe:

a) aqueles valores e normas compartilhados que possuem a capacidade de gerar

comprometimento, em associação com crenças instrumentais relativas às prováveis

(31)

explicar as intenções comportamentais dos indivíduos, que, por sua vez, são os principais

antecedentes do comportamento propriamente dito;

b) a manifestação das pressões internalizadas ocorre essencialmente em padrões de

comportamentos dotados de características como a persistência, a preocupação e o

sacrifício pessoal, dentre outros.

2.1.2.4 Abordagem Sociológica

A abordagem Sociológica (também chamada de enfoque da autoridade no trabalho)

enfatiza o comprometimento do empregado como a vontade de permanecer no emprego

atual, a partir do momento que ele identifica a relação existente de

autoridade/subordinação. Para Bastos (1994, p. 82), “... o ‘apego’ do trabalhador não está

na dependência do ‘amor’ nem do ‘dinheiro’ e sim da percepção de legitimidade do

regime de governo do empregador”.

Halaby (1986) legitima essa idéia, esclarecendo que a base do vínculo

empregado-organização advém dos processos de dominação dos empregados e subordinação dos

trabalhadores existentes na relação capital-trabalho. Ainda sob sua visão, os empregados

carregam para o ambiente de trabalho um conjunto de códigos que determina formas corretas

de dominação, sendo que, a partir do momento em que esses processos são aceitos e

reconhecidos, o ambiente de trabalho tende a não sofrer com resistências.

Este mesmo autor estabeleceu um método para mensurar essa abordagem do comprometimento,

definindo que o indivíduo teria a opção de permanecer na organização ou procurar outro emprego.

(32)

consentimento mais destacado por parte do empregado analisado. Já em uma situação de controle

mais fraco ou sua própria negação por parte do empregado, resultaria em uma considerável

resistência, podendo ser identificada sob a forma de desempenho baixo, rotatividade e

absenteísmo, denotando um baixo comprometimento do indivíduo para com a organização.

Nesta abordagem, é necessário ressaltar que o controle sobre o trabalho dos indivíduos tem

papel fundamental nas etapas de identificação da relação de autoridade/subordinação por parte

dos trabalhadores, sendo que esta é uma questão que deve ser fortemente debatida, de forma

até mesmo a propiciar uma maior participação dos próprios funcionários envolvidos nas

decisões organizacionais.

2.1.2.5 Abordagem Comportamental

A abordagem menos explorada nas pesquisas é a Comportamental, especialmente pelo fato de

trabalhar com as atitudes dos indivíduos, o que torna difícil sua mensuração quantitativa. Sob essa

ótica, o comprometimento é identificado a partir da manutenção de condutas específicas e da

coerência entre as atitudes do empregado e seu comportamento. Essa idéia é compartilhada por

Soares (2001), que afirma que nesta abordagem o comprometimento é entendido como um

julgamento que o empregado faz sobre seu comportamento, objetivando especialmente a

manutenção da harmonia com suas atitudes no ambiente organizacional. Neste momento, é

importante ressaltar que esse julgamento, realizado pelo próprio trabalhador, busca

essencialmente evitar possíveis inconsistências entre suas atitudes e seu comportamento,

(33)

A principal característica da perspectiva comportamental advém do fato de que os indivíduos

basicamente se comprometem com ações, sendo que as atitudes passam a ser geradas

diretamente pelos seus comportamentos. (MENEZES, 2006)

Consonante com o entendimento de Menezes, Salancik (1991, apud ABOUD-ID, 2005, p. 20)

formula que “... as próprias ações do indivíduo irão levá-lo a se comprometer”. Sendo assim,

o grau de comprometimento do indivíduo com seus próprios atos depende da existência de

interação entre três características do comprometimento:

a) voluntariedade: o sentimento que determinada ação foi realizada por livre escolha faz com

que o indivíduo se sinta responsável pelo ato;

b) irrevogabilidade: a noção de irreversibilidade de determinado comportamento, sob pena

de consideráveis custos, faz com que um maior comprometimento seja conferido a um

curso de ação específico;

c) visibilidade: de caráter público, ou seja, indica como os outros indivíduos irão perceber tal

comportamento, fazendo assim com o que a pessoa mantenha ou aumente a coerência de

seus atos.

Salancik (1977) trata ainda que, a partir do momento em que o indivíduo escolhe se

comportar de determinada maneira e que ele próprio avalia essa resolução difícil de ser

alterada, passa a estar comprometido com o comportamento escolhido e então desenvolve

atitudes consistentes com sua definição.

No entendimento de Scheible (2004), o comprometimento na abordagem comportamental

(34)

revertidos, o que faz com que esses comportamentos sejam repetidos e que seja gerado um

reforço na tentativa de se manter a sua consistência e coerência.

De acordo com Mowday et al. (1982), o comprometimento sob essa abordagem está

intimamente relacionado ao meio com que as pessoas passam a ser parte de uma determinada

organização, igualmente como a forma que elas lidam com isso.

Bastos (1994) faz um importante alerta, afirmando que para essa abordagem, a medição do

comprometimento não deve ser simplesmente balizada pelo que os indivíduos explicitam a

respeito de suas intenções para com a organização, assim como é feito pelas avaliações dos

enfoques que utilizam somente escalas de atitudes. Menezes (2006) trata que esta abordagem

tem significante papel na fundamentação da elaboração de escalas comportamentais, além das

próprias medidas atitudinais.

2.1.3 O “Enfoque de Três Dimensões” de Meyer e Allen

Meyer e Allen (1991), após a análise de vários estudos e sentindo a necessidade de “capturar”

a natureza multidimensional do comprometimento, elaboraram um modelo de conceituação

categorizado em três componentes gerais para o construto, chamado de o “Enfoque de Três

Dimensões”. Este modelo é aceito internacionalmente, tendo sido validado em várias culturas

desde sua divulgação inicial.

A dimensão Afetiva trata da natureza emocional capaz de unir organização e indivíduo,

devido especialmente pela realização das necessidades pessoais e expectativas gerais

(35)

calculado através da enumeração das perdas e ganhos com a nova situação, enquanto que a

dimensão Normativa trata da obrigação da manutenção do vínculo por parte do indivíduo

com os interesses e objetivos da organização, determinado e sustentado por meio dessas

pressões normativas.

Tratando de uma forma “simplista”, esses autores versam que na dimensão Afetiva o

funcionário permanece na empresa por vontade própria, na Normativa ele sente que deve

obrigatoriamente permanecer e na Instrumental ele permanece simplesmente porque

necessita.

Em seu trabalho de 1997, Meyer e Allen reafirmam a importância do comprometimento

afetivo, explicando que os empregados com alto comprometimento deste tipo estariam mais

motivados a aumentar os índices de desempenho e contribuir com suas experiências do que

aqueles identificados como comprometidos instrumentalmente ou normativamente.

As escalas desenvolvidas por Meyer e Allen (1997) são de dois tipos, uma com vinte e quatro

(36)

QUADRO 1

Escala de dezoito itens de Meyer e Allen

ITEM COMPROMETIMENTO AFETIVO

1 2 3 4 5 6

Eu seria muito feliz se dedicasse o resto de minha carreira a esta organização”. “Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem meus”. “Eu não sinto um forte senso de integração com esta organização”. “Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organização”. “Eu não me sinto como uma pessoa de casa nesta organização”. “Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim”.

ITEM COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL

1 2 3 4 5 6

Na situação atual, ficar nesta organização é, na realidade, uma necessidade, mais que um desejo”. “Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil para eu deixar esta organização agora”.

Se eu decidisse deixar esta organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada”. “Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização”.

Se eu já não tivesse dado tanto de mim a esta organização, eu poderia pensar em trabalhar em outro lugar”.

Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta organização seria a escassez de alternativas imediatas”.

ITEM COMPROMETIMENTO NORMATIVO

1 2 3 4 5 6

Eu não sinto nenhuma obrigação de permanecer nesta organização”.

Mesmo se fosse vantagem para mim, sinto que não seria certo deixar esta organização agora”. “Eu me sentiria culpado se deixasse esta organização agora”.

Esta organização merece minha lealdade”.

Eu não deixaria esta organização agora porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui”. “Eu devo muito a esta organização”.

FONTE - Adaptado de Meyer e Allen (1997)

Aboud-Id (2005) faz críticas com relação ao comprometimento de natureza Afetiva,

afirmando que seu conceito não é muito diferente do tradicional “vestir a camisa da empresa”,

que pressupõe um estilo de gestão associado basicamente aos trabalhadores com níveis baixos

de qualificação e conscientização. Uma outra crítica refere-se ao fato de que esse tipo de

comprometimento está em queda nas organizações atuais, devido à diminuição da lealdade

dos funcionários para com as empresas, especialmente a partir do momento em que estas

(37)

O mesmo autor ainda levanta uma importante questão acerca do chamado comprometimento

de natureza Instrumental, inclusive se essa dimensão, da forma como foi definida pelos

autores, pode ser realmente considerada como um tipo de comprometimento, pois se o

funcionário somente permanece na organização porque necessita, ele está realmente

comprometido?

2.1.4 Antecedentes, Correlatos e Conseqüentes do Comprometimento

A partir da revisão da literatura sobre o tema comprometimento, Mathieu e Zajac (1990)

elaboraram uma meta-análise objetivando medir inter-relações nos resultados de pesquisas,

dividindo em três categorias as principais variáveis utilizadas nas pesquisas:

a) Antecedentes: estudam as características pessoais, organizacionais, do trabalho, as

relações do grupo com o líder e o status da função;

b) Correlatos: estudam a satisfação e o envolvimento com o trabalho, a motivação e o stress,

dentre outras;

c) Conseqüentes: estudam o desempenho (performance) no trabalho, a rotatividade (

turn-over1), a intenção de procurar alternativas de emprego ou de permanecer na organização e

o absenteísmo (comparecimento).

Em uma meta-análise mais recente, Meyer et al. (2002) estudaram as relações entre as três

dimensões de comprometimento organizacional (afetivo, normativo e instrumental) e algumas

variáveis identificadas como suas antecedentes, correlatas e conseqüentes no Modelo de Três

Dimensões de Meyer e Allen (1991). Para proceder com tal análise, os autores realizaram

1 Turnover – termo utilizado para caracterizar o movimento de entradas e saídas dos profissionais de uma

(38)

uma pesquisa na literatura entre os anos de 1985 e 2000, buscando por palavras-chave como

comprometimento, comprometimento organizacional, comprometimento afetivo, instrumental

e normativo, utilizando ao final dados de 155 estudos realizados dentro e fora da América do

Norte, sob a forma de artigos publicados, dissertações e papers apresentados em conferências,

envolvendo um total de 50.146 empregados.

Steers (1977, apud ABOUD-ID, 2005, p. 35) apresenta as relações existentes entre o

comprometimento organizacional e os antecedentes, conseqüentes e correlatos, dentro de um

mesmo modelo de pesquisa, como demonstra a FIG. 2.

FIGURA 2 - Modelo proposto de antecedentes, conseqüentes e correlatos FONTE - Adaptado de Aboud-Id (2005)

É importante tratar com atenção os fatores que levam as pessoas a se comprometer com a

organização da qual fazem parte, pois a partir desse entendimento pode depender o sucesso ou

fracasso na implementação de políticas organizacionais que visem o incremento do grau de

comprometimento dos indivíduos.

Dentre esses fatores, Mathieu e Zajac (1990) citam o tempo na organização como um

(39)

ABOUD-ID, 2004, p. 28) ressaltam que o “tempo de casa” por si só não consegue explicar a

existência de comprometimento, pois se deve levar em consideração as recompensas e valores

do trabalho recebidos pelo indivíduo durante sua trajetória profissional.

Mathieu e Zajac (1990) mencionam também como antecedentes do comprometimento

algumas variáveis pessoais, tais como idade, sexo, estado civil, escolaridade, dentre outras.

Entretanto, na meta-análise conduzida por Meyer et al. (2002), não foi encontrada correlação

entre o comprometimento sob as três dimensões utilizadas (afetiva, instrumental e normativa)

e as variáveis sexo e escolaridade. Já em relação à idade dos participantes, os autores

apresentam uma correlação positiva com o comprometimento sob as três dimensões, com

relativo destaque para o comprometimento afetivo.

Para Bastos (1994), quando são avaliadas no enfoque afetivo, algumas variáveis utilizadas

como antecedentes do comprometimento instrumental apresentam correlações positivas com

as características pessoais, como maior remuneração, maior nível ocupacional, maior idade e

maior tempo na organização.

Ainda no entendimento de Mathieu e Zajac (1990), os autores verificam consideráveis

correlações entre o comprometimento e a habilidade e comunicação do líder, além de alta

correlação com gerências de estilo participativo. Nesse ponto, Jermier e Berkes (1979)

descobriram que os funcionários que participam do processo de tomada de decisão possuem

níveis maiores de comprometimento organizacional em relação àqueles que somente

executam as decisões deliberadas. Seguindo esta direção, Meyer et al. (2002) destacam que o

(40)

transformacional, enquanto o comprometimento instrumental apresenta correlação negativa

com esta variável.

Para Mowday et al. (1982), outras variáveis influenciam no comprometimento organizacional

dos empregados, como a responsabilidade, as oportunidades de interação social, os desafios

gerados e enfrentados no ambiente de trabalho, a autonomia existente e a diversidade das

atividades realizadas. Meyer et al. (2002) corroboram essa idéia, observando que correlações

entre o comprometimento e variáveis relacionadas às experiências no trabalho são,

freqüentemente, mais fortes do que aquelas que envolvem características pessoais dos

participantes.

Consonante com o assunto, Rezende e Lara (2004) realizaram um estudo com 208 empresas

varejistas, onde identificaram a existência de uma correlação positiva e significativa entre a

cidadania corporativa e o comprometimento dos funcionários, demonstrando que as

organizações que mais investem em práticas consideradas socialmente responsáveis são

aquelas onde o comprometimento dos funcionários apresenta-se maior.

A remuneração tem papel importante na geração do comprometimento organizacional, pois as

recompensas recebidas pelos indivíduos podem levá-lo a uma maior aderência aos objetivos

da empresa e também a uma maior disposição para a ação, no sentido de ser mais bem

remunerado. Aderindo a essa concepção, Mottaz (1988) defende que os diferentes níveis das

recompensas recebidas pelos empregados é que são responsáveis por produzir uma

significativa variação no comprometimento dos indivíduos. Scheible (2004) afirma que a

(41)

remuneração), ligada aos resultados do desempenho organizacional, conseguida por meio do

acréscimo nos sentimentos de valorização (afetivo) e de vantagens percebidas (instrumental).

As variáveis denominadas correlatas são aquelas que não podem ser consideradas nem

antecedentes nem conseqüentes do comprometimento. Porém, pelo fato de possuírem

relacionamentos com o comprometimento (mesmo às vezes superficiais), essas variáveis

devem sempre ser levadas em consideração em estudos sobre o tema. Nesse sentido,

Jermier e Berkes (1979) realizaram uma pesquisa com mais de 800 oficiais de polícia,

objetivando estudar a satisfação com o trabalho e sua relação com o comprometimento,

sendo que os resultados colhidos indicam que os indivíduos considerados mais satisfeitos

com seu trabalho, são os que apresentam os mais altos níveis de comprometimento

organizacional.

Analisando os correlatos do comprometimento, Meyer et al. (2002) validam esta relação,

demonstrando a existência de uma forte correlação entre o comprometimento afetivo e as

variáveis satisfação no emprego e envolvimento com o trabalho, ao contrário do

comprometimento sob a dimensões instrumental, que apresenta correlação negativa com estas

variáveis.

Abou-Id (2005) evidencia a dificuldade atual de incluir os correlatos do comprometimento em

pesquisas sobre o tema, pois é extremamente complexa a determinação exata de quais são

esses fatores, pelo fato de eles estarem sempre à margem dos processos motivacionais

(42)

Com relação aos estudos do comprometimento organizacional que utilizam indicadores

comportamentais identificados como conseqüentes, Medeiros (2003) afirma que essas

pesquisas foram, de certa forma, negligenciadas no Brasil, onde ainda predominam pesquisas

que estudam a relação entre o comprometimento e seus antecedentes. Por outro lado, o autor

faz menção ao estudo de Chang (2001), que empregou na mesma pesquisa a variável

criatividade como antecedente e a variável comunicação como conseqüente do

comprometimento, produzindo assim um trabalho com relação de causa e efeito mais

complexo e abrangente.

As decisões relacionadas à manutenção ou abandono do emprego e a performance no trabalho

são os principais comportamentos que vêm sendo estudados como conseqüentes do

comprometimento atualmente. Nos estudos de Mowday et al. (1982), a redução nos níveis de

turn-over (rotatividade), é indicada como um dos grandes benefícios da manutenção de

indivíduos comprometidos com a organização. Meyer et al. (2002) ratificam esse benefício,

indicando em sua pesquisa que o comprometimento sob as dimensões analisadas (afetiva,

instrumental e normativa), se correlaciona negativamente com o turn-over e com o

absenteísmo.

Em seu estudo sobre os conseqüentes do comprometimento, Borges-Andrade (1993) elucida

os principais pontos encontrados em relatos de pesquisas mais expressivos sobre o tema:

a) a baixa intenção de rotatividade;

b) a pouca intenção de mudar de empresa;

c) a pouca intenção de se procurar uma nova ocupação;

(43)

A performance no trabalho também é considerada como um importante conseqüente do

comprometimento. No entanto, Meyer et al. (2002) ressaltam em seu estudo que somente o

comprometimento afetivo apresenta correlação positiva com a performance, enquanto o

comprometimento instrumental possui correlação negativa. Ainda de acordo com este estudo,

o comprometimento afetivo se correlaciona negativamente com as variáveis stress e conflito

família-trabalho, ao passo que o comprometimento instrumental apresenta correlação positiva

com ambas as variáveis.

A busca por melhores indicadores de desempenho nas organizações atuais faz com que os

estudos sobre a relação entre o comprometimento como um de seus antecedentes se torne

fundamental. Com este estudo, buscou-se avaliar se realmente o comprometimento tem

associação direta com o desempenho, e com qual dimensão de comprometimento o

desempenho mais se relaciona.

2.2 Desempenho

Nesta seção, objetiva-se no primeiro item traçar um panorama da importância do desempenho

na gestão organizacional, enquanto no segundo item busca-se realizar considerações acerca

dos métodos utilizados atualmente para avaliação de desempenho, bem como suas

dificuldades e características. O terceiro e último item visa contextualizar a importância do

desempenho (e de sua avaliação) para a força de vendas das organizações, que serão os

(44)

2.2.1 O papel do desempenho na gestão organizacional

A dinamização dos negócios a nível mundial e o considerável incremento na velocidade das

mudanças enfrentadas pelas empresas estão produzindo sérios efeitos nos trabalhadores,

fazendo com que os setores de recursos humanos busquem, a todo o custo, modos de

despertar o empenho de seus colaboradores – de todos os níveis funcionais – em suas

tarefas.

Petri (2005, p. 33) enfatiza que as mudanças ocorridas na década de 90, viabilizadas em boa

parte graças às evoluções tecnológicas, geraram profundas transformações no contexto

organizacional vigente até então, passando a exigir mais qualificações das empresas que

queriam se manter integradas a outros mercados. Dentre essas mudanças, o autor destaca uma

nova maneira de pensar como “... as pessoas, o trabalho e as informações podem ser reunidos

em novas formas de organização capazes de realizar níveis de desempenho em ascendência

contínua e acelerada”. O autor defende ainda que o desempenho em nível de excelência hoje

está intimamente ligado à habilidade da organização de aprender e desaprender, ao contrário

de tempos passados, onde a dependência era quase exclusiva do capital.

Nesse contexto, marcado pela brutal competitividade e quebra de barreiras geográficas, o

desempenho dos profissionais na execução de suas tarefas passa a ter uma maior importância

para as empresas, pois os resultados obtidos precisam estar em constante sintonia com os

meios que são oferecidos a esses profissionais para que cumpram suas tarefas da melhor (e

mais rentável) forma possível. Medeiros et al. (2005) ressaltam a difícil busca das

organizações por pessoas que apresentam desempenho superior, fato este que acaba por gerar

(45)

disso, as empresas devem conhecer seu próprio desempenho sob as mais diversas

perspectivas, delimitando assim seus pontos fracos e fortes, para posteriormente definir suas

estratégias de ação.

Os estudos sobre o tema desempenho (também tratados como performance), na maioria dos

casos, focam essencialmente a sua avaliação por parte da empresa, além dos métodos

utilizados, deixando de tratar as idéias referentes ao próprio construto. Além disso, não existe

uma ampla preocupação em se identificar quais os antecedentes do desempenho, ou seja, os

possíveis fatores que criam condições propícias para a execução de tarefas com alto

desempenho, tanto em termos de quantidade como, principalmente, de qualidade.

Motowidlo (2003) define a performance no trabalho como o valor total esperado pela

organização de atos separados que um indivíduo gera em um período padronizado de tempo.

A performance, sob essa visão, é uma propriedade do comportamento que se refere

diretamente ao valor esperado pela organização. De forma sintética, Motowidlo acredita que a

variação na performance nada mais é do que a variação do valor do comportamento esperado

pela organização. O autor afirma ainda que:

... o construto performance por essa definição é uma variável que se distingue entre conjuntos de comportamentos executados por indivíduos diferentes e entre conjuntos de comportamentos executados pelo mesmo indivíduo em momentos diferentes. (MOTOWIDLO, 2003, p. 39)

Em seu artigo, ele ainda faz uma menção a seu estudo de 1997, cujo conteúdo apresentou uma

teoria que destacava a importância das diferenças individuais sobre o resultado da

performance no trabalho. De acordo com esta teoria, a performance no trabalho é dividida em

(46)

que os melhores fatores preditores para a performance na tarefa são as habilidades cognitivas,

enquanto que para a performance contextual são relativas às variáveis pessoais como

extroversão, agradabilidade e consciência. Conhecimento, habilidades e hábitos de trabalho

são tratados como variáveis intervenientes, que podem ser aprendidos através de experiências

no próprio ambiente de trabalho. Finalmente, a teoria acredita que as habilidades cognitivas e

experiências afetam a performance no trabalho primariamente, essencialmente por meio de

seus efeitos no conhecimento e nas habilidades.

Gracioli (2005) identificou a performance como sendo um conceito multidimensional e

multidisciplinar em seu estudo sobre o impacto do capital intelectual sobre este construto.

Para esta autora, o desempenho organizacional pode ser entendido como um conjunto de

medidas capazes de analisar como as organizações aproveitam os recursos que possuem,

sejam eles físicos, financeiros ou humanos. Desta forma, é possível entender a diferença de

desempenho entre as organizações a partir de quais tipos de recursos cada uma delas controla

e, especialmente, como esses recursos são efetivamente utilizados em atendimento às

estratégias empresariais. Gracioli observa ainda a importância de as organizações investirem

em educação e treinamento do seu capital humano para criar condições ambientais favoráveis

a um melhor desempenho organizacional e, indiretamente, a um maior desempenho individual

dos funcionários envolvidos.

Com relação à utilização, por parte das empresas, das informações referentes ao desempenho,

Plothow (2006) ressalta que é recorrente nas organizações o uso dos resultados de processos

de avaliação de desempenho como bases para programas de remuneração variável, fato este

que vem corroborar a necessidade atual de as empresas conhecerem o real desempenho de

Imagem

FIGURA 2 - Modelo proposto de antecedentes, conseqüentes e correlatos  FONTE - Adaptado de Aboud-Id (2005)
GRÁFICO 1 - Distribuição de participantes por unidade  FONTE - Dados da pesquisa, 2007
GRÁFICO 3 - Distribuição de participantes por faixa etária  FONTE - Dados da pesquisa, 2007
GRÁFICO 4 - Distribuição de participantes por estado civil  FONTE - Dados da pesquisa, 2007
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