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Como afirma Blaya (2004) sobre a avaliação diagnóstica, ainda não é possível perceber que ela possui caráter investigativo, uma vez que ela está imbricada às demais modalidades: somativa, pelo caráter classificatório e a formativa, por direcionar o trabalho do professor considerando as perspectivas teóricas adotadas pelo programa, caso a escola ou os programas tenham acesso aos resultados.

De acordo com o autor, a Avaliação Diagnóstica tem dois objetivos básicos: identificar as competências do aluno e adequar o aluno num grupo ou nível de aprendizagem. No entanto, os dados fornecidos pela avaliação diagnóstica não devem ser tomados como um "rótulo" que se cola sempre ao aluno, mas sim como um conjunto de indicações a partir do qual o aluno possa conseguir desenvolver a aprendizagem. Se a escola, instituição ou professores admitem a possibilidade de ter responsabilidade nos resultados obtidos pelos alunos, então o modo como se orienta o processo educativo e a avaliação adquire outros significados.

No entanto, se tomarmos por base os processos de avaliação aplicados nos programas oficiais do MEC, ele apresenta como uma avaliação de forma diagnóstica. Neste sentido, este tópico procura discutir sobre a função da avaliação diagnóstica, ou seja, os critérios dessa prática de avaliação usada no PBA, uma vez que essa modalidade registra, geralmente, diferenças de competências muito transitórias.

A mesma, como iremos observar na análise das provas aplicadas pelo PBA (ver cap. 3) tem como foco avaliar a aprendizagem do aluno e o processo de ensino por parte do professor. Além disso, estamos considerando que ela possui caráter investigativo, visto que como uma avaliação externa, visa classificar os conhecimentos adquiridos pelos alunos, ou seja, o que de fato sabe influenciar o professor na tomada de decisão sobre o processo de planejamento do ensino e da aprendizagem a ser concretizada, auxiliar no replanejamento da prática profissional do ensino. Considerando os efeitos do desempenho do professor sobre o desempenho dos alunos. Em suma, é uma ferramenta disponível para os programas determinados pelo MEC para investigar o andamento do ensino no Brasil e analisar as práticas do professor.

Segundo alguns Programas realizados pelo MEC (Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR12, Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – PROFA13, etc.), a aplicação da avaliação diagnóstica nas escolas tem por finalidade a investigação das habilidades e competências adquiridas pelos alunos. O que fica claro neste tipo de avaliação é uma amostragem do processo de ensino/aprendizagem da escola, do estado, a região numa escala de ensino inferior ou superior ao que se determina como “padrão” para o ensino, deixando, portanto, de considerar a verdadeira realidade que cada escola possui.

Na realidade, a avaliação diagnóstica envolve um conjunto de questões elaboradas para aferir o conhecimento do aluno nas diversas áreas do ensino. No Ensino Fundamental I e II priorizam-se as áreas de Matemática e Língua Portuguesa, baseada, conforme os Programas afirmam, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

É interessante constatar que, embora este tipo avaliação não substitua a avaliação do professor em sala de aula, espera-se que ela seja “indutiva” de mudanças, e isso, necessariamente, requer do professor buscar caminhos alternativos para melhorar as práticas efetivas, já que o objetivo deste tipo de avaliação está longe de ser claro pelo seu dispositivo didático.

Como se pode notar, a avaliação diagnóstica se funda nos objetivos de classificar e certificar se os procedimentos de ensino estão correspondendo às metas que eles precisam atingir diante dos órgãos internacionais (Banco Mundial, ONU, etc.). Esse tipo de avaliação, também, possibilita aos profissionais discutirem acerca dos resultados do Programa, objetivando identificar os pontos de atritos e as relações de competição e cooperação dos vários programas em andamento.

Bloom (1956) descreve os tipos de avaliação como categorias funcionais, uma vez que se apresentam com funções distintas, porém as mesmas estão diretamente relacionadas e estreitamente ligadas em sua complementaridade,

12“Este programa compreende: o desenvolvimento de curso de Formação Continuada em Serviço (grifo do

autor) a ser desenvolvido ao longo de quatro semestre/módulos; a organização de um Sistema de Avaliação

Diagnóstica dos Alunos (grifo do autor), cujos professores participam do curso de Formação, com base em um

banco de itens de avaliação de Língua Portuguesa e de Matemática, em caráter de avaliação externa; a organização de atividades de auto-avaliação para os professores visando ao mapeamento do seu desenvolvimento profissional”. (Guia Geral do Gestar, 2002, pág. 11).

13 Foi produzido pelo MEC no ano de 2000, com a proposta de nortear as ações educativas de alfabetização no

Ensino Fundamental, Educação Infantil e Educação de Jovens e Adultos., destinado a formar professores de

estando presente em todas as etapas do processo de ensino e aprendizagem e se faz necessário, portanto, compreendê-las:

A avaliação diagnóstica – se refere ao conhecimento da realidade através da observação, diálogo e do desenvolvimento de estratégias que possibilitem a caracterização dos espaços, dos sujeitos, das condições a priori; a formativa – diz respeito às ações avaliativas que propiciam a formação contínua e sistemática durante o processo e, por fim, a somativa – que significa a análise conclusiva donde são somados todos os elementos constitutivos da avaliação. A análise a posteriori pode ser emitida através de parecer conclusivo, notas, etc.

Nesse sentido, tanto a avaliação somativa, quanto a formativa, como a diagnóstica apresentam processos distintos, porém não são necessariamente dicotômicas. Vejamos o quadro 01, adaptado de Cunha (1998:157), onde ela estabelece um paralelo entre a natureza da avaliação somativa e formativa, segundo seus objetivos, funções, objetos e temporalidade e, acrescentando ao mesmo, faremos também menção à avaliação diagnóstica com base na forma como é aplicada nos Programas determinados pelo MEC.

Quadro 02: Avaliação somativa, formativa e diagnóstica, segundo o objetivo, função, objeto e temporalidade da avaliação.

Aspecto

Observado Avaliação Somativa Avaliação Formativa Avaliação Diagnóstica

Objetivo Validar o ensino

Certificar

Regular a ação pedagógica Investigar o ensino nas instituições Classificar Função Estabelecer balanços parciais, intermediários e finais Rever as condições de

aprendizagem Diagnosticar momentos iniciais, nos

intermediários e finais os conhecimentos adquiridos pelos alunos Influenciar o professor na tomada de decisão Objeto Conteúdos Conhecimentos ensinados Situações de interação e de aprendizagem Competências/conteúdos Conteúdos Conhecimentos ensinados A escola, o professor e o aluno

Momento Depois das

Como já vimos, essas categorias de avaliação apresentam características diferentes, principalmente as avaliações formativa e somativa, que têm como foco avaliar o aluno, já a avaliação diagnóstica, mais usada em Programas, busca não só avaliar o aluno, mas também o professor, ambos são investigados. A avaliação diagnóstica, como podemos notar no quadro, tem como objeto de investigação o mesmo aspecto observado na avaliação somativa, sendo que a diagnóstica exige resultados para que sejam compatibilizados com o diagnóstico da situação escolar.

Ainda, antes de encerrar esses esclarecimentos, é importante reiterar que a avaliação diagnóstica é uma modalidade que se faz também importante, visto que é preciso conhecer como anda o ensino no nosso país, além disso, que esta sirva como parâmetro para melhoria das práticas efetivas em sala de aula e que, tanto o aluno como professor se reconheçam dentro deste processo para que assim haja mudanças significativas.

É válido salientar, portanto, que é preciso focalizar essas modalidades de avaliação para que possamos caracterizar a avaliação feita na fase inicial e no fim do curso do PBA – CG, embora não possamos apresentar quais foram os resultados das provas, uma vez que não foi a professora-alfabetizadora que as corrigiu e nem tampouco soube dos resultados. Sabe-se, apenas, que a coordenadora entregaria as provas para a Secretaria do Estado.

A seguir, abordaremos como se dá avaliação no contexto da nossa língua, já que o interesse da avaliação do PBA se refere, também, à LM, área do nosso trabalho.