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A Avaliação Institucional e a Gestão dos Cursos

5.1 Metodologia de Abordagem e de Procedimento

5.2.6 A Avaliação Institucional e a Gestão dos Cursos

Conforme Frauches e Fagundes (2007), no documento denominado “Diretrizes para a Avaliação das Instituições de Educação Superior”, editado pelo MEC, registra-se que no

Brasil, em face da significativa participação do setor privado nessa oferta educacional, a avaliação constitui-se como um importante instrumento de prestação de contas à sociedade, para cada um dos usuários e para as instituições.

Nesse sentido - de forma generalizada e por se tratar de uma recomendação institucional - as coordenações de curso, ao tomarem conhecimento dos resultados da avaliação institucional, fazem um trabalho de reflexão com cada professor.

Por meio de um diálogo individualizado, com a coordenação, os professores tomam conhecimento dos resultados de sua avaliação. Nessa primeira ação, percebeu-se que, na maioria dos casos, um enfoque especial de atendimento é dado aos docentes que obtenham um resultado insuficiente (média abaixo de 3,5 pontos, conforme determinado pela instituição).

Em alguns casos, proporcionalmente menores, as coordenações de curso também levam às reuniões de colegiado os pontos comuns das diversas avaliações individuais, considerados relevantes. Isso possibilita uma reflexão coletiva e a tomada de decisões, sempre visando a qualidade do ensino ofertado pelo curso. Como resultado, há o desencadeamento de ações imediatas, percebidas pelos alunos. “Isso (levantamento dos principais pontos fracos) contribuiu para que todos os professores do colegiado do curso tivessem a noção de onde os alunos teriam maior dificuldade [...] com isso podemos criar cursos de pouca duração, para um apoio ao aluno, como por exemplo o uso de calculadora, onde o aluno tinha uma maior deficiência na disciplina que envolvia cálculo. [...] A avaliação institucional levantou essa deficiência e nós corrigimos, através dos minicursos”. (Entrevista Coordenação de Curso D, p. 01).

Ainda tratando do papel das coordenações de curso, vale ressaltar que na construção de um Projeto Pedagógico, de acordo com Veiga (2000, p. 110), inserem-se “[...] a análise da situação, a definição dos objetivos, a escolha das estratégias, o estabelecimento de cronograma e definição dos espaços necessários, a coordenação entre os diferentes profissionais e setores envolvidos, a implementação, o acompanhamento e avaliação”.

Em uma segunda etapa, após passar pela coordenação de curso, esses docentes são encaminhados ao Núcleo de Apoio Pedagógico – NAP, para que seja feita uma reanálise nos resultados de sua avaliação e para que sejam apresentadas propostas e sugestões de adequação em seu trabalho, que propiciem uma evolução no processo e mudanças significativas na próxima avaliação.

Ainda que de forma excepcional, o Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM vem desenvolvendo ações para auxiliar na formação de professores, que vão além

das reuniões. Destacam-se aqui dois cursos isolados: 1) Manejo em sala de aula e, 2) Avaliação.

A análise deste item, que busca verificar as ações da coordenação de curso, possibilitou detectar – mais uma vez – a preocupação do docente com os resultados de sua avaliação. “Alguns nem aguardam. Eles mesmos entram em contato. Eu já passo a avaliação, como é que foi [...] Então, é colocar o professor a par dessa avaliação, dos dados que o aluno fornece [...]”. (Entrevista Coordenação de Curso B, p. 02).

Também, de forma generalizada, nota-se que as ações das coordenações de curso com os docentes avaliados de forma insuficiente resumem-se em reflexões. “[...] com os (professores) que estão em situação alarmante, complicada, com o indicador abaixo de 3,5 pontos, aí a gente conversa pessoalmente [...]. Eu tento escutar muito e me posicionar, sempre do lado do professor [...] entender o que ele está vivendo”. (Entrevista Coordenação de Curso C, p. 03).

Cabe destacar que, nesse momento em que a coordenação ouve o professor, surgem sugestões para a melhoria do trabalho docente, advindas do próprio avaliado. “[...] eu consigo identificar junto com o professor esses pontos fracos [...] E até um professor me deu uma sugestão [...] para criar um curso de teatro. Na hora que a gente entra na sala de aula a gente não deixa de ser um ator, porque você tem que se expressar bem [...] passar aquela ideia de forma muito expressiva. [...] por que a gente não faz um curso de expressão corporal, de teatro, liderança na sala de aula. Professor tem que ser líder”. (Entrevista Coordenação de Curso C, p. 03).

Uma outra análise permitiu verificar que só há uma ação para os docentes que obtiveram média baixa na avaliação institucional, seguindo as rotinas apresentadas anteriormente: 1)conhecimento individualizado; 2)reflexão com a coordenação de curso; 3) encaminhamento ao NAP e, 4)participação em cursos isolados.

Por outro lado, falta o envolvimento dos que foram bem avaliados nesse processo. “A gente nunca parabenizou, ou ligou, ou festejou com algum professor [...] porque isso é importante também. Essa entrevista me ajuda a raciocinar sobre isso e dizer que na próxima semana a gente pode pensar nisso, mas não existe, nunca foi comentado isso”. (Entrevista Coordenação de Curso C, p. 03).

Após análise das entrevistas foi possível detectar, de forma isolada, que a Avaliação Institucional não é o único instrumento utilizado, com indicadores, para subsidiarem na gestão dos cursos e na atividade dos docentes. Uma coordenação de curso afirmou que “[...] o critério utilizado para análise do corpo docente não foi o relatório do NAI, mas sim

entrevista com comissões de alunos (3 alunos de cada sala), visando conhecer mais de perto os problemas”. (Entrevista Coordenação de Curso F, p. 01). Esse procedimento pode representar uma insatisfação com o instrumento de Avaliação Institucional utilizado pelo UNIPAM. No entanto, não seria a melhor maneira de protestar contra uma possível “inércia” após resultados da avaliação, pois trata-se de avaliar o trabalho do professor por meio de pequenas representações (3 alunos em cada turma de 60 alunos), podendo surgir resultados errôneos e – como reflexo – medidas punitivas. Essa mesma coordenação de curso, num outro momento da entrevista, reconheceu que uma avaliação com pequenas representações pode trazer falhas nos resultados. “[...] muitos alunos não participam da avaliação (a institucional). Daí que o resultado nem sempre é legítimo. Quando poucos alunos participam, o resultado sai distorcido, tendo em vista que o critério pode ser pessoal, por empatia ou antipatia”. (Entrevista Coordenação de Curso F, p. 01).

De forma exemplar, outra coordenação de curso destaca a importância do instrumento de Avaliação Institucional, com a verificação do trabalho durante o processo, afirmando destacar os pontos fortes no momento do feedback, para “valorizar e admirar” o professor. Em seguida, relata que nos assuntos relacionais, geralmente mais problemáticos, argumenta sobre “[...] o que poderia ser melhorado [...] relembra dos conflitos vivenciados, ao longo do processo [...]”. (Entrevista Coordenação de Curso G, p. 03). Aqui, têm-se evidências de que a coordenação age durante o processo, intermediando nos problemas que envolvem o docente. Essa ação estratégica, além de mostrar ao aluno uma solução imediata, reduz as possibilidades de que a avaliação do professor, no final do período, seja negativa.