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A Influência da Avaliação Institucional na Melhoria dos Cursos Pesquisados

5.1 Metodologia de Abordagem e de Procedimento

5.2.5 A Influência da Avaliação Institucional na Melhoria dos Cursos Pesquisados

Durante as entrevistas foram apresentados dados extraídos de relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional – NAI, sobre a média da avaliação docente, por curso, referentes aos anos de 2004, 2005 e 2006. Esses dados, de maneira geral, indicam se houve – no período referenciado – melhora, piora ou estabilização da avaliação docente, feita pelo aluno.

O objetivo da apresentação e análise de tais médias, baseando-se numa evolução cronológica, foi verificar, com a coordenação do curso, se a Avaliação Institucional influenciou nos números apresentados e, em caso positivo, de que forma.

Quadro 04 : Média da avaliação docente do curso A

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 4,27 4,08 4,30 4,21

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

De acordo com a coordenação do Curso A diversos fatores levaram a esse resultado: “[...] o apoio institucional, a estrutura do curso, a formação acadêmica e a titularidade de cada docente, a satisfação e a motivação dos docentes em sala de aula, o feedback aluno- professor [...] é um círculo de relacionamento e não um círculo de comando. Há um inter- relacionamento entre coordenação, docente e discente”.(Entrevista Coordenação de Curso A, p. 02).

Ainda para essa coordenação de curso, a excelência foi gerada por esse resultado. O aluno indica o nível de satisfação com relação ao serviço prestado. Isso demonstra “[...] a importância do instrumento de Avaliação Institucional, como indicador de desempenho e como indicador de satisfação”.

Quadro 05 : Média da avaliação docente do curso B

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006)

Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

Os dados referentes à evolução da média da avaliação docente, do Curso B, não foram informados, uma vez que esse curso foi escolhido como uma segunda alternativa, durante a pesquisa, devido à desistência de outro curso que já havia sido escolhido.

Ainda assim, a coordenação desse curso, em entrevista, confirma que há uma influência da avaliação docente sobre a qualidade do curso. “[...] hoje, nós temos um curso de excelente qualidade, exatamente em cima dessa avaliação [...] essa gestão do curso e do currículo foi feita em cima da avaliação feita pelos alunos”. (Entrevista Coordenação de Curso B, p. 01).

Quadro 06 : Média da avaliação docente do curso C

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 3,97 4,07 4,24 4,09

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

A análise dos dados, contendo a média da avaliação docente do Curso C, permitiu verificar a existência de uma melhoria no curso. De acordo com a coordenação, esse quadro indica que “[...] a avaliação serve como base”. (Entrevista Coordenação de Curso C, p. 02).

Para essa coordenação, o fato de o docente ter que se inserir em uma rotina, após conhecimento dos resultados da avaliação, indica que a instituição criou mecanismos que possibilitam ajustes para a melhoria, como – por exemplo – ele ser chamado pela coordenação do curso, pelo Núcleo de Apoio Pedagógico – NAP, para conversar e discutir sobre os resultados obtidos e as estratégias para a melhoria constante.

Também, após conhecimento dos resultados, não pode haver comodismo. Tanto a instituição quanto o próprio docente devem agir, provocando mudanças. Essa é uma forma de prestar contas para os alunos (avaliadores), pois eles fazem cobranças sobre o que foi desencadeado com o processo de avaliação.

Quadro 07 : Média da avaliação docente do curso D

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006)

Não Informado Não Informado Não Informado Não Informado Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

Segundo a Coordenação do Curso D (p. 01) “O ponto forte desse curso foi ter iniciado com uma turma de alunos bastante experientes [...]. Isso trouxe uma reciprocidade entre o professor e o aluno [...] fazendo com que a avaliação se tornasse um instrumento de grande valia na área [...]”.

O relato da coordenação do curso reforça que a contribuição da avaliação institucional é maior ainda quando o avaliador está preparado, mostra-se maduro, tendo consciência do instrumento que está utilizando. Nesse sentido, há uma contribuição real sobre o trabalho do docente. O avaliador não vê a avaliação como um instrumento para punição. Conforme Leite (1998, p. 61), a avaliação tem como objetivos, dentre outros, “[...] o aperfeiçoamento contínuo da qualidade acadêmica, a melhoria do planejamento e da gestão universitária e a prestação de contas à sociedade.”

Quadro 08 : Média da avaliação docente do curso E

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006)

Não Informado Não Informado 4,34 4,34

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

Cabe ressaltar, inicialmente, que o Curso E não dispõe de dados da média referente à avaliação docente dos anos de 2004 e 2005, uma vez que sua criação se efetivou no ano de 2006.

Ainda assim, para contribuir com a pesquisa, a coordenação desse curso afirmou que “[...] eles (os alunos) começaram a perceber que o professor avaliado, no ano seguinte, apresentava melhorias [...]” (Entrevista Coordenação de Curso E, p. 02). Isso indica que a avaliação institucional provoca reflexões no docente, fazendo com que repense seu trabalho, buscando melhorias constantes.

As mudanças e melhorias na atividade docente, mediante conhecimento dos resultados da avaliação, integradas com as ações da coordenação de curso e da instituição, vão ao encontro do pensamento de Dias Sobrinho (1995, p. 70), ao defender que “A Avaliação Institucional deve integrar de modo permanente a reflexão e as práticas políticas e administrativas que orientam e dão coerência ao sistema educativo da universidade [...]”.

Quadro 09 : Média da avaliação docente do curso F Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 3,84 3,83 4,06 3,91

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

No que se refere à influência dos dados comparativos da avaliação docente, conforme relato da Coordenação do Curso F (p. 01) “[...] inúmeros professores foram afastados das salas de aula [...] não só pelos resultados das avaliações, mas também pela avaliação feita no dia-a-dia acadêmico”.

Esse discurso evidencia a realidade dos sistemas de avaliação, sobretudo no que tange ao conhecimento dos seus reais objetivos e consequências.

Nesse sentido, é oportuna a colocação de Ristoff (2000, p. 44-45), que chama a atenção para as implicações e relações com o trabalho docente, questionando quais seriam os reais objetivos e finalidades da avaliação: Premiar ou punir?

As coordenações de curso e os dirigentes de instituições, sobretudo as da rede privada, sofrem pressão constante para que haja resultados imediatos, após os processos de avaliação.

Essa pressão se justifica no fato de que tornou-se comum a existência de manifestações que exigem a punição ou a premiação, sob os protestos de que se ninguém for punido, a avaliação torna-se inútil.

Conforme Dias Sobrinho (1995, p.71-72), ao se falar de Avaliação Institucional, tem- se que a mesma

[...] envolve em ações intersubjetivas os docentes, os estudantes e os servidores, indaga sobre a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão, examina os acertos e erros burocráticos e administrativos, verifica a vitalidade e o exercício democrático das instâncias institucionais, questiona os delineamentos políticos, as propostas pedagógicas e os compromissos sociais, tematiza as relações de trabalho e a qualidade de vida [...].

A Avaliação das Instituições deve ser um momento em que os interlocutores atuem como coadjuvantes, no sentido de que cada envolvido dê sua cota de contribuição para a melhoria da qualidade de ensino.

Diante dos dados da realidade e das postulações de Ristoff (2000) e Dias Sobrinho (1995), cabe a indagação: avaliar implica gerar medo, insegurança, fazendo com que o

interlocutor se coloque na defensiva, arrumando o que estava desarrumado ou fazendo arranjos, apenas para contemplar o que é exigido?

Quadro 10 : Média da avaliação docente do curso G

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 4,17 4,06 4,50 4,24

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

A análise da entrevista feita com a Coordenação de Curso G (p, 01) indica que “[...] os resultados da avaliação não podem ser só pontuais [...] têm que servir como elementos que vão nortear a reflexão ao longo do processo”.

Um exemplo pontual dessa coordenação de curso mostrou que a Avaliação Institucional influenciou nas tomadas de decisões, redefinindo - por exemplo – as ações com relação ao estágio supervisionado e em práticas que relacionassem os estudos específicos da profissão no início do curso.

Conforme discurso da Coordenação do Curso G (p. 01) “[...] o aluno não consegue ver sentido no curso por excesso de teoria. Assim, nós começamos - no colegiado, nas reuniões de estudo, nas propostas de leitura - a delinear e encaminhar tudo por esse foco, da articulação entre teoria e prática”.

Nesse exemplo, nota-se um processo bastante complexo, pois requer competências crescentes e muito esforço, sobretudo por parte da coordenação de curso, além do trabalho conjunto para realizar as mudanças pedagógicas e administrativas necessárias. De acordo com Veiga (2000, p. 32)

[...] parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar, busca explicar e compreender criticamente as causas da existência de problemas, bem como suas relações, suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocrítica.

Nesse mesmo sentido, Stufflebeam e Shinkfield (1987) apud Sousa e Vieira (2008, p. 195) afirmam que “Não podemos melhorar nossos programas se não soubermos quais são seus pontos fracos e quais os fortes, a menos que disponhamos de melhores meios para fazê- lo”.

Dessa forma, quando há discussão sobre o Projeto Pedagógico Institucional, a avaliação institucional é fator imprescindível, pois é ela que impulsiona as ações que visam a alcançar todos os ideais pretendidos, a continuidade e a emancipação da educação, nesse processo contínuo em busca do aperfeiçoamento.

Quadro 11 : Média da avaliação docente do curso H

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 3,92 4,00 4,18 4,03

Fonte: Relatórios do Núcleo de Avaliação Institucional - NAI.

Segundo relatos dessa coordenação de curso, a avaliação institucional tem provocado uma reflexão no avaliado e - consequentemente - a valorização do profissional docente, mostrando as ações do Centro Universitário para melhoria de suas práticas. “[...] essa questão dos números passa pela própria valorização da avaliação profissional, pelos professores, que ao longo do tempo foram buscando corrigir aqueles pontos onde estavam ineficientes. E o próprio trabalho da instituição [...] em buscar os professores que tinham média inferior em alguma disciplina e trabalhar com essas pessoas [...]” (Coordenação do Curso H, p. 01).

Conforme Vianna (1997, p. 79), a essência da avaliação é ressaltada “[...] na medida em que a sociedade passa a utilizar suas informações para iluminar suas linhas de ação”.

Sousa e Vieira (2008, p. 211) entendem que “a prática avaliativa não pode basear-se unicamente em medidas e cálculos expressos por valores numéricos”. As autoras complementam dizendo que “[...] ela (a avaliação) é parte de um processo e não um fim em si mesma, e deve ser vista como um instrumento para a melhoria da aprendizagem [...]”.

Quadro 12: Média da avaliação docente do curso I

Média Avaliação Docente (em 2004) Média Avaliação Docente (em 2005) Média Avaliação Docente (em 2006) Resultado Final (médias de 2004, 2005 e 2006) 4,33 4,21 4,25 4,26

A coordenação desse curso - de forma simples e sem quaisquer fundamentações que justificassem sua resposta - afirmou, com relação às médias obtidas sobre o trabalho docente, que “A avaliação institucional não influenciou em nada” (Coordenação do Curso I, p. 01).

Mediante análise da resposta obtida, e baseando-se nas teorias sobre a importância da avaliação, parece ser necessário o desenvolvimento de uma campanha de conscientização, que mostre o próprio processo avaliativo como uma forma de ressignificação, na busca da melhoria constante no campo da educação. Nesse sentido, vale considerar o discurso de Freire (1996, p. 26), que considera que

[...] o educador democrático não pode se negar o dever de, na prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se ‘aproximar’ dos objetos cognoscíveis.[...] É exatamente nesse sentido que ensinar não se esgota no ‘tratamento’ do perfil do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga na produção das condições em que aprender criticamente é possível.

A certeza no processo de ação-reflexão-ação é essencial para concretização do processo de planejamento, uma vez que este deve ser uma proposta concreta, permeada, construída e melhorada, que ocorre na vivência da própria avaliação. A avaliação é um processo-chave para determinar que rumos que se quer seguir para alcançar a melhoria nos processos das organizações.

A reflexão das ações dos professores e a vontade de melhorar sempre mais suas ações possibilitam que a avaliação utilize os resultados para obter um diagnóstico do ensino ministrado e o apoio às mudanças pessoais, bem como para readaptar seus métodos visando melhorar os resultados da aprendizagem. “Convém, pois, que a nova onda avaliativa e a busca obsessiva da eficiência sejam aproveitadas para que se retornem algumas reflexões sobre os próprios conceitos de ensino e aprendizagem” (AZANHA, 2006, p. 141).