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O Projeto de Formação Profissional e a Atividade do Docente

3.2 A Formação Docente no Ensino Superior e a Avaliação Institucional

3.2.1 O Projeto de Formação Profissional e a Atividade do Docente

O processo de elaboração do plano de ensino, à luz do Projeto Institucional, serve de embasamento para traçar a linha mestra da disciplina, pois contempla bibliografia, estratégias, conteúdos, objetivos, dentre outros elementos, que servem de instrumento ao docente do ensino superior.

Conforme Balzan (1998, p. 59), apenas o plano de ensino não basta. Deve-se considerar “[...] uma prática pedagógica que vise à transformação da sociedade brasileira [...]”, sobretudo para que a mesma ganhe sentido no processo ensino-aprendizagem. Todavia, será que a consciência profissional desse docente lhe permite refletir sobre sua prática pedagógica? Ou as frustrações hipertrofiaram seu engajamento social, enquanto cidadão? E o aluno, ponto chave desse processo, onde e como fica?

Esses questionamentos, norteadores da discussão sobre a influência da Avaliação Institucional na atividade docente, servem como reflexão, sobretudo quando se pressupõe algumas competências dos docentes. De tais competências, destacam-se o desenvolvimento do conhecimento e o crescimento intelectual e profissional, propiciando-lhe autonomia, troca de conhecimento e novas tecnologias, para serem praticadas no processo ensino- aprendizagem.

O comprometimento nessa busca desabrochará e resultará num processo de desenvolvimento que lhe possibilitará sair das limitações na qual se encontra, refletindo, direta ou indiretamente, no conhecimento transmitido ao aluno e, inclusive, numa relação interacional sadia, num movimento dialético de ação-reflexão-ação, cujos fios condutores são o conhecimento e a competência.

Vê-se, pois, que a questão do conhecimento tem um papel centralizador na educação, que é a ferramenta imprescindível ao futuro cidadão e ao profissional, o qual, através dela, disporá de “criatividade”, de “autonomia”, de “ideias revolucionárias”, de “sensibilidade aos problemas da sociedade”, de “espírito arrojador” e de “responsabilidade”, que vão fazê-lo produzir e redimensionar o conhecimento.

Masetto (1995), buscando reforçar esse pensamento, defende que se realize uma revolução tecnológica e da telecomunicação dentro de uma sociedade do conhecimento. Por outro lado, entende-se que essa visão tecnológica deve estar atrelada à realidade nacional, incluídas as mazelas nacionais, que não podem e não devem ser desprezadas, pois de nada adianta defender um docente universitário de ponta, muito bem preparado para o século XXI, que esteja em estreita correspondência com o que acontece no primeiro mundo, se a realidade brasileira é completamente diferente do perfil do professor.

Aqui, em hipótese alguma, se está invalidando a sociedade do conhecimento. Ao contrário, defende-se que a realidade do contexto situacional brasileiro não seja menosprezada ou descartada, uma vez que há o risco de um aprisionamento em uma falsidade, onde a ciência fingirá uma outra realidade, muito eqüidistante da que aqui se vivencia. Dias Sobrinho (1999, p. 70), nesse contexto, lembra que

[...] a globalização quer hoje impor a idéia da homogeneidade, do apagamento das culturas e das realidades locais e regionais. A universidade não só deve evitar o apelo abstracionista de ser uma universidade mais voltada às demandas internacionais do mercado e da sociedade do conhecimento, como também [...] deve aprofundar suas raízes na realidade, construir sua identidade própria, definir sua própria missão em relação à sociedade concreta e avaliar a realização dessa pertinência e desses compromissos de interesse público fundamentais.

Masetto (1995), provocando uma reflexão, lembra que a sociedade está fundada no conhecimento, que se organiza fundamentalmente a partir da aplicação dos conhecimentos de seus cidadãos. Dessa forma, não há fronteiras de áreas, mas faz-se necessária a revisão de alguns papéis na sociedade. No entanto, voltando para a realidade brasileira, conforme já

lembrado por Dias Sobrinho (1999), a sociedade do conhecimento deve adequar-se a cada realidade específica, caso contrário não terá o menor sentido num país subdesenvolvido.

Considerando-se um processo internacional, no que tange à troca de conhecimento e de experiências no espaço educacional, para Masetto (1995), a maior preocupação deve estar voltada para o papel que o docente terá no próximo século, não só como educador, mas também como cidadão, pois deverá estar

[...] aberto para o que se passa na sociedade, fora da universidade ou faculdade, para suas transformações, evoluções, mudanças; atento para as novas formas de participação, as novas conquistas, os novos valores emergentes, as novas descobertas, as proposições, visando mesmo abrir espaço para discussão e debate com seus alunos sobre esses aspectos, já que eles afetam a formação e o exercício profissionais. (MASETTO, 1995, p. 23- 24).

Na conjuntura atual, a titulação é critério sine qua non ao exercício de atividade docente universitária. Isto posto, conclui-se que as novas tecnologias, a busca incessante de conhecimento, juntamente com as competências, o domínio de uma segunda língua e a sensibilidade aos problemas sociais contribuirão e muito para o crescimento do professor e principalmente do aluno, capacitando esse último profissionalmente, com habilidades e com qualificação para utilizar informações em diferentes momentos, situações e espaços institucionais, com vistas à resolução de conflitos da vida, atribuindo valor à informação e à própria formação.

Cabe destacar que a sociedade do conhecimento deve manter relação com a universidade, a fim de que haja contribuições, como investimento necessário ao enriquecimento do aluno, da coletividade, promovendo reflexões, parcerias e diálogos junto a todos os seguimentos da sociedade, preparando esse aluno para ser cidadão e para ser profissional competente, para o próximo milênio, com todos os desafios que se afiguram, em prol de uma sociedade realmente democrática, sensível aos problemas ambientais, sociais, e sem fronteiras, com a questão de valores resgatada, superando expectativas estreitas daqueles que ainda vêem, no mercado, o sinalizador de boa formação acadêmica, em detrimento de uma formação também cidadã e crítica.