• Nenhum resultado encontrado

IV. PRÁTICA LETIVA

4.3 Metodologias e instrumentos

4.3.5 A Avaliação

Na área da organização e gestão empresarial verifica-se que a avaliação de desempenho não é uma prática nova e desde que o homem concedeu emprego a outro, passou a ser avaliado. Para isso acontecer, o avaliador teve que construir (formalmente ou informalmente) sistemas de avaliação de desempenho. No século IV os jesuítas já utilizavam sistemas combinados de relatórios e de notas de atividades para avaliar o desempenho pessoal e dos seus colegas que era disponibilizado aos seus superiores (Chiavenato, 1987, p.204).

Os métodos de avaliação são diversos, mas devem todos permitir uma recolha de dados para efetuar uma comparação com níveis de desempenho anteriores, entre empregados ou com padrões de desempenho já estabelecidos (Antunes, 2014).

“Na avaliação há sempre algo de comparativo. É impossível avaliar seja o que for em abstracto. Avaliar implica sempre comparar com uma referência. Em Educação Física, existem duas referências fundamentais de avaliação: a norma e o critério (...) No primeiro caso, valoriza-se o progresso alcançado pelo aluno, independentemente do lugar que ocupa no grupo. No segundo, valoriza-se o caminho, valoriza-se o processo realizado pelo aluno para atingir o objectivo proposto.”

(Quina, 2009, p.119)

O profissional docente, como nas outras áreas, encontra dificuldades em definir sistemas e critérios de avaliação perfeitos. Segundo Quina (2009) é aconselhado utilizar diferentes meios de avaliação porque não existe nenhum que permita uma avaliação completa de tudo o que se pretende avaliar.

Segundo Abrantes, citado por Andrade (2013), a avaliação assume-se como uma questão complexa, sendo um elemento integrante e regulador das práticas pedagógicas e tem uma função de certificação das aprendizagens realizadas e das competências desenvolvidas. A avaliação, neste âmbito, tem influência nas decisões que visam

melhorar a qualidade do ensino, assim como na confiança social e no que respeita ao funcionamento do sistema educativo.

O PNEF (2001), através dos seus objetivos de ciclo e de ano, explicita os aspetos sobre os quais devem incidir a observação dos alunos. Esses objetivos gerais constituem as principais referências para avaliar o sucesso dos alunos na disciplina de EF. Por sua vez o grau de “sucesso” é determinado por critérios de avaliação estabelecidos pelo GEF e pelo professor.

Os critérios de avaliação, apresentados no quadro seguinte, foram definidos pelo GEF de modo a estandardizar o processo de acordo com os níveis de ensino, servindo de referência na construção e ponderação dos instrumentos de avaliação (quadro 1):

Quadro 1 Sistema de Avaliação do GEF da ESFF

Competências

específicas Ponderação Indicadores

Instrumentos de avaliação Dom ín ios Psicomotor/ Capacidades e Atitudes específicas 60% Aptidão física e

Capacidade física-motora Registos de observação 20% Empenho e Cooperação Cognitivo / Conhecimentos 15%

Fichas sumativas e/ou Trabalhos individuais e/ou Trabalhos de grupo

Testes escritos / orais Sócio-afetivo / Atitudes gerais 5% Assiduidade (2%), Pontualidade (1%) e Comportamento (2%) Registos de observação

No mesmo documento, eram definidas as atitudes específicas. O “empenho” era o ato de se empenhar nas tarefas da aula, demonstrando interesse, esforço físico, intelectual e intenção de aprendizagem relativamente a um objetivo pré-definido. A “cooperação” era o efeito de cooperar com os colegas e/ou professor para o sucesso das tarefas da aula no sentido de alcançar objetivos comuns ao êxito pessoal e coletivo.

O instrumento proposto pelo GEF da ESFF foi consultado e adotado numa operacionalização inicial do processo educativo e alvo de uma análise crítica pessoal e constante ao longo do ano letivo com intuito de conseguir dominá-lo e torná-lo uma

ferramenta pedagógica mais personalizada capaz de potencializar a aprendizagem dos alunos daquela turma.

O professor sendo em última instância o responsável por determinar concretamente o grau de sucesso dos alunos (PNEF,2001) foi ao longo da prática letiva encontrando mecanismo para adaptar este instrumento aos objetivos da turma e dos alunos.

A avaliação não foi encarada como uma tarefa isolada nem reduzida a um simples instrumento de seriação (Lopes, 2014a). Como proposto no PNEF (2001), foi conferida à avaliação, um caráter formativo, sendo considerada como uma etapa indispensável num processo didático pedagógico coerente cíclico e contínuo de diagnóstico-prescrição-controlo.

Os instrumentos e metodologias utilizados tinham de ser funcionais, em particular na avaliação contínua (ou formativa), de forma a poder ter uma verdadeira influência na evolução do processo pedagógico. Auxiliaram, também a ponderação na avaliação sumativa, que apesar de terem sido construídos momentos marcantes pontuais de avaliação, consistiu na junção de toda a informação recolhido durante a UD que permitiu classificar numa escala de 1 a 20 valores.

Foram utilizados registos diários operacionalizados diretamente no plano de aula durante ou logo após o impacto com uma relativa precisão, contemplando principalmente uma escala de 3 níveis para cada domínio, um espaço para comentário mas também ficha de registo, adaptando as tarefas propostas. A rotina de monotorização permitiu ter maior objetividade e acompanhamento da evolução dos alunos na procura dos objetivos proposto.

De forma a manter a coerência do processo pedagógico, incluir e coresponsabilizar o aluno na sua própria avaliação, realizou-se momentos de autoavaliação no final de cada UD (Anexo IV).

Para agilizar o processo, mas também torná-lo mais “Humano” e “íntimo” foram realizadas entrevistas individuais que deram origem a um documento partilhado e assinado pelo aluno e professor. Era apresentado ao aluno dados sobre as atitudes,

comportamentos, resultados obtidos na avaliação contínua e dada a oportunidade de comentar a sua avaliação e debatê-la com o professor.

Ao longo do ano letivo eram propostos em conjunto novos objetivos/desafios, novas estratégias e realizados balanços individuais num sistema de “contrato” informal. “O aluno tem de perceber: - Estou aqui; - Quero ir para ali (posso ter dúvidas e mudar a meio do caminho…); - Tenho de fazer x, y, z (podem existir diferentes opções); - Como avalio para saber se estou no caminho e se cheguei ao destino.” (Lopes, 2014, p.111)

A avaliação foi um instrumento de diagnóstico e controlo que permitiu verificar essencialmente os níveis e as evoluções das aprendizagens dos alunos, o próprio processo de ensino aprendizagem e dar a oportunidade ao aluno de percecionar a sua evolução. Fundamentou a tomada de decisão do professor, ultrapassando, largamente, a redutora função de instrumento de aprovação (Anexo V, Anexo VI, Anexo VII).