• Nenhum resultado encontrado

IV. PRÁTICA LETIVA

4.4 Experiências pedagógicas marcantes

4.4.2 Outras atividades

Neste capítulo, foca-se algumas atividades que de alguma forma marcaram a prática letiva. Foram momentos que, pela forma como foram planeados e/ou operacionalizados ou ainda pelo impacto positivo que tiveram na transformação dos alunos merecem algum destaque.

Dia do Desporto de Combate & Dia da Zumba

O GEF, a escola e o próprio professor planearam algumas atividades ainda antes do ano letivo começar. No entanto, decidiu-se, no quadro da turma, como referido anteriormente, passar a responsabilidade para a turma e dar a oportunidade aos alunos de propor as suas próprias iniciativas e desenvolver assim competências relacionadas com a organização de eventos, comunicação, tomada de decisão, trabalho em grupo e aumentar os níveis de autoestima.

Esta estratégia tinha também a vantagem de ir ao encontro dos gostos e curiosidades dos alunos que podiam propor qualquer tipo de atividade desde que fosse viável e se corresponsabilizavam pela organização da mesma.

Ultrapassando as dificuldades iniciais que se associam ao fato dos alunos não serem habitualmente estimulados neste sentido, foram criados grupos (de forma autónoma) e propostos, ao longo do ano letivo, diferentes ideias. Concretizou-se duas que tiveram algum impacto pela participação ativa dos alunos na concetualização como na operacionalização das atividades e pelo número de pessoas envolvidas.

O dia do Desporto de Combate (Anexo IX) realizou-se no dia 6 de abril 2016 no pavilhão da ESFF entre as 9:00 horas e as 13:30 horas. Todas as turmas que tinham naquela horária aula de EF podiam participar a atividade. Estavam presentes responsáveis de clubes regionais e do desporto escolar em estações de Judo, Capoeira, Esgrima, Karaté e Muay thai.

Foi uma coorganização dos alunos da turma, de alguns professores do GEF, do núcleo de capoeira da ESFF e dos próprios professores estagiários. Os alunos da turma 11º14, além de ter participado as atividades e vivenciado pelo menos em dois desportos de combate a escolha responsabilizaram-se pela produção dos cartazes informativos e ilustrativos afixados junto de cada estação em formato A3.

O Dia da Zumba (Anexo X) partiu de uma iniciativa de um grupo de alunos da turma. Realizou-se no dia 21 de outubro 2015 no pavilhão central da ESFF, entre as 10:00 horas e as 13:30 horas. Todas as turmas que tinham aula de EF naqueles dois blocos horários podiam participar.

Os alunos da turma, com o apoio do professor, puderam assumir a organização do evento. Entraram em contacto com várias entidades que prestaram este serviço gratuitamente, definiram o local e hora ideal. No dia da atividade apresentaram o grupo de trabalho, os bailarinos e realizaram o enquadramento do evento, oralmente, à frente de uma plateia composta por perto de cem alunos.

Foram duas atividades que responderam a uma estratégia montada pelo professor desde o início do ano letivo e contribuíram para cumprir os objetivos delineados para a transformação dos alunos. Graças à concretização destas atividades, comprovou-se que os alunos podem e devem ser estimulados a criar, iniciar, agir, produzir, participar ativamente no processo de aprendizagem (sem esperar tudo do professor).

Como é evidente, muitos aspetos poderiam ter sido melhor potencializados. No entanto, pelo facto de emergir da interação aluno-professor, depender de inúmeras variáveis do contexto e da própria evolução da transformação dos alunos, é criada uma dinâmica que requer uma grande “agilidade” da parte do docente para ser capaz de gerir o processo. Todavia, não se pode ter medo de explorar novos caminhos porque a rotura não tem de ser uma revolução, pode ser uma transformação, onde vão sendo dados pequenos passos (Lopes, 2014b).

Sarau de ginástica

O sarau de Ginástica Acrobática (Anexo XI) é uma atividade desenvolvida anualmente pelo GEF. Realiza-se geralmente no último dia de aula do ano letivo e tem lugar no pavilhão da ESFF. Os alunos convidados a participar neste evento são

principalmente, os finalistas do 12º ano de escolaridade, em virtude da ginástica acrobática ser contemplada nos seus currículos na disciplina de EF. Esta atividade é daquelas que movimenta mais alunos, tanto como espectadores como participantes. Este ano letivo, a atividade realizou-se no dia 3 de junho 2016.

No início do 3º período, foi proposto aos alunos a realização coreografias de dança em grupo. Foi também sugerido à turma que fossem apresentadas em público num evento a organizar. No entanto, esta ideia foi rejeitada em bloco, porque consideravam impossível construir algo que valesse a pena ser exibido fora da sala de aula não se queriam expor.

Contudo, quando faltavam duas semanas para o evento, voltou-se a tocar no assunto e na possibilidade de apresentar os trabalhos, aproveitando a oportunidade do Sarau. Um dos grupos ficou entusiasmado e aceitou o desafio, trabalhando, a partir de então, para de estarem preparados. O outro decidiu, num primeiro tempo, manter os objetivos iniciais, filmando a coreografia e fazer uma representação restrita à turma, mas depois de alguns dias de reflexão, mudou de ideia, aceitando igualmente o desafio.

No dia do Sarau, os alunos apresentaram-se no pavilhão com muitos “receios” e alguns disseram que já não queriam participar. De facto, foi impressionante o número de espetadores presentes (pavilhão quase cheio) e a presença de grupos de dança exteriores à ESFF e com outro tipo de experiência noutros eventos a nível regional.

Esta situação tinha de ser resolvida, todos haviam de participar porque tratava-se de uma coreografia de grupo. Este trabalho e esta atividade tinham como principal objetivo aumentar os níveis de autoestima dos alunos, como relatado na UD3 e a desistência à última da hora, poderia ter um efeito nefasto e contrário ao pretendido.

Faltava menos de meia hora, a turma e o professor reuniram-se na arrecadação do material, para estarem a sós. Naquele momento, todos ficaram em roda de mãos dadas olhando uns para os outros. O objetivo naquele momento era um só: fazer com que eles se esquecessem do público e se focassem unicamente numa coisa: a coragem de assumirem o seu lugar, o que muitos gostariam de ter tido mas que não a tiveram. Foi-lhes transmitida uma palavra de ordem que sempre reinou ao longo do ano: “Alegria”. O que aconteceu depois ficou naquele espaço e resultou em duas boas apresentações, cheias de entusiasmo e boa disposição.

Esta atividade era facultativa e realizou-se fora das aulas de EF da turma. Alguns indicadores permitem concluir que foi um instrumento fundamental para o sucesso da intervenção pedagógica:

 Todos os alunos envolveram nas diferentes fases do projeto;

 A dinâmica de grupo existente permitiu os alunos acreditarem que eram capazes de concluir a coreografia e de a apresentar em público;

 Os níveis de autoestima dos alunos aumentaram;

 Esqueceram-se que quase desistiram de apresentar e no fim, reclamaram de alguma desorganização ao nível da música que não parou como estava previsto. O problema deixou de ser o medo mas sim fazer o melhor possível para se valorizarem;

 Receberam elogios dos colegas quando acabaram a representação;  Agradeceram o professor por não os ter deixado desistir.

Podem ser consultado o link de acesso para o vídeo que foi partilhado com os EE no dia da entrega das notas no (Anexo XI).

Aulas extraordinárias Dança e Smashball

Ao longo do ano letivo, o professor estagiário interveio principalmente na sua turma manteve uma relação particular. No entanto, teve a oportunidade de leccionar outros turmas ou grupos. Neste último exemplo apresenta-se experiências letivas que marcaram a formação de um aluno em particular, o professor estagiário.

Estas aulas extraordinárias permitiram-lhe testar a sua capacidade de liderança, de comunicação, de adaptação, de montagem de estratégias, de no fundo assumir diferentes tipos de público. Tratava-se de um processo ligeiramente distinto de aquele empreendido com a sua turma habitual tendo sido principalmente centrado no conteúdo e no professor. O tempo e número de intervenção reduzido levou-o a focar-se na transmissão da mensagem com sucesso.

Uma das oportunidades foi no âmbito do desenvolvimento das nossas Ações Científico Pedagógicas Individual (ACPI) e Coletiva (ACPC). Foram realizadas 3 aulas relacionados com o Smashball a três turmas diferentes em blocos de 90 minutos, no início do segundo período e outra intervenção de “demonstração” de uma duração de 25 minutos dirigido a professores e treinadores.

A segunda oportunidade que se quer destacar apresentou contornos bem diferentes por ter sido endereçado um convite ao estagiário. O professor afirmou que os alunos de uma turma de 11ºano, após terem assistido a uma aula da turma do professor estagiário, pediram-lhe para também ter uma aula de Dança. Foi evidentemente aceite o desafio e realizada uma aula de 90 minutos de forma autónoma com esta turma.

Estas experiências pedagógicas contribuíram por diversas razões para a formação do professor estagiário:

(i) Sair da sua zona de conforto por enfrentar públicos variados, e utilizando conteúdos com os quais não era “especialista”; (ii) Conseguir passar uma mensagem e “vender” o seu produto, ser convincente e rapidamente ganhar a confiança de uma audiência (sem poder aproveitar de um relacionamento igual ao que tinha com a sua turma); (iii) Selecionar as estratégias, conteúdos que conseguiam ser exequíveis, motivadores e eficazes; (iv) Ter uma comunicação clara, concisa que permitisse rentabilizar o tempo disponível e reduzir a perda de tempo na organização das tarefas, não podendo aproveitar das “rotinas” existentes na turma habitual.

Estas aulas “extras” permitiram testar e desenvolver as competências como futuro docente. A aceitação desses desafios levou a vivenciar situações “críticas” que criaram condições para que, perto dos seus limites, houvesse adaptação.