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IV. PRÁTICA LETIVA

4.3 Metodologias e instrumentos

4.3.3 A Unidade Didática

O PA, documento orientador que definiu os planos de intenção e de atuação do professor para todo o ano letivo foi complementado por outros documentos de planificação intermédio que são as UD (Anexo II).

As UD também designadas por unidade de ensino permitem uma organização temporal do ano letivo em diferentes fases operacionais, definindo cada etapa com um número de aulas, uma estrutura organizativa e uns objetivos próprios (Quina, 2009).

Segundo o PNEF uma UD é um instrumento composto por um conjunto de aulas com estrutura organizativa e objetivos idênticos.

Decidiu-se construir uma quantidade de UD que fosse funcional e coerente com os objetivos do processo de ensino-aprendizagem capaz de rentabilizar os recursos disponíveis, responder à realidade do contexto e às necessidades da turma. Foram assim elaborados duas UD ainda na etapa de desenvolvimento das aprendizagens e das competências que corresponderam ao primeiro e segundo período letivo e uma na última etapa de revisão e consolidação das aprendizagens que acabou no final do terceiro período.

Segundo Bento (2003) a duração de cada unidade didática depende do volume e da dificuldade das tarefas de ensino e aprendizagem, de princípios psicopedagógicos e didático-metodológicos, acerca da organização e estruturação do processo pedagógico, do estado de desenvolvimento da personalidade dos alunos. Quina (2009) sugere que sejam construídas UD com um número coerente e suficiente de aulas (6 a 12) para que seja possível observar as aprendizagens.

As UD não foram construídas de forma isolada e desconectada umas das outras. A elaboração do documento tinha como base principal, além das condicionantes estruturais e temporais, a evolução do processo de ensino-aprendizagem. Novos objetivos foram definidos em cada UD e outros foram, ao longo do ano letivo, prosseguidos com a utilização de espaços, estratégias e matérias distintas.

As UD não podiam ser estáticas e construídas com antecedência sem considerar a evolução do processo. Era fundamental refletir e reavaliar constantemente os planos traçados de forma a reajustá-las sempre que fosse necessário. Adotámos um processo dinâmico e flexível que dependia fortemente da autoavaliação realizada sobre as estratégias utilizadas nas intervenções e das adaptações e aprendizagens dos alunos.

Não foi formalmente construída uma UD para a AI por considerar que esta etapa, os seus objetivos e as estratégias já tinham sido definidos à priori e iriam servir à elaboração dos outros instrumentos da planificação. O facto de apresentar uma UD que teria sido construída à posteriori, não teria sido coerente e perderia a sua real utilidade.

O final da AI foi o momento escolhido para finalizar a primeira UD tendo em conta a melhor capacidade de compreensão da turma e das suas necessidades.

“É a altura de o professor estimar o número de unidades de ensino que progressivamente operacionaliza, decidir sobre a estratégia de composição dos grupos que lhe parece mais adequada, sobre as actividades de aprendizagem que irá propor aos seus alunos e os momentos em que pensa recolher as informações necessárias ao ajustamento do processo (avaliação).”

Encontra-se, na literatura, diversos autores que expõem com algumas nuances o que consideram essencial definir numa UD. O trabalho realizado inspirou-se de diferentes modelos, sem reproduzir nenhum em particular.

Por exemplo, para Quina (2009), as principais tarefas que o professor tem de realizar para planificar as unidades de ensino são: (i) Definir, se ainda não o fez, o âmbito ou o tema da unidade; (ii) Definir ou reformular/atualizar os objetivos de aprendizagem a perseguir e os conteúdos a trabalhar durante a unidade; (iii) Definir o número de aulas da unidade; (iv) Definir o modelo de ensino a seguir; (v) Definir a função didática de cada aula; (vi) Definir a estrutura organizativa geral da turma (número e constituição dos grupos de trabalho e formas específicas de organização); (vii) Fazer o levantamento dos espaços e dos materiais necessários para a realização das aulas; (viii) Distribuir os objetivos e os conteúdos pelas aulas; (ix) Construir, em coerência com o modelo de ensino a seguir os objetivos a perseguir e o tipo de exercícios a realizar, um programa pormenorizado de avaliação.

Considerando que se tratava de um documento individual e único, selecionou-se progressivamente, ao longo do processo, a informação que poderia ser a mais funcional e útil para o desempenho do professor e que melhor responderia as suas necessidades face aos problemas encontrados no processo de ensino aprendizagem. Assim, os capítulos comuns às diferentes UD que foram construídas foram as seguintes:

 Enquadramento - Este primeiro ponto servia de introdução. Apresentava-se um quadro temporal e espacial assim como as matérias que iriam ser utilizadas. Tinha como propósito ajudar a perceber em que contexto se iria atuar. Na primeira UD, decidiu-se caracterizar as matérias que iriam ser utilizadas ao longo de todo o ano. De facto, foram consideradas como um meio para a transformação dos nossos alunos e não como uma finalidade em si. Por esta razão, pareceu ser coerente expor, desde cedo, o quais as mais-valias de cada instrumento à disposição;

 Objetivos - Este segundo ponto era fundamental para a coerência da UD. Eram divididos em objetivos gerais. Podiam ser contemplados alguns objetivos mais individuais frutos da autoavaliação realizada. Foi o capítulo central da UD, a base para a construção e controlo da nossa intervenção;

 Principais estratégias - Este ponto podia ser mais ou menos pormenorizado. Descrevia algumas pistas para a construção da dinâmica da intervenção pedagógica. Mereceu na terceira UD maior atenção por questões contextuais do período em questão e também pelas matérias maioritariamente utilizadas naquela fase do ano letivo que obrigou o professor a sair da sua zona de conforto (Dança e Ginástica de Aparelhos);

 Avaliação - Neste capítulo delineou-se a forma como se pretendia avaliar os alunos;

 Calendarização e Recursos disponíveis - Aqui apresentou-se os recursos à disposição para desenvolver as intervenções. O que era particularmente útil em caso de ter a necessidade de antecipar adaptações, trocas de instalações etc. como se verificou no último período;

 Grupos - Nesta parte, antecipou-se as diferentes possibilidades de organização da turma em função dos objetivos e matérias. Ajudou na operacionalização das aulas e também permitiu destacar alguns elementos da turma que mereceram uma atenção especial.

 Balanço - A forma como realizou-se os balanços evoluiu estruturalmente por de forma a torná-los mais eficazes, compreensíveis e sistematizados. No fundo os comentários tinham que ser úteis para a elaboração da UD seguinte.

Esta estrutura foi evoluindo da primeira para a última UD respondendo às necessidades e às opções pedagógicas. Acrescentou-se um capítulo, com a introdução de uma tabela com alguns exercícios sistematizados de referência na segunda UD. Na terceira UD optou-se por ser mais específicos no que toca às possíveis estratégias a utilizar de forma a criar condições mais confortáveis para realizar intervenções mais eficazes na utilização das matérias de Dança e Ginástica de Aparelhos.