• Nenhum resultado encontrado

Finaliza-se este documento com a apresentação de alguns comentários sobre mais uma etapa da formação académica que se conclui. Realiza-se igualmente um balanço final sob forma de síntese que reflete os contributos do trabalho realizado ao longo do EP para a formação do candidato a professor, para os alunos mas, também, para as instituições envolvidas e a comunidade educativa.

A prática desportiva teve uma grande influência na construção profissional e pessoal do estagiário. Bem antes de iniciar a sua formação académica superior, as suas vivências como praticante desportivo deram-lhe a oportunidade de poder sentir e percecionar de uma forma empírica o poder que o desporto podia ter na construção do indivíduo. Foi sem dúvida uma escola da vida. É-lhe agora possível, graças à formação académica e à sua dedicação para a compreensão e domínio do fenómeno, colocar palavras em cima deste sentimento. De consumidor consciente, que irá continuar a ser, tem a ambição de contribuir para produzir desporto e utilizar/partilhar este meio privilegiado para a transformação do Homem.

O EP foi então um momento de muita satisfação ao nível da realização pessoal embora não muito fácil. O processo foi marcado por uma evolução não linear, porque ao longo do ano letivo viveram-se momentos de dúvidas, dificuldades, retrocessos e estagnações. Todos valeram a pena e contribuíram, de alguma forma, para a transformação do futuro professor.

Em relação aos contributos para a formação do candidato à docência, era impossível referi-los todos. De facto além dos conhecimentos adquiridos, competências e capacidades desenvolvidas, há também todo um aspeto que resulta das relações dialéticas complexas entre o estagiário, os alunos, o GEF, os orientadores e os colegas de estágios que podiam ser exploradas. Focam-se alguns, diretamente ligados aos objetivos propostos.

O estagiário, na construção e liderança, pela primeira vez, de um processo de ensino aprendizagem pôde aplicar e desenvolver conhecimentos científicos e técnicos de ensino da EF adquiridos ao longo da sua formação. Observou-se uma evolução positiva já refletida anteriormente nos diferentes balanços intermediários apresentados.

(i) Os instrumentos pedagógicos tornaram-se mais flexíveis, práticos, sucintos e céleres, sendo realizados sem perder qualidade e incrementando a sua eficácia e coerência com os objetivos propostos.

(ii) Os comportamentos e atitudes do estagiário, inicialmente algo inseguros e desprevenidos, deram origem a montagens de estratégias e aplicação de técnicas inspiradas das investigações e recomendações resultantes no âmbito do ensino eficaz permitindo uma melhor gestão e controlo da aula.

(iii) O inicial receio em se afastar daquilo que estava planificado foi esbatendo- se com uma planificação mais robusta. Contemplava-se situações alternativas, uma melhor definição de objetivos, de variáveis em jogo, de comportamentos solicitados e respetivos indicadores para permitir uma maior capacidade de adaptação às situações emergentes da reação dos alunos às solicitações propostas.

(iv) A melhoria também esteve relacionada com uma tarefa recorrente ao longo do ano letivo, a consulta e compreensão das dinâmicas do PNEF e outros documentos orientadores da escola e do GEF. A aplicação das recomendações no contexto real levou a que fossem exploradas as possibilidades e iniciado um processo crítico mais fundamentado.

(v) O estagiário também melhorou na sua capacidade de construir, aplicar e analisar um processo de investigação leve. No trabalho realizado sobre o Smashball, verificou-se todo o potencial deste tipo de abordagem onde a sala de aula é um verdadeiro laboratório e que, com meios de investigação expeditos, conseguia-se retirar informações úteis para melhorar a prescrição.

Mostrou-se ao longo do EP, através dos desafios propostas aos diferentes membros da comunidade educativa, que se entendia e se valorizava o papel do professor enquanto elemento dinamizador do debate, reflexão e problematização da educação em geral e da EF em particular. Gerou-se alguma interdisciplinaridade, a participação ativa nas atividades, a contemplação de novos parâmetros na caracterização da turma, maior inclusão dos funcionários na vida da escola entre outras iniciativas. Também, neste relatório dedica-se um capítulo à exploração de algumas pistas de debate, resultantes da evolução da reflexão do estagiário sobre temas considerados centrais.

O estagiário construiu um clima positivo de confiança e respeito, propício ao trabalho com o GEF e toda a comunidade educativa, mostrando competência para integrar-se e interagir, mantendo um comportamento ético, moral e deontologicamente adequado à função. Revelou alguma autonomia, espírito de iniciativa e pesquisa, reflexão crítica e capacidade de trabalhar em equipa, em contexto educacional. Teve um papel ativo e esteve na origem da planificação e operacionalização nas atividades desenvolvidas em grupo com os outros núcleos e estágio.

Finalmente o estagiário foi melhorando a sua capacidade de apresentar, fundamentar e defender publicamente os resultados do trabalho realizado durante o processo de estágio. Melhorou ao nível da comunicação oral e escrita, procurando ser mais pragmático, sistematizado e consistente. A elaboração deste documento foi por exemplo um exercício extramente desafiador no sentido em que foi realizado na língua não materna do estagiário e intencionalmente, sem ter recurso ao corretor automático, num primeiro tempo.

O contributo dado pela intervenção do estagiário na evolução das competências e capacidades dos alunos é um dos principais indicadores de sucesso do EP. Verificou- se o (i) Aumento dos níveis de autoestima; (ii) Desenvolvimento do espírito de crítico, maior autonomia e iniciativa; (iii) Desenvolvimento da capacidade de trabalhar em grupo; (iv) Maior conhecimento do “eu”; (v) Aumento das capacidades e performances desportivas; (vi) Consciencialização para a importância da prática desportiva devidamente prescrita para a saúde; (vii) Aumento do gosto pela prática desportiva e pela disciplina de EF.

Os alunos puderam, na última semana de aula, expressar por escrito e de forma anónima seus sentimentos em relação a todo o processo de aprendizagem vivenciado num questionário construído para o efeito. Os feedbacks recebidos, além de confortar algumas dessas afirmações também mostram que os alunos entenderam que o processo era construído à volta deles e para eles.

Apesar de não ser um objetivo central, mas uma consequência do trabalho desenvolvido, considera-se que a UMa e ESFF ficaram bem representadas com a qualidade da “prestação” dos estagiários. Além do impacto positivo sobre os alunos, a imagem deixada a toda a comunidade educativa e nos parceiros que participaram nas

atividades, os artigos na comunicação social, relatando positivamente as atividades desenvolvidas, contribuíram, igualmente, para a promoção das instituições de ensino.

Finalmente, procurou-se seguir uma linha orientadora ao longo do EP que pretendia colocar o aluno no centro do processo educativo. Não foi uma tarefa fácil nem completamente conseguida, tendo em conta o facto de se tratar de uma primeira experiência num contexto real, mas também devido a uma certa resistência dos alunos que por hábito (?) não se desinibiram facilmente, precisando de algum estímulo para abraçar a autonomia que se pretendia lhes dar.

Este processo foi mais um passo na vida pessoal, académica e profissional do candidato a professor de EF. Não houve nenhuma revolução paradigmática mas tanto na reflexão que se desenvolveu como na parte operacional do processo houve a humilde vontade de potencializar cada momento partilhado com os alunos para contribuir positivamente para o seu crescimento e desenvolvimento como seres humanos melhor preparados para o futuro.

O amor e crença que o estagiário tinha pelas atividades desportivas, pelo movimento, pelo indivíduo, pela vida saíram reforçadas desta experiência. Com certeza que se tem muito para descobrir e explorar sobre a influência e importância da prática de atividades desportivas na construção e desenvolvimento do ser humano. Muitos caminhos ainda estão por percorrer, muitas interrogações por responder, ideias por operacionalizar, hipóteses por verificar, aulas para criar, vida para viver.