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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.5 Propostas de cobrança pelo uso da água no Brasil

3.5.2 A bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

O comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí foi criado e instalado no ano de 1993. Os mecanismos e valores para a cobrança foram aprovados em 21 de outubro de 2005, após um ano de discussões no âmbito do Grupo de Trabalho de Cobrança, vinculado à Câmara Técnica do Plano de Bacia do

Comitê PCJ. Em 28 de novembro de 2005, a cobrança foi aprovada pelo CNRH e começará a ser aplicada no ano de 2006.

Segundo PCJ (2006), a cobrança pelo uso da água será recolhida de serviços de saneamento, de empresas e de proprietários rurais que fazem uso da água (captação, consumo e lançamento de esgoto) dos rios Atibaia, Cachoeira, Camanducaia, Jaguari e Piracicaba. Os valores aprovados são de R$ 0,01 por metro cúbico de água captada, R$ 0,02 por metro cúbico de água consumida, R$ 0,10 por quilo de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) lançado em corpo d´água e R$ 0,015 por metro cúbico de água captada e transposta para outra bacia (caso da transposição do Sistema Cantareira).

De acordo com a proposta de cobrança aprovada, poderão ocorrer variações que reduzam os valores acima, as quais serão condicionadas à qualidade da água do manancial usado e às boas práticas de uso e conservação da água (nos casos de uso em propriedades rurais). A cobrança pelo uso da água será implantada de forma progressiva. No primeiro ano os usuários pagarão somente 60% do valor definido. Em 2006, por exemplo, o usuário cujo valor de captação for de R$ 0,01 por metro cúbico pagará somente R$ 0,006 por cada mil litros captados. Em 2007 a cobrança alcançará 75% do seu valor real. A partir de 2008 o contribuinte pagará de forma integral o valor a cobrança: R$ 0,01 por m3 de água.

A cobrança pela captação de água será feita de acordo com a seguinte equação (CNRH, 2005): classe cap cap med cap med out cap out cap K Q K Q PUB K Valor =( × + × )× × (3) Sendo:

Valorcap = pagamento anual pela captação de água;

Kout = peso atribuído ao volume anual de captação outorgado;

Kmed = peso atribuído ao volume anual de captação medido;

Qcap out = volume anual de água captado, em m3, segundo valores da outorga;

Qcap med = volume anual de água captado, em m3, segundo dados de medição;

Kcap classe = coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do

corpo d’água no qual se faz a captação (Classe 1 – 1,0; Classe 2 – 0,9; Classe 3 – 0,9; e Classe 4 – 0,7).

Os valores de Kout e Kmed da fórmula da cobrança de captação serão definidos conforme segue:

a) quando (Qcap med/Qcap out ) for maior ou igual a 0,7 será adotado Kout = 0,2 e Kmed = 0,8;

b) quando (Qcap med/Qcap out) for menor que 0,7 será acrescida à equação definida no caput deste artigo, a parcela de volume a ser cobrado correspondente à diferença entre 0,7xQcap out e Qcap med com Kmed extra = 1; ou seja: Valorcap = [0,2 x Qcap out + 0,8 x Qcap med + 1,0 x (0,7xQcap out - Qcap med)] x PUBcap x Kcap classe;

c) quando não existir medição de volumes captados será adotado Kout = 1 e Kmed = 0;

d) quando Qcap med/Qcap out for maior que 1 (um), será adotado Kout = 0 e Kmed = 1.

A cobrança pelo consumo de água será feita de acordo com a seguinte equação (CNRH, 2005):         × × − = capT cap cons lançT T cap cons Q Q PUB Q Q Valor ( ) (4) Sendo:

Valorcons = pagamento anual pelo consumo de água;

Qcap = volume anual de água captado, em m3;

QcapT = volume anual de água captado total, em m3;

QlançT = volume anual de água lançado total, em m3;

PUBcons = Preço Unitário Básico para o consumo de água.

Para o caso específico da irrigação, a cobrança pelo consumo de água será feita de acordo com a seguinte equação (CNRH, 2005):

retorno cons cap cons Q PUB K Valor = × × (5)

Sendo:

Valorcons = pagamento anual pelo consumo de água;

Qcap = volume anual de água captado, em m3;

PUBcons = Preço Unitário Básico para o consumo de água;

Kretorno = coeficiente que leva em conta o retorno, aos corpos d´água, de parte

da água utilizada na irrigação. Durante os dois primeiros anos da cobrança, o valor de Kretorno será igual a 0,5 (cinco décimos).

Para os usuários do setor Rural, a cobrança pela captação e consumo será realizada segundo a seguinte equação (CNRH, 2005):

(

cap cons

)

rural rural Valor Valor K

Valor = + × (6)

Sendo:

ValorRural = pagamento anual pela captação e pelo consumo de água para

usuários do setor Rural;

Valorcap = pagamento anual pela captação de água;

Valorcons = pagamento anual pelo consumo de água;

Krural = coeficiente que leva em conta as boas práticas de uso e conservação

da água na propriedade rural onde se dá o uso de recursos hídricos. Durante os dois primeiros anos da cobrança, o valor de KRural será igual a 0,1 (um décimo).

A cobrança pelo lançamento de carga orgânica será feita de acordo com a seguinte equação (CNRH, 2005): classe lanç DBO DBO co CO PUB K Valor = × × _ (7) Sendo:

ValorCO = pagamento anual pelo lançamento de carga orgânica;

CO DBO = carga anual de DBO5,20 efetivamente lançada, em kg;

PUB DBO = Preço Unitário Básico da carga de DBO5,20 lançada;

Klanç_classe = coeficiente que leva em conta a classe de enquadramento do

corpo d´água receptor. O valor de Klanç_classe classe da fórmula da cobrança pelo

O valor da CODBO será calculado conforme segue (CNRH, 2005): fed lanç DBO DBO C Q CO = × _ (8) Sendo:

CDBO = Concentração média anual de DBO5,20 lançada, em kg/m3;

Qlanç_fed = Volume anual de água lançado, em m3, em corpos d´água de

domínio da União.

A cobrança total para os usuários de recursos hídricos será efetuada de acordo com a soma da cobrança pela captação, consumo e lançamento de carga orgânica. De acordo com PCJ (2006), quando os valores da cobrança forem aplicados integralmente, a expectativa é que sejam arrecadados cerca de R$ 20 milhões por ano somente com a cobrança nos rios federais. A estimativa de arrecadação em 2006 é de cerca de R$ 10,9 milhões e os recursos arrecadados serão administrados pelo Consórcio PCJ, entidade delegatária de funções de Agência de Bacia, que, por meio de um contrato de gestão com a ANA, poderá aplicar o dinheiro em obras para recuperação da bacia.