Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL Mariano Moreno (Argentina) 53
4.1.4 A coleção de Themístocles Marcondes Ferreira
Themístocles Marcondes Ferreira (?-1965) foi diretor-presidente da Cia Editora
Nacional, criada em 1925 pelo seu irmão Octalles Marcondes Ferreira (1899-1972) e por
85 também conhecida pelas publicações especializadas de livros didáticos e infantis, embora ao longo do tempo sua linha editorial tenha contemplado diversos tipos de publicações (HALLEWELL, 2005).
Segundo Hallewell (2005), Themístocles assumiu a direção da Editora Nacional após comprar uma parte das ações que pertenciam ao seu irmão, mas a administração real dessa empresa acabou sendo exercida por Octalles.
Themístocles Marcondes Ferreira, irmão de Octalles, que durante anos até a sua morte, em 1965, foi diretor-presidente da editora. No entanto, o cargo era apenas nominal, uma vez que a direção geral sempre esteve nas mãos de Octalles (HALLEWELL, 2005, p. 387).
Themístocles também foi um dos fundadores da SNEL (Sindicato Nacional de Editores de Livros), órgão criado em 1940 e que ainda está ativo.
O Sindicato foi fundado por Themistocles Marcondes Ferreira, em 1940, com o intuito de estudar e coordenar as atividades editoriais, protegendo e representando legalmente a categoria de editores de livros e publicações culturais em todo o Brasil. Dirigido por Paulo Roberto Rocco, o SNEL é também responsável pela organização da Bienal do Livro do Rio de Janeiro – um dos principais eventos da área editorial no Brasil, desde seu lançamento em 1983 (ROMAIS, 2006, p. 99).
Os dados sobre a biografia de Themístocles Marcondes Ferreira são escassos, como descrito acima. Hallewell (2005) fez uma pequena menção a ele no capítulo dedicado à Octalles Marcondes Ferreira, grande empresário do ramo editorial brasileiro. Em virtude da falta de dados sobre Themístocles não é possível mensurar sua bibliofilia. Por outro lado, o interesse por livros pode ser identificado pela presença de Themístocles na fundação da SNEL, pela direção da Cia. Editora Nacional e pela sua participação da Sociedade dos cem Bibliófilos do Brasil.
Themístocles Marcondes Ferreira foi o membro de número 35 na Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, segundo informações impressas nos colofões das obras da BCE. A lista apresentada por Moutinho (2002), que se refere à formação da SCBB após o morte de Castro Maya, apresenta Alvaro Lyra da Silva como o titular de número 35. Não é possível afirmar se Álvaro Lyra da Silva foi o sucessor de Themístocles, uma vez que o artigo IV do Estatuto da SCBB previa a possibilidade de sucessão, em caso de morte: ―Cada sócio poderá registrar em livro ‗ad-hoc‘ o nome de seu sucessor ‗mortis-causa‘. Na falta deste registro a Comissão Executiva preencherá a vaga a critério seu‖. Nas duas listagens dos membros da SCBB que se encontram no arquivo do Museu Chácara do Céu, a lista mais antiga é de 1968 e a mais recente data de 1972, nenhuma menciona Themístocles como membro, pelo contrário, essas listagens confirmam Álvaro Lyra da Silva como membro.
86 A composição da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil mudou ao longo de sua existência e é preciso levar em consideração que as duas listagens mencionadas foram feitas após a morte de Themístocles. Também é importante notar que a coleção de Themístocles que se encontra na BCE compreende publicações de períodos variados, diferente da coleção de Ricardo Xavier da Silveira, de Pedro Nava e de Carlos Lacerda que abrangem um período contínuo de edições. A coleção de Silveira compreende todas as publicações da SCBB entre os anos de 1944 e 1962; a de Nava compreende as publicações entre 1957 e 1969 e a coleção de Lacerda, as publicações de 1968 e de 1969. A coleção de Themístocles que está na BCE contém a primeira publicação da SCBB, de 1944; a oitava publicação, que é de 1954; a décima publicação, de 1956; a décima quinta publicação, de 1961 e a décima sexta publicação, de 1962. A partir disso pode-se afirmar que Themístocles foi membro da SCBB entre 1944 e 1962. Provavelmente a coleção desse bibliófilo, que seria composta de 16 volumes publicados pela SCBB, tenha se dispersado. Uma prova disso são as marcas presentes nos livros da BCE que indicam a compra dos livros que pertenceram à Themístocles a partir dos acervos de Pedro Nava e de Carlos Lacerda.
Sobre a dispersão das coleções, Alberti (p.564, 2005) afirmou:
The web of collectors and sites that eventually channeled objects to the museum was extensive and heterogeneous. The point of collection was often only the first in a series of exchanges on the way to the museum. Objects would commonly pass through the hands of a number of private collectors and dealers. (ALBERTI, 2005, p. 564)56.
Os objetos adquiridos pelo museu muitas vezes já passaram por diversos acervos particulares e se dispersaram em inúmeras coleções. Esse parece ter sido o caso da coleção de Themístocles, além disso, não há documentos no arquivo da BCE referentes à negociação direta com os familiares de Themístocles.
Quadro 4. Publicações da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil que pertenceram à Themístocles Marcondes Ferreira
Publicação Adquirido pela BCE a partir
da coleção do bibliófilo
Ano
1 Memórias póstumas de Brás Cubas Carlos Lacerda 1944 2 Memórias de um sargento de milícias
(2 v.) Pedro Nava 1954
3 Canudos Pedro Nava 1956
4 Poranduba Amazonense Pedro Nava 1961
5 Cadernos de João Pedro Nava 1962
56 A rede de colecionadores e lugares que eventualmente canalizaram objetos para o museu era extensiva e
heterogenia. O ponto da coleção era frequentemente apenas o primeiro em uma série de trocas no caminho para o museu. Objetos comumente passavam por mãos de uma quantidade de colecionadores privados e de negociantes. (ALBERTI, 2005, p. 564, tradução nossa).
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4.2 Segunda Fase: o percurso dos livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil no