• Nenhum resultado encontrado

Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL Mariano Moreno (Argentina) 53

4.3 Terceira fase: exposição e consulta dos livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil do acervo de Obras Raras da BCE

4.3.1 Exposição O livro de Arte brasileiro

A exposição O livro de Arte brasileiro aconteceu no Museu do Livro de Haia, na Holanda, em 1991. Essa mostra foi organizada pela Ministério das Relações Exteriores do Brasil em parceria com a Universidade de Leiden e com o Museu do Livro de Haia.

O Museu do Livro de Haia foi um dos primeiros espaços do mundo a se dedicar à história do livro e também é considerado o maior museu com essa temática. O acervo desse Museu é amplo e compreende a produção de livros que vai do século VI até obras contemporâneas66. A exposição O livro de Arte brasileiro foi a primeira mostra a apresentar livros brasileiros no Museu do Livro de Haia:

Com a exposição ‗O livro de Arte brasileiro‘ será exibida pela primeira vez, neste Museu, uma coleção sul-americana.

Apesar de conhecermos os livros que se publicaram, no século XVII, sobre o Brasil nos Países Baixos, na época de Maurício de Nassau, os livros editados e ilustrados no Brasil atualmente nos são desconhecidos (KNYCHALA, 1991, p. 7).

O catálogo dessa exposição foi produzido na Holanda e contêm textos da pesquisadora holandesa Marianne L. Wiesebron67; de Catarina Knychala, professora aposentada do curso de biblioteconomia da UnB; do bibliófilo, José Mindlin e do historiador, Leonardo Dantas da Silva.

Os textos, em geral, apresentaram a história do livro brasileiro como um todo, abrangendo impressos comerciais e de arte. Wiesebron, por exemplo, apresentou um panorama geral sobre a história do livro brasileiro, desde o período de dominação portuguesa,

66Disponível em: http://www.meermanno.nl/, acesso em: 26 dez. 2015. 67

Fonte: http://www.universiteitleiden.nl/en/staffmembers/marianne-wiesebron, acessado em: 26 dez. 2015.

107 passando pelos principais editores e tipógrafos do século XIX até as principais editoras brasileiras do século XX. O texto de Knychala parte de sua pesquisa de mestrado sobre o livro de arte brasileiro, na qual tratou do livro ilustrado desde os primeiros impressos, ainda no Brasil colônia até aspectos do livro de arte que foi produzido até meados de 1980. Knychala enfatizou a coleção de livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil para a difusão da gravura brasileira, também mencionou edições de tipografias artesanais, tratou das obras luxuosas de grandes editoras, como a José Olympio, entre outros aspectos da produção nacional. O texto de José Mindlin tratou da bibliofilia e dos aspectos materiais do livro que o levam a ser colecionado, destacando as características dos livros raros. O texto do historiador Leonardo Dantas Silva abordou a ocupação holandesa do século XVII e as missões científicas empreendidas por Maurício de Nassal no Brasil. Outros dois textos, de Marianne L. Wiesebron e de Leonardo Dantas Silva, trataram dos livros da literatura de cordel brasileira. Todos os textos desse Catálogo apresentam uma versões em português e em holandês.

Knychala apresentou os critérios de escolha dos livros que formaram essa exposição, que abrangeu 250 volumes de diferentes períodos e estilos.

Neste catálogo da Exposição do Livro ilustrado Brasileiro optamos pelo arranjo alfabético dos títulos dos livros, pois estes são vistos aqui não só pelo texto, mas considerados como um todo, o livro-objeto, no presente caso, ilustrado. Muitos deles tem sua importância pelas ilustrações ou a partir delas se processaram; outros buscam na escrita apenas uma oportunidade para a criação de imagens visuais.

Sentimos muito não poder citar todos os bons ilustradores brasileiros e deixar de lado alguns escritores importantes que tiveram sua obra ilustrada. Procuramos fazer uma seleção dentre os melhores livros, mas alguns se encontraram em coleções inacessíveis. Incluímos apenas livros não-técnicos e não-didáticos e demos a preferência àqueles ilustrados por brasileiros natos ou naturalizados. Foram enfatizadas as realizações contemporâneas, mas incluímos obras importantes do início deste século e outras ilustradas por artistas europeus do século XIX, que compõem importantes fases da história do livro brasileiro. Não podíamos deixar de lado o folheto de cordel que, na maioria, traz a capa ilustrada. E nem também os livros ilustrados para crianças, os quais atingiram, entre nós, um alto nível artístico e estão muito bem representados na mostra (KNYCHALA, 1991, p. 89).

As obras selecionadas para participar da exposição O livro de Arte brasileiro formam um conjunto que compreende diversos períodos de produção nacional de livro de arte. Como destacado por Knychala, a intenção dessa mostra foi constituir um panorama geral da produção nacional. Muitas instituições e colecionadores brasileiros cederam seus exemplares para essa mostra, apesar da dificuldade que teve a comissão organizadora para acessar alguns livros, como relatou Knychala. As principais instituições públicas que emprestaram seus exemplares para a exposição foram: a Biblioteca do Itamaraty do Rio de Janeiro, o Ministério das Relações exteriores e a Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Cederam também

108 seus exemplares, os colecionadores particulares como Catarina Knychala, Wladimir Murtinho (diplomata brasileiro) e José Mindlin.

A Biblioteca Central da UnB emprestou quatro obras da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil para essa exposição: Campo Geral e Hino Nacional brasileiro, que pertenceram a Pedro Nava; Pelo Sertão e O Rebelde, que pertenceram à Ricardo Xavier da Silveira. Ao todo foram 22 livros da SCBB exibidos nessa exposição, quatro vieram da coleção da BCE e 18 foram emprestados pela Biblioteca do Itamaraty (Rio de Janeiro). O único título da SCBB não exibido foi O ciclo do Moura.

Exemplares de outras editoras artesanais também foram mostrados, caso de Mundo

guardado, de Luiz Delgado, publicado em 1958 pelo grupo O Gráfico Amador e também da

obra Poèmes de la nuit, de Cristóvam Camargo, publicado em 1956 pela editora Philobiblion. A BCE cedeu de seu acervo de Obras Raras um total de 25 obras para a composição da exposição O livro de Arte brasileiro. Dessas obras se destacam a edição de O Alienista, de Machado de Assis, publicada em 1948 por Castro Maya, ilustrada por Portinari; contando com desenhos e gravuras originais; a obra Cara e Coroa: oito sátiras sociais, de Heitor P. Fróes, publicada em 1957, pela Philobiblion, possuindo gravuras e desenhos originais de Manuel Segalá e a obra Cheiro da Terra, de Caio de Mello Franco, que foi ilustrada por Oswaldo Goeldi e produzida em 1949 pela Gráfica das Artes S. A.

Além do mais, figuraram nessa exposição obras relevantes para a história do livro ilustrado, caso do exemplar Ensaio sobre a crítica, de 1810, escrita por Alexandre Pope, que se configura como uma das primeiras obras ilustradas publicadas em território nacional. Também foram expostas obras de literatura em cordel e um conjunto de 108 títulos da literatura infantil brasileira.