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Levantamentos periódicos dos exemplares da Sociedade dos Cem Bibliófilos da BCE

Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL Mariano Moreno (Argentina) 53

4.2 Segunda Fase: o percurso dos livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil no acervo de Obras Raras da BCE

4.2.2 Levantamentos periódicos dos exemplares da Sociedade dos Cem Bibliófilos da BCE

Para traçar a trajetória dos livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil da BCE também foram consultadas listagens referentes aos levantamento periódico das obras de Arte que formam o conjuntos do patrimônio artístico e cultural da Universidade de Brasília.

Um dos primeiros inventários desse tipo foi realizado em 1997, esse trabalho serviu de referência para os levantamentos posteriormente realizados pela UnB. Apesar de esse levantamento não ter sido publicado, foram encontrados registros dele no acervo da Casa de Cultura da América Latina. O texto de apresentação – elaborado pelo então reitor da UnB, João Cláudio Todorov – mencionou a necessidade de preservar o acervo dessa Universidade a partir do conhecimento das condições de guarda, conservação e exposição das obras. As unidades da UnB consultadas foram: a Biblioteca Central da UnB – BCE; o Centro de Documentação da UnB – CEDOC; a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU; o Gabinete do Reitor e o Serviço de Patrimônio Imobiliário – PAT (PATRIMÔNIO ARTÍSTICO da UnB, 1997; ANEXO AO).

No período em que esse catálogo foi realizado, as Obras Raras da BCE era chefiada pela bibliotecária Clarimar Almeida do Valle. Segundo Simas (1997), presidente do grupo de trabalho que organizou o catálogo do Patrimônio Artístico da UnB, a intenção do grupo era:

Consideramos de grande importância para a UnB ter seu patrimônio levantado, registrado e analisadas as condições para guarda e restauro quando necessário e, por ser uma Universidade ainda nova, permite o resgate, ainda que oral, de informações que acabariam se perdendo com o tempo.

[...]

O grupo de trabalho teve como primeira ação, a de promover contato com todas as unidades da Universidade, através de questionário apropriado, a fim de se colocar os primeiros dados. Essa ação começou por se desencadear um processo rico, mas difícil, de construção, localização, reconhecimento e histórias dos objetos que, quando devidamente registrados, passarão a constituir o patrimônio cultural da UnB. Patrimônio este que deve ser preservado

91 atentamente, pois contém a memória coletiva de todos os que ajudaram a construir e os que continuam fazendo-a crescer, e nos ajudará a compreender através das imagens e dos objetos essa rede mais intimista de sua história (SIMAS, Renée Gunsburger. In: PATRIMÔNIO ARTÍSTICO da UnB, 1997; ANEXO AO).

Nesse catálogo do Patrimônio Artístico da UnB, as obras da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil foram organizadas dentro da seção dedicada às gravuras, em uma subseção intitulada ―Gravuras – álbuns e livros‖. As informações desse catálogo enfatizaram as gravuras da SCBB, apresentando o artista ilustrador, a quantidade de gravuras, assim como a especificação da técnica da gravura e a presença de obras excedentes adquiridas pelos bibliófilos que formam a coleção da BCE.

Quadro 5 – Dados dos livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, Patrimônio Artístico da UnB, Universidade de Brasília, 1997.

Artista Obras Gravuras Obras excedentes

(desenhos e provas de estado das gravuras)

ABRAMO, Lívio Pelo Sertão 27 xilogravuras - 6 provas de gravuras; - 2 desenhos

BABINSKI, Maciej Cadernos de João 24 águas-fortes - sem obras excedentes BIANCO, Enrico O caçador de esmeraldas 51 gravuras com

buril - 2 gravuras excedentes assinadas pelo artista CAMARGO, Iberê O rebelde 29 águas-tintas - sem obras excedentes CARYBÉ, Héctor Macunaíma 42 águas-fortes - sem obras excedentes CRAVO Jr., Mário O compadre de Ogum 10 águas-fortes - sem obras excedentes DAREL, Valença

Lins Memórias de um sargento de mílícias (2 v.) 69 águas-fortes coloridas à mão - sem obras excedentes DAREL, Valença

Lins Poranduba Amazonense 23 águas-fortes e buril - sem obras excedentes Di Cavalcanti A morte e a morte de

Quincas Berro D‘água 6 gravuras - sem obras excedentes DIAS, Cícero Ciclo da Moura 13 águas-fortes e

águas-tintas - sem obras excedentes DJANIRA da Mota

e Silva Campo Geral 38 desenhos coloridos de Djanira gravados por Darel em cobre e as cores em linóleo

- sem obras excedentes

FARIA, Heloísa de Bugrinha 25 litogravuras - sem obras excedentes GRACIANO,

Clóvis Luzia homem 33 águas-fortes - sem obras excedentes GRASSMANN,

92 MARTINS, Aldemir Passárgada 38 gravuras em

metal - sem obras excedentes PONS, Isabel Hino Nacional 6 águas-fortes - sem obras excedentes PORTINARI,

Cândido Memorias Posthumas de Braz Cubas 7 águas-fortes - 1 desenho PORTINARI,

Cândido Menino de Engenho 32 gravuras - sem obras excedentes POTY, Napoleon P.

Lazzarotto 4 Contos 12 pontas-secas e águas-fortes - sem obras excedentes POTY, Napoleon P.

Lazzarotto Canudos 32 águas-fortes - sem obras excedentes SANTA ROSA,

Tomás Espumas Fluctuantes 4 águas-fortes - 6 desenhos SUED, Eduardo As aparições 12 águas-fortes e

águas-tintas - sem obras excedentes Fonte: PATRIMÔNIO ARTÍSTICO da UnB, 1997; ANEXO AO.

O catálogo não indicou dados mais específicos sobre qual o exemplar consultado, a que bibliófilo pertenceram os livros e nem mencionou a existência de outros exemplares na coleção da SCBB da BCE. Provavelmente o que interessava a esse catálogo era a identificação das obras e dos artistas que formavam o patrimônio da Universidade.

Esse catálogo mencionou outros livros das Obras Raras da BCE que contêm gravuras originais, caso da obra Das cabras, de Glauber Rocha (1939-1981), ilustrada com xilogravuras de José Júlio Calasans Neto (1932-2006), publicada pela editora Artes Gráficas, em 1968. Também foi apresentada a obra O rio: ou relação da viagem que faz o Capibaribe

de sua nascente à cidade do Recife, de João Cabral de Mello Neto, edição ilustrada por Fayga

Ostrower (1920-2001) com quatro serigrafias, publicada pela Editora Fontana, em 1974. As obras da SCBB da BCE ocuparam grande parte da subseção ―Gravuras – álbuns e livros‖ e dos 30 artistas listados, 20 foram ilustradores dos livros da SCBB.

O texto de apresentação do Patrimônio Artístico da UnB não mencionou se houve o interesse em mapear e descrever todas as obras de Arte da UnB. Existia, entretanto, a intenção de que o trabalho fosse um ponto de partida para futuros inventários.

Passados mais de dez anos após a realização do catálogo do Patrimônio Artístico da

UnB, entre os anos de 2006 e 2007 foi elaborado outro inventário dos bens culturais da UnB.

O documento intitulado Relatório: atualização do Catálogo de Bens culturais da

Universidade de Brasília é, de um modo geral, mais abrangente, contemplando novos setores

da UnB. Esse relatório mencionou a publicação anterior, de 1997, e descreveu como foram feitos os levantamentos das obras:

93 Todos os setores foram visitados para a coleta dos dados das obras. A catalogação das obras contém informações técnicas segundo normas existentes para esse tipo de acervo: nome do autor; nome da obra; local e da de execução; dimensões; localização; forma de aquisição; tombamento – documentação e número de patrimônio; estado de conservação e informações complementares (RELATÓRIO: ATUALIZAÇÃO dos bens culturais da universidade de Brasília, 2006/2007; ANEXO AP).

Esse Relatório situou agora as obras da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil na categoria ―Álbuns e Livros‖ e acrescentou mais dados em relação ao levantamento realizado em 1997. Na publicação mais recente, alguns elementos como a identificação do bibliófilo a quem pertenceu o livro, a quantidade de exemplares, a tiragem e a ordem de publicação dos livros pela SCBB foram acrescentados.

O Relatório também dedicou um campo exclusivo para essas obras da SCBB, da mesma forma que o levantamento de 1997.

Outro levantamento dos livros da SCBB da BCE foi realizado pela produção da exposição Imagem e palavra: as publicações da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, que aconteceu em 2005, na Casa de Cultura da América Latina59. O conteúdo desse mapeamento

identificou algumas características dos livros da SCBB, tais como: título, ilustrador, ano de publicação, dimensão e numeração do exemplar. Nesse mapeamento também constavam a quantidade de exemplares que estavam no acervo da BCE, a que bibliófilo pertenceu o livro e se havia desenhos e/ou gravuras excedentes adquiridas pelos bibliófilos (ANEXO AP). O levantamento realizado pela produção dessa exposição apresentou alguns descompassos em relação ao levantamento dos livros da SCBB da BCE realizado nesta dissertação: há somente um exemplar das obras Hino nacional brasileiro, Macunaíma e Memórias de um sargento de

milícias mapeados na documentação referente à exposição da CAL, enquanto que

recentemente foram encontrados dois exemplares dessas obras no acervo de Obras Raras da BCE.

Esses relatórios periódicos contribuíram para traçar a trajetória da coleção de livros da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, eles também podem indicar a relevância dessa coleção no acervo da BCE e para a Universidade de Brasília.

59 Essa exposição será abordada na terceira fase que trata das exposições e consultas dos livros da Sociedade dos

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4.2.3 Notas sobre o estado de conservação da coleção de livros da Sociedade dos Cem