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CAPÍTULO 3 – PROFESSORAS E ALUNAS: AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS EM

3.5 A coleta de dados e os procedimentos metodológicos

A abordagem escolhida por mim foi a qualitativa por entender ser a mais apropriada, quando a intenção é analisar a subjetividade que a pessoa carrega, principalmente quando se trata de educação. Optei pelas entrevistas semiestruturadas, pois proporcionam uma interação com o sujeito investigado, no caso, as professoras e alunas do curso da universidade X, favorecendo assim a aproximação e apreensão daquilo que elas vivem, sabem, pensam, fazem, sentem e representam.

Para coletar os dados, usei o questionário (Anexo B) com algumas questões fechadas e outras abertas a respeito do trabalho que a professora executa para propiciar as múltiplas linguagens, por meio da entrevista gravada. Pensei que, por este caminho, alcançaria o objetivo de analisar a prática pedagógica quanto ao trabalho com as múltiplas linguagens nas disciplinas, cruzando esses dados com o material bibliográfico apontado.

A partir do meu contato e da disponibilidade das professoras, marcamos data, local e horário para a execução da entrevista semiestruturada individualmente.

Inicialmente foi entregue o questionário com uma sequência de perguntas para que a professora as preenchesse com as informações iniciais. Tinha como objetivo caracterizar o perfil das professoras quanto à sua idade, seu tempo de experiência no ensino superior e tempo de experiência na educação infantil. A segunda parte se refere à graduação para identificar a formação. A terceira parte é alusiva às disciplinas que ela já ministrara ou ministra no curso de pedagogia.

A entrevista foi realizada a partir da gravação das falas das professoras; posteriormente foram transcritas na íntegra.

Não temos dúvida de que a entrevista é o instrumento basilar para a obtenção das informações necessárias para uma boa coleta de dados, comportando-se como instrumento que faz intercâmbio com essas informações.

Para a coleta de dados com as alunas, igualmente, lancei mão de entrevista semiestruturada com perguntas fechadas do questionário e outras abertas a respeito da temática, entrevistas essas que foram gravadas e transcritas na íntegra. Acreditamos que, por meio deste momento o objetivo de investigar como as alunas identificam nas disciplinas estudadas a importância do trabalho com as múltiplas linguagens e da investigação acerca das concepções delas quanto às múltiplas linguagens serão atingidos.

Entendemos que se faz necessário justificar a escolha da abordagem qualitativa para esta pesquisa. É certo que uma abordagem qualitativa favorece a compreensão e a interpretação dos dados colhidos. Como tratamos de assuntos pertinentes à construção e à formação do professor, por meio de múltiplas linguagens, não necessitamos aqui de obter números. No entanto necessitamos analisar os dados de forma que estes levem a uma reflexão sobre os fatos, pois tratando-se de aspectos subjetivos e formativos, isso amplia a construção dessas reflexões. Como sabemos, estamos cruzando informações a respeito de pessoas, de suas experiências, seus saberes, suas vivências, ainda que estejam fundamentados por especificidades metodológicas:

Quando se fala de pesquisa quantitativa ou qualitativa, e mesmo quando se fala de metodologia quantitativa ou qualitativa, apesar da liberdade de linguagem consagrada pelo uso acadêmico, não se está referindo a uma modalidade de metodologia em particular. Daí ser preferível falar-se de abordagem quantitativa, de abordagem qualitativa, pois, com estas designações, cabe referir-se a conjuntos de metodologias, envolvendo, eventualmente, diversas referências epistemológicas, São várias metodologias de pesquisa que podem adotar uma abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos do que propriamente a especificidades metodológicas. (SEVERINO, 2007, p. 119).

Na abordagem qualitativa, faz-se necessário tratarmos os dados colhidos e analisarmos as informações obtidas com os sujeitos da pesquisa, os documentos pesquisados, os suportes teóricos, enfim, o esforço aqui será o de compreender, de maneira crítica, o sentido que aparece ou não nas falas e objetos pesquisados. A tarefa é realizar a análise do conteúdo, como diz Severino:

Envolve, portanto, a análise do conteúdo das mensagens, os enunciados dos discursos, a busca do significado das mensagens. As linguagens, a expressão verbal, os enunciados, são vistos como indicadores significativos, indispensáveis para a compreensão dos problemas ligados às práticas humanas e a seus componentes psicossociais. As mensagens podem ser verbais (orais e escritas), gestuais, figurativas, documentais. (SEVERINO, 2007, p 121).

3.5.1 Análise das categorias:

A partir da minha questão central que busca a resposta da seguinte pergunta: Que estratégias formativas para a apropriação das múltiplas linguagens, trabalhadas no curso de pedagogia, colaboram para a formação do profissional da educação infantil? E com o objetivo geral que é investigar e analisar como os professores do curso de pedagogia, em suas práticas educativas, trabalham as múltiplas linguagens na formação do professor de educação infantil. Como pontos secundários, os seguintes: identificar as estratégias utilizadas pelas professoras no trabalho com as múltiplas linguagens, analisar a prática pedagógica das professoras quanto ao trabalho com as múltiplas linguagens nas disciplinas do curso de pedagogia e investigar como os alunos identificam, nas disciplinas estudadas, o trabalho com as múltiplas linguagens. As categorias serão discorridas, trabalhadas e embasadas tendo estes objetivos como norteadores.

Após colhidos todos os dados dos sujeitos da pesquisa, fez-se necessária a delimitação das informações para a organização das categorias tendo como foco a questão central da pesquisa que é: Que estratégias formativas para a apropriação das múltiplas linguagens, trabalhadas no curso de Pedagogia colaboram para a formação do profissional da educação infantil?

A transcrição das entrevistas realizadas com as professoras e alunas foi um movimento que exigiu muito cuidado para não deixar escapar nenhuma fala.

Para transcrever as entrevistas, ouvi as gravações várias vezes, parando e escrevendo, retomando, ouvindo novamente, com a intenção de ser fiel à voz de cada uma. Feito isso, criei grandes tabelas para analisar as respostas e, a partir desse momento, pensar nas categorias, pois nem sempre o entrevistado responderá aquilo que perguntamos. Classifiquei cada resposta em grandes tabelas, na intenção de estudá-las, identificando semelhanças e diferenças, contrapontos, ideias e concepções das entrevistadas.

Para Bardin (2011) faz-se necessário verificar com atenção os temas que se repetem com muita frequência nas respostas dos sujeitos, esses temas devem ser recortados “do texto em unidades comparáveis de categorização para análise temática e de modalidades de codificação para o registro dos dados” (BARDIN, 2011, p.100).

Para o estudo dessas entrevistas, fizemos uso da análise de conteúdo, que é uma técnica de investigação muito usada nas pesquisas qualitativas. Sua finalidade é descrever, de forma objetiva e sistemática, o conteúdo manifestado pelo sujeito. Escolhi as categorias referidas abaixo. Após a leitura minuciosa dos dados que foram gerados, estabelecemos duas categorias:

1 Concepção de múltiplas linguagens e a formação docente.

2 Múltiplas linguagens no curso de pedagogia e as práticas realizadas.

Em seguida, o material foi explorado e selecionado com o olhar nas categorias criadas. Foram recortados e categorizados, o que permitiu reunir maior número de informações. Assim, as falas confirmam ou não as hipóteses levantadas e referenciais teóricos propostos, conforme veremos a seguir:

3.6 CONCEPÇÃO DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS E A FORMAÇÃO DOCENTE DAS