• Nenhum resultado encontrado

A Base Nacional Comum curricular: novas propostas para o trabalho com as

CAPÍTULO 1 – O CURSO DE PEDAGOGIA E A FORMAÇÃO INICIAL DO

1.4 A Base Nacional Comum curricular: novas propostas para o trabalho com as

DE EDUCAÇÃO INFANTIL.

Na tentativa de promover um currículo único, mas que atenda às especificidades das diversas modalidades de ensino, o MEC vem promovendo várias ações com o intuito de sanar alguns problemas educacionais que acometem nosso sistema educacional.

Como bem sabemos e já comentamos acima, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) foi construído com o objetivo de nortear as ações e planejamentos educativos da educação infantil, mas não foi o único. Após décadas de iniciativas governamentais, ultimamente temos vivido uma nova possibilidade e novos olhares têm se voltado para a construção deste novo documento.

Em 1998, foi elaborado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) no contexto da definição dos Parâmetros Curriculares Nacionais que atendiam ao estabelecido no art. 26 da LDB em relação à necessidade de uma base nacional comum para os currículos. O RCNEI consiste num conjunto de referências e orientações pedagógicas, não se constituindo como base obrigatória à ação docente. Ao mesmo tempo em que o MEC elaborou o RCNEI, o Conselho Nacional de Educação definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI, com caráter mandatório. De acordo com a Resolução nº 1 de 7 de abril de 1999, no seu art. 2º, “essas Diretrizes constituem-se na doutrina sobre princípios, fundamentos e procedimentos da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, que orientarão as instituições de Educação Infantil dos sistemas brasileiros de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas”. Ambos os documentos têm subsidiado a elaboração das novas propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil. (BRASIL, 2006, p. 13).

Percebemos, por meio das entrevistas que as alunas realizam e das conversas, que elas trazem do campo de estágio curricular obrigatório na educação infantil, que, mesmo com quase vinte anos da elaboração do RCNEI, muitas instituições de ensino desconhecem ou não priorizam suas orientações didáticas. Contudo, ficamos contentes ao perceber que, para outras instituições, o RCNEI é motivo de estudo e aplicação conforme o seu contexto social e educacional, mesmo sabendo das suas deficiências.

Com a BNCC, o MEC pretende estabelecer padrões mínimos para a educação brasileira, com uma parte comum e outra diversificada, pensando em promover um currículo único para todo o território nacional. Independentemente das críticas a favor e contra essa iniciativa, podemos vislumbrar na BNCC algumas propostas que poderão favorecer maior qualidade na formação inicial e continuada da professora de educação infantil, sobretudo na questão das especificidades das faixas etárias, como veremos à frente.

A respeito da formação inicial, com a implementação da BNCC, os cursos de pedagogia poderão ser revistos para que possam garantir uma formação que contemple as necessidades específicas da faixa etária, pois, como bem sabemos, conforme a nossa história da pedagogia, os cursos de pedagogia procuram se se adequar às propostas que vão acontecendo ao longo das mudanças educacionais que se dão nas diretrizes curriculares. Portanto para atender a formação de um novo profissional que não contemple mais uma concepção assistencialista e nem tampouco escolarizante, a BNCC busca fundamentos em que a construção de conhecimentos das crianças efetiva-se pela sua participação em diferentes práticas cotidianas nas quais interagem com parceiros adultos e companheiros de idade. Sendo assim, faz-se necessário que este adulto – professora da educação infantil – seja capaz de atuar contemplando essas novas necessidades.

O documento afirma:

Em função disso, o foco do trabalho pedagógico deve incluir a formação pela criança de uma visão plural de mundo e de um olhar que respeite as diversidades culturais, étnicoraciais, de gênero, de classe social das pessoas, apoiando as peculiaridades das crianças com deficiência, com altas habilidades/superdotação e com transtornos de desenvolvimento. (BRASIL, 2017, p. 13).

Verificamos aqui o quanto a nova proposta instiga a professora a reconhecer que suas práticas devem ser fundamentadas para que as crianças conheçam o mundo social e físico e também para que se apropriarem das diferentes linguagens e tecnologias, contudo ainda não se especifica os segmentos a que se referem.

A BNCC vem reafirmar as formas pelas quais as crianças pequenas aprendem, a saber: “convivendo, brincando, participando, explorando, comunicando e conhecendo-se”. Propõe seis grandes direitos de aprendizagem que devem ser garantidos para as crianças.

Essa proposta, embasada nos direitos das crianças, consideram as suas especificidades atendidas pela educação infantil, principalmente em relação as suas idades: creche e pré-escola.

São eles: “Conviver, brincar, participar, explorar, comunicar e conhecer-se”. (BNCC). O trabalho da professora se clarifica, evidenciando que os cursos de pedagogia precisam trabalhar juntos às novas propostas na formação.

Será necessário uma professora que seja capaz de promover novas experiências para as crianças e que esteja engajada nos novos desafios para atender as novas propostas considerando a criança como protagonista competente.

A BNCC lança a proposta de que o currículo para a área aconteça em Campos de

Experiências. A respeito deste assunto dedicaremos o segundo capítulo. Porém aqui já

adiantamos: “Os Campos de Experiência colocam, no centro do projeto educativo, as interações, as brincadeiras, de onde emergem as observações, os questionamentos, as investigações e outras ações das crianças articuladas com as proposições trazidas pelas professoras”, ou seja, necessitaremos de um profissional com essa expertise.

CAPÍTULO 2 – AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS: NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA