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3. PERFIL DOS SENADORES

3.4. A coleta dos dados

Nessa sessão é discutida o uso das fontes de dados para a realização da presente tese, assim como as dificuldades e vantagens em usá-las nos estudos de elites políticas, especificamente no estudo dos senadores da Primeira República.

As fontes em questão são as fichas prosopográficas fornecidas pelo Banco de Processamento de Dados do Senado (PRODASEN) e os verbetes biográficos disponíveis pelo CPDOC através do Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro (DHBB). Essas fontes foram a base para preencher uma planilha com as principais informações biográficas apresentadas na fonte: dados de identificação, filiação e filiação partidária, carreira burocrática e carreira políticas, vínculos familiares e informações ocupacionais. Ao todo foram 313 senadores listados entre a 21° legislatura que começa em 1890 e a 35ª legislatura em 1930. Ao total os 315 senadores exerceram 1030 mandatos no período.

3.4.1. Prodasen

A primeira fonte de dados utilizadas na presente tese são as fichas biográficas fornecidas pela Secretaria de Tecnologia da Informação do Senado Federal, órgão responsável pela manutenção, atualização e processamento de bancos de dados do Senado – PRODASEN, que tem como função prover e gerir as informações do Senado Federal e de todo o Poder Legislativo, de serviços, soluções e suporte de tecnologia de informação. A Coordenação de Arquivo desta Secretaria preenche o banco de dados “Biografia dos Senadores Brasileiros

(BSEN)” com informações a partir de 1826, com informações obtidas através de material

bibliográfico histórico e de informações cedidas pelas famílias dos parlamentares12.

As fichas estão divididas em arquivos (um arquivo para cada legislatura), cada qual com cerca de 60 senadores, em média. Os arquivos estão organizados por ordem alfabética e contêm os seguintes blocos de informações: 1. Dados de identificação: nessa área são apresentados o nome completo e o nome parlamentar, data de nascimento e óbito,

12Para maiores informações consultar:

94 naturalidade, estado civil, cônjuge, sexo e filiação; 2. Dados sobre filiação partidária: sigla do partido, ano de entrada e saída do partido (que não foram considerados para presente tese por falta de informações); 3. Dados sobre profissões: profissões exercidas ao longo da vida; 4. Dados sobre cargos exercidos: cargos públicos e eletivos (separados por cargo com os respectivos anos e local de exercício); 5. Dados familiares: informações sobre a profissão dos ascendentes, e, porventura, do exercício de cargos públicos e/ou eletivos; 6. Trabalhos publicados: livros, discursos, participação na elaboração de constituições; 7. Outras informações: item no qual é possível levantar informações sobre associativismo, direção partidária, exercício profissional e demais dados relevantes sobre a vida do político em questão.

Ao longo da coleta e tratamento dos dados foi possível identificar que determinadas informações estavam subnotificadas, como por exemplo os anos de entrada e saída de cargo e partidos e nenhuma informação sobre o ano de formação do parlamentar. Em algumas fichas eram ausentes informações sobre ano de nascimento e/ou óbito do parlamentar. Por outro lado, os dados sobre os cargos eletivos ocupados estavam mais completos. Um detalhe importante sobre esse material é que ele traz a forma da escrita da época, como a ocupação de cargo de “senador estadual” e “presidente de estado” ou cargo de “lente”, que é o equivalente a professor nos dias atuais. Essas características demandam mais tempo de pesquisa e maior atenção. Outra dificuldade ao tratar esses arquivos é que as fichas preservam os nomes originais dos municípios à época, mesmo que eles tenham mudado ao longo dos anos. Ainda sobre esse tópico, sobre o local de nascença dos senadores há casos em que consta somente o nome da fazenda ou engenho onde o indivíduo nasceu sem informações sobre a cidade ou estado. Então para saber onde um parlamentar nasceu era preciso realizar uma pesquisa mais aprofundada. Outros dois exemplos de falta de dados são as filiações partidárias, essa informação não foi considerada na presente tese pois a ausência de informação é muito grande mais de 50% das fichas não contêm dados sobre partidos. Abaixo é apresentada a ficha do senador Alfredo Ellis como exemplo.

95 Imagem 1 – Exemplo de ficha biográfica do Prodasen

Fonte: Prodasen

Os dados do PRODASEN são apresentados de forma sistematizada, embora tenha falhas e informações incompletas são uma das poucas bases de dados, junto com o DHBB, sobre as elites políticas que tem um recuo histórico com informações biográficas de parlamentares do fim do século XIX e início do XX.

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3.4.2. O Dicionário Histórico Brasileiro (DHBB)

Como complemento as informações do PRODASEN, foram usados os verbetes biográficos do Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro da Fundação Getúlio Vargas (DHBB) da Primeira República13.

Essa fonte tem característica as informações em forma de texto detalhado e desenvolvido, com as informações apresentadas de forma linear e em narrativa corrida, demandando mais tempo e atenção na coleta das informações. Entre as vantagens de usar essa fonte está o fato dela ter mais informações sobre datas de momentos importantes da vida dos indivíduos. Abaixo um exemplo de um desses verbetes, usando a biográfica de Alfredo Ellis, o mesmo apresentado na ficha do Prodasen, afim de comparar as disposições dos dados nas duas.

Imagem 2 – Exemplo de verbete biográfico do DHBB

97 Fonte: DHBB

Ao realizar a comparação das fontes de pesquisa, apresentadas anteriormente, tornam- se clara as vantagens e desvantagens do uso delas, por isso elas foram usadas de forma complementar na coleta de dados, a fim de obter o maior número possível de informações sobre os parlamentares. Em meio ao processo de coleta foi necessário desenvolver etapas para facilitar o desenvolvimento do trabalho.

Quadro 4 - Etapas da coleta de dados e construção da planilha

1ª Etapa: Definição dos arquivos do PRODASEN e DHBB como fontes para a identificação dos senadores eleitos durante a Primeira República;

2ª Etapa: Separação os senadores conforme as legislaturas correspondentes ao seu efetivo exercício do mandato;

3ª Etapa: Reconstrução de forma padronizada a biografia de cada senador inserindo-as na planilha;

4ª Etapa: Busca por fontes alternativas de dados para o preenchimento das lacunas presentes na planilha.

98 A última etapa foi necessária, pois, mesmo usando as duas fontes de dados, foram necessárias mais informações para completar a planilha, para isso foram usados sites de associações como do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro14 e mesmo site da Câmara Federal, já vários dos parlamentares também passaram por essa Casa legislativa. O tratamento desses dados permitiu verificar padrões de carreira e redes sociais dos senadores, desse modo reconstruindo uma parte da história política brasileira.