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3. PERFIL DOS SENADORES

3.1. Dimensão social

A dimensão social é construída a partir dos atributos sociais dos senadores que podem apresentar relação com o comportamento parlamentar. Analisar as posições sociais do indivíduo pode esclarecer as bases da classe política. Para tanto, inicia-se a exposição dessa dimensão com a variável origem de familia oligarquica rural. São considerados como originários das oligarquias: proprietários, filhos, genros, irmãos e quaisquer outros parentescos próximos com proprietários rurais. É necessário ressaltar que se trata de um estudo histórico, que depende das informações disponíveis, então é possível que esse número seja maior, uma vez que não foram encontradas essas informações nas fontes em questão.

A segunda variável é escolaridade e formação acadêmica, identificando sua relevância para comparar a origem e a classificação da posição social do parlamentar. Segundo Serna (2009), a formação acadêmica, assim como a profissão de origem, é um dos principais meios de socialização, de composição e de coesão das elites. Nesse sentido, Carvalho (1997), afirma que a formação acadêmica é um dos fatores importantes para garantir a homogeneidade entre as elites, mesmo que sejam recrutadas em setores diferentes, e, aumentando a sua capacidade de atuação política. Na Primeira República as opções de cursos de formação de nível superior eram reduzidas, assim, como as opções de universidade onde estudar. Desse modo, foram encontradas poucas áreas de formação entre os senadores, que foram classificadas em 5 categorias: ciências matemáticas e física, direito, engenharias, farmácia, formação militar, formação religiosa e em humanidades, medicina. Além de dois outros grupos: sem formação superior, qual pode compreender nível basico ou médio de estudos e, os sem informação, os quais não apresentam informações disponíveis em suas fichas biografias.

A terceira variável analisada na dimensão social é a profissão. A profissão de origem “é tanto uma fonte de estratificação social no acesso à riqueza material e ao bem-estar social, como uma fonte para a legitimação de classificações hierárquicas do capital social” (MARENCO DOS SANTOS & SERNA, 2007, p.95). Costa et al (2013) explicam que as “ocupações profissionais podem ajudar a esclarecer o tipo de vínculo existente entre a sociedade (sua estrutura, sua dinâmica, suas hierarquias) e a esfera da política institucional (suas oportunidades, seus filtros, suas barreiras)” (p.4). Para Weber (1994), o ingresso e o sucesso na vida política estão condicionados não só a disponibilidade de recursos financeiros e de tempo para se dedicar aos assuntos públicos, mas também pelo nível de afinidade entre as

88 atividades profissionais de origem e os requisitos demandados para a atuação na política parlamentar. O conhecimento especializado e a experiência advinda do exercício regular de determinadas profissões – como direito e jornalismo – são centrais e economizam um grande tempo de treinamento na função.

Uma vez que os senadores apresentam mais de uma profissão em suas biografias, foi escolhido na presente tese o uso do critério da última atividade profissional, o mesmo empregado por Rodrigues (2002). Trata-se de identificar a última atividade profissional ou ocupação que candidatos/eleitos exerciam antes do début na carreira política. Esse critério, apesar de não ser considerado o mais seguro, consiste no mais objetivo do ponto de vista metodológico, pois aponta o status social do parlamentar antes de sua entrada na vida política – o que não ocorre, por exemplo, quando se distribuem os parlamentares com base em autodefinições, pois geralmente eles declaram a sua profissão com base no diploma universitário que possuem, mesmo nunca tendo exercido o ofício. Classificações que aproveitam o diploma de nível superior para indicar a profissão dos políticos não resolvem a questão da verdadeira ocupação exercida. Embora o uso do indicador “última ocupação” possa não corresponder à ocupação predominante na vida do parlamentar, ou à sua atividade econômica principal, esse critério pode ser um melhor preditor das atitudes dos legisladores do que quando se considera seu currículo acadêmico (EDINGER & SEARING, 1967). Outra possível solução para a classificação de profissões é a utilizada por Massimo 2018, na qual são consideradas todas as profissões do indivíduo. Essa metodologia não foi considerada na presente tese pois, se trata de um número elevado de ocupações, assim podendo comprometer o refinamento da pesquisa.

A partir dessa metodologia para definição da profissão, elas são classificadas em 12 categorias, como demonstra o Quadro 3, a fim de uniformizar os tipos de profissão conforme características em comum.

Quadro 3 – Classificação da categoria profissional

Advogados e juristas Inclui aqueles que exerceram atividades jurídicas no âmbito privado;

Empresários urbanos Inclui aquele exerceram atividades como comerciante, industrial e banqueiro;

Engenheiros Inclui aqueles que exerceram a atividade de engenheiros nos diversos domínios;

Farmacêuticos Inclui aqueles que atuaram como farmacêuticos;

89 Funcionários Públicos Inclui todos servidores públicos, de todos os

níveis, excluindo os militares;

Jornalistas Inclui todos que exerceram atividades ligadas ao jornalismo e comunicação;

Médicos Inclui todos que exerceram atividades na área médica;

Militares Inclui todos os militares de diferentes patentes;

Políticos Profissionais Inclui todos que exerceram a política como profissão

Professores Inclui todos os professores da esfera privada; Proprietários Rurais Inclui todos que exerceram atividades

agrícolas;

Religiosos Inclui todos que exerceram atividades como sacerdote.

Fonte: a autora

E por fim, a quarta variável é a o pertencimento a família com histórico na política. São considerados parentesco de sangue como pai, irmão, tios e avós, além de parentesco por casamento, sogro, cunhado e tios e avós do cônjuge, que já tenham ocupado cargos políticos eletivos ou não.