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A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte

O "Caso do molecote"

10 A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte

D urante a década de 1920, a história nacional registrou, por várias vezes, a insatisfação de m ilitares e civis contra os processos eleitorais vigentes e o prolongado dom ínio político das oligarquias.

boi esse, em síntese, o sentido das revoltas de 1922 no Rio de Janeiro (os 10 do f orte de Copacabana), a de 1923 no Rio Grande do Sul ea de Sao Paulo, em julho de 1924.

1 )esde a sua candidatura a Presidência da República que Artur Rem ardes enfrentou um a forte oposição militar. A prova m ais evi­ dente disso foi a Revolta dos 10 do Porte de Copacabana, em 1922, poucos m eses antes de A rtur R em ardes tom ar posse. Significou aquela rebelião a insatisfação com a política do "café com leite", que alternava no poder central um presidente paulista e outro mineiro. As oligarquias tios outros estados sentiam -se m arginalizadas das grandes decisões. Mesmo assim, o presidente Ppitácio Pessoa (1919-

1922) conseguiu abafar o grito dos revoltosos.

Num clima de m uita insegurança, Artur Remardes, eleito a 1° de março de 1922, tomou posse na Presidência da República no dia 15 de novembro daquele mesmo ano.

Na form ação do seu m inistério, ele procurou indicar nom es capazes de apaziguar os ânim os nas áreas civil e militar. Conform e observa Carone, "a m aior dificuldade está na indicação do m inistro 206 206 PARIA, Juvenal Lamartine de. Mensagem à Assembléia Legislativa em Io de

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militar: num momento em que o Exército está dividido e elementos da altae baixa oficialidade são punidosou processados, tornam-se neces­ sárias precauções na escolha de um nome que não desperte críticas".207 208 Por essas razões, ele escolheu para o M inistério da Guerra o general Setem brino de Carvalho, possuidor de "grande habilidade política”. Mas isso não foi suficiente para garantira segurança do seu governo.

A oposição de civis e m ilitares, percebeu o presidente, era mais profunda e m ais abrangente. Por isso, governou com rnão-de- ferro, m antendo o país em estado de sítio durante quase todo o seu m andato.

Interpretando o pensam ento dos situacionistas, afirm a Carone "que a violência aparece para as oligarquias como solução aos atos revolucionários das classes m édias - civis, m ilitares - e operários. O processo de repressão é tão violento que, nunca em períodos ante­ riores, o governo enfeixara tantos poderes excepcionais".20"

O prim eiro Estado a ser vítim a do autoritarism o bernardista foi o Rio de Janeiro, onde Nilo Peçanha indicara como candidato ao governo o Sr. Raul Eernandes, que lutou contra Eeliciano Sodré, sim ­ pático às hostes bernardistas. Ambos se proclam aram vitoriosos no pleito realizado em julho de 1922. Para m anter a ordem pública, Artur B ernardes decretou intervenção federal e nom eou A ureliano Leal para chefiar o governo carioca.

Disputa sem elhante aconteceu no Rio G rande do Sul, provo­ cando a cham ada Revolução de 1923, cuja repercussão foi apenas regional, chegando-se a um a solução favorável, em parte, aos parti­ dários do presidente.

Na Bahia, o presidente da República derrotou igualm ente seus adversários no pleito de janeiro de 1924. Atendendo à solicitação da Assembléia Legislativa, Artur Bernardes decretou o estado de sítio

207 CARONE, Edgar. A República Velha (Evolução Política). 2. ecl. São Paulo: Difel, 1974, p. 301.

208 CARONE, Edgar. A República Velha (Evolução Política). 2. ed. São Paulo: Difel, 1974, p. 362.

por 30 dias e m andou dar posse a Goes Calmou, seu candidato, no governo do listado.

Pntretanto, foi o caso de São Paulo que deu origem à formação da (ioluna Prestes, que teve repercussão nacional.

O repetido autoritarism o bernardista, se, por um lado, conten­ tava correligionários, por outro, alim entava o ímpeto revolucionário de segmentos civis e militares.

Pm São Paulo, desde o início de 1923 que Nilo Peçanha e o general Isidoro 1 )ias Lopes com eçaram a traçar os planos para a revo­ lução pau lista de 1924. São Paulo fora escolhido para ser o centro de irradiação do movimento que estendeu suas raízes a quase todos os Pstados da federação.

Sobocom andoealiderança do general Isidoro Dias Lopes, par­ ticiparam ativam ente, na linha de frente desse movimento, Miguel Gosta, luarez Távora e seu irm ão, Joaquim Távora, João Alberto, Siqueira ( lampos, Pduardo Gomes, Pstitac Leal e vários outros ofi­ ciais m ilitares e policiais. O m ovim ento eclodiu na m adrugada de 5 de julho de 1924 nos quartéis da capital paulista, quando, sob o com ando do general Isidoro Dias, cerca de mil hom ens entraram em luta contra as forças legalistas com andadas pelo general Abílio de Noronha. Pnquanto se combatia na capital, várias colunas revo­ lucionárias conquistavam cidades im portantes do interior pau­ lista. Impossibilitado de continuara luta na capital, o general Isidoro resolveu abandona la no dia 27 de julho, deslocando-se para o inte­ rior com cerca de seis mil homens. Apertados pela fome e pelas forças legalistas, os revolucionários refugiaram -se no território do Paraná.

C oncom itantem ente ao m ovim ento de São Paulo, eclodiram revoluções em Sergipe, Mato Grosso, Amazonas, Pará e Rio Grande rio Sul. De todos esses, o movimento mais entrosado com São Paulo foi 0 gaúcho. Lá, na região tias Missões, começou a rebelião gaúcha que, dentro de pouco tempo, tomou a denom inação de Coluna Prestes, graças ã ação destacada do então capitão Luís Carlos Prestes.

Com batendo no interior, a Coluna Prestes vai aos poucos aban­ donando o Rio Grande do Sul e se deslocando para o Paraná, onde espera unir-se aos revolucionários da Coluna Paulista, ü encontro dos dois m ovim entos ocorreu entre m arço e abril de 1925, ocasião

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em que formou-se a Coluna Prestes - Miguel Costa. Seu objetivo era "levantar o povo contra o governo B ernardes”,-11'* arm ando em bos­ cadas, para iludira repressão ou travando duros com bates contra as forças legalistas eoligarcas, articuladas em cada Estado, os revolucio­ nários percorreram os Estados de Mato Grosso, Goiás, Minas, Bahia, M aranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte (apenas na zona Oeste), Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso outra vez, e, finalmente, refugia­ ram -se na Bolívia.

Conform e Carone, "de 29 de abril de 1925, quando term ina a travessia do rio Paraná, a 3 de fevereiro de 1927, quando se interna na Bolívia, a Coluna Prestes percorre um total de 24.0()()km, som ando-se as m archas de seus destacam entos".209 210