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A Composição do Custeio Baseado em Atividades

Capítulo II. MÉTODO ABC - CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

2.3. A Composição do Custeio Baseado em Atividades

Considerando que um sistema de custeio baseado em atividades é composto de uma terminologia muito particular, a partir deste ponto, faz-se necessária a exposição de alguns conceitos fundamentais a fim de possibilitar uma perfeita compreensão de sua metodologia.

2.3.1. Os direcionadores de custos

No que se refere ao custeio de produtos, observa-se que, enquanto a sistemática tradicional busca, em vão, se enquadrar à atual realidade das empresas através da definição de novas bases de rateio ou até mesmo da utilização de duas ou mais bases diferentes para alocar custos aos produtos a fim de reduzir a imprecisão dos resultados apresentados, o método de custeio ABC, parte do princípio de que não é o produto que consome os recursos e sim, as atividades desempenhadas pela organização para que esses recursos sejam convertidos em produtos.

acontecem no momento em que as atividades são executadas, e portanto, o consumo dos recursos será definido pelo desenvolvimento e pelo desempenho dessas atividades e não pelo volume da produção.

A ênfase do ABC está concentrada na atividade e não no produto em si, sendo assim, a primeira fase do sistema consiste em identificar e custear as atividades envolvidas em um processo, para então, na segunda fase, distribuir o custo dessas atividades pelos produtos.

A atribuição dos custos às atividades, segundo Martins (2001, p. 94) “deve ser feita de forma mais criteriosa possível, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: 1) alocação direta; 2) rastreamento; e 3) rateio”.

Por alocação direta entende-se ser aquela em que é possível identificar de forma clara e direta a participação de determinado custo em uma atividade. Já o rastreamento é a forma de alocação em que se faz a análise do que efetivamente causou o custo e seu efeito na atividade, procurando suprimir possíveis distorções. Quanto ao rateio, pode ser definido como a alocação de forma arbitrária e subjetiva, ou seja, aquela em que os critérios utilizados nem sempre indicam a verdadeira relação entre os custos e as atividades, gerando graves distorções.

Diferentemente dos métodos tradicionais, a utilização do rateio só é admitida pelo ABC em casos eventuais, quando se esgotam quaisquer possibilidades de alocação direta ou de rastreamento. Como a alocação direta só se torna possível quando os custos podem ser perfeitamente identificáveis com as atividades, como é o caso dos materiais diretos, por exemplo, a atribuição dos gastos às atividades é feita através da utilização do rastreamento que, segundo Nakagawa (2001, p. 31) “tem o significado de identificar, classificar e mensurar, numa primeira etapa, a maneira como as atividades consomem recursos e, numa segunda etapa, como os produtos consomem as atividades de uma empresa”.

Dessa forma, pode-se dizer que, em um primeiro estágio, os recursos são direcionados a custear as atividades e, num segundo estágio, os custos

destas atividades são atribuídos aos produtos, serviços e clientes. Para tanto, o método busca identificar a verdadeira causa dos custos nas atividades,

representada pelos direcionadores ou cost drivers.

Por aumentarem as bases utilizadas para a distribuição dos custos, facilitando o processo de alocação e dispensando a utilização dos rateios com seus critérios arbitrários e subjetivos, os direcionadores de custos são vistos como a principal diferença entre a metodologia baseada na atividade e as metodologias tradicionais.

No entanto, para que o modelo ABC seja implantado e funcione perfeitamente, devem ser observados alguns cuidados na determinação da quantidade e dos critérios utilizados para a escolha dos direcionadores. Se esta fase não for cumprida de forma eficiente, as informações geradas podem não refletir o real comportamento dos custos, incorrendo nos mesmos erros dos métodos tradicionais.

Quanto à determinação da quantidade de direcionadores de custos, Nakagawa (2001, p. 74) observa que dependerão basicamente de alguns fatores como:

a) objetivos () e acurácia da mensuração que se deseje obter através do ABC que está sendo desenhado;

b) participação relativa (%) dos custos indiretos das atividades agregadas analisadas sobre o custo de conversão, em termos de número de itens (contas) e de seus valores;

c) da complexidade operacional da empresa, em termos de produtos () e de clientes;

d) disponibilidade de recursos da empresa (financeiros, humanos, sistemas de coleta e processamento de dados, tempo, cultura, etc).

O autor observa ainda, que na escolha dos direcionadores de custos, devem ser considerados fatores como: os custos de mensuração (facilidade ou dificuldade de coletar e processar os dados relativos ao direcionador); a correlação entre o direcionador e os recursos consumidos (deve haver correlação direta entre a quantidade de trabalho mensurada pelo direcionador e

os custos incorridos na atividade); e os efeitos comportamentais (a influência que um determinado direcionador possa exercer sobre o comportamento das pessoas).

Assim, após definida a quantidade de recursos será preciso buscar os direcionadores mais adequados para explorar as potencialidades do ABC. Vários direcionadores poderão ser empregados, contudo, deve-se optar por aqueles em que os dados necessários estejam disponíveis e possam ser obtidos na execução das atividades não exigindo o desenvolvimento de processos complexos e que gerariam maiores custos para organização. Deve haver um certo equilíbrio entre o nível de precisão que se espera atingir com a utilização do método e o custo incorrido nas atividades de coleta, mensuração, processamento e manutenção do sistema.

A utilização dos direcionadores objetiva, custear cada atividade para que os recursos sejam alocados corretamente aos produtos, através do consumo que eles fazem das atividades, proporcionando aos gestores uma alocação de custos mais detalhada e rica em informações que garantam resultados mais justos e mais confiáveis.

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