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Capítulo III.O ABC NAS INSTITUIÇÕES DE SERVIÇOS BANCÁRIOS

3.1. Introdução

Assim como em qualquer organização, em uma instituição bancária, a necessidade de expansão e da constante diversificação e inovação de seus produtos na busca pelo aumento de sua lucratividade, levaram a um crescimento considerável dos custos e despesas indiretas. Essa nova característica, onde os custos e despesas indiretas predominam sobre os custos diretos, torna necessária a utilização de uma metodologia de custeio que se adeque a esse novo momento vivido pelas organizações e seja capaz

de demonstrar a melhor maneira de alocar esses custos aos produtos de forma a garantir maior precisão nos resultados e possibilitar uma melhor visualização da situação econômica e da rentabilidade individual de suas diversas linhas de produtos e serviços.

Principalmente para empresas de serviços, como é o caso dos bancos, os problemas relacionados ao custeio de produtos e à gestão do negócio são ainda maiores que os das indústrias, já que nessas instituições, os custos de natureza direta praticamente não existem.

Em artigo publicado, Bezerra e Neto (2003, p. 01) descrevem outras importantes características dos custos em empresas de serviços bancários:

Os produtos finais de uma empresa de serviço não possuem

uma forma tangível (ex.: saque em conta corrente, depósito etc);

A produção de uma empresa de serviços não pode ser

estocada para vendas futuras. Desta forma, grande parte dos custos tem que ser considerados do período e, de certa forma, a maioria é custo fixo;

Os custos das empresas de serviços estão atrelados, em

grande parte, a sua capacidade de prestação de serviço. Grande parte dos custos é vinculada a serviços que ficam disponíveis independentemente de sua utilização (ex.: estrutura das agências, caixa 24 horas etc.). É claro que uma parcela dos custos da prestação de serviços é proveniente da sua utilização por parte dos clientes (ex.: depreciação de equipamentos, fitas para impressão, envelopes, etc.);

Existe uma dificuldade natural no setor de serviços que é

variedade que pode ser assumida por um produto, ao que se

denomina Modalidade do produto.

Os mesmos autores reconhecem que essa última característica é a maior responsável por tornar mais complexo o entendimento do comportamento dos custos no que se refere ao mecanismo de consumo dos recursos e o que dificulta a determinação mais aprimorada e precisa do custo desses produtos. Para exemplificá-la, citam o serviço de cobrança bancária oferecido pelos bancos que, à primeira vista, pode ser considerado de formato bem definido e de fácil generalização mas que, no entanto, assumem várias formas de acordo com a necessidade do cliente.

O cliente pode querer trabalhar com envio de documentos ao banco (borderô), que ficará com a obrigação de digitar, imprimir e enviar os boletos de cobrança, ou o cliente pode fazer a digitação dos documentos em sua empresa e passar para o banco as informações dos títulos via fita magnética ou transmissão eletrônica de dados, ou, ainda, o cliente pode preferir que o banco faça a impressão parcial dos boletos de cobrança (sem o nome e o endereço do sacado) e os envie para a empresa que acabará de preenchê-los e se encarregará de enviá-los. Estes mesmos boletos podem ser liquidados pelo sacado na rede de compensação bancária, através do telefone, do auto-atendimento ou até mesmo pela Internet. Além disso, os boletos podem ir a protesto, ser pagos em cartório ou sofrer outras ocorrências.

Dessa forma, ressaltam que um mesmo produto pode assumir modalidades distintas de acordo com o cliente, o que faz com que consumam mais ou menos recursos da instituição que oferece o produto. Caso se faça uma generalização e se estabeleça uma tarifa única para um produto de cobrança, sem considerar a modalidade de serviço, graves conseqüências poderão ser observadas no que diz respeito ao resultado da organização.

Além dos problemas quanto à definição dos custos do produto, existe ainda, a questão da competitividade que representa um grande desafio para os gerentes e administradores da instituição financeira. Isto porque, a garantia de se obter uma vantagem competitiva está na capacidade da organização de prestar um serviço a um custo menor que o de seus concorrentes ou de fornecer um produto tão diferenciado que faça com o que o cliente se disponibilize a pagar um valor mais alto por ele. Para tanto, utilizar um sistema de custeio que forneça unicamente as informações sobre os consumo dos custos pelos produtos para a formação do preço de venda não é suficiente, uma vez que ainda será necessário, obter outros dados que permitam analisar os índices de lucratividade individual de cada modalidade ou linha de produto, identificar as oportunidades de redução de custos e melhoria da qualidade ou, ainda, que sirvam de base para o desenvolvimento de novos modelos de gestão estratégica.

Assim, Bezerra e Neto (2003, p.05) afirmam que o ABC vem merecendo maior atenção por parte dos gestores das instituições bancárias, pelo fato de possibilitar “um maior detalhamento das informações e maior precisão na

alocação dos recursos consumidos, disponibilizando uma base de dados que suporta múltiplas combinações dos objetos de custeio, subsidiando a análise e gerenciamento dos custos”. Como exemplo de instituições bancárias nacionais e estrangeiras, que utilizam a metodologia de custeio baseado em atividades, mesmo que parcialmente, os autores destacam os bancos: Bradesco, Itaú, HSBC, Citibank e Santander.

Expostas essas considerações iniciais, deve-se esclarecer, que este capítulo não pretende aprofundar o estudo da função das instituições bancárias ou das operações por elas realizadas, nem a questão das exigências e limitações fixadas pelo Banco Central (órgão responsável pela regulação e fiscalização dos bancos). Também não serão abordados todos os produtos oferecidos aos clientes e como os custos incorridos na disponibilização desses produtos e na manutenção de toda a estrutura organizacional, influenciam os resultados da organização.

Apenas com o intuito de atender a proposta inicial deste trabalho e validar todas informações expostas até o momento, limita-se a demonstrar a aplicação da metodologia do Custeio Baseado em Atividades na determinação do custo do produto cobrança bancária, comparando seus resultados com os apresentados pela única metodologia de custeio admitida pela Legislação Fiscal Brasileira, o Custeio por Absorção.

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