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Considerações Gerais sobre o ABC

Capítulo II. MÉTODO ABC - CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES

2.1. Considerações Gerais sobre o ABC

Com um mercado cada vez mais exigente, onde o sucesso da empresa depende, em grande parte, de sua capacidade de proporcionar aos clientes a satisfação de suas necessidades, as organizações caminham para a produção personalizada ou pelo menos, buscam fabricar uma série de itens direcionados a atender aos desejos específicos de cada segmento social.

Nesse contexto, o avanço tecnológico, o crescimento das atividades e a diversificação dos produtos, exigem que as organizações estejam em constante aperfeiçoamento, não só de suas técnicas de produção, como também, de seus sistemas de relatórios gerenciais, visto que, serão exatamente as informações geradas pela contabilidade que permitirão aos responsáveis ter a capacidade de melhor administrar suas atividades e aplicar corretamente seus recursos produtivos e financeiros a fim de suportar as pressões externas e garantir sua rentabilidade e, principalmente sua sobrevivência, através da otimização de seu processo decisório e da

elaboração de novos planos estratégicos.

Dessa forma, torna-se essencial a utilização de uma metodologia de custeio que, além de fornecer as informações básicas a respeito do comportamento dos custos, permita aos gestores ter conhecimento de todos os recursos da empresa, medir a rentabilidade de seus produtos, buscar alternativas que visem a eliminação de desperdícios e a melhoria de seus processos, etc.

A proposta do ABC é exatamente de dar suporte à essa atividade gerencial, servindo não só como ferramenta de identificação e rateio de custos, mas principalmente, como instrumento eficaz de análise e de gestão estratégica, possibilitando aos responsáveis pela organização ter todo e qualquer tipo de informação necessária para a correta tomada de decisão.

2.1.1. Definições

O Activity Based Costing – ABC, segundo Ching (1995, p. 41):

... é um método de rastrear os custos de um negócio ou departamento para as atividades realizadas e de verificar como estas atividades estão relacionadas para a geração de receitas e consumos dos recursos. O ABC avalia o valor que cada atividade agrega para a performance do negócio ou departamento.

Ao fazer a abordagem do método, Martins (2003, p. 87) afirma que:

O Custeio Baseado em Atividades, conhecido como (ABC), é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos.

Já segundo Nakagawa (2001, p. 40):

Trata-se de uma metodologia desenvolvida para facilitar a análise estratégica de custos relacionados com as atividades que mais impactam o consumo de recursos de uma empresa.

Por sua vez, Oliveira (2000, p. 169) conceitua o método como:

Uma técnica de controle e alocação dos custos que permite: identificar as atividades e os processos existentes nos setores produtivos (...); identificar, analisar e controlar os custos envolvidos nessas atividades e processos; atribuir custos aos produtos, tendo como parâmetros a utilização dos direcionadores (ou geradores) de custos e de atividades.

Diante dessas exposições, observa-se que os autores não se contradizem quanto à definição do método. Há apenas um complemento dos conceitos e que, de uma maneira em geral, afirmam que o ABC está intimamente ligado ao custeio das atividades da empresa.

Dessa forma, o que se verifica é que o ABC analisa o comportamento dos custos por atividades. Ao estabelecer relações entre o consumo de recursos e as atividades da empresa, permite identificar onde e em que atividade há maior consumo de recursos e, conseqüentemente, maior custo.

2.1.2. Histórico

A metodologia de Custeio Baseado em Atividades ou, simplesmente ABC, de Activity-Based Costing, surgiu em conseqüência da necessidade das empresas de ter uma visão mais clara dos aspectos econômicos envolvidos nos processos da organização, já que a aleatoriedade dos sistemas convencionais passou a gerar grandes distorções devido ao aumento considerável dos custos indiretos de produção.

Conforme afirma Nakagawa (2001, p. 41) o custeio ABC já existe há muitos anos “segundo alguns autores, o ABC já era conhecido e usado por contadores em 1800 e início de 1900. Outros registros históricos mostram que o ABC já era bastante conhecido e usado na década dos anos 60".

Porém, mesmo com indícios do seu surgimento em épocas passadas, o método passou a ter maior relevância a partir da segunda metade da década de 80, através das pesquisas e dos trabalhos divulgados pelos professores

Robert S. Kaplan e Robin Cooper, da Harvard Business School, nos Estados Unidos.

No Brasil, as pesquisas sobre o ABC se desenvolveram a partir de 1989, através do professor Masayuki Nakagawa, do Departamento de Contabilidade e Ciências Atuarias da USP, que em uma de suas publicações afirma:

Apenas mais recentemente é que, () tendo em vista que para assegurar sua competitividade como garantia de sua própria sobrevivência, as empresas começaram a sentir necessidade de uma nova metodologia de análise de custos, dando origem ao grande interesse que desperta atualmente o método de custeio baseado em

atividades ou ABC. (Nakagawa, 2001, p. 38)

Nesses últimos anos, o método tem sido bastante estudado por muitos autores, porém, não objetivando a substituição dos métodos de custeio tradicionais e sim, preencher as lacunas deixadas pela ineficiência desses sistemas nos processos de gestão de custos, tanto em ambientes de manufatura como nas prestadoras de serviços, o que vem firmando o ABC como uma ferramenta de custeio sólida e coerente para as empresas modernas.

2.1.3. As versões do ABC

Desde sua criação, o ABC vem apresentando algumas modificações em sua estrutura de modo a acompanhar a evolução do ambiente empresarial.

À medida que evoluía na tentativa de superar suas limitações, uma nova versão do ABC era concebida, a fim de atender adequadamente às necessidades da empresa e proporcionar uma maior precisão das informações por ele geradas. Segundo Nakagawa (2001, p. 68) “há basicamente duas versões para o modelo conceitual do ABC”.

A principal preocupação da primeira geração do ABC era de proporcionar maior exatidão no custeio dos produtos objetivando uma melhor avaliação dos estoques, através da definição de novas bases de alocação de

custos que possibilitem uma melhor apropriação do consumo de recursos às atividades. Porém, o método estava limitado à função de custear produtos e, por ser incapaz de fornecer informações que permitam uma análise mais detalhada do desempenho da organização ou até mesmo, a identificação das oportunidades de melhoria, acabava por dificultar o processo de gestão empresarial.

Essa limitação desencadeou o desenvolvimento da segunda versão do ABC capaz de fornecer informações precisas sobre o comportamento dos custos e o desempenho da organização.

A verificação de que a análise individual das atividades poderia torna-se uma rica fonte de informação sobre o desenvolvimento do trabalho e sobre a dinâmica dos custos, levou ao surgimento da segunda geração do ABC. O controle das atividades passa a ser, então, uma etapa significativa da gestão dos negócios e da

percepção do comportamento dos custos. (Costa, 1999, p. 48)

A segunda geração oferecia condições de analisar os custos sob dois aspectos: o econômico e de custeio, e o de aperfeiçoamento do processo, ambos definidos por Nakagawa (2001, p. 69):

Visão econômica de custeio, que constitui a parte vertical do modelo e reflete basicamente as mesmas necessidades que já vinham sendo atendidas pela primeira versão do ABC.

Visão de aperfeiçoamento de processos, que constitui a parte horizontal do modelo e reflete basicamente todas as categorias de informações não contempladas pela primeira versão do ABC, ou seja, aquelas relacionadas com os eventos, que não influenciam as atividades propriamente ditas e seus desempenhos.

Assim, tornou-se possível identificar os índices de rentabilidade da organização, gerenciar recursos e atividades, além de outras informações significativas que permitam o aumento da lucratividade e o aperfeiçoamento do processo de decisão estratégica, inclusive para as empresas de serviços.

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