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2.3 A Ciência da Informação

2.3.3 A comunicação da pesquisa e o periódico na área da Educação

O problema da comunicação dos resultados de pesquisas, na área da Educação, tem sido objeto de debates e estudos por parte de muitos pesquisadores da área no Brasil. FÁVERO acentua que o debate sobre o problema da comunicação dos resultados de pesquisas na área educacional não vêm merecendo maiores atenções na literatura pertinente e na agenda das reuniões científicas (apud FREITAS, 1990)29.

29 FREITAS (1990) cita, dentre outros, autores e trabalhos relacionados ao problema: Inep- Anais do Seminário

Latino-Americano de Institutos de Pesquisa em Educação, 1988; ROSEMBERG (apud GATTI, 1982); FAVERO., 1987; GANDINI, Raquel C. P. Produtividade e autonomia na pesquisa em Ciências Humanas e em Educação. Educação e sociedade, v.33, p.141-57, Agô, 1989.; CARDOSO, Míriam Limoeiro. Desafios exigências e limitações do trabalho científico; uma perspectiva epistemológica. In: Seminário A Pesquisa Educacional no Brasil e na América Latina: tendências e perspectivas. UnB/Fac. de Educação, 17-21, Nov. 1986. [Relatório 193p. mimeogr.].

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GOERGEN (1985, apud FREITAS, 1990), ancorado no pressuposto do papel social da Universidade, advoga a necessidade de maior socialização dos resultados da Pesquisa Educacional.

Nesse sentido, ressalta-se o problema da divulgação dos resultados de pesquisas, assinalando o caráter social das publicações, enquanto registro escrito do que é produzido cientificamente no campo da Educação, havendo denúncias da ausência da divulgação adequada dos resultados dessas pesquisas, tanto no meio universitário, quanto junto a outros segmentos da comunidade: entre professores e alunos dos diversos níveis de ensino, entre membros da sociedade em geral.

Goergen qualifica de “inúteis” as pesquisas cujos resultados não são de alguma forma divulgados. A publicação, continua o autor (apud FREITAS, 1990), seria a forma de se prestar contas dos trabalhos de pesquisas e de permitir que possam ser julgados, criticados, corrigidos e usados.

O mesmo autor enumera alguns impedimentos à difusão das pesquisas educacionais, classificando-os em três ordens de fatores intervenientes: a) os de natureza substantiva, inerentes à própria pesquisa, sua qualidade e criatividade; b) os de responsabilidade social do pesquisador a que se associa o descompromisso em colocar tais resultados à disposição dos interessados; c) os relacionados à precariedade dos meios de divulgação, falta de recursos e órgãos de difusão, além das políticas editoriais desse órgãos.

FREITAS (1990), em seus trabalhos de mapeamento da produção científica, no campo educacional, dos quais algumas idéias foram transcritas em parágrafos anteriores desta tese, admite que os estudos, tomando por base as publicações, podem significar um meio adequado de se conhecer a realidade institucional da pesquisa, considerando-se ainda que a publicação de seus resultados permite ao público a aferição da relevância social da tarefa empreendida.

A seguir, algumas informações sobre o periódico e sua importância na comunicação de pesquisas educacionais:

As tentativas de caracterização do que seja um periódico da área de Educação depararam-se com muitas dificuldades, especialmente considerando-se a fluidez do universo da própria Educação como área de conhecimento.30

Como já foi dito, a utilização do periódico como fonte para o estudo de uma área de conhecimento tem sido fundamentada no fato de que, o periódico tem sido veículo privilegiado de comunicação de conhecimentos e informações, embora com os avanços tecnológicos, o formato tradicional do periódico esteja sendo questionado pelas novas formas de suportes eletrônicos disponíveis.

Entretanto, nos países onde o desenvolvimento científico ainda não atingiu níveis mais adiantados, constata-se um dilema entre os pesquisadores, especialmente das áreas de Ciências Humanas, quanto a publicarem seus artigos em periódicos nacionais de seus próprios países ou em periódicos de países mais adiantados; nesse caso constata-se o impasse de que nenhuma das duas soluções garante sucesso em comunicação e transferência de informação.

Se por um lado os periódicos nacionais são irregulares, descontínuos, ausentes de serviços secundários e de difícil acesso, no conjunto das regiões geográficas do País, no caso dos periódicos estrangeiros, o acesso às matérias publicadas pelo público-alvo, seria ainda mais dificultado. Os artigos, eventualmente publicados em fontes estrangeiras, correriam o risco de permanecerem restritos ao conhecimento de uma pequena parcela de pesquisadores, devido às dificuldades de acesso aos mesmos, via serviços secundários, pelas razões já expostas ou por limitação linguística.

Além desse dilema - publicar em fontes nacionais ou estrangeiras há indícios de que, na área da Educação, as preferências por parte dos pesquisadores, quanto a fontes para publicações de seus resultados de pesquisas, costumam tender para a

30 ver AMADO, Tina; FÁVERO, Osmar; GARCIA, Walter. Para uma avaliação dos periódicos brasileiros

de educação. In: Reunião Anual da ANPEd; Documento para Avaliação e Perspectiva, 1993. p.201- 215 e

NERI, Lídia Alvarenga; ALVARADO, Rubén Urbizagástegui. Lista básica de publicações periódicas brasileiras na área da educação; um estudo bibliométrico para a nova fase da Bibliografia Brasileira de Educação- BBE. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.44, ,p.81-9, fev., 1983.

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transformação em livros, seus textos de relatórios de pesquisas e teses; neste caso, haveria que se empreender uma pesquisa para se comprovar essa tendência.

Não somente no Brasil, parece haver diversidade, entre os pesquisadores das diversas áreas de conhecimento, quanto às preferências de uso do periódico como veículo de comunicação. No caso nacional especificamente, existem problemas de acesso ao conhecimento veiculado por essa fonte, não somente pela irregularidade na publicação dos fascículos, como pelas dificuldades enfrentadas pelas bibliotecas na manutenção de seus acervos e ainda, especialmente, pelo sistema de distribuição do periódico, não havendo garantia para o pesquisador de que o seu trabalho terá realmente a divulgação no tempo desejado e nem de que possa ficar informado dos novos conhecimentos gerados por seus pares.

Também merece ser lembrado que a comunicação é dependente das diferentes categorias de públicos que compõem as diversas áreas de conhecimento. NERI (1984)31, a partir da identificação de alguns segmentos de especialistas da área da Educação, constata diversidade entre as preferências por títulos de periódicos desejados para a atualização pessoal e profissional dos respectivos grupos. Assim as preferências se manifestam diferentemente para os diferentes segmentos de especialistas que compõem a área da Educação: Professores do Primeiro Grau, Professores do segundo Grau; Professores da Universidade; Especialistas em Educação; Administradores da Educação e Pesquisadores.

Estudo desenvolvido, na França, por Emmanuel FRAISSE (1995), sobre hábitos de leitura e uso de bibliotecas por Professores Universitários, aponta para a existência de diferentes padrões de comportamento, por áreas de conhecimento, e para o fato de que, nos primeiros períodos da universidade, os alunos tendem a utilizar com mais frequência os livros que os periódicos.

Pesquisas poderiam ser empreendidas para se verificar não somente as preferências de fontes pelos usuários, como pelos produtores de conhecimentos na área da

31 Dissertação de Mestrado (UFRJ - Escola de Comunicação/IBICT), desenvolvida com o objetivo de se

levantar núcleos significativos de periódicos na área de Educação, visando-se a uma possível aplicação nos processos de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação bibliográfica em Educação.

Educação. Há indícios de que os livros e as monografias apresentadas em congressos, seminários e reuniões de sociedades científicas, (no caso ANPEd) sejam os suportes preferidos para a divulgação de resultados de pesquisas educacionais, no Brasil.

O escasso interesse e hábito de consultar periódicos é atribuído por CHIZZOTI (1993, p. 220) ao tipo de política de distribuição-circulação praticada no País e aos custos das publicações que tendem a distanciar “uma faixa de leitores das pesquisas e favorecem o hiato entre as pesquisas realizadas e os usuários possíveis [...]”.

Em um contexto mais amplo, VELLOSO (1992) ressalta o papel das dimensões sócio-políticas e sua interferência na eficácia das redes de informações em educação, não somente no Brasil mas em toda a América Latina. As estratégias de governo oscilando do neoliberalismo ao autoritarismo, ao contrário dos países desenvolvidos, não consideram, como preocupações centrais, setores como o educacional e o documental, situação que gera a inclusão, no rol dos excluídos dos benefícios do desenvolvimento, até mesmo o segmento mais esclarecido das sociedades, ou seja o grupo de pesquisadores dos países economicamente dominados.

Segundo CAMPOS & FÁVERO (1994 p. 13) o processo de disseminação de resultados de pesquisa, no País, atinge apenas um setor restrito de profissionais:

“Isso ocorre não só pelo fato de que nem todos os trabalhos são publicados em livros e periódicos de ampla circulação mas, também, pelo acesso desigual que profissionais de diferentes regiões e setores de atividades conseguem ter ao material produzido”.

Não obstante as referidas restrições, os autores constatam um aumento do número de títulos, coleções e de editoras novas, nas últimas décadas, e destacam, como espaços importantes na divulgação de informações e intercâmbio, os congressos e reuniões promovidos por instituições da área, tais como a ANPEd.32; as Conferências Brasileiras de Educação, encontros regionais e seminários temáticos, por iniciativa de organismos diversos, para divulgação de resultados de pesquisas; órgãos de divulgação organizados por outros espaços que se dedicam à área da Pesquisa em Educação, seja de âmbito científico geral,

32 Segundo os referidos autores foram recebidos para a reunião de 93, quase 400 trabalhos, tendo sido

selecionados, pela Comissão Científica e Grupos de Trabalho, cerca de 70% desse total.

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como a SBPC e de áreas específicas como as Ciências Sociais (ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais).