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Os conceitos de racionalidade e teoria, tais como foram considerados nesta tese, decorrem das reflexões empreendidas por autores cujos pensamentos se inserem na corrente crítica da Epistemologia, dentre os quais destacam-se Gaston Bachellard, Edgard Morin, Michel Foucault e Mário Bunge. Com exceção de Foucault e algumas incursões diretas ao pensamento de Morin, as contribuições desses autores, para a da Epistemologia Crítica foram contatadas indiretamente, via trabalhos do professor Hugo Zemelman9, autor que contribuiu com a maior parcela dos conhecimentos que permitiram as reflexões constantes da introdução a este Capítulo.

No mundo físico e social, os fenômenos se acham relacionados, articulados, constituindo parte específica de uma totalidade. Nesse sentido, o conceito de razão é bastante amplo e não se esgota simplesmente nas funções estritamente cognitivas, pois, dimensões como cultura e historicidade exigem uma razão mais complexa que compreenda um sujeito ativo, reativo, não-conformista, disposto a se colocar ante o desconhecido, o indeterminado, o novo, o insólito. O caráter oculto, passível de ser encontrado, além dos fatos e dados, deve ser incorporado na construção do conhecimento.

A postura do pesquisador aqui discutida, consiste no ato se situar ante a realidade, ao invés de simplesmente explicá-la, considerando-se que, para a sua explícitação racional, são necessárias distintas lógicas que incluem as não-explicativas que tendem a extrapolar a causalidade.

O que se tentará, nos primeiros parágrafos deste capítulo, é fazer uma sucinta comparação entre a estrutura dogmática da razão e a postura denominada por Hugo Zemelman de razão dinâmica, e que, por seus princípios, insere-se na corrente da Epistemologia Crítica. Excluído: autoresnos Excluído: passivel Excluído: aquí Excluído: se Excluído: principios

Por estrutura dogmática da razão entendem-se aqui as formas de racionalidade dedutiva, através das quais é produzido um conhecimento científico, tais como a corrente do empiricismo lógico que tem, como ponto de partida para a pesquisa, uma teoria já consagrada, pela comunidade científica, e que se baseia na prova do comportamento dos dados em relação aos enunciados dessa mesma teoria.

Enquanto a corrente do empiricismo lógico e as que de certa forma lhe seguem, com algumas nuances e especificidades, reflete uma determinação do real, sem incorporar seu devenir, a razão dinâmica compreenderia um ato imaginativo e de invenção, incluindo uma relação gnosiológica, a partir do indeterminado.10

Essa forma de pensar transcenderia os limites das funções cognitivas, característica que se expressa pelas implicações do ato de apreensão da realidade e no processo, posterior, de conceituação do conhecimento, quando nele se incluem elementos que são subjetivos, próprios da vontade, da intuição, da ação do pesquisador. O conceito de realidade é transformado: ao invés de ser esta objeto de consciência cognitiva se converte em objeto de consciência gnosiológica, que pode reconhecer realidades não necessariamente teorizáveis ( v.2, p.78).

Advogando um tipo de racionalidade orientada a contrapor a tendência a reificação, Zemelman considera factível a recuperação da função crítica da dialética, de maneira que se possa estimular formas de raciocinar que traspassem os limites do estabelecido e aceito, e que estejam além do dado e de qualquer verdade, valor ou dogma (v.2, p. 87).

O conceito de teoria é polissêmico, devido às diversas concepções do que seja uma teoria; quer entendida como sistema hipotético-dedutivo (com capacidade de explicação e previsão), ou como a apropriação racional da realidade, com a inclusão de mecanismos anteriores à função de explicação da teoria.

10 Nessa parte do Capítulo, em que se segue fundamentalmente o pensamento do Professor Hugo Zemelman,

publicado em seus dois livros, citados na Bibliografia desta tese, utilizar-se-ão apenas as indicações das páginas, entre parênteses, de onde foram extraídos excertos ou idéias originais, tendo-se omitido, por ficarem repetitivos e desnecessários no texto, os demais elementos das referências às mesmas obras do autor (nome e data de publicação), quando se tratar de referências expressas em uma mesma página.

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Partindo-se dessas duas concepções, as pesquisas teriam como objetivo, ou provar uma teoria preexistente ou se fundamentar em uma lógica da invenção ou do descobrimento, esta definida por uma estrutura peculiar de racionalidade que se basearia em uma abertura para o real, sem interferência "a priori" de qualquer teoria pré-determinada . A essência, na compreensão das duas possibilidades de procedimento, seria não confundir a relação com a realidade com a estrutura explicativa.

O conceito de teoria científica vem sendo trabalhado, diferentemente, por muitos autores. Há segmentos da comunidade científica, como os seguidores da linha popperiana, que vêem a teoria científica como um sistema hipotético-dedutivo, com capacidade de explicação e predição. Nesse sentido, qualquer estudo deveria partir de uma teoria já existente, desenvolvida com o intuito de explicar e teorizar sobre um faceta da realidade. Em primeiro lugar, viria a teoria, depois os fatos seriam levantados e interpretados, através do crivo dessa teoria.

Nessa linha de pensamento, HEGENBERG (1969) afirma serem as teorias constituídas de um conjunto de leis empíricas, apresentadas sob a forma de generalizações universais, passíveis de serem acrescidas de enunciados e termos teóricos não- observacionais. Fazer Ciência a partir de teorias implicaria na aceitação do método da dedução que, originando-se numa conjectura e baseando-se em um modelo de explicação, constituir-se-iam hipóteses, para serem submetidas ao processo de prova científica.

Entretanto, a corrente da Espistemologia Crítica, ao analisar o papel das considerações teórico-formais nas Ciências Sociais, chega à conclusão de que, nesse domínio, as teorias ortodoxas pouco ou nada interfeririam; é constatada uma pobreza de teorização nessa área de conhecimento, em virtude da própria natureza do objeto que releva o predomínio do agregado de proposições particulares e não teóricas. Poder-se-ia nesse sentido afirmar que os cientistas sociais são propensos a confiarem mais em sua própria intuição que nos prejuízos lógicos e filosóficos de uma teoria.

Para Hugo Zemelman, o pré-requisito mais importante no processo de racionalidade seria a conceituação da realidade. Se a realidade é sujeita a mudanças

Excluído: baseiaria

Excluído: pemnsamento

Excluído: passiveis

constantes, uma categoria abrangente deveria subjazer ao trabalho de pesquisa - a potencialidade do real - devido à riqueza e à multiplicidade de facetas passíveis de serem apresentadas por essa mesma realidade. Em todo o processo de observação da realidade há sempre uma necessidade de se transcender seu conteúdo/objeto - a noção de realidade inacabada.

Outra questão fundamental residiria na fase da problematização, que se constitui na crítica ao problema originário, a fim de transformá-lo em um campo aberto de objetos, a partir do qual se possa relacionar a estrutura teórica coerente capaz de refletir a riqueza que implica essa fase. Busca-se uma problematização que recupere a historicidade do conhecimento, a partir de sua construção e segundo um uso crítico da acumulação. Que a problematização não seja o questionamento do dado, a partir de teorias ou disciplinas mas, a partir da exigência epistemológica definida por uma reconstrução articulada da realidade que permita definir as opções teóricas possíveis. Outra postura desejável seria a de se duvidar do dado, enquanto conformador de um conteúdo teorizável .

A crítica que se processa na fase da problematização resume-se em um questionamento das formas teóricas fechadas, já cristalizadas, adotadas tanto pelo discurso científico tradicional, como pela necessidade de verdades para a produção econômica e para o poder político, verdades essas veiculadas pelos mecanismos de circulação do conhecimento, dentre os quais se destacam os aparatos da educação e dos sistemas institucionalizados de informações.

Na problematização, “os universos de observação devem consistir primeiramente de uma reconstrução articulada do real para, em seguida, poder converter-se em pontos de partida de uma racionalidade explicativa”. Antes de conhecer, deve-se construir a relação com a realidade, com a apreensão de todas as suas nuances. O ponto de partida seria o desenvolvimento da função gnosiológica da intuição, aplicada ao problema, ao objeto a ser estudado, e não o reflexo estrito de uma projeção teórica (v.2, p. 147).

A unidade conceitual e a homogeneidade semântica requeridas pelo sistema hipotético-dedutivo do racionalismo empírico e de outras correntes de pensamento

epistemológico, não poderiam dar conta da potencialidade da realidade, cujos dados já nascem marcados pelo signo da subjetividade. A apropriação racional da realidade inclui mecanismos anteriores à função de explicação da teoria, havendo todo um processo de captação da realidade que se abre a uma quase ilimitada possibilidade de entendimento ou conceituação.

Outro ponto importante para a aplicação dos conceitos teóricos, tais como estão sendo discutidos neste Capítulo, seria o que se refere à objetividade científica. Do ponto de vista da Epistemologia Crítica, os problemas manifestam sua objetividade, em diferentes planos (cognitivos/empiricistas e gnosiológicos) e se transformam em objetos, quando a articulação desses planos se processa.

Segundo VITA, (1965, p. 91), o vocábulo gnosiologia, cujo sinônimo perfeito é teoria do conhecimento, é aplicado para “definir aquela parte importante da filosofia que trata da teoria do conhecimento, isto é, da origem, da natureza, do valor e dos limites de nossa faculdade de conhecer”.

Nas culturas anglo-saxônicas, segundo o mesmo autor, os termos gnosiologia e epistemologia são utilizados como sinônimos, devido ao fato de se encontrar o primeiro em desuso11. Nos círculos filosóficos latinos, a diferenciação entre ambos os termos pode ser caracterizada pelo seguinte: a gnosiologia seria o nome genérico para todas as investigações filosóficas relativas ao conhecimento, constituindo-se no campo da teoria do conhecimento e a epistemologia se referiria ao estudo dos saberes científicos particulares, ou seja dos campos específicos de conhecimento.

Voltando-se às reflexões sobre o uso da teoria, fundamentando-se basicamente no pensamento de Hugo Zemelman, afirma-se que: constituído o chamado campo de objetos a teoria seria utilizada como instrumento racional, ao invés de ser um sistema explicativo. As teorias originais ver-se-iam, desse modo, enriquecidas, ajustadas, modificadas pela nova apreensão da realidade, constituindo-se em função de sua relação com

11 A edição consultada do livro de Washington Vita é datada de 1965. Também não se encontrou em dicionário geral

da língua inglesa o termo gnosiologia (MICHAELIS, 19.ed. 1976 ). É possível que o desuso do termo se tenha dado pela exclusão da Filosofia do plano dos questionamentos ditos científicos.

a apropriação do real. Em síntese, as consequências de um problema deveriam ser discutidas à luz de teorias e não deduzidas delas.

Concorda-se com Pierre Bourdieu, quando o autor afirma que o que se propõe é a necessidade de distanciar-se da tradição que se atém à lógica da prova, e, diferentemente, penetrar nos "arcanos da invenção". Trata-se de colocar a lógica da descoberta em oposição a lógica da prova (BOURDIEU apud ZEMELMAN, 1992 v.2, p. 158).

Sobre a relação sujeito-objeto, que no caso do empirismo lógico é definida como o distanciamento entre dados e o sujeito observador, caracterizando um dos postulados desse processo de se fazer ciência, que é o principio da objetividade científica, há uma diferente visão, do ponto de vista do tipo de racionalidade proposto. A objetividade científica não deve ser considerada a reprodução fiel da realidade através dos fatos e dados dela extraídos mas, a observância às características dos objetos construídos, a partir da problematização que parte dessa mesma realidade.

Edgard Morin assim se expressa, em relação à objetividade científica clássica:

"A objetividade é o resultado de um processo critico, desenvolvido por uma comunidade/sociedade científica que joga um jogo do qual se assume plenamente a regra. Ela é produzida pelo consenso” (MORIN, 1990, p. 41).

Também aceita, esse autor, o fato de que não existe fato puro e a atividade científica consiste em uma operação de seleção de fatos: eliminação daqueles que não são pertinentes, interessantes, quantificáveis, julgados contingentes. "O dispositivo experimental", continua Morin, "é, ao extremo, a seleção de um certo número de dados" (MORIN; 1990, p. 41).

Segundo Zemelman, problematizar a relação com a realidade, com vistas a uma possível objetivação, supõe o rompimento com as determinações teóricas, sem importar se estas sejam verdadeiras ou falsas. Citando Pierre Bourdieu, Zemelman afirma que a relação com o objeto "nunca é de puro conhecimento, pois, os dados se apresentam como

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configurações vivas, singulares, em uma palavra, demasiadamente humanos, e tendem a impor-se (ao investigador) como estrutura de objetos".

Afirma ainda Zemelman:

“A realidade constitui um todo no tempo: como todo, inclui o dado e o por dar-se é portanto, um processo que se desenvolve constantemente; alcança sua objetividade na configuração do dado e do por dar-se, isto é, no dando-se. Por isso, o devenir [futuro] da realidade cumpre a esse respeito a função de exigência de objetividade pois, ao abrir o dado a uma virtualidade, conduz gnosiológicamente à pretensão de incluir aquilo que escape aos limites estabelecidos" (v.2, p.100).

O pensar categorial, proposto pelo principio da razão dinâmica, compreenderia a necessidade de complexizar a relação do sujeito com a realidade, ampliando os espaços que fazem possível a racionalidade gnosiológica. Expandir-se-iam, assim, as possibilidades de apreensão da realidade. O conceito de racionalidade aberta partiria da não- fragmentação, supondo uma estrutura lógica de apropriação que subordina a explicação ao campo de possibilidades, cujas dimensões da realidade não se expressam, simplesmente, nas linguagens analítico-formais, tornando-se necessário, nesse sentido, a conjugação das dimensões cognitiva e gnosiológica, na construção do conhecimento.

No contexto das premissas teóricas, a relação de conhecimento com a realidade serve para organizar a abertura de conteúdo, enquanto no contexto da invenção é definido por uma estrutura de racionalidade e não por uma teoria (p.158). “O problema fundante seria não se limitar a aplicar uma teoria a um problema determinado pela mesma teoria mas, resolver qual teoria é pertinente para o problema, o que obriga a subordinar a elaboração teórica a uma exigência prévia de objetivação” (v.2, p.160 ).

Em síntese, segundo o pensamento de Hugo Zimelman, o uso crítico da teoria propõe as seguintes dicotomias na construção de conhecimento: em lugar de uma explicação hipotético-dedutiva o uso do raciocínio crítico apreensivo; no lugar da acumulação teórica, a exigência de especificidade (reconstrução dos contextos); ao invés da exigência de correspondência com a realidade, ou prova - o uso da lógica de construção do objeto (apropriação do real); ao invés de se partir do dado ou o produto cristalizado

Excluído: humanos,e

reconstruível - o raciocinar diante do potencial (abertura ao indeterminado, o dado acrescido do dando-se) (v.2, p.172-3).

Deve-se atentar para o fato de ao invés de se organizar o raciocínio frente a uma realidade que está em constante mudança, a partir de conceitos e teorias já definidas, é mais pertinente organizar o raciocínio em termos de categorias, propostas pela teoria especial de conhecimento - a “teoria das categorias”12.

É necessário romper com o condicionamento teórico, reconhecer o não- determinado teoricamente, ou seja pensar o inédito, o desconhecido. A afirmação de Gaston Bachellard de que o desafio da ciência "é por nomes a coisas que não têm nome e não por nomes velhos a coisas novas" ilustra a necessidade de se superar a prática reducionista da Ciência de se restringir ao conhecido, ao determinado, descartando-se o indeterminado - o que faz o conhecimento se comportar de forma absolutamente circular: reduzir a realidade desconhecida ao que se conhece da realidade.

O pensamento de Zemelman permitiu reflexões sobre alguns princípios que norteiam as reflexões sobre a produção do conhecimento, e que servirão de base para a construção das categorias de análise previstas nesta tese13.

A escolha de conceitos e princípios, que nortearam o desenvolvimento da presente tese, pautou-se em reflexões e pesquisas bibliográficas dispersas, sobre o objeto de estudo, reflexões que fizeram emergir pensamentos e teorias, oriundos de variados campos do conhecimento, circunscritos ao estudo de problemas semelhantes ou relacionados à problemática/objeto de pesquisa e que pudessem contribuir para a concepção geral do trabalho, a problematização, a construção do objeto, do método de trabalho e a análise dos dados. Foi descartado qualquer objetivo de provar ou refutar enunciados de leis, em função do comportamento do discurso analisado.

12 Estudo do conceito de categoria na teoria do conhecimento encontra-se em: HESSEN, Johannnes. Teoria

especial do conhecimento. In: Teoria do conhecimento. Tradução de Dr. Antônio Correia. 7ed. Coimbra, Portugal : Arménio Amado, 1980.

13 Item 3.2 do Capítulo 3.

Excluído: teóricamente

Seguir-se-ão discussões sobre temas diretamente relacionados a esta pesquisa, na seguinte ordem; a contribuição de Michel Foucault; citações, polifonia e intertextualidade; a Ciência da Informação e os estudos bibliométricos; a comunicação dos resultados de pesquisa; o periódico e o processo de comunicação; o periódico na área da Educação.

2. 2 O pensamento de Michel Foucault e suas relações com os estudos

bibliométricos

Por constituir-se em um método para a descrição da evolução de campos de conhecimento e por considerar o discurso, não sob o ponto de vista estrito da Epistemologia, que privilegia os requisitos de cientificidade, mas ao nível mais amplo dos saberes que independem do rótulo de Ciência, princípios e categorias de análise, constituintes da Arqueologia, proposta por Michel Foucault, apresentaram-se como instrumentos privilegiados, no intento de se escolher um referencial teórico-metodológico que concorresse para o desenvolvimento da presente pesquisa.

A caracterização de um conjunto de discurso pertinente a uma vertente específica do saber, como uma “formação discursiva”, tal como expressa Foucault, é reconhecida e amplamente aceita, por estudiosos da área da Análise de Discurso, e acha-se exaustivamente trabalhada no livro do autor intitulado "Arqueologia do Saber" (1969).

Entretanto, nem todas as teses defendidas, pelo autor, materializadas em conceitos teóricos, ou constantes dos trabalhos nos quais ele afirma ter aplicado o seu método arqueológico, tiveram a mesma aceitação por parte da comunidade de pesquisadores. Muitos são os trabalhos que contestaram, e ainda vêm contestando Foucault14, embora suas

14 Dentre esses trabalhos foram destacados: 1) DOMINGUES, Ivan. O grau zero do conhecimento; o problema

da fundamentação das Ciências Humanas. São Paulo : Loyola, 1991. Tese de Doutorado apresentada na Sorbonne, em que o autor contesta Foucault por homogeneizar em seu livro "Les mots et les choses" a fundamentação das epistemes das Ciência Humanas, na época clássica - Séculos XVI e XVII. Domingues discute diferentes formas de fundamentação, ou epistemes, tais como a essencialista, a fenomenalista e a

Excluído: pesquia Excluído: principios Excluído: indubitávelmente Excluído: rautora Excluído: epistemes"das Excluído: classica

reflexões, quer sejam as de ordem teórico-metodológicas ou as referentes aos conteúdos informativos e interpretativos sobre as realidades que se propôs estudar, à luz de suas teorias, atribuem ao autor grande erudição, profundidade e originalidade. Também ressalta-se da intensa atividade do pensador, uma inesgotável capacidade de se situar, de maneira dinâmica, diante dos fenômenos da realidade em observação.

Sintetizando, pode-se afirmar que a atuação do autor, em seu trabalho de produção de novos conhecimentos, permitiu o enriquecimento de diferentes áreas do saber e a apresentação de propostas de teorias críticas, especialmente nos campos da Epistemologia e da História dos Saberes, campos cujos contornos clássicos foram questionados, pelo referido autor. É inegável que Foucault tenha legado à humanidade verdadeiros paradigmas para os estudos de questões teóricas e práticas pertinentes a inúmeros objetos e recortes disciplinares do saber universal.

Aderindo-se a pensamentos específicos do grupo de historiadores da chamada "École des Annales", surgido como movimento antagônico à historiografia tradicional, no final dos anos 20 e começo dos 30, na França, Michel Foucault, não se considerando filósofo ou historiador, concebe a Arqueologia como uma proposta de trabalho diferente da Epistemologia e da História das Ciências.

No livro Arqueologia do Saber, Foucault tem como objetivo sistematizar as