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A política de Pós-Graduação no Brasil foi concebida como uma solução para um dos mais importantes itens detectados pelas discussões sobre as carências do ensino superior no País - a necessidade da efetiva introdução da pesquisa na universidade.

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As discussões, no País, sobre a importância da pesquisa na Universidade remontam ao final do Século XIX e começo do Século XX, quando emigrantes estrangeiros vieram para a América Latina trabalhar em instituições públicas, afastadas do sistema universitário: os Observatórios Astronômicos, os Institutos de Geografia e Geologia, os Jardins Botânicos, os Museus de História Natural, as instituições de Saúde Pública e Controle Sanitário.

Como consequência da organização de grupos de pesquisadores formados no exterior, iniciou-se um processo de questionamento da universidade, da ciência e da pesquisa, no Brasil. O movimento antipositivista, em efervescência nos meios acadêmicos e culturais do País, nos dois decênios iniciais do Século XX, propiciou a criação da Academia Brasileira de Ciências, de onde partiram reivindicações por uma nova universidade. Outro fato marcante foi a criação da Associação Brasileira de Educação - ABE (1924) e a realização da I Conferência Nacional de Educação (1927), em Curitiba, na qual o cientista Amoroso Costa, antigo adversário do positivismo, Diretor da ABE, apresentou trabalho - intitulado As Universidades e a Pesquisa Científica- no qual o autor afirma, segundo PAIM (1982), não haver universidade digna desse nome, sem que seja aí desenvolvido o gosto pela pesquisa original.

A criação da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, prende-se ao desenvolvimento da Ciência pura, considerando-se que o ensino profissional já se julgava estar implantado no País.

Os anseios de se transformar a universidade em um instrumento hábil, para impulsionar a investigação científica, reacenderam-se com vigor no Movimento da Escola Nova (1932-3). Entretanto, o movimento mobilizador da intelectualidade e que defendia o ideal de universidade como instituição onde se praticasse a pesquisa científica, ao lado da formação profissional, não obteve ressonância, a nível federal, no Governo Vargas. Seus reflexos manifestaram-se, em âmbito estadual, com a criação da Faculdade de Ciências da Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro (universidade posteriormente extinta) e da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.

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Além dos já citados movimentos, realizados por segmentos das comunidades científica e acadêmica em prol da Reforma Universitária, merecem destaque os movimentos estudantis na América Latina, desencadeados a partir do exemplo do marcante movimento da Universidade de Córdoba, na Argentina, ocorrido em 1916, e de outros registrados, nos anos subsequentes, em vários países da região, todos colaborando para a queda do modelo de universidade implantado na América Latina, e constituindo-se em posicionamentos críticos sobre o papel da universidade, como instituição social peculiar.

Na origem do processo de institucionalização do sistema universitário brasileiro, podem ser identificados alguns entraves, considerados pelos estudiosos como bastante significativos: a forte influência positivista na cultura e no governo, nos períodos que antecedem à universidade e em seus primórdios, e o fato de não haver sido adotado no País, há mais tempo, o modelo de universidade que articula o ensino à pesquisa.

O princípio da pesquisa científica aliada ao ensino profissional, originou-se, na Alemanha do Século XIX, tendo como referência o modelo de universidade criado por Humboldt, seguido com algumas modificações pelos Estados Unidos. Embora, no começo do século, já se falasse no País da importação do modelo alemão, somente com a Reforma Universitária, nos moldes em que foi concretizada, foram adotadas para a universidade brasileira algumas de suas características.

A principal causa detectada pelos estudiosos, para explicar o atraso da introdução da pesquisa no Ensino Superior do País, foi atribuída ao fato de haver sido a universidade brasileira fundada, com base no modelo francês denominado napoleônico, caracterizado especialmente pela dissociação entre o ensino e a pesquisa, ficando esta sob a responsabilidade de outras instituições não-universitárias. São também características do modelo francês de universidade o ensino profissionalizante, a autoridade estatal sobre o ensino e a atribuição à universidade da dupla tarefa de formar quadros administrativos e de supervisionar a educação, nos níveis escolares inferiores (BRUNNER, 1991).

A indissolubilidade entre ensino e pesquisa foi, portanto, herança da universidade alemã, via Estados Unidos, embora discussões, ocorridas no Brasil,

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Excluído: Argentina Excluído: subseqüentes Excluído: napoleônico Excluído: Reporta-se ao processo de criação da universidade no Brasil, ao se tentar traçar a génese do desenvolvimento do sistema universitário brasileiro, detectando-se, na própria origem de seu processo de institucionalização Excluído: a existência de alguns Excluído: , Excluído: Excluído: brasileiros Excluído: a Excluído: na universidade. Excluído: i Excluído: i Excluído: ,

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anteriormente à Reforma Universitária, tentassem imprimir à universidade brasileira um cunho nacionalista que permitisse sua constituição como um agente dos desejados objetivos de independência e desenvolvimento autônomos. Educadores e governantes reconheciam a necessidade de um ensino inovador, voltado para a realidade nacional e regional, em contraposição à manutenção do ensino convencional repetitivo e pouco vinculado à pesquisa, típico das escolas profissionais.

Surgida num contexto sócio-institucional em que a maior preocupação do Governo Militar consistia, na verdade, na sustentação dos pressupostos doutrinário- ideológicos que respaldavam sua ação, fundamentados no impulso ao crescimento econômico, e indiretamente na manutenção dos militares no poder, a Reforma Universitária se constituiu em mais um produto do planejamento governamental de então, obviamente implementada, devido às condições excepcionais de um governo autoritário, totalmente livre para planejar arbitrariamente e cumprir suas metas. O ideal de pesquisa cientifica na universidade foi tomado como elemento de propulsão desse suposto desenvolvimentismo e colocado em posição de destaque nos planos e nos orçamentos do governo.

As instituições já se modificavam pressionadas pelas discussões sobre as necessidades da realidade do País e, paralelamente, começou a ser insistentemente requerido um novo locus gerador de conhecimento que refletisse essa realidade, em sua especificidade, e que se apresentasse dentro dos padrões universais aceitáveis de qualidade.

HUIDOBRO (1988) reconhece características básicas da "agenda educacional", na década em que foi implantada a Pós-Graduação: 1) a expansão da cobertura da educação; 2) a rentabilidade da educação; 3) o planejamento de recursos humanos que se vincula ao planejamento da economia, na ilusão de um crescimento econômico sustentado e tecnicamente programado; 4) a formação de quadros para as universidades, para o funcionamento dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação.

As principais razões que teriam levado ao estabelecimento de uma política específica de Pós-Graduação, segundo NUNES (apud PEIXOTO, 1994), seriam devidas às críticas que foram feitas à insuficiência da graduação, frente às necessidades supostamente

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Excluído: Como já discutido, a implantação da Pós-Graduação, em 1968, pode ser considerada uma ruptura no processo de institucionalização da Pesquisa Educacional no País, ocorrido em função de premência de necessidades detectadas, nos períodos que a antecedem, tais como: necessidade urgente de titulação de Docentes para a Universidade; necessidade de atualização e melhor capacitação desses Docentes; resposta às pressões e exigências do Estatuto do Magistério Superior (1968) que condicionava a permanência nos cargos dos Professores que fossem portadores de títulos acadêmicos. ¶ Excluído: ram Excluído: " Excluído: s Excluído: " Excluído: confiabilidade e Excluído: no caso do Brasil, o autor acrescenta um quarto pilar que se refere à

requeridas, pelo modelo econômico.4 O Estado, nesse sentido, mostrava-se preocupado com a necessidade de sistematizar a Pós-Graduação, para atender ao contexto sócio-econômico do País, e com a necessidade de disciplinar o crescimento desse nível de ensino, para evitar que ele viesse a se massificar, tal como se supunha haver ocorrido com a graduação.

Como se vê, os motivos principais da institucionalização da Pós-Graduação, pelos militares, não decorrem essencialmente da implementação e desenvolvimento da pesquisa em si, no País, mas, subjacentes a todos os atos nesse sentido, encontra-se a finalidade de atendimento a supostos interesses ideológicos do Estado, de sustentação da bandeira do desenvolvimento econômico.

Mesmo desviada dos seus objetivos originais, segundo PEIXOTO (1994), a institucionalização da Pós-Graduação teria tido como consequência a democratização de oportunidades de formação do pesquisador, ao propiciar oportunidades para que indivíduos, provenientes de Cursos de Graduação onde não houvesse uma estrutura de pesquisa, vinculassem-se a instituições, nas quais pudessem ser treinados e orientados para a pesquisa.

Qualquer que seja a leitura e interpretação que se faça, de todo o processo de sua institucionalização, a expansão dos Cursos de Pós-Graduação no País foi muito intensa. Após a implementação da legislação governamental em 1969, existiam 88 cursos regulares; em 1979, esses somavam 571. Até 1975 foram titulados cerca de 2000 mestres e pouco menos de 150 doutores (PEIXOTO, 1994, p.87)5.

A formação em Pós-Graduação foi intensificada, em meados da década de 70, ao se consolidar o planejamento em Ciência e Tecnologia, por meio de planos

4 Para maiores esclarecimentos sobre esses pontos, PEIXOTO (1994) faz referência aos documentos: Parecer 977/65 do CFE que estabelece os parâmetros da estruturação da Pós-Graduação no País, e o Relatório do Grupo de Trabalho da Reforma Universitária.

5 Um panorama do desenvolvimento institucional da pesquisa e da pós-graduação, nas diversas áreas das Ciências Humanas e Sociais, pode ser encontrado no trabalho de PEIXOTO (1994), às páginas 133-140. Quanto a outros campos de conhecimento, p.129-132.

específicos6 que se destinavam a atingir diretamente a formação de pessoal qualificado de alto nível.

O Relatório da Secretaria de Ciência e Tecnologia, assim se refere ao início da expansão da pós-graduação no Brasil:

“O Sistema Nacional de Pós-Graduação, por sua vez, vem, desde a década de 70, ampliando-se de modo sustentado, quer seja no número de cursos como na diversidade das especializações. Tomando-se como referência o I PNPG de 1975, o número de cursos de mestrado passou de 490, neste ano para 955 cursos em 1990, e os de doutorado de 173 para 413 cursos, no mesmo período. Analogamente a sua produção acadêmica cresceu exponencialmente e a análise da sua produtividade revela uma redução dos tempos médios de titulação. Tudo isso motivado, em grande parte, pela crescente oferta de bolsas”. (A POLÍTICA..., 1991, p. 22).

Ratificando afirmação anterior, cumpre ressaltar que os governos militares utilizaram, com ênfase, o planejamento, como forma de controle social, e que, segundo Octavio Ianni (apud PEIXOTO, 1994), esse importante instrumento administrativo destinou-se, nesse contexto, à transformação ou consolidação de uma dada estrutura econômico-social, implicando na transformação ou consolidação de uma dada estrutura de poder.