• Nenhum resultado encontrado

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.5 A Comunicação Interna Organizacional na era da tecnologia

Cada vez mais a sociedade sente a necessidade de produzir conhecimento, e esse crescimento fez com que os meios de transferências de informações aumentassem, com o desenvolvimento de tecnologias que não apenas facilitam, mas que aceleram a disseminação da informação, de modo que os participantes desse processo são, também, responsáveis pelo conteúdo das informações.

Para se compreender a comunicação organizacional como uma ferramenta estratégica dentro da instituição é necessário que se visualize a atual realidade, que é refletida pela diversidade de instrumentos disponíveis e também pelo seu público heterogêneo, que é exposto às informações de forma igualitária.

Essa inter-relação dos instrumentos e seus usuários influenciam nas rápidas mudanças que são observadas no atual cenário. São novas tecnologias virtuais que se instauram constantemente, criando um ciberespaço complexo capaz de levar seus usuários para todos os lugares, aproximando-os e isolando-os ao mesmo tempo em seu âmbito privado como também no institucional.

Desta forma, Cardoso (2006, p. 1127) relata que a realidade virtual aproxima pessoas de qualquer lugar do mundo. Porém, enfatiza que ao mesmo tempo em que aproxima pode também isolar os indivíduos da convivência, tanto no âmbito pessoal quanto profissional, podendo modificar relações de trabalho.

O novo cenário oferece a possibilidade de execução do processo de comunicação ser realizada não apenas por um especialista, mas, também, pela facilidade no acesso às ferramentas comunicacionais, pelos seus usuários, que são também produtores de informação e agentes de comunicação, executando um papel de articulador do processo comunicacional.

Este panorama da comunicação, mobilizador das informações produzidas e veiculadas, envolve diretamente o uso de ferramentas virtuais, que expõe não apenas a sociedade, mas as organizações públicas. Nesta visão contemporânea de produtores de informação, acompanhando a tendência mundial de interatividade por meio de ambientes virtuais, as organizações públicas buscam atualizações constantes, se adaptando às novas ferramentas de comunicação.

Desta forma, a comunicação se efetiva como uma ferramenta estratégica, pois permite, como articuladores, que os indivíduos em seu ambiente particular ou organizacional participem do processo de comunicação e, segundo Cardoso (2006, p. 1135) passam a “compartilhar ideias, comportamentos, atitudes e, acima de tudo, a cultura organizacional”. Ou seja, o processo tradicional de comunicação no qual se inicia no emissor que transmite a mensagem desejada para o receptor e tem sucesso quando a mensagem é compreendida no final, tem um novo panorama onde o processo, agora, tem início no receptor, que como co- criador e colaborador, sincroniza o conteúdo desejado, compartilhando, por meio de ferramentas adequadas, no momento propício, para a pessoa esperada.

É notório o aumento do uso de ferramentas virtuais, como as redes sociais, em organizações públicas, que além de aproximarem a organização da sociedade, são formas de “prestar atendimento e serviços públicos de forma mais ágil e transparente, em consonância com os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” (BRASIL, 2012, p. 3).

E para normatizar o uso de sistemas virtuais, em especial as redes sociais, o Departamento de Segurança da Informação e Comunicações do Brasil publicou a portaria nº 38, Norma Complementar nº 15/IN01/DSIC/ GSIPR, que estabelece diretrizes de Segurança da Informação e Comunicações para o uso das redes sociais, nos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta.

O uso de ferramentas virtuais tornou-se possível graças à existência do ciberespaço, que é o ambiente virtual que, segundo Silva (2014, p. 2), “envolve toda uma infraestrutura das redes de telecomunicações composta por cabos, fios, computadores assim como as informações e os seres humanos que fazem uso desta tecnologia”. A infraestrutura das redes de telecomunicações dá o suporte necessário para a existência do ciberespaço, que oferece via para o tráfego de informação, para os mais diversos usuários sem distinção de crenças, valores ou ideologia.

Ciberespaço foi utilizado para designar um ambiente artificial onde trafegam dados e relações sociais de forma indiscriminada. Para Gibson, ciberespaço é um espaço não físico no qual uma alucinação consensual pode ser experimentada diariamente pelos usuários. Já para Lévy, o ciberespaço é definido como o espaço de comunicação formado pela interconexão mundial dos computadores e das suas memórias. Constituindo-se num espaço virtual de trocas simbólicas entre pessoas poderão ser entendido como o espaço de troca de informação na cultura contemporânea. (SILVA, 2014, p. 2)

De acordo com Cardoso (2010, p. 1128), os canais de comunicações digitais estão assumindo os papéis dos canais tradicionais, que estão se tornando obsoletos, e cedendo lugar para a atual transição: do universo 3.0, era dos smartphones, para 4.0, era dos wearables e IoT (internet of things, internet das coisas, em português), com suas especificidades técnicas e o contexto cultural. Ao analisar as transformações midiáticas contemporâneas, Cruz (2018, p. 4) defende que “consumidores e produtores de informação não estão mais separados no processo comunicativo”, ao contrário, cooperam na construção de realidades. “A facilidade do uso tecnológico possibilita a entrada de novos comunicadores, ampliando a rede de informações e interconexões”.

Kosner (2012, p.1) afirma que estamos em um processo de mudanças no mundo digital, são tendências que influenciam na mudança da forma de consumir conteúdos digitais. Neste cenário observa-se a necessidade de encontrar formas eficientes para melhorar a comunicação, buscando motivar os servidores considerando que, mesmo ainda incipientes, as instituições de ensino superior, como a UFRN, já estão investindo nesse processo tecnológico com o uso de sistemas2, como “appificação” e “gamificação”3.

Segundo Cruz (2018, p. 3) a convergência midiática, as potencialidades das mídias móveis e os processos de “appificação” produziram uma aceleração na comunicação contemporânea. Assim, “as redes sociais na palma da mão a partir dos dispositivos móveis - permitem uma inigualável circulação de informações – nem sempre confiáveis – em movimentos difusos e/ou interconectados”.

Segundo Santos (2017, p. 15)4, considerando a atual tendência BOYD (Bring Your Device, traga seu próprio aparelho, em português) é observado o uso de dispositivos eletrônicos pessoais para realização de atividades profissionais, estimulando a organização na

2 VERAS (2017) apresenta os resultados alcançados pelo projeto de gamificação do LNC (Levantamento de Necessidades de Capacitação na UFRN), junto ao usuário e verificar como a gamificação e o Design podem ter contribuído com esses resultados.

3 CRUZ (2018) defende que a gamificação consiste nos processos do uso de arquitetura dos jogos em outros contextos informacionais que não os dos games. Consiste em um processo técnico interacional que permite maior participação dos usuários/produtores.

4 SANTOS (2017) apresenta um projeto de criação de protótipos de interfaces para aplicativos móveis buscando a melhoria das atividades da SINFO (Superintendência de Informática) da UFRN, engajando e motivando os servidores.

implantação de ferramentas, que demande melhorias em diversas áreas, entre elas: comunicação ou utilização da tecnologia para a apresentação de novas ideias.

Observamos a utilização da “appificação”, na UFRN, por meio da criação de aplicativos para dispositivos móveis que oferecem diversos serviços, como a programação do transporte circular, notas dos alunos, gerenciamento de livros das bibliotecas, segurança, horário, cardápio dos restaurantes universitários e outros aplicativos, disponibilizando plataformas que permitem acesso não apenas a conhecimentos, mas também serviços da UFRN. Em relação à “gamificação”, que utiliza elementos de jogos eletrônicos, podemos exemplificar nos banners eletrônicos apresentados no acesso aos sistemas de intranet, utilizados para campanhas de prevenção, educação e segurança ou mesmo para levantamento de necessidades de capacitação, realizados pela PROGESP (Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas) da UFRN (VERAS, 2017), ou mesmo, desenvolvimento de interfaces para aplicativos móveis para melhorar as atividades da SINFO (Superintendência de Informática) da UFRN (SANTOS, 2017) .

Assim, as redes virtuais estão cada vez mais sendo utilizadas e isso cria um panorama de velocidade na transmissão das informações, redução de custos, informações atualizadas, com repasses instantâneos. A sociedade passa por um ritmo acelerado de transformações, onde tudo se torna mais complexo, e as organizações, segundo Cardoso (2010, p. 1125) precisam encontrar meios de gestão para superar e acompanhar a competitividade.

Documentos relacionados