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DIDÁTICOS

No Brasil, desde a fundação do Colégio Pedro II, a disciplina História Natural ocupou um lugar especial no currículo das escolas secundárias, tomando espaço como um componente permanente em todas as reformas de ensino realizadas no século XIX e primeiras décadas do século XX (LORENZ, 1995). Entre o Império e os primeiros anos da República, houve uma forte influência do currículo do Colégio Pedro II nas escolas secundárias, equiparando os seus programas de ensino e utilizando os compêndios indicados (HAIDAR, 2008).

Até a década de 1950, a disciplina escolar Biologia era denominada de História Natural e composta por ramos científicos como Zoologia, Botânica, Mineralogia e Geologia (LORENZ, 1986). Essa mudança de nomenclatura também foi perceptível a partir da observação de alguns livros didáticos que surgiram na década de 1960 e que adotaram os aspectos modernos da Biologia acadêmica, como a Genética e a Teoria da Evolução. Dessa forma, assume-se aqui que os livros didáticos de História Natural/ Biologia também podem ser utilizados para descrever e compreender a trajetória histórica dessa disciplina escolar.

O interesse por utilizar os livros didáticos como fonte para analisar a história da disciplina escolar História Natural foi iniciado com pesquisas que estudaram compêndios publicados no século XIX. Lorenz (1986) fez ampla pesquisa sobre os livros didáticos adotados no Ensino de Ciências na escola secundária brasileira do século XIX, analisando os programas de ensino e os manuais adotados no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Como um dos resultados dessa pesquisa, Lorenz (1986) apresentou uma lista de livros didáticos de origem francesa escritos por destacados cientistas da época, evidenciando a influência estrangeira na história dessa disciplina escolar. Para os ramos da Zoologia e da Botânica, por exemplo, foram indicados os livros de Antoine Salacroux, médico francês e professor de História Natural do Liceu Saint-Louis, em Paris (LORENZ, 2010).

No início do século XX, com a exclusão do ensino religioso das escolas públicas pelo regime republicano, a Igreja Católica reagiu publicando seus próprios

livros didáticos como uma forma de resistência ativa (SAVIANI, 2013). Considerando esse contexto, Alves e Silveira (2009) realizaram uma pesquisa sobre a influência da Igreja Católica na produção de "Elementos de História Natural", livro didático produzido pela Ordem Marista, em Lyon (França), e destinado as suas escolas no Brasil, no início da década de 1920. Verificaram que o livro apresentou várias questões relacionadas à ciência, como a origem das espécies e a raça humana, mas sempre atreladas ao uso ideológico das explicações religiosas sobre o conceito de homem e da sua criação, uma pedagogia encarregada pela formação do "homem católico". A utilização desse livro fortaleceu o ideário das classes dominantes, contribuindo para a formação de um homem acrítico (ALVES; SILVEIRA, 2009).

A partir da década de 1920, com a massificação do ensino público e de um movimento educacional de cunho nacionalista orientando o currículo e a natureza dos conteúdos no ensino secundário, um conjunto de livros didáticos de Ciências Naturais foi escrito por autores brasileiros e introduzidos no Colégio Pedro II, iniciando uma paulatina substituição das obras francesas (LORENZ, 1995).

Uma dessas obras didáticas nacionais foi objeto de estudo de Santos (2017). Especificamente, foi conduzida uma pesquisa sobre as relações entre conhecimento escolar, livros didáticos e constituição da disciplina escolar História Natural na Escola Normal do Distrito Federal, nas décadas de 1920 e 1930, comparando duas edições do compêndio "Elementos de Botânica", de autoria de Carlos Leoni Werneck, formado em medicina e professor de História Natural. A pesquisa permitiu identificar características nacionalistas, marcas acadêmicas, processos de didatização do conhecimento escolar e uma produção que se aproximava do ideário reformista do período em estudo. Carlos Werneck era professor catedrático e, junto com o contexto de produção, o seu livro poderia ser uma versão autorizada do conhecimento escolar desse período (SANTOS, 2017).

Da mesma forma, reconhecendo os livros didáticos como uma versão autorizada, Spiguel (2013) também investigou a disciplina escolar História Natural/ Biologia. Utilizou como fonte principal a coleção didática "Curso Elementar de História Natural", publicada pela Companhia Editora Nacional, entre 1933 e 1935, e de autoria de Cândido Firmino de Mello Leitão (formado em medicina e professor de História Natural da Escola Normal do Distrito Federal). Utilizou também leis, decretos e programas relacionados ao período histórico em questão. A autora analisou

especificamente os conteúdos de Zoologia apresentados nessa coleção didática e percebeu que Mello Leitão fez de seus livros uma forma de defender o que considerava legítimo de ser ensinado, evidenciando a sua intenção de traçar novos caminhos para essa disciplina, contrariando a tradição memorística e defendendo uma metodologia mais prática e experimental. Mello Leitão utilizou seus livros para apresentar suas ideias sobre como se deve ensinar, evidenciando um controle sobre o currículo na busca por prestígio, recursos e espaços (SPIGUEL; SELLES, 2013).

Santos e Selles (2014a) investigaram a formação sócio-histórica dessa disciplina utilizando como fonte de pesquisa dois volumes do "Compêndio Brasileiro de Biologia", também de autoria de Cândido Firmino de Mello Leitão e publicados no início da década de 1940. Constataram que o autor dessa obra defendia um "paradigma biológico" (SANTOS, 2013), priorizando o estudo dos seres vivos e excluindo conteúdos de Mineralogia e Geologia. Mello Leitão escreveu livros didáticos não somente para defender esse paradigma, mas também para fazer parte de um grupo de intelectuais que pretendia tornar hegemônica a proposta de modernização pedagógica baseada no movimento da Escola Nova, ou seja, científica e experimental, inserindo-se em um projeto político de Estado (SANTOS; SELLES, 2014a).

Nessa mesma perspectiva, Santos e Selles (2014b) analisaram outros livros didáticos para o ensino secundário publicados na década de 1930 e de autoria de Waldemiro Potsch, professor do Colégio Pedro II, também formado em medicina. Nos três volumes da coleção "História Natural" foram priorizados os conteúdos de Zoologia e Botânica em relação à Mineralogia e Geologia, concedendo pouco destaque para a Biologia Geral. Foi possível observar que esses livros foram produzidos para atender as reformas do ensino secundário de 1931, permitindo relacionar os processos de seleção dos conteúdos a tradições que se estabilizaram no interior da disciplina escolar (SANTOS; SELLES, 2014b).

Santos (2013) também abordou a história da disciplina escolar História Natural no Brasil e a produção no período de 1931 a 1951, investigando o papel dos professores nas disputas e negociações realizadas no interior da comunidade disciplinar. Concluiu que os professores Cândido Firmino de Mello Leitão, da Escola Normal do Distrito Federal, e Waldemiro Potsch, do Colégio Pedro II, foram representantes de subgrupos na comunidade disciplinar e disputaram prestígio,

espaços e recursos, atuando nas políticas curriculares (SANTOS, 2013). O campo educacional na década de 1930 foi um período privilegiado de disputa de grupos de intelectuais imbuídos com os ideais da Escola Nova (CELESTE-FILHO, 2013). Nesse caso, intelectuais professores com formação em medicina e autores de livros didáticos.

Nessa década, houve uma renovação dos livros escolares no Brasil, muitas vezes revestida por um caráter de intervenção político cultural, legitimando autores e atribuindo valores a problemas e temas de determinadas áreas ou disciplinas componentes da educação (TOLEDO, 2013). Por exemplo, o livro "Biologia Educacional" do médico e professor Almeida Júnior, publicado em 1939, contribuiu para o entendimento da atuação dos professores médicos em relação às diferentes formas de organização dessa disciplina no espaço curricular das escolas normais paulistas, entre as décadas de 1930 e 1970 (VIVIANI, 2010).

[...] a atividade de Almeida Jr. na elaboração deste livro, na docência da disciplina e como organizador de programações oficiais influenciou a formação de gerações de professores primários e da disciplina em questão, atraindo a participação de colegas médicos e professores para trabalharam segundo propósitos semelhantes (VIVIANI, 2010, p. 87).

Nas primeiras décadas do século XX, o discurso médico-pedagógico nos planos de educação nacional apresentou uma forte influência, pois eram considerados portadores do saber científico (ABREU JUNIOR; CARVALHO, 2012). Corroborando com essa afirmação, a partir da análise de livros didáticos de Biologia Educacional e Ciências Naturais, Rocha (2008) destacou a possibilidade de existir no interior dessas disciplinas escolares uma possível passagem de um discurso eugênico explícito para um discurso mais implícito. Rocha (2008) tomou como fonte os manuais didáticos que serviram como discurso legitimado por autores médicos na formação de professores primários em Minas Gerais, entre 1946 e 1961. Destacou que Valdemar de Oliveira, autor de livros didáticos de Higiene, Ciências Naturais e História Natural, era um legítimo agente na produção de livros didáticos. Valdemar de Oliveira foi acusado de ignorar os conhecimentos da Genética, pois os seus livros afirmavam que atributos morais também poderiam ser determinados geneticamente, fortalecendo com isso as ideias eugênicas nas escolas (GIOPPO, 1996).

A influência dos livros didáticos e a sua relação com a trajetória de seus autores, formados em medicina e professores nos cursos secundários em instituições de prestígio, caracterizaram esses estudos para a primeira metade do século XX.

Entretanto, no Brasil, entre o final da década de 1950 e o início de 1960, houve um movimento de renovação do ensino de ciências marcado principalmente pela adaptação e introdução de projetos norte-americanos, provocando mudanças na disciplina História Natural. Esse currículo estadunidense estava ligado não somente à educação científica, mas também com a manutenção de uma estrutura político-econômica hegemônica dos países capitalistas (SIQUEIRA, 2004).

Pesquisando esse cenário de renovação entre os anos de 1950 e 1970, Torres (2011) estudou o desenvolvimento histórico da disciplina escolar Biologia. Entre as várias fontes de informações para a pesquisa, utilizou a análise de duas edições do "Compêndio de Biologia Geral" publicadas entre as décadas de 1960 e 1970. Os autores, Waldemiro Potsch e Paulo Potsch, foram professores do Colégio Pedro II e se destacaram na trajetória da Biologia escolar nessa instituição. A análise permitiu observar três aspectos: i) confronto entre formas de pensamento no interior da comunidade disciplinar, ii) aspectos inovadores ligados ao ideário renovador do ensino de ciências, como o ensino experimental, e iii) as seleções curriculares que constituíram a disciplina, prestigiando, apagando e garantido determinados conteúdos (TORRES, 2011). A análise comparativa das duas edições do "Compêndio de Biologia Geral" permitiu associar o ensino de ecologia a perspectivas utilitárias, revelando tensionamentos entre a nova biologia e as tradições da História Natural voltadas para a classificação, descrição e memorização (CASSAB et. al., 2012).

Barra e Lorenz (1986), a partir das atividades desenvolvidas pela Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (FUNBEC), Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBEEC) e Projeto Nacional para a Melhoria de Ensino de Ciências (PREMEN), pesquisaram a produção de materiais didáticos para o ensino de ciências no Brasil entre as décadas de 1950 e 1980. Essa pesquisa apontou influência dos projetos de ensino científico norte-americanos no Brasil e que intencionavam enfatizar a vivência da investigação científica por meio do método científico, principalmente em aulas de laboratório. Para isso, entre outros

materiais, os autores analisaram a tradução e adaptação da versão azul do livro didático Biological Sciences Curriculum Study (BSCS, 1965), que foi plenamente utilizada no Brasil por alunos e professores, chegando a impressão de 209 mil exemplares entre 1965 e 1972. A partir da análise desse mesmo material, Ferreira e Selles (2008) analisaram a retórica unificadora das Ciências Biológicas, identificando marcas que possibilitaram a compreensão de que não somente as Ciências Biológicas influenciaram a disciplina escolar Biologia, mas com essa última contribuindo para diminuir a visão fragmentada que existia da primeira.

Em um estudo sócio-histórico sobre a Biologia experimental e a experimentação na Biologia escolar, Azevedo (2015) analisou o manual Biology

Teacher's Handbook (SCHWAB, 1963), considerado um livro de apoio pedagógico

ao projeto BSCS, e a parte que foi traduzida para o Brasil intitulada "Convites ao raciocínio". Embora apresentando algumas semelhanças em relação ao projeto estadunidense, os resultados apontaram uma trajetória bem específica do ensino de ciências no Brasil, com um início a partir da reativação dos movimentos escolanovistas e a manutenção do ensino experimental como base. Nesse caso, houve uma forte influência da tradução e adaptação do Biological Sciences

Curriculum Study (BSCS), versão azul, utilizado amplamente no território nacional

(BARRA; LORENZ, 1986). A versão verde do BSCS, adaptados para o Brasil e publicados na década de 1970, apresentou tensões inerentes ao processo da constituição da disciplina escolar Biologia, apontando diferenças do ensino de Botânica, que se afastou da área acadêmica e se aproximou das finalidades utilitárias, oriundas de contextualizações com o cotidiano, e abordou, por exemplo, questões ambientais e alimentares (IGLESIAS, 2014). A análise da versão verde do BSCS, permitiu perceber que: i) o conhecimento de ecologia se destacou e seguiu predominantemente vinculado às finalidades acadêmicas; ii) a experimentação, uma característica modernizante da disciplina e iii) a abordagem evolutiva se mostrou como a nova forma de ensinar Biologia no ensino secundário (VENTURA, 2014).

Gomes (2008) observou que a Ecologia dos Ecossistemas predominou nos livros didáticos publicados no Brasil entre 1930 e 2008, estabelecendo uma integração como o princípio organizador do currículo. Os conteúdos de Ecologia foram introduzidos causando mudanças na medida em que se inseriam em um padrão de estabilidade, provocando uma mudança na valorização de integração

curricular no ensino de Ciências, de conteúdos e de valores relacionados à harmonia dos componentes da natureza (GOMES; SELLES; LOPES, 2013).

Carola e Cabral (2013) verificaram que os manuais escolares de História Natural, publicados entre 1934 e 1971, apresentaram o pensamento ecológico e de proteção à natureza com três perspectivas para essa subárea da disciplina escolar Biologia: i) tradicional, com uma visão científica positivista enxergando o Brasil como uma potência econômica do futuro e a natureza de forma compartimentada; ii) conservacionista, apresentando críticas aos problemas ambientais e preocupado em conservar o mundo natural; iii) liberal, predominando uma visão da natureza como um conjunto infinito de recursos a serem explorados para o engrandecimento da pátria.

Investigando o conceito de "ecologia escolar" presente em materiais didáticos das décadas de 1960 e 1970, Moreira (2013) verificou que o termo estava incluído em uma forma de combinar elementos da Escola Nova com o movimento renovador, transitando entre os aspectos oriundos da Ecologia presentes na Biologia acadêmica e os aspectos sociais atribuídos ao termo.

Roquette (2011) averiguou como o livro "Biologia na Escola Secundária", do professor Oswaldo Frota-Pessoa, adotou uma retórica modernizante ancorada na evolução biológica. Levando-se em consideração que o autor da obra foi um importante agente social que esteve ligado ao movimento renovador do ensino de Ciências no Brasil, a pesquisa apontou três fatores que modernizaram a disciplina escolar Biologia: i) o discurso relacionado aos avanços tecnológicos; ii) a matematização das Ciências Biológicas, ligados principalmente à Genética; iii) e uma retórica atrelada à Teoria da Evolução.

A inserção dos aspectos evolutivos na disciplina escolar Biologia conferiu um determinado status acadêmico ao tema, mas dificultou o seu ensino por estar associado à classificação biológica, conteúdo que tende a aparecer nos livros didáticos apenas por sua importância para a ciência de referência (MEDRADO, 2014).

Assim, tratando os livros didáticos como documentos, nessas pesquisas foram analisados principalmente os conteúdos de História Natural/ Biologia e o seu processo de ensino, muitas vezes destacando áreas específicas, tais como:

Zoologia, Botânica, Biologia Educacional, Higiene, Ecologia e Evolução. De forma geral, os livros didáticos apresentaram uma disciplina escolar que sofreu mudanças e apresentou estabilidade em dois momentos bem distintos:

1) Entre o final do século XIX e o início do século XX, houve uma influência do currículo francês no ensino secundário brasileiro por meio da utilização de seus livros didáticos de História Natural, mas com um processo de transição para a adoção de manuais nacionais a partir da década de 1920, marcada pela trajetória intelectual de seus autores, professores catedráticos de História Natural das melhores escolas secundárias que atuaram nas políticas educacionais. Com formação em medicina, esses professores determinaram uma disciplina escolar pautada em um ideal nacionalista, defendendo estratégias que divergiam de um ensino meramente memorístico, mas que, muitas vezes, mantiveram um discurso eugênico e higienista.

2) Por meio de alterações curriculares observadas a partir da adaptação e utilização do BSCS, principalmente nas áreas de Ecologia e Evolução, o movimento de renovação do ensino de ciências apresentou elementos de modernização e uma educação mais experimental, oscilando entre as finalidades acadêmicas e utilitárias, provocando uma intensa mudança e posterior estabilidade na disciplina escolar Biologia na última metade do século XX.

2 A DISCIPLINA HISTÓRIA NATURAL EM PERNAMBUCO NOS SÉCULOS XIX E XX: PADRES, NATURALISTAS, MÉDICOS E BIÓLOGOS PROFESSORES

No Brasil, até o início da década de 1960, a disciplina escolar hoje denominada Biologia foi conhecida como História Natural. Era composta por áreas mais descritivas, como Zoologia, Botânica e Mineralogia, na época consideradas como os três reinos da natureza. Posteriormente, foi substituída pela disciplina escolar Biologia, incorporando os elementos que a modernizaram (MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009).

Em Pernambuco, a presença da disciplina escolar História Natural foi estabelecida no ensino secundário a partir de padres que estudaram na Europa e que tinham um ideal pedagógico voltado para a formação de sacerdotes naturalistas, no Seminário de Olinda, a partir de 1800 (Quadro 2). Essa disciplina reunia os elementos da Zoologia, Botânica e Mineralogia e, juntamente com a Física e a Química, compunham o curso de Filosofia Natural.

Após o fechamento do Seminário de Olinda por conta da Revolução Pernambucana de 1817, essa disciplina só seria novamente oferecida como um componente curricular a partir de 1838, como sugestão de uma nova proposta de ensino do Liceu Pernambucano, que funcionava no Convento do Carmo, em Recife. Em 1843, por falta de professores habilitados para ensinar História Natural e de alunos matriculados, o governo da província suspendeu oficialmente o seu funcionamento.

Só a partir da criação do Ginásio Provincial Pernambucano, em 1855, da contratação de um naturalista francês para ser o professor da 2ª Cadeira de Ciências Naturais (História Natural, agrupando a Zoologia, Botânica e Mineralogia) e da organização de um museu, é que de fato houve a materialização dessa disciplina no currículo.

Embora prevista no currículo, os alunos não se matriculavam nessa disciplina, pois a História Natural estava localizada nos últimos anos do curso secundário e não era disciplina obrigatória para realização dos exames preparatórios para a Faculdade de Direito, em Olinda.

Quadro 2 - Principais acontecimentos que marcaram a trajetória da disciplina escolar História Natural no ensino secundário em Pernambuco, no período de 1800 à 1958.

1800

A HISTÓRIA NATURAL E OS DOCENTES PADRES

 Fundação de um curso secundário no Seminário de Olinda e o ensino da História Natural por Frei José da Costa Azevedo (1800 - 1810);

 Fundação do Liceu Provincial (1825) e a proposta de oferecer a disciplina de História Natural em 1938;  Por não haver professor habilitado e nem alunos

matriculados, a oferta da disciplina História Natural foi suspensa em 1943.

1855

A HISTÓRIA NATURAL E OS DOCENTES NATURALISTAS

 Fundação do Ginásio Pernambucano (1855) e a contratação do naturalista francês Louis Jacques Brunet para ensinar Ciências Naturais (História Natural) e organizar um horto botânico e um museu com coleções de Zoologia, Botânica e Mineralogia;

 A disciplina de História Natural estava localizada no final do curso e não havia interesse dos alunos na matrícula para essa disciplina;

 Contratação do naturalista português Filipe Mena Callado da Fonseca para ensinar Ciências Naturais e substituir Brunet (1963).

1889

A HISTÓRIA NATURAL E OS DOCENTES MÉDICOS

 Proclamação da República e a ampliação do espaço das Ciências Naturais como disciplinas escolares;

 Contratação do médico Raymundo Carneiro de Sousa Bandeira (1890) para ensinar História Natural;

 Inauguração do Gabinete de Física e do Laboratório de Química (1895);

 A partir de 1895, a História Natural foi separada em várias disciplinas que eram os seus elementos constituintes: Mineralogia, Geologia, Meteorologia, Botânica, Zoologia e Biologia;

 Contratação dos médicos Alfredo Arnóbio Marques, para ensinar a recém criada disciplina de Biologia, Manoel Bastos