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3 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

3.2. Pontuações metodológicas

3.2.1. A constituição do material analisado

Ao pensamos a partir dos pontos que tomamos na pesquisa a respeito do campo feminista, enquanto campo político e teórico, entendemos que a análise da produção científica sobre o tema do sujeito político feminista em Programas de Pós-Graduação se constitui como um espaço de interlocução entre esses dois âmbitos.

Para tanto, utilizamos três etapas para no processo de constituição do material analisado: a primeira de busca das teses e dissertações, a segunda de refinamento do material e a terceira de análise e caracterização da produção selecionada. Na primeira etapa foi realizada uma busca no site22 Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, a escolha desse portal se deu em função de ser um espaço que agrupa as produções dos Programas de Pós-Graduação do país.

Nesta fase, realizei duas coletas, que foram feitas no dia 13 de abril de 2019, a primeira com o descritor ‘sujeito AND feminismo’ e a segunda com o descritor ‘sujeito político AND feminismo’, as duas buscas foram na tentativa de abarcar uma maior possibilidade de teses e dissertações que servissem aos nossos objetivos.

Na primeira busca foi utilizado de um descritor mais geral, que não necessariamente abarcava a noção de sujeito político, mas que ainda assim contemplava o nosso interesse. E a segunda se tratou de uma busca onde havia a compreensão de sujeito político no interior do feminismo. Nesta busca, com o descritor ‘sujeito AND feminismo’ encontramos 253 produções, das quais 175 foram dissertações e 78 foram teses. Já com o descritor ‘sujeito político AND feminismo’ encontramos 33 dissertações e 20 teses, que totalizaram 53 produções, porém, destas, 27 eram repetições da primeira coleta. Assim, essas coletas totalizaram em 279 teses e dissertações.

Na próxima etapa realizei a leitura dos resumos do material encontrado, do total de 279 produções, 229 resumos foram encontrados, os que não foram encontrados não estavam disponíveis online, seja na Plataforma Sucupira , seja no repositório das instituições onde foram realizadas, como por exemplo, no caso dos trabalhos de Natália Carvalho (2012) e Verônica Ferreira (2006). Além desta situação, a tese de Teresa Ferreira (2001) não pôde ser acessada por ser preciso uma senha para o acesso no repositório da PUC/RJ.

Nos resumos encontrados busquei por aqueles que têm como foco a análise das distintas dinâmicas do movimento feminista brasileiro e que apontam para a análise do tensionamento em torno dele. Essa compreensão nos serviu como norte na seleção do material, uma vez que tínhamos um grande número de produções. A maioria delas, no entanto, não contemplava estes termos, por não ter como debate o movimento feminista em si, mas sim a análise de outras esferas do feminismo, por exemplo, sobre a teoria feminista ou sobre a produção científica.

Com essa busca chegamos a 49 produções, dentre estas, aplicamos um critério para o refinamento, que se referiu ao período analisado, uma vez que nossa questão diz respeito à pluralidade dos sujeitos políticos no movimento feminista nos últimos anos, buscamos aquelas produções que tinham como foco a análise a partir dos anos 2000. Por exemplo, ainda que a publicação tenha sido feita dentro do período que nos interessava, mas sua análise se referia à um período anterior, ela não foi selecionada. A aplicação desse critério, excluiu trabalhos como o de Carolina Ramkrapes (2017) e muitas outras, que analisa o movimento feminista entre os anos 70 e 80.

Este processo nos levou ao total de 41 produções. A partir deste número realizamos uma leitura flutuante das introduções das teses e dissertações com o intuito de compreender se seria possível analisa-las a partir das categorias que estabelecemos de acordo com nossos objetivos, que são: identidade política, sujeito político e noções de feminismo. Do total de 41, 33 foram encontradas, de modo que apesar de contemplar os critérios anteriores, foram eliminadas aquelas teses e dissertações que não estavam disponíveis em sua totalidade, apenas o resumo ou parte dela (SEBASTIÃO, 2007; PIASON, 2014; RIBEIRO, 2016; VIEIRA, 2017; DINIZ, 2018; PINTO, 2018; VALE, 2018; ARAÚJO, 2018).

A partir da leitura flutuante das introduções excluímos 09 produções que não atendiam ao nosso interesse, uma vez que não evidenciavam os processos de tensionamento em torno do movimento feminista brasileiro, assim como não tratavam da emergência de identidades política a partir da busca por legitimação de suas pautas. Desse modo, no final do processo selecionamos 24 produções, das quais: 08 são teses e 16 são dissertações.

Na terceira e última etapa realizamos a leitura completa do material, nesta leitura nos atentamos às identidades políticas que fazem parte da análise feita pelas autoras e autores, ao modo como elas compreendem o sujeito político, e às noções de feminismos abordadas. Esses pontos nos serviram de categoria de análise e serão discutidos no capítulo seguinte. Com relação

à caracterização da produção selecionada23, podemos pontuar alguns aspectos gerais sobre o material.

Sobre o período de publicação das produções, onde a maior parte foi publicada no ano de 2015, total de 5, seguido pelos anos de 2016 e 2017, que tiveram 4 cada um. Cabe pontuar que no material selecionado não há publicações dos anos 2009, 2010 e 2011, além disso, algumas produções do último ano não foram encontradas online, acreditamos que em função dos tramites de defesa e publicação da dissertação ou tese. Como está representado no quadro a seguir:

Quadro 01 – Classificação das teses e dissertações selecionadas por ano de publicação Ano de publicação Quantidade

2007 3 2008 2 2012 1 2013 2 2014 1 2015 5 2016 4 2017 4 2018 2 Fonte: Autora (2019)

Com relação à localidade dessas produções, elas se centram principalmente na região Sudeste, com 10 produções que se distribuem entre a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), UFF (Universidade Federal Fluminense), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). E na região Nordeste, que concentra 08 teses e dissertações nas instituições: UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), UFC (Universidade Federal do Ceará) e UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte). Não houve nenhuma publicação selecionada da região Norte, enquanto as demais variam com o total entre 04 e 01. Como pode ser observado do quando abaixo:

23 Em anexo consta um quadro geral do material selecionado, com relação à autoria, ano de publicação, instituição, área de conhecimento e tipo de produção.

Quadro 02 – Classificação das teses e dissertações selecionadas por instituição Instituição Quantidade UFPE 5 UERJ 1 UNICAMP 2 UnB 2 UFRGS 1 UFSC 2 UFRN 2 UFSCar 1 UFC 1 UFMG 2 UFF 1 UFJF 1 UFRPE 1 UFRJ 2 Fonte: Autora (2019)

No que se refere às áreas nas quais a produção se situa, o material está distribuído entre 12 áreas do conhecimento distintas, que se referem principalmente ao campo das Ciências Humanas. Se concentrando principalmente entre: Serviço Social, com 05 trabalhos, Sociologia, com 04 trabalhos, e Psicologia, com 3; as demais variam a quantidade entre 02 e 01. Como está descrito no quadro abaixo:

Quadro 03 – Classificação das teses e dissertações selecionadas por área de conhecimento Área de Conhecimento Quantidade

Serviço Social 5 Sociologia 4 Psicologia 3 Comunicação 2 História 2 Ciências Sociais 2 Direito 1 Ciência Política 1

Educação, Cultura e Identidade 1

Linguística 1

Interdisciplinar em Ciências Humanas 1

Educação 1

Após estas etapas, fizemos uso da análise de conteúdo, que corresponde à nossa indagação sobre como os pontos referentes às nossas categorias de análise foram discutidos no material. Pois, como afirma Roque Moraes (1999), essa análise sob uma perspectiva qualitativa “parte de uma série de pressupostos, os quais, no exame de um texto, servem de suporte para captar seu sentido simbólico. Este sentido nem sempre é manifesto e o seu significado não é único.” (p. 2). De modo que a análise se realizou através de nossa interpretação e, nesse sentido, contempla nosso posicionamento em função de construir uma produção localizada e não neutra.

Dito isto, o trabalho analítico desse material foi baseado na Análise de Conteúdo, que realizamos a partir de três etapas: 1) realizamos a leitura do material integralmente, destacando aquilo que se referia aos nossos objetivos e categorias que estabelecemos previamente; 2) exploramos tais pontos que diziam respeito ao nosso interesse para a construção da dissertação; 3) interpretamos e construímos a discussão a partir do que foi apontado no material, construindo aproximações e afastamentos entre as diferentes a partir das nossas três categorias, que foram sobre as identidades políticas, os sujeitos políticos e as noções de feminismos.

4 AS DISPUTAS EM TORNO DA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO POLÍTICO