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A CONSTRUÇÃO DOS DADOS: INSTRUMENTOS E MÉTODOS

No documento Download/Open (páginas 69-73)

4.3.1 A aplicação do questionário

Os grupos 1, 2 e 3 foram investigados em diferentes períodos, conforme as informações apresentadas no quadro 2 a seguir:

Quadro 2 – Informações sobre as origens dos dados da pesquisa

Participantes Atividades realizadas Período ou data

Grupo 1 (PFC) Aplicação do questionário (apêndice C) e gravação em áudio e vídeo de interações discursivas no contexto da oficina no PFC

(quadro 3, item 4.3.2)

27 a 30 de julho de 2015

Grupo 2 (HFQ) Aplicação do questionário (apêndice C) 1 de agosto de 2015

Grupo 3 (EaD) Aplicação do questionário (apêndice C) 6 de agosto de 2015

Fonte: Elaborado pelo autor.

O questionário – apresentado no apêndice C – aplicado aos três grupos de licenciandos foi construído inicialmente a partir das leituras no campo da Filosofia da Química, as quais nos permitiram chegar a algumas hipóteses para a identicação de contextos e elaboração das questões, e teve por objetivo analisar significados e ideias gerais sobre a química. Esse questionário havia sido aplicado anteriormente, em uma versão inicial, a um grupo de 24 (vinte e quatro) licenciandos em um minicurso realizado no segundo semestre de 2014, também no contexto do PFC no IQ-UFRN. Na ocasião da realização desse minicurso, buscávamos introduzir uma discussão sobre os principais temas abordados na Filosofia da Química. No apêndice B, apresentamos a programação seguida nesae minicurso, que além de auxiliar na validação do questionário, também nos propiciou uma aproximação com o objeto

de estudo, isto é, as reflexões em torno da natureza do conhecimento químico. Parte dos resultados dessa primeira aproximação foi apresentada como trabalho no X Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – X ENPEC (FREIRE; AMARAL, 2015).

Em primeiro lugar, como uma técnica de coleta de informações no campo das pesquisas sociais, os questionários são utilizados para recolher o testemunho de participantes, interrogados por escrito. Tal questionário permite ao pesquisador inferir sobre a opinião do interrogado e pela qualidade de suas respostas. Ao ser interrogado, por sua vez, encontra-se um espaço para emitir sua opinião, exprimir seu pensamento pessoal, traduzi-lo com suas palavras, conforme seu próprio sistema de referência (LAVILLE; DIONNE, 1999). Neste trabalho, consideramos esse instrumento como adequado para que fossem obtidas respostas que refletem os conhecimentos, opiniões, interesses, necessidades, atitudes ou intenções de um grupo mais ou menos amplo de pessoas e, no nosso caso de interesse, os resultados serviriam para a identificação de compromissos que mais tarde constituiriam as zonas do perfil conceitual.

Após a validação e reconstrução, o questionário foi aplicado aos 35 (trinta e cinco) licenciandos dos grupos 1, 2 e 3, na versão apresentada no apêndice C, no qual consideramos a importância de explorar uma diversidade de questões de modo a permitir a emergência de diferentes modos de pensar o conceito de Química (MORTIMER; EL-HANI, 2014).

4.3.2 Organização da atividade formativa no PFC

Além de responderem ao questionário, os licenciandos do PFC (grupo 1) participaram de uma atividade formativa organizada na forma de uma oficina. Essa experiência constituiu a nossa fonte de dados de interações discursivas, utilizados tanto para a construção do perfil conceitual de Química, como para a investigação da dinâmica discursiva à luz das zonas do perfil conceitual.

No quadro 3, descrevemos a programação geral dessa oficina organizada no formato de um minicurso de 10h, sendo distribuídas em 4 dias consecutivos de 2,5h cada, no período de 27 de julho a 30 de julho de 2015, sob o título: Contribuições da Filosofia e História da Química para a análise das dificuldades de aprendizagem dos estudantes.

Quadro 3 – Propostas para as atividades da oficina no PFC.

PRIMEIRO DIA (27/07): Discussão de deias gerais sobre a química: modos de pensar e

formas de falar sobre essa ciência.

Objetivos: - Analisar significados e ideias sobre a química apresentadas em livros didáticos, artigos científicos e outros meios de divulgação, sob o ponto de vista das contribuições da Filosofia da Química.

Etapas:

- Falar em linhas gerais sobre o minicurso e do trabalho de pesquisa. Solicitar a assinatura dos termos de consentimento para uso da imagem e voz.

PARTE I: Aplicação do questionário para identificar diferentes modos de pensar.

PARTE II: Atividade: apresentar aos alunos 7 sentenças contendo ideias/definições

relacionadas à química. Solicitar que cada licenciando escolha aquela(s) ideia(s) que julga estar(em) mais próxima(s) de suas compreensões acerca da química, e que elaborem uma justificativa para a sua escolha.

As ideias e significados utilizados na atividade para que fossem analisadas pelos licenciandos foram elaboradas a partir de:

a) Transcrições e adaptações das próprias definições apresentadas por licenciandos

participantes do minicurso anterior, realizado em Julho de 2014.

b) Selecionadas e adaptadas de instrumentos utilizados em outras investigações, por exemplo,

o trabalho de Chamizo, Castillo e Pacheco (2012) sobre a Natureza da Química que utilizou uma escala de Likert para a análise de concepções de química de estudantes de graduação de diferentes áreas na Universidade Autônoma do México (UNAM).

c) Ideias gerais encontradas em artigos de autores da Filosofia da Química. Ideias/definições utilizadas:

1. Química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações.

2. A química é a ciência que estuda os materiais e substâncias, suas propriedades, constituição e transformações.

3. A química é uma ciência natural de caráter experimental e seus métodos são a análise e a síntese.

4. A química é a ciência das moléculas enquanto a física é a ciências dos átomos. 5. A Química é somente Física aplicada.

6. Química é uma técnica a serviço de outras ciências, tais como a bioquímica, a engenharia química, etc.

7. A química é a responsável pela contaminação ambiental.

- Socializar as respostas de alguns participantes em uma discussão coletiva.

- Relacionar as respostas apresentadas, mediante a introdução de questões sobre a natureza da química, a partir de textos e artigos da literatura da Filosofia da Química, focalizando aspectos como: reducionismo e imagem pública da química.

SEGUNDO DIA (28/07): As relações de superveniência, estrutura molecular, realismo, etc.

Concepções alternativas em química.

Objetivos: - Relacionar os argumentos filosóficos às concepções alternativas e dificuldades de aprendizagem catalogadas pela literatura da pesquisa em didática das ciências.

- Analisar concepções sobre o uso e o papel dos modelos utilizados pela química na elaboração de suas explicações.

Etapas:

- Apresentar e discutir os típicos exemplos das relações de superveniência relacionados à propriedades como cheiro e cor das substâncias, apresentadas em trabalhos de autores da Filosofia da Química.

- Analisar as principais concepções alternativas e dificuldades de aprendizagem exploradas na atividade (referenciadas por autores da didática das ciências), p. ex. (a). A ligação química é

uma coisa física que une átomos em uma estrutura química; (b). Átomos em metais são duros e em líquidos são maleáveis; (c). Os átomos ou moléculas de um sólido não se movem; (d). Não existem espaços vazios entre partículas.

- Explorar a potencialidade da noção filosófica de superveniência para a elucidação das relações macro-submicroscópico, peculiaridade da natureza do conhecimento químico.

TERCEIRO DIA (29/07): Relação das ideias filosóficas com as dificuldades e concepções

alternativas em química

Objetivos: Aplicar ideias sobre a natureza do conhecimento químico no planejamento de atividades de ensino de química a partir da elaboração de um instrumento CoRe (Content

Representation).

Parte I: solicitar que os licenciandos selecionem um conteúdo químico, conceito, ou tema que permita a abordagem de elementos da natureza do conhecimento químico discutidos na oficina (as relações de superveniência, o papel dos modelos e explicação, etc.).

Parte II: elaboração de um CoRe para o conteúdo selecionado pelo grupo (este será apresentado no encontro seguinte).

QUARTO DIA (30/07): APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DAS PROPOSTAS DIDÁTICAS DOS LICENCIANDOS

Objetivo: Analisar aspectos da natureza do conhecimento químico a partir do CoRe produzidos pelos licenciandos e das interações discursivas em torno de propostas didáticas relacionadas ao tema.

1º momento: receber o CoRe dos grupos e propor uma circulação dos mesmos pelos outros

grupos, para que os demais licenciandos tenham acesso aos outros instrumentos e emitam um parecer escrito sobre estes.

2º momento: apresentação das propostas dos licenciandos e dos pareceres elaborados para as

outras propostas de CoRe dos demais licenciandos. Gravar em áudio e vídeo a apresentação dos participantes. Durante as apresentações, propor questões relacionadas aos domínios do PCK a partir das falas dos licenciandos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Toda a oficina foi registrada em áudio e vídeo para a posterior análise das interações discursivas produzidas nesse contexto. Os registros escritos pelos participantes na forma de respostas ao questionário e ao CoRe também foram coletados. Os dados desse último

instrumento não serão objeto de análise nesta tese, mas poderão ser utilizados em trabalhos futuros.

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