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Paralelo ao trabalho educacional presbiteriano em Jataí, se desenvolveu a atividade educacional metodista em Pires do Rio, na época, o município goiano com o maior percentual

74 É possível que o IPSG tenha organizado suas normatizações desde o início de sua criação, mas não localizamos nenhum outro regimento oficial anterior ao de 1963, que teve sua primeira versão em 1962.

75 Conforme publicado no Diário oficial, o convênio entre o estado de Goiás e o Instituto Samuel Graham foi firmado em 27 de novembro de 1968, sendo o instituto representado pelo seu então diretor, Izaltino Guimarães. “CLÁUSULA PRIMEIRA – o objetivo dêste convênio é assegurar a instrução, por intermédio do INSTITUTO, em regime de inteira gratuidade aos alunos ali matriculados nos cursos Primário, Médio, primeiro e segundo ciclos. CLÁUSULA SEGUNDA – o INSTITUTO terá completa autonomia na administração do ensino, sem prejuízo, todavia, do cumprimento das normas legais atinentes à espécie”. Na terceira cláusula foi disposto que o Estado contribuiria com a importância de NCr$ 17.000,00 (dezessete mil cruzeiros novos) anualmente para as despesas do instituto (DIÁRIO OFICIAL, 26/12/1968).

107 de protestantes do estado. Considerada a primeira cidade planejada de Goiás, Pires do Rio77 se

localiza na Microrregião do Sudeste Goiano (ver figura 2, p. 94), conhecida como a região da Estrada de Ferro.

Em sua origem, o município de Pires do Rio apresenta duas versões distintas, mas que ao mesmo tempo se complementam, ao passo que reserva particularidades em relação à criação da maioria dos municípios goianos até então. A chegada da estrada de ferro no Sudeste de Goiás e a construção da Estação e da ponte metálica construída sobre o rio Corumbá, marcam o surgimento e desenvolvimento da cidade78. As terras para a construção foram doadas pelo coronel Lino Teixeira de Sampaio, fazendeiro da região, com o objetivo de fundar ali uma cidade e, por conseguinte, se beneficiar dela. Em razão desse feito, Lino Teixeira, é considerado, em uma primeira versão, o fundador da cidade de Pires do Rio, sendo a data da escritura de doação das terras, 05 de julho de 1922, o marco de sua fundação. Em uma segunda versão, considerada oficial79, a cidade foi criada pelo engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, responsável pela construção da estrada de ferro na região, em 09 de novembro de 1922, data em que foi inaugurada a estação de Pires do Rio, recebendo o nome em homenagem ao ministro da aviação José Pires do Rio. O projeto urbano da nova cidade foi desenhado pelo engenheiro da ferrovia, Álvaro Pacca (FERREIRA, 1999; SILVA, 2016).

Com o início da construção da estrada de ferro e da nova cidade, muitos moradores da região, seguidos por pessoas de várias partes do país e imigrantes, vieram para o território de Pires do Rio e iniciaram o povoamento da cidade, carregando em suas bagagens diferentes posições socioeconômicas e experiências culturais que contribuíram com a formação da sociedade piresina80. Conforme Juliane Silva e Fábio Barbosa (2017, p. 209), a cidade se desenvolveu rapidamente “em forma de comércio e pequenas indústrias. Devido também à boa posição geográfica da cidade, com terras férteis, amplas e pastagens propícias, deu-se início a criação de gado” e uma agricultura mais extensiva que foi produzindo excedente exportável e demandando novas indústrias, assim como setores de serviço, transporte e comércio.

77 O município de Pires do Rio se encontra a distância de 142 Km da capital Goiânia e a 237 Km de Brasília. Fonte: IBGE. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/pires-do-rio/. Acesso em 11 dez. 2018.

78 “Pires do Rio, primeira estação na outra margem do Corumbá, prometia ser um entreposto regional devido à sua possível ligação por terra com antigos e promissores municípios isolados pelo rio e que não foram contemplados com a ferrovia: Santa Cruz de Goiás, Bela Vista, Piracanjuba, Caldas Novas e Morrinhos” (SILVA, 2017, p. 69). 79 Essa data foi registrada no obelisco erguido no largo de frente à estação pelo Diretor da Estrada de Ferro, Sr. Balduíno de Almeida, sendo também a data em que é comemorado o aniversário da cidade (SILVA, 2017). 80 Segundo Ferreira (1999, p. 108-9), “os baianos e outros nordestinos, muitos deles vindos via Paracatu, foram atraídos pela frente de trabalho criada pela construção da ferrovia. Os árabes, comerciantes estabelecidos ou mascates, foram atraídos pelas condições excelentes que o lugar, como outros ao longo da ferrovia, oferecia à prática do comércio. Italianos e espanhóis também se fizeram presentes na comunidade local. Mas paulistas e mineiros foram, em sua totalidade, os mais representativos migrantes”.

108 Em 1930, pela Lei n. 903, Pires do Rio, então distrito de Santa Cruz, foi emancipado e se constituiu como município. Em seus primeiros anos de emancipação política, Pires do Rio enfrentou as dificuldades econômicas advindas do cenário nacional e sofreu importantes alterações em sua formação administrativa, vindo a retornar à categoria de distrito em 1934 e depois, estabelecer-se novamente como município em 1938, momento em que Santa Cruz passou a ser seu distrito, incorporando nos anos seguintes outros importantes distritos que foram depois se emancipando, como Cristianópolis e Palmelo81 (BRASIL, 2016; SILVA, 2017).

No campo educacional, o início dos anos 1930 marcou a criação das primeiras escolas públicas em Pires do Rio, a saber o Grupo Escolar Martins Borges para o ensino primário e a Escola Normal Joaquim Bonifácio para normalistas, ambos criados em 1932 e instalados em prédios alugados pela prefeitura. Até então, o ensino escolar era ofertado pela iniciativa particular, geralmente em pequenas escolas criadas pelos próprios professores82. No final dessa década, em 1938, foram inaugurados os edifícios do Grupo Escolar e da Escola Normal, o Fórum e a Prefeitura Municipal e criado o Jardim Público e outras ruas, assinalando, assim como visto em Jataí, o desenvolvimento e a modernização da cidade. Ainda em 1938 começou a ser editado em Pires do Rio o jornal “Goiaz”, que foi o primeiro jornal diário do Estado e em 1939 foi criado o jornal “Nossa Folha” (FERREIRA, 1999).

O período entre 1922 e 1940 corresponde à formação e afirmação política e econômica de Pires do Rio e sua consequente estruturação urbana. Nesse curso, a cidade apresenta elementos singulares que a destoa da maioria das cidades goianas criadas até então. Primeiro: diferente do processo de criação da maioria dos povoados, em que um ou mais fazendeiros, pessoas de posses, doavam um terreno para a construção de uma capela para iniciar o povoamento da região e demarcar a fé católica, em Pires do Rio, as terras foram doadas para a empresa ferroviária criar ali uma estação. Na sequência, Pires do Rio nasce como uma cidade planejada, a saber, a primeira cidade planejada no estado, antecipando a criação de Goiânia. Em função de tais elementos, a cidade experimenta um rápido crescimento e surge desassociada da religião para atender primeiro “aos interesses advindos do capitalismo promotor da modernização e desenvolvimento econômico no cerrado” (SILVA; BARBOSA, 2017, p. 206).

81De acordo com dados do IBGE, “no período de 1939-1943, o município aparece constituído de três distritos:

Pires do Rio, Santa Cruz e Cristianópolis” que foram gradativamente se desmembrando de Pires do Rio e elevados a categoria de município (BRASIL, 2016; SILVA, 2017, p. 72-3).

82 Segundo o memorialista José Albano Neto (2014, p. 44), a primeira escola de Pires do Rio foi a escola particular “de dona Antonia Balem, nos anos de 1923 a 1926. No ano seguinte, transferiu-se para Santa Cruz”.

109 Destarte, Pires do Rio se constitui inicialmente com menor vinculação religiosa, sobretudo, com a Igreja Católica que comumente esteve diretamente envolvida na constituição e administração política e cultural dos povoados e municípios. Em função da vinda de pessoas de todo o país e de outras nacionalidades para a cidade em busca de melhores condições de vida, é certo que Pires do Rio conheceu desde o início outras experiências culturais e religiosas que possivelmente se fizeram presentes no processo de desenvolvimento do município.

Segundo Aroldo Ferreira (1999) em razão desses elementos que marcaram a constituição de Pires do Rio, a própria Igreja Católica se sentiu preterida e menosprezou por um tempo o trabalho na cidade, deixando de investir nela, na criação do templo religioso e, também, nas obras sociais, o que protelou a própria criação das escolas públicas na cidade, que comumente eram administradas pela Igreja, bem como a criação da escola católica, em particular. A criação de uma capela na cidade foi iniciada em 1924, mas enfrentou dificuldades, falta de recursos, mudando inclusive de lugar até chegar ao templo final, inaugurado em 1931. Em seu livro de memórias, João Albano Neto (2014) informa que em 1924 foi fundada, na praça da estação, a Igreja Adventista do Sétimo Dia por Eudóxio Mamede, o que possivelmente, segundo os indícios encontrados, foi a primeira Igreja criada em Pires do Rio. Na sequência, o memorialista aponta que em 1927 foi criada a Loja Maçônica Amor e Luz IV. Apenas “em 1931 chega a Pires do Rio o primeiro sacerdote o padre José Trindade, para dirigir a capela recém construída” (ALBANO NETO, 2014, p. 75).

Nesses termos, o campo religioso se constitui em Pires do Rio de forma curiosa, uma vez que não foi a Igreja Católica, mas sim, uma outra denominação cristã de natureza mais conservadora a ter seu primeiro templo instalado na cidade, seguida pela instalação da Loja Maçônica, em um tempo que essas instituições eram marginalizadas, vistas como seitas pela Igreja Católica e uma ameaça a ela, sendo tais fatos, portanto, significativos. Como visto na seção I, em 1940, Pires do Rio possuía o maior contingente protestante do estado em relação ao número de habitantes. De uma população de 14.728 habitantes, 752 se declaravam protestantes, correspondendo a um percentual de 5,10%, que era muito superior ao do próprio estado que era de aproximadamente 1,16%, conforme dados da tabela 02 (p. 79), e do município vizinho de Ipameri que apresentava um percentual de 1,58% de protestantes.

Assim, é possível que os elementos que marcaram a construção de Pires do Rio, sobretudo, seu caráter planejado, o atraso na construção da capela católica e no próprio investimento dessa igreja na cidade, acompanhado da natureza migratória da maioria de sua população inicial, tenham sido em grande parte determinante para que se estabelecesse em Pires

110 do Rio uma população maior de protestantes em relação aos demais municípios de Goiás no período em estudo, que foram representados, primeiramente, pela Igreja Batista, Igreja Assembleia de Deus e Igreja de Deus (então chamada de Calvário Pentecostal).

Logo, é nesse contexto de maior abertura religiosa/protestante e sociocultural, paralelo ao desenvolvimento econômico do município e a estruturação e modernização da cidade, que se instala em Pires do Rio, em 1943, o Instituto Granbery (metodista), que foi a primeira escola confessional a ser criada na cidade e a primeira escola a ofertar ali o curso secundário, o que representou, também no campo educacional, o pioneirismo protestante na cidade, diferente do caso de Jataí e do IPSG, e do contexto geral, em que as escolas confessionais eram católicas, sobretudo, as escolas de nível secundário, conforme visto no quadro 02 (p. 86), que até meados do século XX representavam a grande maioria das escolas de ensino secundário no estado.

Nessa direção, a criação do Instituto Granbery em Pires do Rio está diretamente relacionada à ausência de uma instituição de ensino secundário no município, o que impedia que os jovens continuassem ali seus estudos. Conforme Jacy Siqueira (2006, p. 163), concluído o curso primário restava ao jovem piresino “ingressar na Escola Normal ou, sendo filho de família abastada, ir interno no Colégio Diocesano (Uberaba, MG), no Regina Pacis (Araguari, MG), no Anchieta de Bonfim (Silvânia) ou ainda, se propícia a sorte, se transferir a outro centro (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia)” ou se não, abandonar os estudos. Em função dessa realidade e da importância de promover uma maior formação da sociedade, um grupo de maçons começou a se articular para conseguir a instalação de um curso ginasial em Pires do Rio. A primeira solicitação foi feita junto ao bispo Dom Emanuel Gomes de Oliveira, que negou o pedido, justificando que as escolas salesianas existentes em Silvânia83, cidade próxima ao município, já recebiam os estudantes de Pires do Rio (SIQUEIRA, 2006). Por sua vez, a maçonaria que estava à frente de tal pedido, era marginalizada pela Igreja Católica, o que tornava pouco provável qualquer associação entre elas.

Segundo Siqueira (2006), diante dessa realidade, um pastor que vivia na cidade há algum tempo e próximo da maçonaria sugeriu que tentassem contato com as igrejas e escolas protestantes para que criassem uma escola de nível secundário na cidade. Esse pastor teria intermediado o diálogo com os metodistas do Instituto Granbery de Juiz de Fora, que aceitaram a proposta. Conforme apresentado na primeira seção, o Granbery já existia enquanto instituição

83 Conforme apresentado no quadro 2 (p. 86), havia na cidade de Silvânia na época duas escolas salesianas, a saber Ginásio Arquidiocesano Anchieta (1926), voltado para meninos e o Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora (1943) que atendia as meninas. Ambas de ensino secundário.

111 de ensino, tendo sido criado pela Igreja Metodista e suas missões na cidade mineira de Juiz de Fora, em 1889 e se apresentava como um colégio renomado na época.

Ao se instalar em Pires do Rio, o Granbery teria ofertado inicialmente o curso primário e submetido as pessoas que já tinham concluído o primário a exame de admissão ao ginasial. Contudo, em função das dificuldades financeiras para construir seu próprio prédio na cidade e da resistência oferecida pela Igreja Católica, a instituição acabou por não se fixar na cidade e os alunos aprovados no exame de admissão foram estudar no Granbery de Juiz de Fora, o que demandou uma segunda articulação da maçonaria local, que mobilizou a irmandade nacional para interceder junto ao Instituto para sua manutenção em Pires do Rio e os políticos locais para oferecer-lhes condições para tanto (SIQUEIRA, 2006).

Em uma versão próxima, presente no memorial do Colégio Estadual Prof. Ivan Ferreira84, a iniciativa para a criação de uma unidade do Colégio Metodista em Pires do Rio partiu, sobretudo, da maçonaria, que tomou conhecimento, por meio de um membro da instituição em Minas que estava a trabalho na cidade, que o Instituto Granbery de Juiz de Fora estava planejando criar uma unidade em Goiás. Na ocasião, o Granbery já havia se afirmado na cidade mineira, dispunha de grande infraestrutura e prestígio na região, o que despertou o interesse da maçonaria, que tomou a iniciativa de propor a construção da referida unidade em Pires do Rio e envidou esforços no sentido de conquistar apoio político e outros recursos necessários para tanto, e a conseguinte aceitação por parte dos dirigentes do colégio. Até então, o governador do estado, Pedro Ludovico Teixeira, interessado também na criação do colégio em Goiás, dado seu renome e a carência educacional enfrentada, cogitou sua instalação em Goiânia, a nova capital do estado (PEREIRA et al., 2011).

Segundo consta no livro sobre a Loja Maçônica Amor e Luz IV, a Loja enviou “uma prancha para o Grande Oriente do Brasil, pedindo a interferência do Grão Mestre Dr. Joaquim Rodrigues das Neves junto à Direção do Instituto em Juiz de Fora-MG, para que o referido Colégio viesse para a cidade de Pires do Rio”. Tendo atendido ao pedido, o Poder central do Rio Janeiro acordou com a direção do Granbery uma visita à cidade (ALBANO NETO, 2007). Nesse momento foi formada uma aliança entre o prefeito municipal de Pires do Rio, Taciano Gomes de Melo, a maçonaria, liderada por um de seus fundadores na cidade, Saulo de Tarso Paranhos Romeiro e outros nomes considerados influentes no município que resultou na criação de uma comissão para tratar da possível instalação de uma filial do Colégio Granbery

84 O referido colégio se instalou posteriormente no espaço físico em que funcionou o Granbery quando sua propriedade foi comprada pelo Estado.

112 na cidade. Em seus primeiros trabalhos essa comissão se reuniu com o diretor do Colégio Granbery, Irineu Guimarães, no dia 1° de janeiro de 1943 na própria residência de Paranhos em Pires do Rio, para apresentar-lhe a proposta de criação da unidade do colégio. Essa reunião compreende as duas versões apresentadas sobre a criação do Granbery, que se complementam entre si, e foi registrada em ata. A proposta feita constava das seguintes ofertas:

a- de um terreno para construção de um predio, do tamanho que a direção do Granbery julgar satisfatorio;

b- de um predio adaptado para o funcionamento provisorio da Filial, sem onus para o Granbery;

c- do pagamento, por (2) anos, das taxas de inspeção que o Governo venha cobrar;

d- da importancia de Cr$ 100.000.000 (cem mil cruzeiros), para a construção de um predio proprio(ATA SOBRE A FUNDAÇÃO DE UMA FILIAL DO INSTITUTO GRANBERY EM PIRES DO RIO, 1943).

A presente proposta em muito viabilizava a instalação do instituto em Pires do Rio, uma vez que as despesas maiores relacionadas a sua infraestrutura, como aluguel de um prédio provisório, aquisição do terreno e construção do prédio próprio seriam assumidas pela comissão piresina, cabendo ao Granbery assumir, incialmente, mais a parte pedagógica e administrativa, o mobiliário e demais materiais escolares e ofertar os professores. Dadas as facilidades encontradas, Irineu Guimarães, ao voltar para Juiz de Fora, logo resolveu juntamente com os demais membros do Conselho Superior do Instituto Granbery pela criação da unidade do Colégio Granbery em Pires do Rio85 (ATA DO CONSELHO SUPERIOR DO INSTITUTO

GRANBERY, 05/01/1943, p. 47-49).

O interesse da maçonaria em apoiar a vinda do Granbery para Pires do Rio se inscreve, como visto, nas relações estabelecidas entre essa instituição e o protestantismo no Brasil nesse período. O caráter liberal do protestantismo e o seu ideal de modernidade vinha ao encontro da maçonaria, que sofria, outrossim, com a resistência e o conservadorismo católico (VIEIRA, 1980). Tratava-se, portanto, de uma relação conveniente que explicita as lutas de representação, com vistas “a impor uma autoridade à custa de outros, por elas menosprezados”, a se afirmarem na sociedade, a imporem seus valores e projetos (CHARTIER, 1990, p. 17).

Anos antes de Pires do Rio, a cidade mineira de Uberaba já havia manifestado o interesse em possuir uma filial do Granbery e proposto contribuir com a aquisição do terreno e a construção do prédio, bem como garantir a subvenção do município. Tal empreendimento

85 Há indícios que o Instituto Granbery também se instalou na década de 1940 na cidade goiana de Anápolis, vindo a funcionar por um curto período de tempo, formando uma turma de normalistas. Contudo, não foi possível encontrar fontes e/ou maiores informações sobre este.

113 chegou a ser encaminhado legalmente na cidade por meio de projeto aprovado na câmara municipal, mas sofreu grande resistência da comunidade, em sua maioria católica, que se apoiou no bispado de Mariana, forçando a desistência dos metodistas, que acabaram por abortar o projeto (O GRANBERY, 05 de maio de 1924). As cidades mineiras de Barbacena e Montes Claros também manifestaram interesse na instituição, mas os pedidos foram negados pela própria Junta de Missões que as julgaram inviáveis.

Assim, a cidade de Pires do Rio, a despeito de se encontrar mais distante, em um outro estado e região, foi a escolhida pela Junta Missionária e o Conselho Superior do Instituto Granbery para abrigar a primeira filial do instituto, o que se deve, entre outros fatores, às facilidades ali encontradas, em particular, o investimento financeiro proposto, o número significativo de protestantes no município, uma menor influência católica e a boa aceitação da comunidade local, que se contrastava ao cenário de resistência encontrado antes em Uberaba. Conforme mencionado por Irineu Guimarães, havia por parte da Associação Metodista e do próprio Granbery uma grande expectativa com a cidade de Pires do Rio, que em suas palavras prometia, “num futuro próximo, grandes bençãos para o Instituto Granbery e a Igreja Metodista” (ATA DO CONSELHO SUPERIOR DO GRANBERY, 24 de fevereiro de 1947). Tratava-se, portanto, de uma expectativa que explicita o ideal educacional e religioso que com ele se misturava em torno da instalação da instituição escolar.

Os trabalhos para a instalação do colégio em Pires do Rio se deram em regime de urgência. Em abril de 1943, o professor Luiz Angelo Milazzo e sua esposa, professora Hercília Milazzo, então diretores da Ala feminina do Instituto Granbery em Juiz de Fora, vieram para