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O espaço escolar, sua arquitetura e organização se inscreve na história e na cultura das instituições escolares, caracteriza seu contexto de criação, seus valores e propósitos, demarca sua organização e funcionalidade, entre outros tantos aspectos importantes da dinâmica escolar, concorrendo, assim, para o processo de ensino e aprendizagem. Conforme assevera Agustín Escolano (1998, p. 47), o espaço escolar possui uma dimensão educativa e sua arquitetura

125 “cumpre determinadas funções culturais e pedagógicas” que são cultural e historicamente construídas.

Essas assertivas se aplicam às instalações do Instituto Samuel Graham e do Instituto Granbery e atentam para a importância de uma análise conjunta da relação entre espaço e educação em ambas as instituições. À semelhança das escolas confessionais católicas que se instalaram no Brasil, as escolas protestantes também demonstraram, de forma geral, uma preocupação com o espaço escolar e a arquitetura de seus prédios, fato que se observa nos institutos analisados. Como visto, essas instituições foram instaladas de forma improvisada nas dependências das igrejas e casas pastorais e/ou alugadas enquanto se viabilizava o projeto de construção do prédio próprio. Em ambos os casos houve a preocupação com a localização e o tamanho do terreno, as propriedades instalaram-se na parte central das cidades e dispunham de grande espaço, o que aponta para a preocupação protestante de se destacar na sociedade e contribuir com a urbanização e embelezamento da cidade, compondo seu cenário.

Ademais, a preocupação com a arquitetura dos prédios aponta para a própria compreensão de educação dessas instituições religiosas que a associavam à qualidade da educação que pretendiam oferecer, fato apontado na seção I, e guarda também relação com a cultura norte-americana e sua preocupação com o ambiente material das escolas, como atestado por Anísio Teixeira (2006). Conforme assevera Buffa (2007, p. 157), “os espaços educam”, podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem, a convivência, o trabalho escolar. Nessa direção, o tamanho dos terrenos era também representativo do ideal educacional de promover a formação do cidadão, uma educação integral que oferecesse diversas atividades, cursos e níveis de ensino e pudesse também acolher os alunos e alunas por meio do regime de internato, o que sugere ainda um maior controle dos sujeitos ali inseridos e de sua educação.

Embora tenha se instalado primeiro em 1942, o Instituto Samuel Graham, denominado na época Escola Evangélica de Jataí, só passou a funcionar em prédio próprio em 1952, momento em que duas salas de aulas ficaram prontas, sendo o espaço e suas instalações inaugurados oficialmente apenas em 1957. Esse curso de tempo aponta para os trâmites exigidos pela missão para a viabilização de verbas e materiais, a conseguinte dificuldade para alcançá-los, bem como as próprias demandas das obras e, sobretudo, da instituição, de seu crescimento e ampliação de cursos, conforme se observa nas palavras de Ruth Graham:

Quando iniciamos o trabalho da Escola Evangélica em Jatai fomos dado uma certa quantia de verba que foi realmente muito pouco para tal obra, e fomos avisados que não receberia mais até o fim de 5 anos. Por isso nossa economia foi da maior necessidade. No ano de férias nos E.U.A. Sr. Graham deu muitas

126 palestras – entrou em contato com Industrias que muitas vezes ajudam em taes obras – para poder adquirir auxilio monetario para a construção. Houve crises (RELATO RUTH GRAHAM, s/d).

O relato de Ruth Graham, ao apresentar as dificuldades no início da construção do instituto e o trabalho por eles desenvolvido para arrecadar dinheiro e materiais, minimizava, em parte, o financiamento das missões norte-americanas, apontando para suas próprias dificuldades para custear e manter as obras no Brasil, como citado na primeira seção por Almeida (2015), ao passo que apresentava também um contraste com o discurso de modernização, de grandiosidade das obras a serem construídas. A despeito dessas dificuldades, o instituto foi aos poucos expandindo suas edificações, o que se deve muito ao empenho particular dos missionários, diretores e da comunidade local, contando inclusive, em alguns momentos, com financiamento público.

Os primeiros prédios erguidos no novo espaço foram o prédio de aulas do curso primário e o auditório, chamado também de salão nobre, como se observa na imagem abaixo:

Figura 05: Primeiras instalações – IPSG (s/d)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

O prédio de aulas foi construído aos poucos, dispunha de várias janelas verticais na frente e no fundo, demonstrando a preocupação com a iluminação e a ventilação do ambiente. Do lado de dentro, foi construída a entrada de cada sala de aula, demarcada por uma estreita calçada com acesso às portas, um pátio com áreas gramadas e uma parte central coberta que

127 interligava as dependências do prédio conforme destacado no canto inferior esquerdo da imagem; possivelmente, esse pátio era utilizado para atividades recreativas e impunha também mecanismos de vigilância junto aos professores e alunos. Em 1958, o prédio passou por reformas e foi ampliado. Conforme consta na escritura lavrada em 1977, o prédio era de alvenaria e telha francesa, possuía energia elétrica embutida, teto de madeira, piso de cimento e ladrilho, quatro mictórios, sendo três azulejados, oito patentes e seis chuveiros. Ao final da construção, sua área era de 1.004, 46m², possuía dez salas de aulas, uma secretaria e cinquenta e cinco vitraux. As salas maiores mediam 10,15m x 6,50m e as menores 8,10m x 6,32m (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015). Segundo ofício enviado pelo diretor James Buyers ao governador Mauro Borges em 1962, a escola primária tinha capacidade para abrigar quatrocentos (400) alunos (OFÍCIO IPSG, 1962). Atualmente, o prédio é destinado à ala conveniada do instituto com o Estado de Goiás.

O prédio destinado ao salão nobre, localizado ao lado, mais à frente do prédio do curso primário, também foi construído aos poucos, devido à falta de recursos. Inicialmente, era um prédio pequeno, mas foi sendo ampliado com o crescimento no número de alunos e o recebimento de uma oferta da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos. A imagem abaixo apresenta o prédio em sua fase final de construção, que se tornou o auditório do IPSG.

Figura 06: Prédio do auditório – IPSG (s/d)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

O prédio apresentava a mesma fachada do prédio do Instituto Ponte Nova, na Bahia (anexo 2), o que, possivelmente, representava um interesse da missão em dotar suas escolas de uma certa padronização, conferir-lhes uma identidade institucional e religiosa. Nessa direção,

128 Ester Vilas-Bôas (2001, p. 24-5) assegura que “a localização e a arquitetura das instituições educacionais presbiterianas, na medida do possível, seguiam um modelo preestabelecido pela Junta de Nova York, procurando refletir a concepção norte-americana de educação”. Ademais, os filamentos presentes na fachada e o detalhe em “V” no teto pareciam lembrar um livro aberto, talvez a Bíblia, de modo a inculcar, ainda que indiretamente, de modo visual e abstrato, a importância desta, de sua leitura, bem como a importância do conhecimento de forma geral.

De acordo com a escritura de 1977, o prédio foi construído em alvenaria, com cobertura de Eternit, forro de eucatex, duratex e laje e piso em assoalho. Possuía dois mictórios, com um chuveiro em cada, dois camarins e dois depósitos, todos com piso de cerâmica, cinco portas de ferro e nove de madeira, totalizando uma área construída de 423, 81m² (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015). O auditório possuía capacidade para acomodar em torno de 550 a 700 pessoas88, contava com uma galeria ao fundo, dispunha de um palco e boa acústica, sendo mobiliado com bancos de madeira e uma mesa de madeira junto ao palco. Em sua arquitetura o prédio apresentava muitas e grandes janelas verticais, demonstrando um cuidado com a iluminação e a ventilação do ambiente, e as grandes portas citadas, em madeira e ferro, que impunham também uma certa opulência.

Tratava-se, portanto, de um espaço relativamente grande, num momento em que a escola ainda estava se estruturando. Seu espaço era destinado para eventos diversos, tais como, reuniões, palestras, cultos, formaturas, festivais, teatros e tantas outras atividades extraclasses. Logo, sua instalação é um elemento importante e muito expressivo da cultura escolar que se desenvolvia no cotidiano do IPSG, se apresentando, conforme Veiga (2007, p. 229), como local “de socialização não só para a comunidade escolar, mas para as famílias e o público em geral”. Próximo ao salão nobre e à escola primária, observa-se, na figura 05 (p. 126), a presença de uma árvore, a Paineira-rosa (Ceiba speciosa). De porte majestoso, frondosa, a árvore em questão é típica do cerrado goiano, produz numerosas flores rosas, sendo conhecida popularmente como “barriguda”. Logo, a manutenção dessa árvore junto aos primeiros prédios, possivelmente, consistia em investir o espaço escolar também de elementos regionais, ao passo que tinha a finalidade de sombrear a construção, deixando o espaço mais agradável para as atividades extraclasses, destacando, assim, a valorização de área livres.

Em 1954, quando o prédio do curso primário já funcionava com algumas salas de aulas, ficou pronta a residência do diretor. Nesse momento, em função da morte de Samuel Graham,

88 Não foi possível encontrar nas atas e primeiros documentos do instituto dados relativos à capacidade do auditório. Um boletim histórico de 1989, lançado pelo instituto, informa que sua capacidade era para 700 pessoas, enquanto um segundo boletim, de 2001, informa que sua capacidade era para 563 pessoas.

129 a Escola Evangélica passa a receber o seu nome e Ruth Graham, já nomeada diretora do instituto, se muda para essa residência com mais quatro alunas dando início, ainda que de forma improvisada, ao internato feminino.

Figura 07: Residência do diretor - IPSG (Anos 1960 e 1979)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

A residência do diretor, ainda hoje ocupada pelo gestor do IPSG, foi construída em local privilegiado e estratégico, na parte alta do terreno e mais no centro deste, o que possibilitava uma visão panorâmica das dependências do instituto, apontando para aspectos relevantes no que se refere à valorização hierárquica, a centralidade da figura do diretor e também sua responsabilidade em zelar pela ordem da instituição, exercendo a vigilância da mesma, ao passo que aponta ainda para o princípio de democracia aspirado pela educação norte-americana e pelos protestantes, para uma maior aproximação entre a direção escolar, professores e alunos, sendo que os diretores, por residirem na instituição, se colocavam de forma permanente como exemplo e referência para os alunos.

Tratava-se de uma residência moderna, com cozinha estilo americano e sistema de aquecimento da água por meio de serpentina. Em algumas de suas dependências o piso era de taco e em outras de azulejos e o forro de laje, sendo a área construída de 287,22 m² (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015).

Em meio a essas primeiras obras, foi autorizado o funcionamento do curso normal Regional pelo Decreto n. 175, de 1° de outubro de 1952 (GOIÁS, 1952), o que demandou a criação de mais salas de aulas e de um prédio próprio para o ensino secundário. Para tanto, a escola conseguiu um Fundo do Governo Federal destinado a Escolas Normais para a realização da obra, que foi concluída com verba arrecadada pela Missão (HISTÓRICO ISG, s/d). Segundo

130 Ruth Graham, a verba federal foi conseguida com o apoio do então secretário de educação do estado, José Feliciano e de Anísio Teixeira, responsável pelo departamento de educação do governo federal. Ainda quando secretário de educação no estado da Bahia, Anísio Teixeira tinha conhecido o trabalho presbiteriano em Ponte Nova e depois se encontrado com o casal Graham em viagem aos Estados Unidos, o que teria facilitado a ajuda. De acordo com Ruth, Anísio disponibilizou para o IPSG a quantia regular que era destinada pelo Fundo a cada escola e, posteriormente, destinou uma outra verba que teria sobrado em caixa em razão de algumas escolas não terem apresentado seus pedidos (UMA LIGEIRA HISTÓRIA DO I.S.G, s/d). É possível ainda, que o contato e a admiração de Anísio Teixeira pelas escolas americanas tenham o influenciado nessa doação, vendo aproximação entre estas e a escola presbiteriana.

Destarte, a construção do prédio do curso secundário foi, em grande parte, realizada com financiamento público, apontando mais uma vez para as relações políticas envolvidas e para a abertura concedida pela missão para essas alianças, o que é também um elemento de conservadorismo da educação protestante, de preservação da propriedade privada que se fez sentir no IPSG. A relação público e privado constitui uma problemática que perpassa a história da educação brasileira, de suas origens aos dias atuais. Como assevera Sanfelice (2005, p. 182), desde os primórdios da colonização, “nunca tivemos educação pública escolar”. Para Araújo (2005, p. 134), “tem sido inerente ao ideário liberal assumir e viver tal ambivalência entre o público e o privado, seja privatizando o público, seja publicizando o privado”.

A imagem abaixo apresenta o referido prédio do ensino secundário, que serviu, inicialmente, à Escola Normal.

Figura 08: Prédio do Curso Secundário - IPSG (1956)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

Conforme se observa na imagem, o prédio ainda estava em fase de acabamento, mas era bem adequado, possuía seis salas de aulas, uma secretaria, uma sala de professores e outra para

131 a tesouraria, sendo sua área construída de 1.122, 28m². O prédio dispunha de salas grandes, arejadas e com boa iluminação que se verificava pela própria disposição das janelas, sendo duas grandes janelas para cada sala (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015). Ainda segundo o ofício enviado ao governador Mauro Borges em 1962, a escola secundária tinha capacidade para duzentos e trinta e cinco (235) alunos (OFÍCIO IPSG, 1962). Ainda no prédio da escola secundária, foi instalada uma biblioteca, uma cantina escolar, uma sala para demonstrações científicas e a escola de mecanografia (PLANTA BAIXA. EDIFICIO DA ESCOLA SECUNDÁRIA IPSG, 1970).

Nesse contexto de ampliação de cursos e matrículas foi construído, por volta de 1956, um prédio próprio para o internato feminino e outro que passou a oferecer o internato masculino, de modo a abrigar a crescente demanda de estudantes vindos de outras cidades.

A imagem seguinte apresenta a faixada do internato feminino89.

Figura 09: Prédio do internato feminino - IPSG (1957)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

De acordo com Dias (2016), a fachada do prédio com suas colunas nas extremidades, representa o estilo vitoriano norte-americano, uma mistura de estilos antigos de vários países, caracterizado por traços vibrantes e ousados, pela preocupação com a ornamentação. A presença de varandas construídas sob vértices e colunas e de muitas e altas janelas era outro traço da arquitetura residencial norte-americana observado por Nascimento (2007). O

89 A área com o prédio que foi destinado ao internato feminino do IPSG pertence atualmente a Universidade Federal de Jataí. Na década de 1970, motivado por questões financeiras e pela abertura de uma rua nas suas dependências, o terreno com o prédio do internato foi loteado e vendido, passando a abrigar parte da então Universidade Federal de Goiás, Campus Riachuelo, hoje, Universidade Federal de Jataí (DIAS, 2016).

132 pavimento superior era mais destinado aos dormitórios o que, possivelmente, visava a um maior controle sobre as alunas, de modo a dificultar suas saídas. Esse pavimento comportava seis quartos, banheiros e uma enfermaria, enquanto o primeiro piso comportava entre outros, uma sala de visitas, uma sala de estudos, o escritório, a cozinha, o refeitório e a área de serviços. A maior parte do piso era de taco e/ou cimento. A área construída era de 711,00m² (PLANTA BAIXA. INTERNATO FEMININO IPSG, 1957; (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015).

Com uma arquitetura moderna e diferenciada para a época, construído em dois pisos, o tamanho do prédio destinado ao internato feminino, sua imponência, aponta para o aspecto visionário das missões norte-americanas, sua face moderna e progressista ora apresentada e, sobretudo, para a sua preocupação com a educação feminina. O grande espaço destinado ao acolhimento de estudantes meninas sinaliza um interesse em atender um grande número desse público, de lhes possibilitar condições para que estudassem, o que foi/é muito significativo para a época, ao passo que revela também um interesse em formar normalistas, professoras que viessem a contribuir com o campo educacional protestante e mesmo com a sociedade dentro dos valores protestantes, o que, como visto no item I.2, estava relacionado a uma questão vocacional e religiosa associada à ideia de uma natureza maternal feminina que a vocacionava para a docência e para a promoção religiosa.

Após a construção do internato feminino, foi construído o internato masculino nas dependências do IPSG, o que sinalizou também uma intenção da instituição de oferecer as mesmas oportunidades de regime escolar, de acolhimento para meninos e meninas. Segundo o relatório de 1962, os dois internatos possuíam juntos capacidade para atender cento e vinte (120) alunos (RELATÓRIO DE ATIVIDADES IPSG, 1962). A imagem abaixo apresenta uma foto atual do prédio em que foi instalado o internato masculino.

Figura 10: Prédio do internato masculino - IPSG (2019)

133 O presente prédio mantém fachada semelhante de quando fora construído. Apesar de não apresentar uma arquitetura imponente como o prédio destinado ao internato feminino, sua área construída também era grande, abarcando vários cômodos, como cozinha, depósitos, oito mictórios, oito alojamentos, sala de estudos e escritório90. Sua área construída era de 692, 67m² (ESCRITURA DO INSTITUTO PRESBITERIANO SAMUEL GRAHAM, 1977; 2015). É possível que o fato de ter sido construído em apenas um pavimento, sendo seu interior mais acessível, denotasse uma menor preocupação com a segurança dos meninos em relação à segurança das meninas que, como visto, dormiam mais isoladas no segundo pavimento, indicando, também na arquitetura dos prédios, questões de gênero e, logo, um controle maior sobre as meninas, cuja moral deveria ser mais preservada.

Os lugares em que foram construídos esses internatos, aparentemente algo abstrato, revela mecanismos de controle e disciplina. Os internatos foram construídos em direções opostas, sendo o internato feminino construído mais distante dos prédios de aulas. O internato masculino foi construído no mesmo alinhamento das casas destinadas ao diretor e vice-diretor, impondo, assim, uma vigilância em relação a eles e os limites da convivência entre meninos e meninas. A distância em que se encontrava o internato feminino, meio que afastado das demais dependências do instituto, demonstrava um certo “zelo e proteção” com o público feminino que é indicativo da moral da época, inclusive religiosa e, por conseguinte, de uma visão tradicional, patriarcal em relação as mulheres. Ademais, cada internato contava com um diretor específico, responsável por administrar cada ambiente e cuidar de sua ordem.

Dado o grande tamanho do terreno, este era formado por muitas áreas verdes, caminho que poderia ser tomado em desvio pelos alunos. Observa-se nas instalações do IPSG, a preocupação com o paisagismo e o meio ambiente. Uma grande área na parte central do terreno foi destinada para formação de uma área verde, sendo trazidas, inclusive, espécies de árvores nativas dos Estados Unidos para compor essa área, o que talvez concorria para que os missionários se sentissem mais familiarizados aos espaços, e poderia ainda ser um meio de colocar os alunos em contato com aspectos da cultura norte-americana. Essas árvores foram plantadas de forma planejada, em fileiras e espaços demarcados, de modo a criar um ambiente harmonioso, que servia também para a realização de atividades diferenciadas, tais como piqueniques e gincanas (HISTÓRICO IPSG, s/d).

Com essa área concorria um grande espaço destinado ao pátio escolar, que se encontrava junto às salas de aula do curso primário e ginasial, conforme se observa na imagem:

134 Figura 11: Pátio do IPSG – Escola secundária (s/d)

Fonte: Arquivo do Instituto Presbiteriano Samuel Graham (Jataí – GO).

O pátio em questão, junto ao prédio do ensino secundário, era constituído em três partes: o corredor coberto que dava acesso às salas de aula, banheiros e bebedouros, uma grande parte cimentada, mas sem cobertura e outra parte gramada, com árvores e bancos. Na parte externa e central do corredor, de frente para o pátio, é possível notar uma placa alta e grande com os dizeres: “E a verdade vos libertará”. Trata-se de uma frase bíblica, presente no evangelho segundo João, capítulo 8, versículo 32, que diz: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Essa segunda parte do versículo foi apropriada como o lema do instituto desde as suas origens, sendo citada em várias de suas publicações e permanece até os dias de hoje, marcando sua natureza cristã. Não por acaso, a fixação da referida placa em uma parte alta e central do instituto, de modo a se fazer sempre visível para o seu público e incutir neste seu