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A aprovação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) em meados da década de 2000 ratificou a institucionalização da promoção da saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), de modo que, como Malta et al (2009, p. 80) registram, em atenção à ampliação do conceito de saúde e valorização da abordagem epidemiológica, foram eleitas áreas temáticas prioritárias para a implementação dessa PNPS, destacando-se, entre elas, “a indução de atividade física-práticas corporais, reflexo da importância conferida a um modo de viver ativo como fator de proteção da saúde.”

Nessa época, continuam os autores, foi intensa a interlocução mantida entre o Ministério da Saúde com organismos internacionais, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) e inúmeras instituições de ensino e pesquisa, brasileiras e internacionais, de reconhecida autoridade técnico-científica no tema.

Assim, a partir do conhecimento e da experiência acumulados e compartilhados, as condições históricas necessárias à institucionalização da promoção da saúde se apresentaram como favoráveis, e a Comissão Intergestores Tripartite aprovou, no ano de 2006, a PNPS, sendo que “o ano de 2007 marca a elaboração do Plano Nacional de Práticas Corporais e Atividade Física” visando à formulação de políticas públicas dessa temática a serem implantadas nos ambientes dos entes federados, inclusive na escola. (MALTA ET AL, 2009, p. 83).

Ocorre que, “atividade física-práticas corporais”, no âmbito escolar, é uma ‘ligação’ deveras instável, para não dizer que se repelem e/ou que são opostas, como expõem, em breve panorama das principais tendências curriculares, Dessbesell e Fraga (2020, p. 03), segundo os quais, “em meados de 1980, com surgimento do movimento renovador da EF, ganharam visibilidade as críticas à aplicação de exercícios físicos baseada em séries de práticas sem intencionalidade pedagógica, bastante comuns até então.”

Segundo os autores, desde a introdução dos métodos ginásticos sob as diretrizes médico-higienistas nas escolas do final do século XIX, passando pela ascensão do fenômeno esportivo em meados do século XX, o exercício físico em aula tinha por fim desenvolver e

aperfeiçoar as capacidades e valências físicas em prol da saúde e/ou para o desenvolvimento do talento esportivo dos alunos. Aludido movimento reuniu uma gama de pensadores que queriam desvincular a Educação Física da condição de simples atividade prática e alçá-la à condição de matéria de ensino tal como as demais disciplinas escolares, e a maior dificuldade era fazer crer que o desenvolvimento da aptidão física e/ou da técnica desportiva aos alunos não deveria ser o fim precípuo. (DESSBESELL E FRAGA, 2020).

Os possíveis benefícios dessa aptidão/técnica não eram contestados porque não eram um problema em si, mas, sim, o problema era pautar o trabalho só na atividade física e/ou no gesto técnico mecânico esportivo com fim em si mesmos, sendo que a escola/ instituição tem por escopo transmitir às gerações vindouras importantes legados histórico, científico e cultural acumulados. (DESSBESELL E FRAGA, 2020, p. 03).

De acordo com os autores,

Ao compararmos o PCN de 1998 com o Decreto-Lei de 1971 é possível perceber que naquele momento histórico saímos da lógica curricular prioritariamente centrada no desenvolvimento físico-desportivo dos estudantes, predominante no Brasil pelo menos desde o início do século 20, para uma lógica centrada no ensino dos saberes relativos às práticas corporais sistematizadas (jogo, esporte, dança, lutas e ginástica), que se tornaram conteúdos da EF por serem formas de expressão da cultura corporal de movimento. Tal condição não foi alcançada sem controvérsias, pelo contrário, houve intensas disputas políticas antes, durante e depois da promulgação da LDB de 1996 e da publicação dos PCN em 1998. (DESSBESELL E FRAGA, 2020, p. 04).

De um lado, portanto, a balizar a Educação Física na escola, a lógica físico- sanitária/biodinâmica, que são práticas nas quais o desenvolvimento das capacidades físicas aparece como função primeira, e como atividade física relacionada à saúde que propiciaria condicionamento aeróbio, força e resistência muscular, flexibilidade etc., lógica que levaria os alunos ao prazer e ao gosto pelo exercício e pelo desporto de modo irrestrito no sentido de que sigam na vida adulta mantendo em sua rotina o hábito de se exercitarem. (DAOLIO, 1996).

De acordo com Daolio (1996, p. 40), essa era a visão “do homem como uma entidade de natureza exclusivamente biológica, e seu corpo constituído por um conjunto de músculos, ossos e articulações, passíveis de um treinamento e possíveis de melhorar o rendimento.”

De outro, o viés culturalista, que confronta os aspectos hegemônicos supra anotados, que valoriza sobremaneira as questões crítico-sociais, e que preconiza que a Educação Física escolar deve tratar das práticas corporais em suas diversas formas de codificação, significação social, e como manifestações das possibilidades de expressão dos sujeitos, em especial por intermédio da gestualidade e do patrimônio cultural da humanidade, produzidas por diversos grupos sociais ao longo da história. (DAOLIO, 1996).

Para ilustrar essa disputa, Dessbesell e Fraga (2020, p. 06) apresentam um desenho em que “mulas” protagonizam um ‘cabo de guerra’, sendo um vetor no sentido da pedagogia crítico-superadora e o outro, contrário, no senso da promoção da saúde. Explicam que “a tração no currículo da EF, visualizada na charge, mostra as diferentes direções da finalidade do componente curricular na educação básica nos meados da década de 1990. O artigo ilustrado e publicado na revista Movimento é de autoria de Marcelo Guina Ferreira (1997)”, e já no título registrava a posição deste autor: “‘Crítica a uma proposta de educação física direcionada à promoção da saúde (PS) a partir do referencial da sociologia do currículo e da pedagogia crítico-superadora’”, no qual, “a partir da perspectiva teórico-crítica, refuta os conteúdos que remetem à Atividade Física Relacionada a Saúde (AFRS) por não preconizarem os determinantes sociais no trato da PS.”

Já respeitado e ressalvado o tempo e o contexto históricos em que a contundente charge foi publicada, há quase um quarto de século, e sem entrar no mérito se foi proposital e intencional, ou não, mas, respeitosamente, preciso me posicionar e registrar minha contrariedade, diria inconformismo e indignação, em ver correntes de pensamentos divergentes, e respectivos ‘representantes’ de ambas, desrespeitosamente ‘representadas’ por ‘mulas’ (ou ‘burros’(!?!)), numa alusão claramente divergente e contraposta ao que se entende por um mínimo de democracia. (DAHL, 2001).

Assim, levando-se em conta que, “na contramão dessas disputas internas da EF, no final dos anos 1980 e início dos 1990, começaram a ganhar força no campo acadêmico da saúde coletiva as discussões sobre o conceito ampliado de saúde”, que autores culturalistas recentemente passaram a reconhecer (DESSBESELL E FRAGA, 2020, p. 09), nos alinhamos em favor dos elos entre a noção ampliada de promoção da saúde e os pressupostos críticos do movimento renovador.

Sobretudo e inclusive porque “a educação física foi-se firmando nos rastros dessas disputas travadas especialmente na zona de fronteira entre saúde e educação, constituindo-se

como uma área/disciplina/profissão eclética e complexa, que abarca uma multiplicidade de saberes específicos dispersos num território aparentemente aberto” (FRAGA, 2006, p. 41), saberes estes que entendemos que devem ser sistematizados, contextualizados e trabalhados no ambiente e em todo o período escolar nos mais diversos sentidos em prol do exercício da cidadania plena.

Carvalho (2016) ratifica esta compreensão, anotando que os exercícios físicos no contexto das práticas corporais, atividades físicas e lazer em seus respectivos conjuntos de ações e conteúdos articulados englobam uma diversidade de situações que podem trazer benefícios para todos se bem, pedagógica e fundamentadamente trabalhados.

Neste sentido, a par deste ainda incipiente reconhecimento de elos no dueto saúde- educação, com tal divergência e disparidade de concepções, como e por que aparece essa aproximação? Por que as expressões ‘atividade física-práticas corporais’ estão ora separadas, como, por exemplo, na Lei n.º 8.080/1990 (Lei do SUS), ora estão associadas, como no caso da Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS) de 2006 e de 2014-2017)?

Por que na Lei do SUS a expressão ‘práticas corporais’ não aparece, ao passo que nas Portarias que implantam as PNPS de 2006, 2014 e 2017, o termo aparece? Por que no Decreto do PSE de 2007 aparece somente uma, ao passo que na Portaria Interministerial Saúde e Educação nº 1.055/2017 sobre o financiamento e ações mínimas obrigatórias, estão associadas?

A expressão atividade física quase sempre está ligada, associada e, na maioria das vezes, correlacionada à nutrição, ao gasto calórico, às ciências biomédicas e à própria medicina no que diz com o combate ao surgimento da hipertensão arterial, diabetes, síndrome metabólica, osteoporose e riscos de fraturas, entre outras doenças desta natureza. (MATSUDO, 2005; MATSUDO ET AL, 2007; ALVES E CARVALHO, 2010).

O Glossário Temático de Promoção da Saúde publicado pelo Ministério da Saúde conceitua práticas corporais como “expressões individuais ou coletivas do movimento corporal, advindo do conhecimento e da experiência em torno do jogo, da dança, do esporte, da luta, da ginástica, construídas de modo sistemático (na escola) ou não sistemático (tempo livre/lazer)”; bem como registra “Notas: i) Manifestações da cultura corporal de determinado grupo que carregam significados que as pessoas lhe atribuem, e devem contemplar as vivências lúdicas e de organização cultural. ii) Existem várias formas de práticas corporais:

recreativas, esportivas, culturais e cotidianas”, além do que recomenda “Ver Atividade física, Exercício físico”, o que pode ser interpretado como uma ‘aproximação’. (BRASIL, 2013).

Sendo assim, o Glossário conceitua “atividade física” como um “movimento corporal que produz gastos de energia acima dos níveis de repouso. Nota: relaciona-se a caminhadas, corridas, práticas esportivas e de lazer”, e “exercício físico” com “toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física. Nota: frequência, intensidade e duração são componentes da prática do exercício físico. Exemplo: caminhadas sistemáticas com duração programada.” (BRASIL, 2013).

Sobre este(s) último(s), Carvalho (2016) registra que se trata de uma perspectiva biologiscista, usada como sinônimo de saúde como prevenção de doenças, que se concretiza por meio da execução de práticas físicas regulares, de exercícios físicos e de modalidades esportivas.

Sobre esta conceituação, Carvalho (2006, p. 36) diz que “fundamenta-se na física clássica, newtoniana, atividade física como sinônimo de gasto de energia, diretamente associada à ideia de ingestão de calorias: ‘se você ingerir mais calorias será necessário fazer mais atividade física’”, de modo que “a relação entre ingestão de calorias e atividade física, portanto, é proporcional e essa associação frequentemente aparece nas mensagens que pretendem influenciar aqueles que querem ou precisam perder peso.”

A autora prossegue explicando que o exercício físico implica na repetição de determinado movimento, ou de determinado conjunto de movimentos realizados de maneira encadeada e sequenciada que, na maioria das vezes, é compreendido como sinônimo de saúde, ou exercício e saúde, ainda que sejam conceitos distintos.

E isso ocorre porque as pesquisas que comprovam que o exercício faz bem à saúde têm como referência os programas de atividades regulares e repetitivas, tais como os estudos que comparam um grupo de sedentários com um de praticantes de atividades físicas orientadas, muitas vezes chamando a atenção para a prevalência e necessidade de prevenção de alguma doença. (CARVALHO, 2006).

Entretanto, “é sempre importante lembrar que as amostras utilizadas na maioria das pesquisas, particularmente as desenvolvidas nos países ricos, são de pessoas ou grupos que comem, dormem, estudam, trabalham e têm acesso ao lazer.” Aqui, no Brasil, “nós

sabemos que a maioria da população não vive sob essas condições, além do quê a diversidade local e regional é determinante das condições de vida e de saúde”, de forma que, “decorre desse fato que não podemos adotar, ou nos adequar aos modelos e resultados obtidos daqueles estudos, mas tê-los como um dos parâmetros para pensar e intervir no processo saúde-doença ou ainda promover saúde”, sobretudo porque “a realidade da população brasileira é distinta em todos os sentidos: econômico, cultural, social e político.” (CARVALHO, 2006, p. 37).

A respeito do exercício físico no PSE, na capital paulista a Coordenadoria SME/COCEU/DIGP/SP relata que ele tem uma atenta e especial ligação com o Projeto ANEE - Alimentar, Nutrir e Educar o Escolar, correlacionado à Coordenação de Saúde - Área Técnica de Saúde Nutricional da SME/SP, que é desenvolvido em parceria com SUS, do qual ela registra que advém o Programa Nutri+Ação que, como induz o próprio nome, visa promover ações pedagógicas multidisciplinares que, entre outras, combinem alimentação saudável e adequada com exercício físico. (SÃO PAULO, 2019).

O Programa Nutri+Ação, instituído pela Lei do Município de São Paulo nº 16.378/2016, coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde/SP (SMS/SP), e executado em parceria, entre outros, com a SME/SP, no que diz com o exercício físico, em seu Art. 3º, Inciso II e III, diz que, “definem-se como ações de saúde do Programa Nutri+Ação as seguintes iniciativas”: “promoção do estímulo a hábitos de vida relacionados ao enfrentamento da obesidade, tais como a prática de exercício físico regular, diminuição do tabagismo, alimentação saudável e controle da pressão arterial”; e “desenvolvimento de programas de educação física para a população, voltados à aquisição do hábito de praticar atividade física, esporte e ginástica visando à saúde.” (SÃO PAULO, 2016).

Nota-se que os temas alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil aparecem com ênfase no relato da SME/COCEU/DIGP/SP, pois, além dos cuidados já de algum tempo para que as merendas e as cantinas escolares ofereçam alimentos saudáveis, é um assunto que está quase sempre associado ao exercício físico, tal como se percebe nesse Projeto ANEE, o qual justamente preconiza uma especial atenção à prática regular do exercício, para a desnutrição e para a obesidade, inclusive para o que deve ser comercializado pelas cantinas escolares.

Até porque, como bem alertam Cuvello et al (2013, p. 63), “a família e a escola são responsáveis pela criança em processo de desenvolvimento, a família com a formação dos hábitos alimentares, e a escola como estimuladora da alimentação saudável.”

Inicial e originariamente, a expressão “atividade física” não estava presente na Lei n.º 8.080/1990, a Lei do SUS, mas, 23 anos depois, de forma individualizada e dissociada do termo “práticas corporais”, ela apareceu no Art. 3º pela nova redação da Lei nº 12.864/2013, como se percebe do comparativo:

1) Redação original do Art. 3º da Lei nº 8.080/1990 (sem a expressão “Atividades Físicas”):

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. (BRASIL, 1990).

2) Nova Redação do Art. 3º da Lei nº 8.080/1990 dada pela Lei nº 12.864/2013 (agora contendo a expressão “Atividades Físicas”): Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (BRASIL, 2013, grifo nosso).

Por sua vez, na Portaria nº 687, de 30/03/2006, que aprovou a PNPS/2006, antes, portanto, de 2013, e que norteou o Decreto do PSE de 2007, a expressão “atividade física” não aparecia isoladamente, ou seja, ora “práticas corporais/atividades físicas” estavam associadas, ora ela nem aparecia, como, por exemplo, na parte que diz com o estímulo à inserção e fortalecimento de ações já existentes na saúde da comunidade, quando a expressão “práticas corporais” aparecia separadamente:

6.3. Prática Corporal/Atividade Física. [...]

6.3.4 Ações de intersetorialidade e mobilização de parceiros: [...]

- Estimular a inserção e fortalecimento de ações já existentes no campo das práticas corporais em saúde na comunidade.

- Resgatar as práticas corporais/atividades físicas de forma regular nas escolas, universidades e demais espaços públicos. (BRASIL, 2006, grifo nosso).

Vê-se que na Lei do SUS a expressão “atividades físicas” está sozinha, enquanto que na PNPS/2006 “práticas corporais/atividades físicas” estão associadas e interligadas como a serem resgatadas nas escolas, universidades e demais espaços públicos. E, no campo da saúde da comunidade como retro transcrito, a expressão “práticas corporais” está destacada da outra, chamando a atenção, portanto, o fato de que, na Lei do SUS, a expressão “atividades físicas” aparece de per si, mas, 7 anos antes, na PNPS/2006, já estava ligada às “práticas corporais”, ou, então, estava presente de maneira isolada.

Mesma situação ocorreu também na Portaria nº 2.446, de 11/11/2014, que modificou e redefiniu a Política Nacional de Promoção de Saúde (PNPS/2014), bem como na Portaria de Consolidação (PRC/2017) nº 2, de 28/09/2017, a qual consolidou as normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde. (BRASIL, 2014; BRASIL, 2017).

No texto da PNPS/2014, além de em diversas ocasiões estarem presentes termos como integralidade, autonomia, humanização, capacidade crítica, produção social, interação, empoderamento, construção compartilhada, controle das decisões e escolhas do modo de vida, formação, educação e felicidade, as expressões “práticas corporais/atividades físicas” estão também presentes de modo associado. E também estão diretamente relacionadas ao pacto interfederativo estrategicamente planejado, articulado e em constante e permanente diálogo com as demais políticas e com outros setores, especialidades e especificidades, como se vê:

PNPS/2014:

Art. 10. São temas prioritários da PNPS, evidenciados pelas ações de promoção da saúde realizadas e compatíveis com o Plano Nacional de Saúde, pactos interfederativos e planejamento estratégico do Ministério da Saúde, bem como acordos internacionais firmados pelo governo brasileiro, em permanente diálogo com as demais políticas, com os outros setores e com as especificidades sanitárias:

I - formação e educação permanente, que compreende mobilizar, sensibilizar e promover capacitações para gestores, trabalhadores da saúde e de outros setores para o desenvolvimento de ações de educação em promoção da saúde e incluí-la nos espaços de educação permanente; [...]

III - práticas corporais e atividades físicas, que compreende promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças populares, dentre outras práticas; [...]. (BRASIL, 2014).

Art. 10. São temas prioritários da PNPS, evidenciados pelas ações de promoção da saúde realizadas e compatíveis com o Plano Nacional de Saúde, pactos interfederativos e planejamento estratégico do Ministério da Saúde, bem como acordos internacionais firmados pelo governo brasileiro, em permanente diálogo com as demais políticas, com os outros setores e com as especificidades sanitárias: (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10).

I - formação e educação permanente, que compreende mobilizar, sensibilizar e promover capacitações para gestores, trabalhadores da saúde e de outros setores para o desenvolvimento de ações de educação em promoção da saúde e incluí-la nos espaços de educação permanente; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, I). [...]

III - práticas corporais e atividades físicas, que compreende promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças populares, dentre outras práticas; (Origem: PRT MS/GM 2446/2014, Art. 10, III). (BRASIL, 2017).

Percebe-se nesta nova PNPS/2014, ratificada 3 anos depois pela PRC n.º 2/2017 (PNPS/2017), que as “práticas corporais” “e” as “atividades físicas” estão sempre associadas e ligadas pela conjunção aditiva “e”, a qual denota uma ideia de acrescentamento ou adição, o que é contraditório com a divergente disputa entra as duas concepções, como aqui se tem demonstrado e debatido.

Carvalho e Ferreira Neto (2016, p. 42) explicam e ratificam que “essa barra entre as duas designações marca um debate conceitual e operacional sobre dois diferentes enfoques relativos ao movimento corporal na saúde” que “assinala certo hibridismo que atravessa essa temática e sua implementação em contextos regionais e locais.”

Essa paradoxal união, como Carvalho (2019) esclarece e responde boa parte das perguntas efetuadas no início deste Capítulo, assim ficou porque houve uma percepção de que o termo “atividade física”, mesmo que, contraposto ao conceito das “práticas corporais” em vários aspectos como o debate nesse estudo demonstra, acabava por atrair mais a atenção de todos em prol de políticas públicas e de aportes e investimentos para as pesquisas acadêmico- científicas neste viés.

Ou seja, a ampliação do conceito de saúde representada pelas práticas corporais