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No capítulo anterior foram apresentadas, debatidas e discutidas as questões que dizem respeito à descentralização interfederativa, à intersetorialidade e universalidade (e todas as suas divergências e convergências), e que o PSE é um programa que é executado em conjunto pelos três entes federativos que compõem o Estado brasileiro.

O capítulo 2 avalia o posicionamento da Secretaria Municipal de Educação da capital paulista e o da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo acerca do PSE, bem como analisa o conteúdo de importantes documentos do PSE de orientações e diretrizes gerais, em especial, o didático-pedagógico elaborado e distribuído aos municípios brasileiro que ao programa aderem pelos Ministérios da Saúde e Educação.

Além disso, avalia a interface entre a Unidade Escolar e a Unidade Básica de Saúde, as associações e dissociações entre o que prediz o PSE e o que efetivamente ocorre na ponta estudada com base nos relatos do grupo de estudo. E também apresenta uma discussão a respeito da saúde na escola, esta, na maioria das vezes, vista mais como um espaço físico com pessoas reunidas a facilitar o acesso a elas do que um ambiente que tem por escopo a formação de um cidadão crítico e reflexivo.

O Art. 3º do Decreto n.º 6.286/2007 diz que o PSE “constitui estratégia para a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de educação e de saúde, com a participação da comunidade escolar, envolvendo as equipes de saúde da família e da educação básica.” (BRASIL, 2007).

A SME/COCEU/DIGP/SP (Coordenadoria da Secretaria Municipal de Educação da capital paulista, Coordenadoria do Centro de Educação Unificado, da Educação Integral, e Divisão de Gestão Democrática e Programas Intersecretariais), por sua vez, respondeu que

C.1. Sendo as ações propostas pelo PSE baseadas nos princípios e diretrizes

do SUS da integralidade/territorialidade/intersetorialidade/equidade/

interdisciplinaridade/universalidade, observa-se que há ajustes a fazer mas também há necessidade/vontade política do Estado para que esse programa torne-se uma política pública de promoção da saúde e prevenção às doenças para o nosso público-alvo.

Acredito muito nesse trabalho intersetorial para a garantia no atendimento do nosso aluno, seja no seu aspecto físico como também na saúde mental. Como todo serviço público temos nossas dificuldades de todas as ordens: burocráticas/falta de servidores/material para proporcionar cursos e encontros de formação.

No entanto vemos que há um consenso geral de que o melhor local para atendimento da criança e do adolescente é na Escola, onde este passa a maior parte do seu tempo e que tem um atendimento mais individualizado. (SÃO PAULO, 2019).

Mas, a partir do acima registrado de que “o melhor local para atendimento da criança e do adolescente é na Escola, onde este passa a maior parte do seu tempo e que tem um atendimento mais individualizado”, e como estratégia constituída para a integração e articulação, quais são e como são desenvolvidas estas ações de educação e de saúde envolvendo as equipes de saúde e da educação básica no âmbito desta? Como é - caso haja - o diálogo/aproximação entre estas equipes/ações/temas, sobretudo do ponto de vista da educação básica, no recorte/território desta pesquisa?

De acordo com as respostas,

D.1. As equipes de saúde realizam visitas periódicas, tratando questões como a higiene bucal, obesidade, sedentarismo, entre outros.

C.1. A Unidade Básica de Saúde realiza visitas periódicas basicamente para campanha de higiene bucal e vacinação. A escola encaminha os alunos para a unidade básica quando se identifica eventual necessidade.

P.1. O TEMA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA FAZ PARTE DO PLANO DE METAS ANUAL DA UNIDADE ESCOLAR.

P.2. RESPONSABILIDADE DA SECRETARIA DE SAÚDE.

D.2. A escola recebe a visita de agentes de saúde periodicamente. (SÃO PAULO, 2019).

Da análise inicial percebe-se que, apesar de terem como meta trabalhar o tema saúde e qualidade de vida durante o ano, implícita (e explicitamente) a equipe da educação atribui e delega a responsabilidade pelo trabalho à secretaria da saúde, bem como que a obesidade e o sedentarismo (quase) sempre aparecem neste contexto, quase que como uma associação automática, como se o exercício físico fosse a causa, a consequência e a solução destes problemas.

E que encaminha os alunos à unidade básica de saúde (UBS) apenas quando eventualmente verifica alguma necessidade, além do que, na verdade, limita-se a receber visitas periódicas na UE para campanhas, as quais por si só não podem ser consideradas como ações efetivamente integradas e articuladas. É que o trabalho perante o público-alvo, como relatado, acaba por ocorrer somente nestes encontros, e por ser conduzido somente pelas equipes de saúde, limitando-se, as da educação, apenas a organizar o espaço/tempo da visita, o que se apresenta como algo bem aquém do que uma equipe pedagógica poderia contribuir.

Silva Junior (2014) diz que situações como estas aqui verificadas podem ser explicadas porque o PSE, de um lado, advém do setor da saúde com um olhar sanitário e, de outro lado, pretende que seja executado na educação escolar, notoriamente norteada pela perspectiva pedagógica, dicotomia esta que encarta inúmeras limitações, entre elas, a burocratização dos serviços, o desperdício de tempo, de recursos financeiros e humanos e a duplicidade de ações, o que levou ao não atendimento pleno dos objetivos do programa no contexto em que ele estudou.

Em seu estudo sobre saúde na Educação física escolar, ambivalência e prática pedagógica, Oliveira (2014, p. 153-154) bem contextualiza a dicotomia do PSE: de um lado, “podemos concluir que o PSE é um programa ousado, que apresenta uma iniciativa inovadora importante e que vem ganhando força nos âmbitos político e social”, e que “pode contribuir significantemente ao se apresentar, enquanto uma ferramenta para a operacionalização de ações voltadas à educação para a saúde.” De outro, “o PSE pode ter uma carga negativa (e até mesmo catastrófica), no momento em que se torna mais um programa exógeno ‘empurrado’ para dentro da escola”, fato como esse que “pode ocorrer quando o programa não é alvo de discussão e apropriação dos agentes escolares.”

Sob a ótica de que a teoria na prática é outra, o autor registra a sua nítida percepção quanto à falta de clareza sobre o PSE, tanto para aqueles que atuam nas escolas, quanto para aqueles que atuam no serviço público de saúde, indicando, assim, a necessidade de desenvolvimento de formações específicas para esses públicos no sentido de capacitar os profissionais a agirem na concretização das ações previstas no Programa. (OLIVEIRA, 2014). Nesta direção, Castellani Filho (2005) enfatiza que a mudança na maneira de se apreender a realidade sobre a qual se dá a intervenção não pode mais ser e estar embasada no senso comum, mas, sim, no senso crítico e no conhecimento científico e tecnológico enquanto componentes essenciais e fundamentais do eixo estruturante de ação de gestão pública.

Nesta parte/temática do nosso estudo, portanto, percebe-se que o diálogo continua truncado, como visto no capítulo anterior, dado que, como constatado, o PSE na escola é implantado/implementado pelas equipes de saúde por meio das registradas visitas periódicas.

Isso é corroborado por um Diretor de Escola que respondeu que, mesmo com uma interface preestabelecida entre a UE e a UBS, o trabalho efetivo fica a cargo e condução das equipes da saúde, o que as ajuda a atingir as metas anuais que elas precisam alcançar. E isto dá indícios de que o cumprimento estatístico talvez seja mais importante do que o próprio cumprimento da missão institucional, algo que não dá para afirmar categoricamente porque não há dados advindos das equipes de saúde, que não foram ouvidas nesta pesquisa, mas, que, de qualquer forma, dá para se cogitar:

D.1. Há parcerias da escola com as UBSs no âmbito de palestras sobre saúde, saúde bucal, vacinas, DSTs, entre outros.

Apesar de a Prefeitura de São Paulo ter aderido a PSE em 2013 e ter criado uma GTI Intersetorial para discutir ações, nenhuma formação direta para os profissionais da educação foi dada nos últimos anos, ficando esta responsabilidade a cargo da saúde.

Fechamos parcerias com a UBSs do bairro, pois eles possuem metas que devem alcançar. (SÃO PAULO, 2019).

Ao responder como se dá a gestão do PSE no Município, incluindo orçamento, profissionais envolvidos, professores, reuniões, relatórios, etc., um Diretor, mesmo dando mostras de que não conhece o PSE, expôs que:

D.1. Acredito que, se houver, de forma muito setorial, desculpe-me pela expressão, mas, penso que deva ser “cada um no seu quadrado”, resolvendo questões internas e levando em consideração sempre o primeiro item da pauta, que acredito que deva ser: Qual o orçamento disponível para?

Infelizmente, é esta a vivência que trago desde 2010, ano em me ingressei no cargo de diretor de escola e percebo uma dificuldade imensa, de nos diferentes momentos políticos, de entenderem a educação como um setor sensível que precise de continuidade de políticas públicas e muitos menos da percepção da necessidade de que os diferentes setores/departamentos se conversem para que possamos realmente saber quem seriam estes “profissionais envolvidos” ao termos que acatar dentro da Unidade os diferentes Programas instituídos. (SÃO PAULO, 2019).

Percebe-se claramente uma dissociação entre o que prediz o PSE e o que ocorre na ponta pesquisada. Dessa forma, a fim de que não fique “cada um no seu quadrado”, mas, sim, que a articulação e a interação do trabalho tenham êxito em prol da sociedade, Silva Junior (2014) registra que a valorização e a formação dos trabalhadores da saúde e da educação, o investimento em infraestrutura, a melhoria do acesso aos serviços e assistência, são ações imprescindíveis à saúde na escola, não apenas como espaço físico, mas, sim, como um ambiente que produza efeitos teórico-práticos relevantes para a formação do cidadão.

A Coordenadoria Pedagógica do Departamento de Desenvolvimento Curricular e de Gestão Pedagógica, da Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo (COPED/DECEGEP/SEDUC/SP) informou que

A Secretaria da Educação, em parceria com a Saúde, realizou videoconferências para orientação às equipes regionais e locais acerca do Programa.

De acordo com o levantamento junto às Diretorias de Ensino, há ações formativas descentralizadas organizadas pelas equipes da Saúde em parceria com as Diretorias de Ensino e com as unidades escolares sempre que identificada essa necessidade. (SÃO PAULO, 2019).

Chama a atenção o relato do Diretor de que “nenhuma formação direta para os profissionais da educação foi dada nos últimos anos, ficando esta responsabilidade a cargo da saúde.” É que coincide com o relato da SEDUC/SP, que confessa que não atuou efetivamente, mas, sim, que deixou para as Diretorias de Ensino (DE) resolverem o problema, dado que se limitou a fazer o “levantamento junto às Diretorias de Ensino.”

Assim, se só “há ações formativas descentralizadas organizadas pelas equipes da Saúde (...)”, isto quer dizer que, mesmo que as equipes pedagógicas queiram dividir a responsabilidade e que queiram trabalhar e implementar o que o PSE preconiza, não conseguiriam, haja vista a dissociação encontrada nas respostas dos Professores:

P.1. Não existe capacitação no que diz com o PSE. P.2. Nunca recebi comunicação sobre o PSE.

P.3. Conhecemos pouco o programa a que se refere este questionário. P.4. Não há capacitações.

P.5. Nunca recebi nenhuma informação sobre o PSE durante tais capacitações.

P.6. Nunca recebi capacitação voltado (sic) ao PSE.

P.7. Em todo tempo que atuo na rede jamais recebi qualquer proposta de capacitação com base no PSE.

P.8. As capacitações existentes nas diretorias de ensino dizem respeito à novas modalidades esportivas (tênis, quimbol, por exemplo), que podem ser trabalhadas nos diferentes segmentos de ensino.

P.9. Em se tratando especificamente da educação física, nunca me foi orientado qualquer forma de avaliação dos resultados do PSE. (SÃO PAULO, 2019).

Novamente um hiato se apresenta entre os desideratos originários do PSE e as equipes pedagógicas que atuam na ponta, de modo que se pode inferir que o PSE não está de ‘corpo e alma’ (sic) entre a saúde e a escola ligando-os de modo coerente e condizente. Está ali apenas colocado, sobretudo porque, por se tratar de um programa que vem de fora para dentro da escola, dificilmente encontrará ressonância sem o devido trato pedagógico mencionado por Bracht e Almeida (2003), e sem o devido preparo das equipes pedagógicas.

Como parte importante da solução desse impasse, Damico e Knuth (2014, p. 331) indicam a necessidade de um melhor preparo dos Professores e de uma “readequação da área, tanto em termos de formação, fato que se expressa nas mudanças curriculares, mas principalmente em termos de definição epistemológica.”

Nesta direção, Oliveira, Gomes e Bracht (2014) enfatizam que, no âmbito escolar, não basta uma educação meramente informativa, mas, sim, é necessária a presença de um Professor de Educação Física com capacidade suficiente de articulação e mediação de todas as questões, inclusive de conflitos de ideias, que possa propiciar sólidos argumentos para a construção de consistentes fundamentos para a saúde, em especial pelo pensamento (e ação) crítico.

Ferreira et al (2012) ressaltam que é diferente pensar a escola como um espaço, como um local físico para se trabalhar, simplesmente porque nele há uma grande concentração de pessoas, e não como um setor/área/ambiente/contexto no qual se vá discutir e debater ideias e buscar soluções para a saúde e para outros segmentos da vida social cotidiana. De qualquer forma, afirmam que a escola é um ambiente privilegiado para o desenvolvimento de ações promotoras, preventivas e de educação para saúde, haja vista a sua

estreita ligação com a qualidade de vida e os direitos humanos. Ou seja, para eles, o ambiente escolar (não apenas o espaço físico) é um espaço fértil para que os cidadãos possam se apropriar do conhecimento sobre direitos e prerrogativas, em especial, quando se tem nesta atmosfera uma proposta de trabalho que leve à formação de sujeitos sociais críticos, cidadãos, esclarecidos, capazes e construtores de conhecimento. (FERREIRA ET AL, 2012).

Oliveira (2004) diz que o tema saúde sempre esteve presente na Educação Física escolar, seja como objeto principal, seja secundário, e que a visão hegemônica que entendia a saúde como uma questão relacionada somente à ausência de doenças e práticas curativas vem recebendo e percebendo um deslocamento no sentido de ganhar um significado ampliado.

Neste senso, Carvalho (2015) enfatiza que, apesar de as escolas não serem e não se sentirem responsáveis pela prática da saúde em seus ambientes, é inegável o seu papel nesse tema por se apresentarem como um cenário propício para lidar com as questões que envolvem especialmente os alunos e sua formação integral de ser humano crítico e reflexivo, inclusive em seu ambiente familiar e comunitário.

A escola pode e deve, pelo seu múnus, e esta é uma das suas atribuições e responsabilidades, fornecer importantes elementos para capacitar o cidadão a ter plena consciência para uma vida saudável na sua integralidade. E não somente pautada na ausência de doenças, justamente porque, prossegue o autor, propicia um espaço/ambiente/contexto que permite que seja suscitado, ampliado e aprofundado o debate para uma ampla compreensão da relação entre saúde e seus determinantes gerais, possibilitando processos de aprendizagem contínuos, permanentes e eficazes para todos os envolvidos.

Da mesma forma, também porque há a inequívoca presença das relações espaciais com outros cenários, como a família, a comunidade e os serviços de saúde, os quais devem ser identificados e devem estar relacionados com as condições sociais e os diferentes estilos de vida, em especial por meio de condutas simples, mas, eficazes, e da verdadeira participação de todos. (CARVALHO, 2015).

Oliveira, Gomes e Bracht (2014) explicam que, aos poucos, a saúde deixa de ser pensada na restrita esfera biofisiológica para que as questões culturais e sociais ganhem e ampliem espaços nas discussões sobre questões da vida, mas, que, se não houver um impacto inovador nas práticas pedagógicas cotidianas, não haverá nenhuma alteração na agenda preestabelecida, na qual o PSE está incluído, tal como inferido até aqui.

Em síntese, é preciso bem mais do que visitas e encontros periódicos para cumprir metas estatísticas, encaminhamentos individuais somente quando subjetivamente se percebe que um aluno precisa, ações e palestras formativas descentralizadas organizadas pelas equipes de saúde em parceria com as DE, que no fim não chegam ao fim (escola), como constatado, e videoconferências para levantamento do que foi feito pelas DE e para orientações acerca do PSE às equipes regionais e locais que também não chegam ao destino (escola).

Vale dizer, é preciso uma ampla, geral e consistente reestruturação de todo o conjunto no sentido de que a articulação, interação e ligação saúde e escola se dê por meio do diálogo efetivo entre todos os elos, e por intermédio do planejamento em conjunto e da qualificada formação dos professores, sem exclusão de outras providências correlatas.

Da parte dos Ministérios da Saúde e da Educação, constatamos que há uma tentativa de aproximação/interface/interconexão entre as duas áreas por meio de um material didático que, como eles mesmos anotam, é sugestivo e não impositivo, dado que a adesão e a opção em participar do PSE não são obrigatórias aos entes federados.

O que mais chamou a atenção para o nosso estudo é o “Caderno temático: práticas corporais, atividade física e lazer, versão preliminar - 2015”, com elaboração, distribuição e informações conjuntas “Ministério Saúde, Secretaria Atenção à Saúde, Departamento Atenção Básica, (61) 3315-9031, (...) http://dab.saude.gov.br, E-mail: dab@saude.gov.br”, e “Ministério Educação, Secretaria Educação Básica, Diretoria Currículos e Educação Integral, (...) www.mec.gov.br. Supervisão geral: (...) Coordenação-geral: Secretaria de Educação Básica _ Ministério da Educação. SEB/MEC. Secretaria de Atenção à Saúde _ Ministério da Saúde. SAS/MS.” (BRASIL, MS/MEC, 2015).

A terminologia que consta no documento “versão preliminar” supõe que haveria um novo e aprimorado documento com outra terminologia a sucedê-la, como, por exemplo, “versão final” ou “versão definitiva”.

Contudo, o que se constatou é que não há esse novo documento, tampouco, por óbvio, uma terminologia atualizada, de maneira que, após a devida averiguação perante os órgãos responsáveis pelos meios disponíveis (no caso, telefone), verificou-se que esta “versão preliminar” é a que efetivamente foi distribuída/enviada aos entes federados que optaram em participar do PSE, opção que em 2018, por exemplo, passou dos 5.000 municípios, adesão bastante expressiva tendo em vista que no País são 5.570 municípios no total. (BRASIL, MS, 2018).

O Caderno temático sobre práticas corporais, atividade física e lazer dos Ministérios da Saúde e Educação de 2015, segundo suas próprias diretrizes, tem por objetivo servir de apoio ao trabalho na área, expressamente indicando que o PSE tem como desafio conseguir produzir algo comum à saúde e à educação ao mesmo tempo em que pretende ser significativo para a vida do educando. (BRASIL, MS/MEC, 2015).

Segundo as diretrizes deste documento, conceber a saúde como algo pessoal e coletivamente produzido requer um olhar ampliado sobre a prática profissional, o sujeito e sua condição objetiva de viver e produzir a saúde de que necessita.

Assim, esse olhar permitiria compreender que a complexidade na qual o processo saúde-doença se desenvolve na sociedade não perpassa unicamente o setor saúde e não está localizada apenas no território onde os indivíduos moram. Mas, que, também está em outros espaços de convivência e construção humanas, como associações comunitárias, espaços de decisões políticas governamentais, relações intersetoriais, locais e equipamentos públicos de lazer, ruas, trabalho, família, escola e a própria prática profissional pedagógica que, neste caso, teria o condão de propiciar o diálogo entre saúde e educação. (BRASIL, MS/MEC, 2015).

A proposta central do material sugestivo é subsidiar profissionais de saúde e educação no desenvolvimento das ações do PSE por meio de exercícios físicos no contexto das práticas corporais, atividades físicas e do lazer, objetivando a articulação entre essas duas áreas de conhecimento e a interlocução entre seus campos de saberes e práticas, respeitando o potencial produtivo da escola no que diz com temáticas em prol da formação integral do cidadão. (BRASIL, MS/MEC, 2015).

Ocorre que este caderno temático não chegou a nenhuma Unidade Escolar (UE) do recorte aqui estudado, ou seja, o próprio material didático do PSE, como uma política pública de grande escala, amplitude e abrangência voltada para a saúde, que existe e que está