Na Carta Magna de 1988, no preciso artigo 145, compete a União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituir tributos que aparecem como gênero e, como espécies, estão os impostos, as taxas, e as contribuições de melhoria.
Por isso, a Constituição também estabeleceu critérios para a distribuição de suas competências tributárias.38
Deve-se entender que, em razão do princípio Federativo adotado pelo Brasil, denota-se uma carga de autonomia aos entes políticos, exigindo uma distribuição, repartição ou mesmo discriminação de competências tributárias.
Isso, a propósito, vem explícito no artigo 145 da Constituição Federal, quando estatui que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir tributos.
Por evidente, tal competência há de ser distribuída e delimitada, sob pena de instaurar-
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se o caos tributário, administrativo e jurídico no país. Nesse sentido, a Constituição Federal em seus artigos 153, 155 e 156, sob as epígrafes "Dos impostos da União",
"Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal" e "Dos impostos dos Municípios", estabeleceu a competência desses entes políticos. Há de se atentar, ainda,
para a competência residual da União, em observância ao artigo 154 da Carta Constitucional.
Neste sentido, deduz-se que a repartição de competências tributárias decorre:
"da própria estrutura
do Estado Federado e, para que tenha condições de plena eficácia, deve ser rígida e exaustiva, objetivando prevenir os conflitos e invasões de uma pessoa política por outra".39
Na verdade:
"a distribuição de competência tributária, ou seja, a divisão das áreas dentro das quais a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem criar e cobrar tributos, é taxativa, isto é, não admite qualquer invasão de uns pelos outros."40
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(39) DECOMAIN, P. R.. Anotações ao código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 44. (40) ICHIHARA, Y. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 32.
2. 3. 1 Espécies de competência tributária
A doutrina não é harmônica quanto ao número de espécies de competência tributária. De qualquer sorte, no âmbito da repartição de competências, corolário do princípio Federativo, menciona-se as seguintes:
Competência cumulativa ou comum, inserta no artigo 145, II e III, da Constituição da
República, é aquela atribuída a uma ou mais entidades políticas, como por exemplo a que:
"possibilita a cobrança das ‘taxas’ e ‘contribuição de melhorias’ pela União, Estados Distrito Federal e Municípios, evidentemente dentro das respectivas competências de atuação."41
A competência privativa ou exclusiva é a atribuída específica e exclusivamente a um
ente político, ou seja:
"ocorre quando apenas uma pessoa política pode tributar determinado fato, excluindo-se a competência dos demais entes (ex.: IPI)."42
Isso equivale dizer que: ___________________
(41) SABBAG, M. M. op. cit. (acima 37) p.683
"também é excludente,
uma vez que constitui uma obrigação negativa para as outras entidades, que não podem invadir aquela área própria e privativa do ente político beneficiado."43
Competência residual é o poder de instituir outros tributos não previstos na
Constituição Federal, em seus artigos 153, 154 e 155. No Brasil, somente a União detém a competência residual, nos termos do art. 154.
Competência legislativa plena é o poder de legislar sobre todos os aspectos do tributo,
tais como fato gerador, base de cálculo, alíquota, contribuintes etc., consoante disposto no artigo 6º do Código Tributário Nacional – CTN, observando-se as normas gerais de direito tributário. Isso quer dizer que:
"no que se refere à
competência federal, o legislador federal sofre as restrições previstas na Constituição Federal e na Lei Complementar (CTN); o legislador estadual, além das normas referidas para a União, sofre as restrições da Constituição Estadual; e o legislador municipal, além das normas referidas para a União e os Estados-membros, sofre restrições previstas na Lei Orgânica dos Municípios."44
Competência legislativa supletiva ou suplementar é a atribuída aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios para, nas suas respectivas esferas, editarem normas complementares, nos termos do artigo 24, § 2º, da Constituição Federal.
Competência concorrente é a competência atribuída pela Constituição Federal aos três
níveis de governo, para legislar sobre direito tributário, consoante a dicção do artigo 24. ________________
(43) ICHIHARA, Y. op. cit. (acima 39) p. 90.
Como se pôde observar, é a Constituição Federal quem atribui competência em matéria tributária, que, sintetizando o pacto federativo, traça os contornos gerais do Estado nas suas três esferas de poder. Como expressão pura desse pacto, ela distribui as competências tributárias entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, formando, juntamente com os princípios e as normas de direito tributário, o Sistema Tributário Nacional.
A Distribuição das Competências e a Repartição das Receitas de Impostos estão abaixo, consoante especificações a saber:
QUADROS SOBRE A REPARTIÇÃO DAS RECEITAS DE IMPOSTOS 45
Quadro I Impostos – competência para instituição
União Estados e Distrito Federal Municípios
1 – II 2 – IE 3 – IR 4 – IPI 5 – IOF 6 – ITR 7 – GF 8 – Irresiduais ITBI-cm/d ICMS IPVA IPTU ITIV ISS _______________
Quadro 2 Repartição das receitas tributárias
Estados e DF:
- 100% do IR que E-DF retêm na fonte sobre rendimentos pagos - 20% dos impostos residuais que a União restituir
- 10% do IPI (proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados), sendo que 2,5% (25% dos 10%) os Estados entregarão aos Municípios - 30% do IOF sobre ouro / ativo financeiro, conforme a origem
Ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal
- 21,5% do IR - 21,5% do IPI
Municípios
- 100% do IR que os Municípios retêm na fonte sobre rendimentos pagos - 50% do ITR arrecadado dos imóveis do Município
- 50% do IPVA licenciado no território do Município - 25% do ICMS, sendo creditado como segue:
- ¾, no mínimo, na proporção do valor adicionado (a ser definido por LC) nas operações realizadas no território do Município;
- até ¼, de acordo com o que dispuser a lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal - 2,5% (25% de 10%) do IPI que os Estados recebem da União e entregam aos Municípios
Ao Fundo de Participação dos Municípios:
- 22,5% do IR - 22,5% do IPI
- 70% do IOF sobre ouro / ativo financeiro para o Município de origem
Nordeste e Centro-Oeste – 3% do IR e 3% do IPI
A Comissão de Reforma tributária de 1965, ao elaborar o antiprojeto de que resultou a EC 18/65, objetivou a criação de um sistema tributário uno e nacional, em que se consideram julgados os sistemas individuais de cada nível de governo, como partes integrantes de um todo. Por isso, a grande importância da lei complementar para elaborar as normas gerais de direito tributário, definindo os tributos e suas espécies, bem assim a relação dos impostos nominados pela Constituição Federal de 1988, a definição dos fatos geradores, base de cálculo e contribuinte.
Tendo em vista a estrutura do sistema federativo, a Constituição Federal estatui a distribuição da competência tributária pelos demais entes políticos, de forma a permitir à União, aos Estados e aos Municípios a plena realização de seus objetivos, com a possibilidade da arrecadação de impostos, como a fonte precípua de sua receita.